sexta-feira, 22 de julho de 2022

À FRENTE DO DESESPERO


Dias há nos quais tens a impressão de que mesmo a luz do sol parece débil, sem que consiga fulgir nos panoramas do teu caminho. Tudo são inquietações e ansiedades que pareciam vencidas e que retornam como fantasmas ameaçadores, gerando clima de sofrimento interior.

Nessas ocasiões, tudo corre mal. Acontecem insucessos imprevistos e contrariedades surgem de coisas sem importância que se amontoam, transformando-se em óbice cruel de difícil transposição.

Surgem aflições em família que navegava em águas de paz; repontam problemas de conjuntura grave em amigos que te buscam socorros imediatos; e, como se não bastassem, a enfermidade chega e se assenhoreia da frágil esperança que, então, se faz fugidia.

Nessa roda-viva, gritas interiormente por paz e sentes indescritível necessidade de repouso. A morte se te afigura uma bênção capaz de liberar-te de tantas dores!...

Refaze, porém, a observação.

Tudo são testemunhos necessários à fortaleza espiritual, indispensável à fixação dos valores transcendentes. Não fora isso, porém, todas essas abençoadas oportunidades de resgate, e a vida calma enfraqueceria o teu caráter, conspirando contra a paz porvindoura, por adiar o instante em que ela se instalaria no teu íntimo.

Quando tudo corre bem em volta de nós e de referência a nós, não nos dói a dor alheia nem nos aflige a aflição do próximo. Perdemos a percepção para as coisas sutis da vida espiritual, a mais importante, e desse modo nos desviamos da rota redentora.

Não te aborreças, pois, com os acontecimentos afligentes que independem de ti.

A família segue adiante, o amor muda de domicílio, a doença desaparece, a contrariedade se dilui, a agressão desiste, a inquietude se acalma se souberes permanecer sereno ante toda dor que te chegue, enquanto no círculo de fé sublimas aspirações e retificas conceitos.

Continua fiel no posto, operário anônimo do bem de todos, e espera.

Os ingratos que se acreditaram capazes de te esquecer lembrar-se-ão e possivelmente volverão; os amigos que te deixaram, os amores que te não corresponderam, aqueles que te não quiseram compreender, os que zombaram da tua fraqueza e ridicularizaram tua dor envolta nos tecidos da humildade, e os que investiram contra os teu anelos, todos voltarão, tornarão sim, pois ninguém atinge a plenitude da montanha sem a vitória pelo vale que necessita ser vencido.

Tem calma! Silencia a revolta!

Refugia-te na palavra clarificadora do Evangelho consolador e enxuga tuas lágrimas com as suas lições. Dos seus textos extrai o licor da vitalidade e tece com as mãos da esperança a grinalda de paz para o coração lanhado e sofrido. Se conseguires afogar todas as penas na oração de refazimento, sairás do colóquio da prece restaurado, e descobrirás que, apesar de tudo acontecer em tais dias, Jesus luze intimamente nas províncias do teu espírito. Poderás, então, confiar e seguir firme, certo da perene vitória do amor.



Divaldo Pereira Franco / Joanna de Ângelis




Fonte: do livro "Lampadário Espírita"
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/garota-tristeza-solid%c3%a3o-triste-3421489/