O perispírito se dilata ou se contrai, transforma-se; presta-se a todas as metamorfoses, segundo a vontade que age sobre ele. (Allan Kardec)
A forma humana é a linha anatômica que delineia nosso corpo espiritual. Porém, sendo a composição do perispírito tão flexível e maleável, este pode refletir as emoções que se demoram no espírito por meio de relevantes modificações em sua estrutura.
Ensinam os espíritos que, quanto mais evoluído o ser, tanto mais se acentuam em seus traços fisionômicos os sinais de beleza e harmonia. Também esclarecem que, em sentido oposto, quando desequilibrado, ou sob a ação de outros fatores menos felizes, pode o espírito chegar a perder sua forma normal. São os casos de DEGENERAÇÃO, que podem atingir os graus de ovoidização ou zoantropia, por exemplo. A bibliografia espírita está cheia desses casos.
No livro “Obsessão-Desobsessão”, de Suely C. Schubert, podemos colher seguras orientações sobre as razões que levam à degeneração. Vejamos exemplos: “A transubstanciação do corpo espiritual num corpo ovóide pode ocorrer nos seguintes casos:
- O homem selvagem quando retorna, após a morte do corpo denso, ao plano espiritual, sente-se atemorizado diante do desconhecido. Sendo primitivo, não dispõe de conhecimentos espirituais e só tem condições de pensar em termos de vida tribal a que se acostumou. Diz-nos André Luiz que a própria vastidão cósmica o assusta, bem como a visão de espíritos, mesmo os bons e sábios, infunde-lhe grande temor. Dentro do estágio evolutivo que lhe é próprio, crê-se à frente de deuses e, por isso, refugia-se na choça que lhe serviu de moradia terrestre. Anseia por retomar à taba onde vivera e ao convívio dos seus e alimenta-se das vibrações dos que lhe são afins. Nestas condições estabelece-se nele o monoideísmo, isto é, ideia fixa, abstraindo-se de tudo o mais. O pensamento que lhe flui da mente permanece em circuito, continuamente. É o monoideísmo auto-hipnotizante. Não havendo outros estímulos, os órgãos do corpo espiritual se retraem ou se atrofiam, tal como ocorre aos órgãos do corpo físico que, paralisados, atrofiam-se. Aos poucos, esses órgãos do perispírito voltam-se, instintivamente, para a sede do governo mental, onde se localizam, ocultos e definhados, no fulcro dos pensamentos em circuito fechado sobre si mesmos, quais implementos potenciais do germe vivo entre as paredes do ovo. Diz-se então que o desencarnado perdeu o seu corpo espiritual, transubstanciando-se num corpo ovóide. (citando André Luiz, em "Evolução em Dois Mundos”, cap. 12) A forma ovóide guarda consigo todos os órgãos de exteriorização da alma, tanto nos planos espirituais quanto nos terrestres, tal qual o ovo ou a semente, que trazem em si a ave ou a árvore do futuro.
- Desencarnados, em profundo desequilíbrio, aspirando a vingar-se ou portadores de vicioso apego, que se envolvem e influenciam aqueles que lhe são objeto de perseguição ou atenção. Auto-hipnotizam-se com as próprias ideias, que se repetem indefinidamente. É o monoideísmo auto-hipnotizante. Em consequência, os órgãos perispiríticos se atraem por falta de função, assemelhando-se então a ovóides vinculados às próprias vítimas que, de modo geral, lhes aceitam mecanicamente a influenciação, por trazerem fatores predisponentes, quais sejam a culpa, o remorso, o ódio, o egoísmo que externam em vibrações incessantes, sob o comando da mente. Configura-se neste caso, a parasitose espiritual. O hóspede (o obsessor) passa a viver no clima pessoal do hospedeiro (o obsidiado). Essa situação pode prolongar-se até mesmo após a morte física da vítima, dependendo da gravidade das dívidas e natureza dos compromissos existentes entre ambos.
- Os grandes criminosos, os pervertidos, os trânsfugas (desertores) do dever, ao desencarnarem, ver-se-ão atormentados pela visão repetida e constante dos próprios crimes, vícios ou delitos, em alucinações que os tornam dementados. Os clichês mentais que exteriorizam, infindáveis vezes, tornam-lhes o fluxo do pensamento vicioso, resultando no monoideísmo auto-hipnotizante. E tal como nos casos anteriores, perdem os órgãos do corpo espiritual, transubstanciando-se em ovóides.
Os ovóides retornarão à forma normal. Através da bênção da reencarnação, irão assimilando os recursos orgânicos maternos e, como explica André Luiz, as leis da reencarnação operam em alguns dias todas as ocorrências de sua evolução nos reinos inferiores da natureza.
Necessário, pois, se faz não esquecer que o retorno à forma humana é a tendência natural naqueles que por seus desequilíbrios tiveram a degeneração de seu perispírito.”
Em "A Alma é Imortal", Gabriel Delanne explica: “Regra geral, predomina no corpo fluídico a forma humana, à qual ele naturalmente retorna, quando haja sido deformado pela vontade do espírito.”
Também Kardec, em "O Livro dos Médiuns", esclarece: “Os espíritos podem tornar-se visíveis sob outra aparência, além da forma humana? - A forma humana é a normal do espírito. O espírito pode variar a aparência, mas é sempre o tipo humano.’’
João Sérgio Sell
Fonte: do livro "Perispírito"
Fonte da Gravura: http://espacoseiva.blogspot.com.br/
Sugestões de leitura:
- Libertação, André Luiz
- Evolução em Dois Mundos, André Luiz
- Às Margens do Rio Sagrado, Edgar Armond
- A Alma Imortal, Gabriel Delanne
- O Livro dos Médiuns, Allan Kardec
- Diálogo com as Sombras, Hermínio Miranda
- Estudando a Mediunidade, Martins Peralva
- Obsessão e Desobsessão, Suely Caldas Shubert