terça-feira, 9 de abril de 2013

ARRISQUE TUDO PELA VERDADE


Arrisque tudo pela verdade; ou então você vai continuar descontente. Você vai fazer muitas coisas, mas nada realmente vai acontecer com você. Você vai se movimentar bastante, mas nunca vai chegar a lugar nenhum. O resultado no fim será quase absurdo.

É como se você estivesse faminto e simplesmente fantasiasse sobre o alimento — maravilhoso, delicioso. Mas fantasia é fantasia, não é real. Você não pode comer um alimento irreal. Por momentos você pode se iludir, pode viver num mundo de sonho, mas o sonho não lhe dá nada. O sonho tira muitas coisas e não dá nada em troca.

O tempo que você gasta usando uma personalidade falsa é simplesmente desperdiçado; você nunca o terá de volta. Esses mesmos momentos poderiam ter sido de verdade, autênticos. Até mesmo um único momento de autenticidade é melhor do que uma vida inteira de vida inautêntica. Portanto não tenha medo.

A mente vai lhe dizer para continuar protegendo os outros e a si mesmo, para se manter em segurança. É assim que milhões de pessoas estão vivendo. Freud, em seus últimos dias, escreveu uma carta a um amigo sobre o que havia observado — e ele realmente observava a fundo, ninguém observou de maneira tão profunda, tão penetrante, tão persistente e científica; ele dizia na carta que até onde havia observado ao longo da vida, uma conclusão parecia ser absolutamente certa: a de que as pessoas não podem viver sem mentiras.

A verdade é perigosa. As mentiras são muito doces, mas irreais. Deliciosas! Você continua dizendo doces nadas à pessoa amada e ela continua suspirando em seus ouvidos nada além de doces nadas. E enquanto isso a vida segue escorrendo por entre as suas mãos e todo mundo se aproxima cada vez mais da morte.

Antes de a morte chegar, lembre-se de uma coisa: é preciso viver o amor antes de a morte acontecer. Do contrário, você terá vivido em vão, e toda a sua vida terá sido fútil, um deserto. Antes de a morte chegar, tenha certeza de que o amor aconteceu. Mas isso só é possível com a verdade.

Portanto, seja verdadeiro. Arrisque tudo pela verdade e nunca arrisque a verdade por nada mais. Deixe que esta seja a lei fundamental: mesmo que eu tenha de sacrificar a mim mesmo, à minha vida, vou fazer esse sacrifício pela verdade; mas a verdade eu não sacrificarei por nada. E você sentirá uma imensa felicidade, uma bênção inimaginável cairá sobre você.

Se você for sincero, tudo o mais se tornará possível. Se você for falso — só uma fachada, uma pintura, um rosto, uma máscara — nada será possível. Porque, com o falso, apenas o falso acontece, e com a verdade, só a verdade.

Eu entendo o problema, o problema de todos os amantes: no fundo, todos eles têm medo. Eles continuam imaginando se o relacionamento será forte o suficiente para suportar a verdade. Mas como você pode saber de antemão? Não existe conhecimento a priori. É preciso fazer para conhecer.

Como você vai saber, sentado dentro de casa, se será capaz de resistir à tempestade e ao vento lá fora? Você nunca esteve na tempestade. Vá e veja! Tentativa e erro é a única maneira. Vá e veja — talvez você seja derrotado, mas mesmo na derrota vai se tornar mais forte do que é hoje.

Se você for derrotado por uma experiência, depois por outra e mais outra, o simples fato de ir contra a tempestade vai deixá-lo cada vez mais forte. Um dia chegará em que você simplesmente começará a gostar da tempestade, simplesmente começará a dançar na tempestade. Então a tempestade não será um inimigo — essa também é uma oportunidade, uma oportunidade radical, de ser.

Lembre-se: nunca as pessoas se tornam um ser de maneira agradável; do contrário, isso aconteceria a todos. Lembre-se, tornar-se um ser não pode acontecer de maneira conveniente; do contrário, todo mundo não teria nenhum problema. Tornar-se um ser acontece apenas quando se correm riscos, quando se enfrenta o perigo. E o amor é o maior perigo que existe. Ele requer a totalidade do seu ser.

Portanto, não tenha medo; vá de encontro a ele. Se o relacionamento sobreviver à verdade, ele será lindo. Se ele morrer, então também será bom porque um relacionamento falso terminou e agora você será mais capaz de partir para outro relacionamento, mais verdadeiro, mais sólido, mais preocupado com a essência.

Mas lembre-se sempre, a falsidade nunca compensa; ela parece compensar, mas não compensa. Apenas a verdade compensa — e de início nunca parece que a verdade vale a pena. Parece que ela estraga tudo. Se você a olhar de fora, a verdade parecerá muito, mas muito perigosa, terrível. Mas essa é uma visão de fora.

Se você a assumir, a verdade será apenas uma coisa bela. E depois que começar a experimentá-la, prová- la, você vai querer cada vez mais, porque ela lhe trará contentamento.

Você prestou atenção? É mais fácil ser sincero com estranhos. As pessoas que viajam de trem começam a conversar com estranhos e afirmam coisas que nunca afirmaram antes aos amigos, porque com os estranhos não há nada em jogo. Depois de meia hora, a sua estação vai chegar e você vai descer; você vai esquecer e ele irá esquecer o que você disse. Portanto, o que quer que você tenha dito não faz diferença. Nada está em jogo com um estranho.

Ao falar com estranhos, as pessoas são mais sinceras, e elas abrem o coração. Mas ao falar com os amigos, com os parentes — com o pai, a mãe, a esposa, o marido, o irmão, a irmã — há uma profunda inibição inconsciente. “Não diga isso, ele pode ficar magoado. Não faça isso, que ela pode não gostar. Não se comporte dessa maneira; o pai está velho e poderá ficar chocado.” Assim vamos nos controlando.

Pouco a pouco, a verdade é abandonada nas fundações do seu ser e você se torna mais engenhoso e esperto com o que é falso. Você segue sorrindo falsos sorrisos, que estão apenas desenhados nos lábios. Segue dizendo coisas boas, que não significam nada.

Fica entediado com o namorado ou com o pai, mas continua dizendo: “Que bom ver você!” E todo o seu ser diz: “Ora, deixe-me em paz!” Mas verbalmente você segue fingindo. E eles também estão fazendo a mesma coisa; ninguém se torna consciente porque estamos todos navegando no mesmo barco.

Uma pessoa religiosa é aquela que sai desse barco e arrisca a sua vida. Ela diz: “Não importa se eu quero ou não ser sincera. Mas falsa é que não vou ser.” Não importa o que esteja em jogo; experimente, mas não continue seguindo o caminho da inverdade. O relacionamento pode ser forte o bastante, pode resistir à verdade. Então ele é muito, muito bonito.

Se você não puder ser sincero com a pessoa a quem ama, então, quando vai ser sincero? Onde? Se não puder ser sincero com a pessoa que pensa que o ama — se tem medo até mesmo de lhe revelar a verdade, de desnudar-se espiritualmente, se até mesmo ali estiver escondendo — então, onde encontrará um momento e um lugar onde possa ser totalmente livre?

Esse é o significado do amor: que no mínimo na presença de uma pessoa podemos nos desnudar completamente. Nós sabemos que ela nos ama; portanto, não seremos mal-interpretados. Sabemos que ela nos ama; assim o medo desaparece. Podemos revelar tudo. Podemos abrir todas as portas, podemos convidar a pessoa a entrar. Podemos começar a participar do ser de outra pessoa. 

Amor é participação; portanto, no mínimo com a pessoa a quem você ama, não seja falso.

Eu não estou dizendo para você sair à rua e ser sincero, porque isso criará problemas desnecessários no momento. Mas comece com a pessoa a quem você ama, depois, com a família, e depois com as pessoas que estão um pouco além.

Pouco a pouco, você vai aprender que ser sincero é tão bonito que vai ser capaz de apostar tudo nisso. Então, na rua, a verdade simplesmente se torna o seu modo de viver.

No alfabeto do amor, a verdade tem de ser aprendida com aqueles que estão muito próximos, porque eles irão entender.


Osho, em "Intimidade: Como Confiar em Si Mesmo e nos Outros"



Fonte: http://www.palavrasdeosho.com/2013/03/arrisque-tudo-pela-verdade.html
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal


O MUNDO TORNOU-SE A ARCA DE NOÉ



De que maneira cada um de nós pode se esforçar no Kli ("vaso") comum? O que precisamos fazer?

Cada um simplesmente tem que pensar no que desejaria que acontecesse consigo, com o grupo e o mundo inteiro: homens, mulheres, crianças, velhos, todos os povos, toda a humanidade. Hoje, nós estamos todos no mesmo barco, a verdadeira Arca de Noé.

Diz-se sobre a arca de Noé que todos foram arrumados nela e ninguém comeu ninguém, mas todos viveram em paz. Pois esta Arca é a característica de Biná (3ª Sefirá/Nível), que abrange e possui tudo dentro de si. Portanto, eles foram salvos do dilúvio, do grande ego, que entrou em erupção fora das paredes da arca e apareceu em todas as suas formas terríveis: erupções vulcânicas, furacões, tsunamis, nevascas e fogo ardente.

A Arca protegeu todos os que se encontravam nela, porque eles queriam salvá-la. Quanto mais protegemos a arca, mais a arca vai nos proteger. Pois a arca é a característica de Bina. Entrar na característica de Bina é como entrar num útero, numa arca que irá protegê-lo de todas as influências externas ruins e prejudiciais; nada pode prejudicá-lo mais.

Isso é especificamente o que precisa ser explicado ao mundo — que todos os problemas da humanidade são derivados do seu ego feroz. Mas se nós todos construirmos uma arca para nós mesmos e não nos comermos, se todos nós habitarmos juntos dentro dela, em nosso pequeno mundo fechado; se fizermos uma arca a partir do nosso pequeno mundo fechado, então seremos salvos. Caso contrário, o que aconteceu com todos aqueles que permaneceram fora das paredes da Arca de Noé acontecerá conosco, todos nós afundaremos nas águas do dilúvio.


Da 2ª parte da Lição Diária de Cabalá 28/03/13, Escritos do Baal HaSulam



Rav Dr. Michael Laitman, PhD



Fonte: http://laitman.com.br/2013/04/o-mundo-tornou-se-a-arca-de-noe/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal