sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

YAMAS E NIYAMAS, A ÉTICA DO YOGA

Krishna e Pandavas 300 Yamas e Niyamas, a ética do Yoga
Sri Krishna e os cinco irmãos Pandavas, personagens do épico indiano Mahabharata



Quando o yogi se torna qualificado, através da prática da disciplina ética, por abster-se de ações ilícitas (yama) e da auto-superação (niyama), pode (então) começar a prática de asanas e das outras técnicas. (Yoga Bhasya Varana, II:29)

Se você não tiver tempo ou disposição para agir conforme a ética do Yoga, tampouco terá tempo nem atitude para praticá-lo. Yama e niyama são os dois primeiros passos da caminhada, condição indispensável para que a prática dê resultados concretos. (Pedro Kupfer)




Lakshman Hanuman Ram Sita 300 Yamas e Niyamas, a ética do YogaLakshman, Hanuman, Rama e Sita, personagens do épico indiano Ramayana




O fundamento do Yoga, como de toda espiritualidade autêntica, é uma ética universal. Essa prática compreende 10 grandes obrigações morais que podem ser consideradas patrimônio de todas as grandes religiões. São elas os 5 yamas e os 5 niyamas.

Yama significa controle ou domínio. É o pontapé inicial no caminho do Yoga. Os yamas são cinco proscrições: ahimsa, satya, asteya, brahmacharya e aparigraha, aquilo que não devemos fazer, os refreamentos ou abstinências que pretendem purificar o yogi, aniquilar a subjetividade advinda do egocentrismo e prepará-lo para os estágios seguintes da prática. Desempenham o controle dos impulsos naturais, que se manifestam através dos cinco órgãos de ação (karmendriyas): braços, pernas, boca, e órgãos sexuais e excretores. Essas normas de disciplina moral têm a finalidade de por freio ao poderoso instinto de sobrevivência e canalizá-lo para servir a um propósito superior, regulando as interações sociais do yogi, harmonizando o relacionamento dele com os outros seres. Esse controle criativo que os yogis exercem sobre as suas energias exteriorizantes resulta num excedente energético que pode então ser posto a serviço da transformação espiritual da personalidade.

Ahimsa, a não-violência, entende-se como não matar, não agredir, não ferir, nem causar nenhum tipo de dor a nenhum ser vivo. É a raiz de todas as outras normas morais.

Satya, a veracidade ou o não mentir, consiste em fazer coincidir pensamentos, palavras e ações, o que deve entender-se como evitar a falsidade em todas as suas formas.

Asteya significa não roubar, não cobiçar ou invejar bens ou conquistas de outrem. Não é apenas não roubar, mas eliminar totalmente o impulso de apoderar-se de objetos (ou ideias) alheios.




Radha e Krishna 300 Yamas e Niyamas, a ética do YogaRadha e Krishna




Brahmacharya, o não desvirtuamento da sexualidade (não perverter, nem degradar, exacerbar, explorar ou se submeter ao sexo) pode interpretar-se como ser coerente em sua vida relacional e sexual. A palavra Brahmacharya é composta da raiz char, que significa mover-se, e da palavra Brahma, que significa verdade essencial. Assim, podemos entender brahmacharya como um movimento em direção ao essencial. É mais usado, geralmente, em termos de abstinência sexual. Mais especificamente, brahmacharya sugere que devemos formar relacionamentos que nos façam entender as verdades mais nobres.

Aparigraha, a não possessividade ou o não cobiçar, traduz-se em generosidade e desapego (vairagya) em relação não apenas aos bens materiais, mas também às relações afetivas. O apego (raga) nos tira da sintonia necessária para praticar. Assim, os yogis são encorajados a cultivar a simplicidade voluntária, pois o excesso de bens materiais só serve para distrair a mente, sendo a renúncia (vairagya) um aspecto essencial do estilo de vida yogiko.

