sábado, 6 de julho de 2013

A DOR EM NOSSAS VIDAS

Você já parou para pensar na razão da existência da dor, do sofrimento, em nossas vidas?

Talvez num daqueles momentos de extrema angústia, em que o coração parece apertar forte, você tenha pensado em Deus, na vida, e gritado intimamente: por quê?!

Os benfeitores espirituais vem nos esclarecer que a dor é uma lei de equilíbrio e educação.

Léon Denis, reconhecido escritor francês, em sua obra “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, esclarece que o gênio não é somente o resultado de trabalhos seculares; é também a apoteose, a coroação de sofrimento.

De Homero a Dante, a Camões, a Tasso, a Milton, todos os grandes homens, como eles, têm sofrido. A dor fez-lhes vibrar a alma, inspirou-lhes a nobreza dos sentimentos, a intensidade da emoção que souberam traduzir com os acentos do gênio, e que os imortalizou.

É na dor que mais sobressaem os cânticos da alma.

Quando ela atinge as profundezas do ser, faz de lá saírem os gritos sinceros, os poderosos apelos que comovem e arrastam as multidões.

Dá-se o mesmo com todos os heróis, com todas as pessoas de grande caráter, com os corações generosos, com os espíritos mais eminentes. Sua elevação mede-se pela soma dos sofrimentos que passaram.

Ante a dor e a morte, a alma do herói e do mártir revela-se em sua beleza comovedora, em sua grandeza trágica que toca, às vezes, o sublime, e o inunda de uma luz inapagável.

A história do mundo não é outra coisa mais que a sagração do espírito pela dor. Sem ela, não pode haver virtude completa, nem glória imperecível.

Se, nas horas da provação, soubéssemos observar o trabalho interno, a ação misteriosa da dor em nós, em nosso “eu”, em nossa consciência, compreenderíamos melhor sua obra sublime de educação e aperfeiçoamento.

A dor é um dos meios de que Deus se utiliza para nos chamar a Si e, ao mesmo tempo, nos tornar mais rapidamente acessíveis à felicidade espiritual, única duradoura. É, pois, realmente pelo amor que nos tem que Deus envia o sofrimento.

Fere-nos, corrige-nos como a mãe corrige o filho para educá-lo e melhorá-lo; trabalha incessantemente para tornar dóceis, para purificar e embelezar nossas almas, porque elas não podem ser completamente felizes, senão na medida correspondente às suas perfeições.

A todos aqueles que perguntam: para que serve a dor? A sabedoria divina responde: para polir a pedra, esculpir o mármore, fundir o vidro, martelar o ferro. 

A dor física é, em geral, um aviso da natureza, que procura preservar-nos dos excessos. Sem ela, abusaríamos de nossos órgãos até o ponto de os destruirmos antes do tempo. Quando um mal perigoso se vai insinuando em nós, que aconteceria se não lhes sentíssemos logo os efeitos desagradáveis? Ele nos invadiria cada vez mais, terminando por secar em nós as fontes de vida.

É assim que, em nosso mundo, para o nosso crescimento, a dor ainda se faz necessária.



Léon Denis



Fonte: Redação do Momento Espírita, com base no cap. XXVI, do livro "O problema do ser, do destino e da dor", de Léon Denis, Ed. Feb.
http://www.momento.com.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

TODO PENSAMENTO É PARCIAL

Você e eu percebemos que somos condicionados. Se você diz, como alguns fazem, que o condicionamento é inevitável, então não há problema, você é escravo, e esse é o fim. Mas se você começa a se perguntar se é realmente possível romper esta limitação, este condicionamento, então há um problema, então você terá que investigar em todo o processo do pensar, não terá? Se você simplesmente diz, “Eu devo estar consciente de meu condicionamento, devo pensar nisto, analisar a fim de compreendê-lo e destruí-lo”, então você está exercendo a força. Seu pensamento, sua análise é ainda o resultado de seu substrato, assim, através de seu pensamento você obviamente não pode romper o condicionamento do qual ele é uma parte.Apenas veja o problema primeiro, não pergunte qual é a resposta, a solução. O fato é que somos condicionados, e que todo pensamento para compreender este condicionamento será sempre parcial, portanto nunca há uma compreensão total, e só na compreensão total de todo o processo do pensar existe liberdade. A dificuldade é que estamos sempre funcionando dentro do campo da mente, que é o instrumento do pensamento, razoável ou não razoável e, como vimos, o pensamento é sempre parcial.



J. Krishnamurti



Fonte: do livroThe Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

FELICIDADE E COMPAIXÃO

“Se você quer que os outros sejam felizes, pratique compaixão. Se você quer ser feliz, pratique compaixão”. (Tenzin Gyatso, o XIV Dalai Lama, em “Meditations for Living In Balance: Daily Solutions for People Who Do Too Much”.

Junto de outros grandes ensinamentos centrais do Budismo, como o fim da ignorância e a busca da felicidade, a compaixão é um dos temas principais das mensagens do XIV Dalai Lama, Tenzin Gyatso, e como uma singela lembrança e homenagem ao aniversário dele, neste dia 6 de julho, quando completa 78 anos, um pequeno trecho de uma das palestra dele sobre esse tema está abaixo neste post. Faz parte de uma participação dele no Brasil, em Curitiba, em 1999. Lhamo Dondrub (seu nome de nascença) nasceu em 1935 na cidade de Taktser, Qinghai (Tibet/China) e foi reconhecido como o 14° Dalai Lama aos 2 anos de idade, sendo oficialmente nominado como líder do Budismo Tibetano aos 15 anos, e passou a se chamar Jetsun Jamphel Ngawang Lobsang Yeshe Tenzin Gyatso - nome que traz os significados de Grande Mestre, Glória Suave, Compassivo, Defensor da Fé e Oceano de Sabedoria. Entre os tibetanos, é conhecido também como Yeshe Norbu, ou “Jóia Realizadora”, e Kundun, “A Presença”.

Segue o trecho sobre o amor e a compaixão, com agradecimento ao site oficial do Dalai Lama no Brasil, que publica um vasto material do Dalai Lama em português:

“(…) A função do amor e da compaixão — Gostaria de explicar qual é a importância do amor e da compaixão. É importante saber o que é compaixão, algumas vezes pensamos que é pena, mas isso não é compaixão. Compaixão é o senso de preocupação, mas mais do que isso, é a noção clara de que todos os seres têm exatamente o mesmo direito à felicidade. Essa compreensão é que nos traz a compaixão.

Também um outro aspecto que costuma ser confundido com compaixão é a sensação de proximidade, de ligação que temos com amigos e parentes. Mas isso não é compaixão verdadeira, porque esse sentimento está ligado ao apego.

Muitas vezes, nosso senso de preocupação com o outro depende da atitude que ele adota. Se a pessoa age de forma negativa, nosso senso de compaixão desaparece. Mas um senso de compaixão verdadeiro é o que nos leva a ver o outro como tendo exatamente o mesmo direito que eu à felicidade. A compaixão que se assenta no apego não se sustenta. A que se baseia na compreensão da igualdade de todos os seres é desprovida de apego, e é verdadeira.

Qual é o benefício da compaixão? Ela nos traz força interior. Geralmente, temos um senso de “eu, eu, eu”. E nossa mente centra tudo em nós mesmos. Então, todas as experiências negativas, mesmo pequenas, se tornam muito dolorosas, enormes. Mas quando pensamos nos outros, nossa mente se amplia, e os nossos pequenos problemas se tornam realmente pequenos, e as coisas negativas não prejudicam nossa mente.

Alguns, quando experimentam tragédias que são involuntárias, se sentem enterrados em uma montanha de sofrimento. Mas, por outro lado, quando se pensa voluntariamente nos problemas dos outros, se procura alivia-los de seus sofrimentos, essa atitude voluntária traz uma abertura para o ser. Dessa maneira, mesmo em meio a problemas pessoais, isso traz uma base de clareza, e a pessoa será capaz de se sustentar.

Compaixão e bem-estar — Quando se pensa em compaixão por outras pessoas, alguns perguntam se isso não seria sinônimo de auto-sacrifício. Não, não é. Porque não se deve ser negligente em relação a si mesmo. E, baseado na minha própria experiência, acredito que se deve ser compassivo em benefício próprio.”


Sua Santidade o XIV Dalai Lama, Tenzin Gyatso



Fonte: Blog DHARMALOG
http://dharmalog.com/2013/07/05/a-verdadeira-compaixao-nao-e-pena-nem-apego-e-a-compreensao-da-igualdade-real-entre-todos-dalai-lama-78/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

SOLIDÃO


Inevitável é a solidão “em espírito” que em determinada fase do caminho cada discípulo experimentará, nos ensinam, praticamente, todas as tradições espirituais.

De início, será percebido como solidão, um estado não muito agradável, que causa medo, desespero e uma vontade de recuar do caminho. Porém, deve-se estar preparado para a solidão, e a preparação resume-se em amadurecimento espiritual e evolutivo. É a lei.

Quando o homem se “dissocia” de tudo o que concerne à sua personalidade, ou seja, à seus corpos físico-etérico (instintos), astral (emoções) e mental (intelecto) e centra-se na Alma (Individualidade ou Eu Superior), produz-se uma separação temporária e uma sensação de “abandono” e solidão.

Ultrapassando a fase do “abandono” vem a conscientização de que A SOLIDÃO REAL É ATIVA, CONSTRUTIVA, RADIANTE, pois ela age exatamente quando a personalidade (instinto, emoção e intelecto) se cala. E é a partir de então que, juntamente ao silêncio verdadeiro, somos conduzidos à revelação do mundo da Alma e ao despertar da consciência superior. Assim se processa porque a mensagem é melhor transmitida no silêncio verdadeiro do que na loquacidade de multidões ou sob a pressão da nossa personalidade “barulhenta”.

A experiência da solidão, de ser privado de tudo que protege, de tudo o que até então tenha sido considerado como essencial ao próprio ser, é o ápice da autorrealização. Somente quando Alma permanece só, longe dos ruídos exteriores e impermanentes, segura da divindade em si, e por isso sem qualquer reconhecimento exterior, pode o próprio centro da vida espiritual ser reconhecido como estável, eterno e produtivo.

O serviço amoroso e desinteressado, o serviço ao Plano Divino, é consequência direta e gradativa da solidão. Só servimos ao mundo quando nos “desligamos”, ou melhor, nos desapegamos do mundo impermanente.



Prof. Hermes Edgar Machado Junior (Issarrar Ben Kanaan)





Fonte da Imagem: Acervo de autoria pessoal