terça-feira, 14 de outubro de 2014

DÊ UMA CHANCE À MEDITAÇÃO

Quando a mente está sem pensamentos, isso é meditação. A mente fica sem pensamentos em dois estados — ou no sono profundo ou na meditação. Se você está consciente e os pensamentos desaparecem, isso é meditação. Se os pensamentos desaparecem e você fica inconsciente, isso é sono profundo.

O sono profundo e a meditação têm uma semelhança e uma diferença. A semelhança é a seguinte: em ambos, os pensamentos desaparecem. Por outro lado, eles têm uma diferença: no sono profundo, a consciência também desaparece, mas na meditação ela permanece.

Portanto, a meditação é igual a sono profundo mais consciência. Você fica relaxado, como no sono profundo, e continua consciente, totalmente consciente — e isso leva você ao portal dos mistérios.

No sono profundo, você passa para a não-mente, mas sem ter consciência. Você não sabe para onde está sendo levado, embora pela manhã sinta o impacto e o efeito disso. Se se tratar de fato de um sono profundo e belo, sem sonhos que o perturbem, pela manhã você se sentirá renovado, rejuvenescido, vibrante, jovem outra vez, cheio de ânimo e vontade de viver. Mas você não sabe o que aconteceu, onde esteve. Você foi tomado por uma espécie de coma profundo, como se tivesse recebido uma anestesia e sido levado para algum outro plano de onde você volta revigorado, jovem e rejuvenescido.

Na meditação, isso acontece sem anestesia.

Portanto, meditar significa ficar tão relaxado quanto você fica no sono profundo, mas alerta também. Faça com que a consciência continue — deixe que os pensamentos desapareçam, mas a consciência tem de permanecer.

E isso não é difícil, acontece simplesmente que nós nunca tínhamos tentado antes, só isso. É como nadar: se você nunca tentou, vai parecer muito difícil. Vai parecer muito perigoso também. E você não conseguirá nem imaginar como as pessoas conseguem fazer isso, porque você simplesmente afunda! Mas, depois que tiver tentado um pouco, a coisa parece ficar mais fácil; fica muito natural.

Agora um cientista do Japão provou em laboratório que uma criança de seis meses é capaz de nadar; basta dar a ela uma oportunidade. Esse cientista ensinou muitos bebês de seis meses a nadar; ele conseguiu um milagre! E disse que está tentando fazer o mesmo com crianças mais novas também.

É como se a arte de nadar estivesse embutida dentro de nós; para que essa capacidade seja ativada só é preciso dar a ela uma oportunidade.

É por isso que, depois que aprende a nadar, você nunca esquece. Você pode ficar quarenta, cinquenta anos sem nadar, mas nunca esquece. Não se trata de algo acidental, é uma coisa natural; é por isso que você nunca esquece.

A meditação é parecida; é algo que está embutido. Você só tem de dar espaço para que ela entre em ação; é só dar a ela uma chance.




Osho





Fonte: do livro "Consciência: A Chave Para Viver em Equilíbrio"
http://www.palavrasdeosho.com/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

MENTE QUIETA - MENTE SIMPLES - AUTOCONHECIMENTO

Sem conhecer a si mesmo, faça o que fizer, não pode haver o estado de meditação. Quero dizer com “autoconhecimento”, conhecer cada pensamento, cada disposição, cada sentimento; conhecer a atividade de sua mente – não conhecer o ego supremo, o grande ego; não existe tal coisa; o ego superior, o “Atman”, está ainda dentro do campo do pensamento. O pensamento é resultado de nosso condicionamento, o pensamento é a resposta de sua memória, ancestral ou imediata. E simplesmente tentar meditar sem estabelecer primeiro, profundamente, irrevogavelmente, essa virtude que surge através do autoconhecimento, é completamente enganoso e absolutamente inútil. Por favor, é muito importante que aqueles que são sérios compreendam isto. Porque se você não pode fazer isso, sua meditação e o viver atual estão divorciados, apartados – tão apartados que, embora você possa meditar, fazer posturas indefinidamente, pelo resto de sua vida, não enxergará além de seu próprio nariz; qualquer postura que você assumir, qualquer coisa que fizer, não terá significado. É importante compreender o que é esse autoconhecimento, apenas estar cônscio, sem nenhuma escolha, do “eu” que tem sua origem num feixe de memórias – apenas estar cônscio disto sem interpretação, meramente observar o movimento da mente. Mas essa observação é impedida quando você está apenas acumulando através da observação – o que fazer, o que não fazer, o que conseguir; se você fizer isso, porá um fim ao processo vivo do movimento da mente como ego. Ou seja, eu tenho que observar e ver o fato, o presente, o que é. Eu abordo isto com uma ideia, com uma opinião – tal como “eu não devo” ou “eu devo”, que são respostas da memória – então o movimento do que é fica obstruído, bloqueado; e daí, não há aprendizagem.

Quando estamos conscientes de nós mesmos, todo o movimento do viver não é uma revelação do “eu”, do ego? O ego é um processo muito complexo que só pode ser revelado na relação, em nossas atividades diárias, no modo como falamos, no modo como julgamos, calculamos, no modo como condenamos os outros e a nós mesmos. Tudo isso revela o estado condicionado de nosso próprio pensar, e não é importante estar cônscio de todo este processo? Apenas através da conscientização do que é verdadeiro de momento a momento se descobre aquilo que é infinito, o eterno. Sem autoconhecimento, o eterno não pode surgir. Quando não conhecemos a nós mesmos, o eterno se torna uma simples palavra, um símbolo, uma especulação, um dogma, uma crença, uma ilusão para onde a mente pode fugir. Mas se a pessoa começa a compreender o “eu” em todas as suas várias atividades dia a dia, então nessa própria compreensão, sem qualquer esforço, o inominável, o eterno, surge. Mas o eterno não é uma recompensa para o autoconhecimento. Aquilo que é eterno não pode ser perseguido; a mente não pode adquiri-lo. Ele surge quando a mente está quieta, e a mente só pode estar quieta quando é simples, quando não está mais armazenando, condenando, julgando, pesando. Apenas a mente simples pode compreender o real, não a mente que está cheia de palavras, conhecimento, informação. A mente que analisa, calcula, não é uma mente simples.




J. Krishnamurti





Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Um Lago no Tibete
Fotografía de Rosa Sorrosal
http://www.good-will.ch/postcards_es.html