Não pode ser eficaz e verdadeira a meditação de alguém que está em dívida com seus semelhantes, se há alguém a quem feriu, a quem enganou, a quem furtou, a quem explorou sexualmente, a quem deseja ou desejou arrebatar algo, pois as vítimas estarão vibrando contra o pretenso meditante. À mente deste acorrerão lembranças e remorsos, que a inquietarão e frustrarão a pretensão de meditar.




Shiva sepia meditando 300 Yamas e Niyamas, a ética do YogaShiva




Niyama, as prescrições psicofísicas, compreendem cinco disciplinas ou observâncias, ou seja, aquilo que devemos fazer: sauchan, santosha, tapas, svadhyaya e Ishvarapranidhana. Essas atitudes cumprem a função de domínio sobre os cinco órgãos de percepção (jñanendriyas): olhos, ouvidos, nariz, língua e pele. Esse controle dos sentidos aponta à organização da vida pessoal e interior do praticante, harmonizando o seu relacionamento com a vida em geral e com a Realidade transcendente.

Sauchan é a pureza ou purificação. A purificação externa inclui alimentação vegetariana, exercícios de purificação orgânica (como a lavagem das vias respiratórias e dos aparelhos digestivo e excretor) e manter limpo o ambiente em que se vive. Um organismo poluído por hábitos impróprios, como o uso de drogas (incluindo o cigarro e o álcool) ou alimentação intoxicante, gera comportamentos e condicionamentos contraproducentes para a prática do Yoga. A purificação interna inclui a eliminação das impurezas do pensamento. As técnicas mais refinadas de purificação são tattva suddhi e chitta suddhi (antar mouna).

Santosha, o contentamento, consiste em cultivar um estado interior de permanente alegria, independentemente das circunstâncias externas, o que facilitará muito o progresso na prática. O contentamento é uma expressão da renúncia (vairagya), o sacrifício voluntário das coisas que nos serão inevitavelmente arrebatadas no momento da morte. Liga-se de perto àquela atitude de indiferença que faz com que os yogis encarem com a mesma atitude um torrão de terra e uma pepita de ouro, o que permite que eles se deparem com o sucesso e o fracasso, o prazer e a dor, com a mesma equanimidade inabalável.




Rama Hanuman abraco 300 Yamas e Niyamas, a ética do YogaSri Rama abraçando Hanuman, ambos personagens do épico indiano Ramayana




Tapas é disciplina, determinação, força de vontade concentrada, esforço sobre si próprio, a sobriedade e austeridade visando a queimar os desejos egocêntricos, inferiores, instintivos e naturais, eliminando moleza, debilidade, pieguice etc.

Svadhyaya é o estudo da metafísica do Yoga e de si próprio; abrange não apenas o autoconhecimento, através da reflexão sobre a sabedoria das escrituras (shastras), mas também a aplicação prática desse conhecimento.

Ishvarapranidhana é a devoção, consagração, auto-entrega e submissão a Ishvara (Senhor, Deus pessoal), entendido como o arquétipo do yogi, o modelo ideal a ser seguido pelo praticante. Também significa entregar incondicionalmente as ações e seus frutos a uma vontade superior à sua própria. Pode entender-se como auto-aceitação no momento presente ou, ainda, como serviço à Humanidade.

Poucas escolas de Yoga hoje em dia, principalmente aqui no Ocidente, se dedicam a ensinar os yamas e niyamas. Entretanto, uma pequena reflexão sobre eles revela a sua importância na manutenção da “ecologia” social e individual. Através da prática desses preceitos se estabelece uma convivência pacífica, harmoniosa e feliz na sociedade. É por essa razão que o sábio Patañjali os chama sarvabhauma, supremos ou universais, pois valem para todas as pessoas e em todas as circunstâncias.




Síntese por Cristiano Bezerra baseada em textos dos livros: 

"A Tradição do Yoga", de Georg Feuerstein
"Convite à Não-violência", de José Hermógenes
"Yoga Prático", de Pedro Kupfer



Fonte do Texto e das Gravuras: Ekadanta Yoga
http://www.ekadantayoga.com.br/

SEPARAÇÃO - A RELAÇÃO SUJEITO-OBJETO

Nosso problema básico como humanos é a relação sujeito-objeto. Quando ouvi pela primeira vez isso há muitos anos, parecia abstrato e irrelevante em minha vida. No entanto, toda nossa desarmonia e dificuldades vêm de não sabermos como lidar com a separação sujeito-objeto.

