segunda-feira, 26 de julho de 2021

COMPREENDENDO A ACEITAÇÃO


Primeiro tente entender o significado da expressão: "Aceitação daquilo que É". Buda sempre usa muito essa expressão. Na linguagem dele, a palavra é tathata, aceitação daquilo que é.

Toda a orientação budista consiste em viver essa palavra, em viver com essa palavra com tamanha profundidade que a palavra desaparece e você se torna a aceitação daquilo que é. Por exemplo, você fica doente. A atitude de aceitação daquilo que é consiste em aceitar a doença e dizer a si mesmo: “Tal é o caminho do corpo”, ou “É assim que as coisas são”. Não lute, não comece a travar uma batalha. Depois que aceitar, depois que deixar de reclamar e parar de brigar, a energia passa a ser uma só por dentro. A ruptura se desfaz e muita energia passa a ser liberada, pois deixa de haver conflito e a própria liberação da energia passa a ser uma força de cura. Algo está errado no corpo: relaxe, aceite isso e simplesmente diga para si mesmo, não só com palavras, mas sentindo profundamente: "Tal é a natureza das coisas". O corpo é um conjunto, muitas coisas se combinam nele. O corpo nasce e está propenso a morrer. Trata-se de um mecanismo complexo e há toda a possibilidade de uma coisa ou outra sair errada. Aceite isso e não se identifique. Quando aceita, você fica acima, você transcende. Quando luta, você desce para o mesmo nível.

Aceitação é transcendência. Quando aceita, você fica sobre uma colina e o corpo é deixado para trás. Você diz: "Sim, tal é a sua natureza. O que nasce tem de morrer e, se tem de morrer, às vezes fica doente. Não é preciso se preocupar tanto." — fale como se isso não estivesse acontecendo com você, só acontecendo no mundo das coisas.

Esta é a beleza: quando não está lutando, você transcende e deixa de ficar no mesmo nível. Essa transcendência torna-se uma força de cura. De repente o corpo começa a mudar.

O mundo das coisas é um fluxo; nada é permanente ali. Não espere permanência! Se esperar permanência neste mundo onde tudo é impermanente, você provocará inquietação. Nada pode ser para sempre neste mundo; tudo o que pertence a este mundo é momentâneo. Essa é a natureza das coisas.

Se você relutar em aceitar um fato, viverá o tempo todo na dor e no sofrimento. Se você o aceita sem nenhuma queixa – não num estado de impotência, mas de compreensão – , trata-se de aceitação daquilo que é. Dali em diante você deixa de ficar preocupado e não existe mais problema. O problema surgiu não por causa do fato, mas porque você não o aceitava da maneira como estava acontecendo. Você queria que ele seguisse os seus pensamentos.

Lembre-se, a vida não vai seguir você, você é que tem de segui-la. Com má vontade ou com alegria, a escolha é sua. Se você seguir com má vontade, sofrerá. Se segui-la com alegria, você se tornará um buda e a sua vida se tornará um êxtase.


OSHO



Fonte: do livro "Osho em Todos os Dias"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

RECONECTANDO COM NOSSO CENTRO


[...] Buscarei descobrir o que é realmente a meditação. A meditação simplesmente é uma maneira de chegar a teu centro e de permanecer em teu centro desperto, vivo e quieto. O grande problema com a vida de muitos de nós é que vivemos em um nível incrivelmente superficial. Ao meditar buscamos encontrar nosso caminho à profundidade de nosso ser.

A palavra "meditação" vem do latim "meditare" que significa "stare in medio", estar no centro. A palavra "contemplação" é o mesmo. Não significa olhar algo - nem a Deus, nem a nada mais. Contemplação significa "estar no templo" com Deus. O templo é o próprio coração, a profundidade de nosso próprio ser.

Ao meditar abandonamos os níveis superficiais de nossa vida e entramos em algo que é profundo. Ao meditar renunciamos ao que se passa, ao efêmero e entramos no que é eterno. O último objetivo da religião é re-ligar, e o re-ligar é com nosso centro. Este é o propósito de toda a religião: que nos re-liguemos ao nosso centro.

Na revelação cristã, em nosso coração, nas profundidades de nosso espírito, vive o Espírito de Deus. A verdade que descobrimos desde nossa própria experiência, e se somente a vivenciarmos, é que só há um centro e que esse centro está em todos os lugares.


Dom John Main, OSB



Fonte: do livro "Hunger for Depth and Meaning"
Via https://permanecerensuamor.com/reconectando-nuestro-centro-john-main-osb/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal