quinta-feira, 10 de julho de 2014

CONSCIÊNCIA E CENTRAMENTO

Primeiro é preciso entender o que significa consciência. Você está andando na rua. Está consciente de muitas coisas — das lojas, das pessoas que passam por você, do tráfego, de tudo. Está ciente de muitas coisas, menos de uma — você mesmo. Você está andando na rua, consciente de muitas coisas e esquecido de si mesmo! Essa consciência do eu George Gurdjiefif chamou de “lembrança de si mesmo”. Ele dizia: “Constantemente, onde quer que você esteja, lembre-se de si mesmo.”

Não importa o que esteja fazendo, nunca deixe de fazer outra coisa interiormente: ficar consciente do que estiver fazendo. Você está comendo — fique consciente de si mesmo. Está caminhando — fique consciente de si mesmo. Está ouvindo, está falando — fique consciente de si mesmo. Quando estiver com raiva, fique consciente de que está com raiva. Essa lembrança constante de si mesmo cria uma energia sutil, uma energia muito sutil dentro de você. Você começa a ser um ser cristalizado.

Na maior parte do tempo, você é só um saco vazio! Nenhuma cristalização, nenhum centro de verdade — só liquidez, só uma combinação ao acaso de muitas coisas sem nenhum centro. Uma multidão, em constante mudança, mas sem ninguém que a comande. A consciência é o que faz de você o comandante do navio — e quando eu digo comandante não quero dizer alguém que detenha o comando. Quero dizer uma presença — uma presença contínua. Sempre que estiver fazendo alguma coisa, ou não estiver fazendo nada, uma coisa tem de ser constante na sua consciência: que você é.

O simples sentimento de si mesmo, e de que esse si mesmo é, cria um centro — um centro de calma, um centro de silêncio, um centro de comando interior. Trata-se de um poder interior. E quando eu digo “poder interior” quero dizer literalmente isso. É por isso que Buda fala do “fogo da consciência” — ela é um fogo. Se começar a ficar consciente, você começará a sentir uma energia nova em você, um fogo, uma vida nova. E, por causa dessa vida nova, desse poder, dessa energia, muitas coisas que dominavam você se dissipam. Você não tem de lutar contra elas.

Você tem de lutar contra a sua raiva, contra a sua ganância, contra o sexo, porque você é fraco. Portanto, na verdade, a ganância, a raiva, o sexo não são o problema, a fraqueza é o problema. Quando você começar a ficar mais forte interiormente, com um sentimento de presença interior — de que você é —, suas energias ficam concentradas, cristalizadas num único ponto, e nasce um eu. Veja, não nasce um ego, nasce um eu. O ego é um sentido falso de eu. Mesmo sem ter um eu, você continua acreditando que você é um eu — que na verdade é o ego. Ego significa falso eu — você não é um eu, embora acredite que seja.

Maulungputra, um buscador da verdade, veio até Buda, que lhe perguntou: — O que você procura? Maulungputra disse: — Procuro por mim mesmo. Ajude-me! Buda lhe pediu para prometer que faria tudo o que fosse sugerido. Maulungputra começou a soluçar e disse: — Como posso prometer? Eu não sou, não sou ainda, como posso prometer? Não sei o que vou fazer amanhã; não tenho nenhum eu que possa prometer, por isso não peça o impossível. Eu vou tentar. Isso é tudo o que eu posso dizer: vou tentar. Mas não posso prometer que farei tudo o que você disser, pois quem fará isso? Estou em busca daquilo que pode prometer e pode cumprir uma promessa. Não sou ainda. Buda respondeu: — Maulungputra, fiz essa pergunta a você para ouvir isso. Se tivesse prometido, eu o poria daqui para fora. Tivesse você dito: “Prometo que farei” e eu teria descoberto que você não busca de fato a si mesmo, pois o buscador tem de saber que ele ainda não é. Do contrário, qual seria o propósito da busca? Se você já fosse, não haveria necessidade. Você não é! E se a pessoa consegue sentir isso, o ego evapora.

O ego é uma noção falsa de algo que ainda nem sequer existe. “Eu” significa um centro que pode prometer. Esse centro é criado pelo ser que está continuamente alerta, constantemente consciente. Tenha consciência de que você está fazendo algo — de que está sentado, de que agora você vai dormir, de que o sono está chegando, que você está caindo no sono. Tente ficar consciente o tempo todo e então você começará a sentir que nasce dentro de você um centro; as coisas começaram a se cristalizar, ocorre um centramento. Tudo passa a se relacionar com esse centro.





Osho






Fonte: em "Consciência: A Chave Para Viver em Equilíbrio"
http://www.palavrasdeosho.com/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A SINFONIA DA VIDA

Tudo é música na natureza: os rios que correm, as fontes que jorram, a chuva que cai, o rugir das torrentes, o movimento ininterrupto dos oceanos e dos mares, o soprar do vento, o sussurro das folhas nas árvores, os sons dos insetos, o canto das aves… E foi essa música que, desde a origem, despertou e alimentou o sentido musical no homem, foi ela que o incitou a exprimir-se ele próprio por um instrumento ou pelo canto, a evocar os momentos importantes da sua vida, a expressar o seu amor, as suas alegrias, as suas dores. Pela música, ele traduz também as suas aspirações místicas, canta o seu louvor ao Criador e, quando nós escutamos essa música, sentimos que ela desperta na nossa alma a lembrança de uma pátria celeste, a nostalgia de um paraíso perdido. O efeito é imediato. Instantaneamente, nós lembramo-nos de que viemos do Céu e ao Céu retornaremos… E um dia, quando a consciência superior despertar no homem, quando ele tiver desenvolvido possibilidades de percepção mais sutis, começará a ouvir a sinfonia grandiosa que ecoa através dos espaços, pois cada ser criado, das pedras às estrelas, emite vibrações que se propagam como ondas sonoras. Então, ele compreenderá o sentido da vida.





Omraam Mikhaël Aïvanhov






Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

SONO E SONHOS (ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ANTROPOSÓFICAS)

(...) Um estado intermediário entre a vigília e o sono — eis o que é sonho.

O que as vivências oníricas oferecem a uma observação sensata é o multifário entretecimento de um mundo de imagens, o qual, no entanto, também abriga algo de normas e leis. Emersão e imersão, muitas vezes em sequências desordenadas, é o que à primeira vista esse mundo parece revelar. Em sua vida onírica o homem está desligado da lei da consciência de vigília, que o acorrenta à percepção dos sentidos e às normas de seu juízo. Não obstante, o sonho possui algo das misteriosas leis que são estimulantes e atraentes para o pressentimento humano, sendo a causa mais profunda do fato de se gostar de comparar sempre com o "sonhar" aquele admirável jogo de fantasia subjacente à sensibilidade artística. Basta lembrarmos alguns sonhos característicos para ver corroborada esta afirmação.

Uma pessoa sonha, por exemplo, estar rechaçando um cão que investe contra ela. Uma vez desperta, ela verifica que estava inconscientemente afastando de si uma parte do cobertor que se posicionara de modo não-habitual junto a seu corpo e, portanto, causara seu desconforto. O que, nesse caso, a vida onírica provoca a partir do fato sensorialmente perceptível? O que os sentidos perceberiam no estado de vigília a vida do sono deixa, de início, repousar inteiramente no inconsciente. Contudo esta retém algo essencial, ou seja, o fato de o homem querer afastar algo de si. Em torno disso, tece um processo metafórico. As imagens, como tais, são ecos da vida diurna desperta. A maneira como são extraídas dela possui algo de arbitrário. Cada qual tem a sensação de que o sonho, na mesma circunstância, poderia simular-lhe também outras imagens; porém a sensação de que a pessoa tem de afastar algo seria expressa simbolicamente. O sonho cria símbolos; ele é um simbolizador.

Também processos interiores podem transformar-se em tais sonhos simbólicos. Uma pessoa sonha que um incêndio crepita a seu lado; ela vê as labaredas no sonho. Desperta e sente que se cobriu demais, tendo ficado com calor. A sensação de calor excessivo se expressa simbolicamente na imagem.

Vivências muito dramáticas podem desenrolar-se no sonho. Alguém sonha, por exemplo, que está na beira de um precipício. Vê uma criança aproximar-se correndo. O sonho o faz vivenciar todos os tormentos causados pela ideia de uma possível desatenção da criança, ocasionando sua queda no abismo. Ele a vê cair e ouve o baque surdo do corpo no fundo. Desperta e verifica que um objeto pendurado na parede do quarto se desprendeu, provocando um ruído surdo ao cair. Esse simples incidente é expresso pela vida onírica num processo que se desenrola em imagens emocionantes. Por ora não é preciso ficar refletindo sobre como, neste último exemplo, o instante do choque de um objeto pode ter-se desdobrado numa série de fatos, parecendo estender-se por um certo lapso de tempo; basta considerar como o sonho transforma em imagem o que seria oferecido pela percepção sensorial desperta.

Vê-se, pois, que tão logo se interrompe a atividade dos sentidos, vigora no homem um elemento criador. Trata-se do mesmo elemento criador que também está presente no sono totalmente livre de sonhos, representando o oposto do estado anímico de vigília.

Para que se introduza esse sono sem sonhos, o corpo astral precisa ter-se retirado dos corpos físico e etérico. Durante o sonho, ele está separado do corpo físico na medida em que não possui mais ligação com seus órgãos sensoriais, mantendo, porém, ainda certa ligação com o corpo etérico. O fato de os processos do corpo astral poderem ser observados pictoricamente resulta dessa sua ligação com o corpo etérico. No momento em que cessa também essa ligação, as imagens submergem nas trevas da inconsciência, advindo o sono sem sonhos. O caráter arbitrário e frequentemente absurdo das imagens oníricas deve-se ao fato de o corpo astral, por causa de sua separação dos órgãos sensoriais do corpo físico, não ser capaz de relacionar suas imagens com os corretos objetos e ocorrências do mundo exterior.

Especialmente esclarecedora para esse caso é a observação de um sonho em que o eu, por assim dizer, se desagrega — quando alguém, por exemplo, sonha que é aluno e não sabe responder a uma pergunta do professor, ao passo que imediatamente depois o próprio professor a responde. Não podendo utilizar, durante o sonho, os órgãos perceptivos de seu corpo físico, ele não consegue relacionar ambos os processos consigo próprio, com a mesma pessoa. Portanto, também para reconhecer a si próprio como um eu permanente o homem precisa, de início, estar equipado com órgãos perceptivos exteriores. Só tendo adquirido a faculdade de tornar-se consciente de seu eu, por outros meios que não tais órgãos perceptivos, é que o homem poderia perceber, além de seu corpo físico, também o eu perene. A consciência supra-sensível deve adquirir tais faculdades... (...)





Rudolf Steiner






Fonte: do livro "A Ciência Oculta", 4ª ed.
Sociedade Antroposófica
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

DIVINDADE - CORAÇÃO

Experimente o estado divino ao ser inocente de qualquer coisa inútil. Torne-se aquele que desconhece o desperdício, porque a força do desperdício algumas vezes termina com a consciência da verdade e da precisão. Seja inocente de qualquer desperdício de tempo, respiração, palavras e atos. Assim você naturalmente experimentará um estado divino de ser e proporcionará aos outros essa experiência também.

O coração é como uma flor - se não for aberto, não pode liberar sua fragrância ao mundo. A fragrância do coração é composta pelas qualidades e virtudes do nosso espírito. Porém, em um mundo que machuca, a maioria de nós aprendeu a fechar o coração. Abrir o coração hoje parece exigir tremenda coragem. É uma coragem que só vem quando nos damos conta de que ninguém pode nos ferir, independente do que digam ou façam. É uma coragem que vem da realização de que somos seres conscientes, inabaláveis e naturalmente virtuosos.





Brahma Kumaris





Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

VIVA AS QUATRO ESTAÇÕES EM UM DIA

Não é essencial que haja uma constante renovação, um renascimento? Se o presente está sobrecarregado com a experiência de ontem, não pode haver renovação. Renovação não é a ação de nascer e morrer; ela existe além dos opostos; só a liberdade da memória acumulada traz renovação, e não existe compreensão salvo no presente. A mente só pode compreender o presente se ela não comparar, julgar; o desejo de alterar ou condenar o presente sem compreendê-lo dá continuidade ao passado. Apenas compreendendo o reflexo do passado no espelho do presente sem distorção, existe renovação. Se você viveu uma experiência integralmente, completamente, não descobriu que ela não deixou traços? Apenas as experiências incompletas deixam sua marca, dando continuidade à memória auto-identificada. Nós consideramos o presente como um meio para um fim, assim o presente perde sua imensa significação. O presente é o eterno. Mas como pode uma mente que é composta, reunida, compreender aquilo que não é reunido, que está além de todos os valores, o eterno? Quando cada experiência surgir, viva-a tão completa e profundamente quanto possível; reflita sobre ela, sinta-a extensiva e intensamente; esteja cônscio de sua dor e prazer, de seus julgamentos e identificações. Só quando a experiência é completada há renovação. Devemos ser capazes de viver as quatro estações em um dia; estar agudamente consciente, experimentar, compreender e ficar livre das acumulações de cada dia.






J. Krishnamurti






Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal