quinta-feira, 9 de julho de 2020

OS ESTADOS DE CONSCIÊNCIA


De acordo com o Vedanta, existem sete estados de consciência, porém muitos deles não foram totalmente investigados pelos pesquisadores modernos da área médica. Na verdade, alguns desses estados não são nem mesmo reconhecidos pela ciência tradicional.

Na Índia, um dos maiores videntes do século XX, Sri Aurobindo, disse que por nos encontrarmos em um estágio muito primitivo da evolução humana, a maioria das pessoas só experimenta os três primeiros estados de consciência: o sono, o sonho e o estado desperto. Um dia reconheceremos e compreenderemos os estados mais expandidos de consciência, e quando o fizermos, conceitos como o sincronismo, a telepatia, a clarividência e o conhecimento das vidas passadas serão habitualmente aceitos.

Cada um dos sete estados de consciência representa um aumento na nossa experiência de sincronismo e cada estado progressivo nos leva para mais perto do ideal da iluminação. Todo mundo experimenta os três primeiros. Lamentavelmente, a maioria das pessoas nunca ultrapassa esses três estados básicos.

O primeiro nível de consciência é o sono profundo. Nele, ainda percebemos alguma coisa, ou seja, reagimos a estímulos como o som, a luz intensa e o toque, mas quase todos os nossos sentidos estão embotados e existe muito pouca cognição ou percepção.

O segundo estado de consciência é o sonho. Durante os sonhos, estamos um pouco mais despertos e alertas do que durante o sono profundo. Quando sonhamos, temos experiências. Vemos imagens, ouvimos sons. Até mesmo pensamos nos sonhos. Enquanto estamos sonhando, o mundo dos sonhos parece real, importante e relevante. Somente depois que acordamos é que reconhecemos o sonho como uma realidade que estava restrita àquele momento particular em que estávamos sonhando, realidade essa que talvez não seja diretamente relevante para a nossa vida quando estamos acordados.

O terceiro estado de consciência é o estado desperto. Esse é o estado no qual quase todos passamos a maior parte do tempo. Quando comparamos a atividade cerebral mensurável durante o estado de consciência desperto constatamos que ela é bem diferente da que tem lugar durante o sono profundo e o sonho.

O quarto estado de consciência ocorre quando efetivamente vislumbramos a alma, quando transcendemos, quando ficamos, mesmo que pela fração de um momento, absolutamente imóveis e quietos, e nos conscientizamos do observador que existe dentro de nós. Esse estado de consciência ocorre durante a meditação, quando experimentamos a interrupção, o momento tranquilo entre os pensamentos. As pessoas que praticam regularmente a meditação têm essa experiência sempre que meditam e, como resultado, o estado do eu delas se expande. O quarto estado de consciência também produz os seus próprios efeitos fisiológicos. Os níveis de cortisol e adrenalina aumentam. O estresse se reduz. A pressão sanguínea cai e a função imunológica apresenta uma melhora. Os pesquisadores do cérebro demonstraram que quando experimentamos o intervalo entre os pensamentos, a atividade cerebral é muito diferente da que tem lugar quando estamos meramente acordados e alertas. Isso significa que vislumbrar a alma produz mudanças fisiológicas tanto no cérebro quanto no corpo. Nesse quarto estado de consciência, assim como podemos vislumbrar a alma, também podemos entrever os primórdios do sincronismo.

O quinto estado de consciência é chamado de consciência cósmica. Nesse estado, o espírito pode observar o corpo material. A percepção vai além de simplesmente estar desperta no corpo, além de simplesmente vislumbrar a alma, para estar desperta e alerta com relação ao nosso lugar como parte do espírito infinito. Mesmo quando o corpo está dormindo, o espírito - o observador silencioso - está contemplando o corpo no seu sono profundo, quase como se estivéssemos tendo uma experiência fora do corpo. Quando isso acontece, há uma percepção alerta que tudo vê, não apenas quando estamos dormindo e sonhando, mas também quando estamos completamente despertos. O espírito está observando e nós somos o espírito. O observador pode observar o corpo enquanto este está sonhando e ao mesmo tempo espreitar o sonho. A mesma experiência ocorre na consciência desperta. O corpo pode estar jogando uma partida de tênis, falando ao telefone ou assistindo à televisão. O tempo todo o espírito está observando o corpo/mente nessas atividades.

O quinto estágio é chamado de consciência cósmica porque nossa percepção encerra simultaneamente duas qualidades: a local e a não-local. Nesse estado, quando sentimos uma conexão com a inteligência não-local, o sincronismo realmente começa a se manifestar. Compreendemos que uma parte de nós está localizada e outra parte, por ser não-local, está ligada a todas as coisas. Vivemos plenamente nossa inseparabilidade com relação a tudo o que existe. A intuição se desenvolve. O discernimento aumenta. As pesquisas demonstram que depois que as pessoas alcançam um estado de consciência cósmica e têm essa experiência de tudo testemunhar, suas ondas cerebrais passam a possuir a qualidade da meditação mesmo quando estão envolvidas em alguma atividade. Essas pessoas podem estar jogando futebol, mas as suas ondas cerebrais são idênticas às de uma pessoa que esteja meditando.

O sexto estado de consciência é chamado de consciência divina. Nesse estado, a testemunha se torna cada vez mais desperta. Na consciência divina, não apenas sentimos a presença do espírito em nós, como também começamos a sentir esse mesmo espírito em todos os outros seres. Vemos a presença do espírito nas plantas. Finalmente sentimos a presença do espírito nas pedras. Reconhecemos que a força revigorante da vida se expressa em todos os objetos do universo tanto no observador quanto no que é observado, no que vê e no cenário. Essa consciência divina nos permite enxergar a presença de Deus em todas as coisas. As pessoas em um estado de consciência divina são até mesmo capazes de se comunicar com os animais e as plantas. Esse não é um estado de consciência constante no caso da maioria dos seres humanos. Entramos e saímos dele. No entanto, todos os grandes profetas e videntes, inclusive Jesus Cristo, Buda, muitos iogues e um grande número de santos, viveram na consciência divina.

O sétimo e último estágio de consciência, a meta suprema, é chamado de consciência unitária. Ela também pode ser denominada iluminação. Na consciência unitária, o espírito naquele que percebe e o espírito no que é percebido se fundem e se tornam um só. Quando isso acontece, vemos o mundo inteiro como uma extensão do nosso ser. Não apenas nos identificamos com a nossa consciência pessoal, como também compreendemos que o mundo é uma projeção do nosso eu. O eu pessoal se transforma completamente no eu universal. Nesse estágio, os milagres são lugar-comum, mas não são nem mesmo necessários porque a esfera infinita de possibilidades está disponível a cada momento. Transcendemos a vida. Transcendemos a morte. Somos o espírito que sempre existiu e sempre existirá.


Dr. Deepak Chopra



Fonte: do livro "A Realização Espontânea do Desejo", Rio de Janeiro: Rocco, 2005.
Tradução de Claudia Gerpe Duarte.
Fonte da Gravura: Tumblr.com