Em termos cotidianos, o mundo é dividido em sujeitos e objetos: eu vejo você, eu vou ao trabalho, eu sento na cadeira. Em cada um desses casos, considero a mim mesma como um sujeito se relacionando com um objeto: você, meu trabalho, a cadeira. Mas, intuitivamente, sabemos que não estamos separados do mundo e que a divisão sujeito-objeto é uma ilusão. Ganhar esse conhecimento intuitivo é o motivo de praticarmos.

Não entendendo a dualidade sujeito-objeto, vemos os objetos em nosso mundo como a fonte de nossos problemas: você é meu problema, meu trabalho é meu problema, minha cadeira é o problema (quando vejo a mim mesma como o problema, transformei-me eu mesma em um objeto).

Então nos afastamos dos objetos que percebemos como problemas e buscamos objetos que vemos como não-problemas. A partir desse ponto de vista, o mundo consiste em: eu e as coisas que me agradam ou desagradam.

Historicamente, a prática Zen e a maioria das outras disciplinas meditativas têm buscado resolver a dualidade sujeito-objeto esvaziando o objeto de todo conteúdo. Por exemplo, lidar com “Mu” ou os principais koans esvazia o objeto do condicionamento que anexamos a ele. Enquanto o objeto vai ficando cada vez mais transparente, somos um sujeito contemplando um objeto virtualmente vazio. Tal estado às vezes é chamado de samadhi. Envolve êxtase porque o objeto vazio não mais é um problema para nós. Quando chegamos a esse estado, a tendência é nos congratularmos com tal progresso realizado.

Mas esse estado de samadhi ainda é dualista. Quando chegamos aí, uma voz interior diz: “Deve ser isso!” ou “Agora realmente estou praticando bem!”. Um sujeito oculto permanece, observando um objeto virtualmente em branco, em algo que no final ainda é uma separação sujeito-objeto. Quando notamos essa separação, tentamos lidar com esse sujeito também, esvaziando seu conteúdo. Ao fazer isso, transformamos o sujeito em mais um objeto, com um sujeito agora mais sutil observando-o. Criamos um regressão infinita de sujeitos.

Tais estados de samadhi não são realmente precursores da iluminação, porque um sujeito sutilmente encoberto está separado do objeto virtualmente vazio. Quando voltamos para a vida cotidiana, o sentimento de êxtase dissipa e estamos de novo em um mundo de sujeitos e objetos. A prática e a vida não chegam juntas.

Uma prática mais clara não tenta se livrar do objeto, em vez disso, vê o objeto pelo que ele é. Vagarosamente aprendemos sobre ser ou vivenciar a ausência de qualquer sujeito ou objeto. Não eliminamos nada, mas sim unimos as coisas. Eu ainda existo, assim como você, mas quando sou apenas minha experiência de você, não me sinto separada de você. Sou una com você.

Esse tipo de prática é bem mais lenta, porque ao invés de concentrar em um objeto, trabalhamos com tudo em nossa vida. Tudo que perturba ou irrita (e, se formos honestos, isso inclui quase tudo) se torna material para prática. Trabalhar com tudo leva a uma prática que vive em cada segundo de nossa vida.

Quando a raiva surge, por exemplo, muita da tradicional prática Zen nos faria tentar apagar a raiva e concentrar em algo, como a respiração. Embora tenhamos colocado a raiva de lado, ela vai voltar sempre que formos criticados ou ameaçados de algum modo.

Diferentemente, nossa prática é nos tornarmos a própria raiva, vivenciá-la integralmente, sem separação ou rejeição. Quando trabalhamos desse modo, nossas vidas assentam. Devagar, aprendemos a nos relacionar com objetos problemáticos de modo diferente.

Nossas reações emocionais gradualmente vão se desgastando e sumindo; por exemplo, objetos que temíamos gradualmente perdem seu poder sobre nós, e podemos abordá-los mais prontamente. É fascinante ver essa mudança acontecendo; vejo isso nos outros e em mim mesma também. O processo nunca termina: no entanto ficamos cada vez mais despertos e livres.




Charlotte Joko Beck




Fonte: “Nothing Special”, loc. 1200
http://darma.info/
Fonte da Gravura: www.imageafter.com

SUBMERSA NA INFLUÊNCIA - POR QUE A MENTE ENVELHECE?

Por que a mente envelhece? Ela é velha - não é – no sentido de ficar decrépita, deteriorada, se repetindo, presa em hábitos – hábitos sexuais, hábitos de trabalho, ou vários hábitos de ambição. A mente está tão sobrecarregada com inumeráveis experiências e memórias, tão desfigurada e marcada com o sofrimento que não pode ver nada com frescor mas está sempre traduzindo o que vê em termos de suas próprias memórias, conclusões, fórmulas, sempre citando; ela é ligada à autoridade; é uma mente velha. Você pode ver por que isto acontece. Toda nossa educação é, meramente, o cultivo da memória; e existe essa comunicação de massas pelos jornais, rádio, televisão; há os professores que leem conferências e repetem a mesma coisa vezes e vezes até seu cérebro absorver o que eles repetiram, e você vomita isto num exame e tem seu diploma e continua com o processo – o emprego, a rotina, a incessante repetição. Não só essa, mas há também nosso próprio empenho da ambição com suas frustrações, a competição não só por emprego, mas por Deus, querendo estar junto a ele, pedindo o caminho rápido até ele. Assim, o que está acontecendo é que através de pressão, estresse, pelo esforço, nossas mentes estão abarrotadas, submersas na influência, por sofrimento, consciente ou inconscientemente. Nós estamos desgastando a mente, não a usando.




J. Krishnamurti




Fonte: The Book of Life
www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: www.imageafter.com

OCORRÊNCIAS DANOSAS NA VIDA DOS ENCARNADOS

(...) Nem todas as ocorrências danosas estão planejadas na vida dos encarnados. Há muito sofrimento adicional por falta de juízo da juventude, por excesso de preocupação com o corpo físico, por exageros na forma de se alimentar e se divertir. 

Leandro, um jovem de nossa comunidade, desencarnou de forma violenta quando experimentou um coquetel de drogas pela primeira vez! Nem teve tempo de se tornar um dependente! Sua conduta foi tão irresponsável – é ele que se sente assim! – porque queria participar de todas as experiências dos companheiros. 

É sabido que ele truncou de forma estúpida uma encarnação que teria tudo para ser brilhante!

O que resta a um jovem como Leandro, na atual circunstância? Lamentar-se? É lógico que não. Depois de um necessário tratamento ele foi encaminhado para uma instituição que abriga e orienta jovens que desencarnam precipitadamente. Uma nova encarnação está nos seus projetos, em momento futuro, quando for possível. 

É trabalhoso o preparo de uma encarnação: envolve decisões a serem tomadas e cuidados na formação do grupo familiar, por isso não se pode menosprezar uma vida que começa a despontar. (...)




Luiz Sérgio / Elsa Cândida Ferreira




Fonte: do livro "O Mundo é uma Grande Escola"
Via http://omundoqueeuencontrei.blogspot.com/

O AMOR SE TORNA APEGO PORQUE NÃO EXISTE NENHUM AMOR

Perguntaram a Osho: Você disse que o amor pode nos tornar livres. Mas comumente nós vemos que o amor se torna apego, e ao invés de nos libertar ele nos torna mais amarrados. Assim, diga-nos alguma coisa sobre apego e liberdade.

O amor se torna apego, porque não existe nenhum amor. Você estava apenas num jogo, enganando a si mesmo. O apego é a realidade; o amor era apenas um prelúdio. Assim, sempre que você se apaixona, mais cedo ou mais tarde, você descobre que você se tornou um instrumento - e, então, toda a miséria começa. Qual é o mecanismo? Por que isso acontece?

Há alguns dias, um homem veio a mim e ele estava se sentindo muito culpado. Ele disse: “Eu amei uma mulher, eu a amei muito. No dia em que ela morreu, eu estava chorando e pranteando, mas de repente eu me tornei consciente de uma certa liberdade dentro de mim, como se alguma carga tivesse me deixado. Eu senti um profundo alívio, como se tivesse me tornado livre”.

Naquele momento, ele se tornou consciente de uma segunda camada de seu sentimento. Externamente ele estava chorando e pranteando e dizendo: “Eu não posso viver sem ela. Agora será impossível, ou a vida será apenas como a morte. Mas bem fundo” - ele disse - “eu me tomei consciente de que estou me sentindo muito bem, que agora eu estou livre”.

Uma terceira camada começou a sentir culpa. Ela lhe dizia: “O que você está fazendo”? E um corpo morto estava deitado ali, bem à sua frente, ele me contou, e ele começou a sentir uma enorme culpa. Ele me disse: “Ajude-me. O que está acontecendo à minha mente? Eu a traí tão cedo”?

Nada aconteceu; ninguém foi traído. Quando o amor se torna apego, ele se torna uma carga, uma escravidão. Mas por que o amor se torna um apego? A primeira coisa a ser entendida é que se o amor se torna um apego, você estava apenas em uma ilusão de que aquilo era amor. Você estava apenas brincando consigo mesmo e pensando que aquilo era amor. Na verdade, você estava necessitado de apego. E se você for ainda mais fundo, descobrirá que você estava também necessitando de se tornar um escravo.

Há um medo sutil da liberdade e todo mundo quer ser um escravo. Todo mundo, naturalmente, fala sobre liberdade, mas ninguém tem a coragem de ser realmente livre, porque quando você é realmente livre, você está só. Se você tem coragem de estar só, somente então, você pode ser livre.

Mas ninguém é corajoso o suficiente para estar só. Você precisa de alguém. Por que você precisa de alguém? Você tem medo de sua própria solidão. Você se torna entediado consigo mesmo. E na verdade, quando você está sozinho, nada parece significativo. Com alguém, você fica ocupado e você cria significados artificiais à sua volta.

Você não pode viver para si mesmo; assim, você começa a viver para outra pessoa. E também é o mesmo caso com a outra pessoa: ele ou ela não pode viver sozinho; assim, ele está na busca para encontrar alguém. Duas pessoas que estão com medo de suas próprias solidões, reúnem-se e começam um jogo - um jogo de amor. Mas, bem no fundo, elas estão buscando apego, compromisso, escravidão.

Assim, mais cedo ou mais tarde, tudo o que você deseja acontece. Essa é uma das coisas mais lamentáveis no mundo. Tudo o que você deseja chega a acontecer. Você a terá mais cedo ou mais tarde e o prelúdio desaparecerá. Quando a sua função for cumprida, ele desaparecerá. Quando você se tornou uma esposa ou um marido, escravos um do outro, quando o casamento aconteceu, o amor desaparece, porque o amor era apenas uma ilusão na qual duas pessoas poderiam se tornar escravas uma da outra.

Diretamente você não pode pedir por escravidão; é muito humilhante. E diretamente você não pode dizer para alguém: “Torne-se meu escravo”. - ...ele irá se revoltar. Nem você pode dizer: “Quero me tornar um seu escravo”; assim, você diz: “Eu não posso viver sem você”. Mas o significado está presente; é o mesmo. E quando isso - o desejo real - é preenchido, o amor desaparece. Então, você sente servidão, escravidão e, então, você começa a lutar para se tornar livre.

Lembre-se disso. Este é um dos paradoxos da mente: tudo o que você conseguir, você irá se aborrecer com aquilo, e tudo o que você não conseguir, você ansiará profundamente. Quando você está sozinho, você ansiará por alguma escravidão, alguma servidão. Quando você está em uma servidão, você começará a desejar liberdade. Na verdade, somente escravos desejam liberdade, e pessoas livres tentam novamente ser escravas. A mente continua como um pêndulo, movendo-se de um extremo ao outro.

O amor não se torna apego. O apego era a necessidade; o amor era apenas uma isca. Você estava à procura de um peixe chamado apego; o amor era apenas uma isca para pegar o peixe. Quando o peixe é apanhado, a isca é jogada fora. Lembre-se disso e, sempre que você estiver fazendo alguma coisa, vá fundo dentro de si mesmo para encontrar a causa básica.

Se existir amor real, ele nunca se tornará apego. Qual é o mecanismo para o amor se tornar apego? No momento em que você diz para seu amante ou amada “eu só amo você”, você começou a possuir. E no momento em que você possui alguém, você o insultou profundamente, porque você o tornou uma coisa.

Quando eu o possuo, você não é uma pessoa então, mas apenas um item a mais dentre a minha mobília - uma coisa. Então, eu o uso e você é minha coisa, minha posse; assim, eu não permitirei que ninguém mais o use. Isso é uma barganha na qual eu sou possuído por você e você faz de mim uma coisa. Isso é uma barganha, que “agora” ninguém mais pode usá-lo. Ambos os parceiros se sentem atados e escravizados. Eu o tomo um escravo, então, você, em troca, faz de mim um escravo.

Então a luta começa. Eu quero ser uma pessoa livre e, ainda assim, eu quero que você seja possuído por mim; você quer manter a sua liberdade e, ainda assim, me possuir — esta é a luta. Se eu o possuo, eu serei possuído por você. Se eu não quero ser possuído por você, eu não deveria possuí-lo.

A posse não deveria entrar no meio. Nós devemos permanecer indivíduos e devemos nos mover como consciências independentes e livres. Nós podemos ficar juntos, nós podemos nos fundir um no outro, mas sem posse. Então, não há servidão e, então, não há apego.

O apego é uma das coisas mais feias. E quando eu digo “mais feia”, eu não quero dizer apenas religiosamente, eu quero dizer também esteticamente. Quando você está apegado, você perdeu a sua solidão, a sua solitude: você perdeu tudo. Apenas para se sentir bem - porque alguém precisa de você e alguém está com você - você perdeu tudo, perdeu a si mesmo.

Mas a armadilha é que você tenta ser independente e você torna o outro a posse - e o outro está fazendo a mesma coisa. Assim, não possua se você não quer ser possuído.

Jesus disse em algum lugar: “Não julgue para não ser julgado”. É a mesma coisa: “Não possua para não ser possuído”. Não faça de ninguém um escravo; do contrário você se tornará um escravo.

Os assim chamados mestres são sempre servos de seus próprios servos. Você não pode se tornar um mestre de alguém sem se tornar um servo - isso é impossível.

Você só pode ser um mestre quando ninguém é um servo para você. Isso parece paradoxal, porque quando eu digo que você só pode se tornar um mestre quando ninguém é um servo para você, você dirá: “Então o que é o mestrado? Como eu sou um mestre quando ninguém é um servo para mim”? Mas eu digo que somente então, você é um mestre. Então, ninguém é um servo para você e ninguém tentará torná-lo um servo.

Amar a liberdade, tentar ser livre, significa basicamente que você chegou a uma profunda compreensão de si mesmo. Agora, você sabe que você é suficiente para si mesmo. Você pode compartilhar com os outros, mas você não é dependente. Eu posso compartilhar a mim mesmo com alguém. Eu posso compartilhar o meu amor, eu posso compartilhar minha felicidade, eu posso compartilhar minha alegria, meu silêncio com alguém. Mas isso é um compartilhar, não uma dependência. Se não houver ninguém, eu estarei igualmente feliz, igualmente alegre. Se alguém está presente, isso também é bom e eu posso compartilhar.

Quando você perceber sua consciência interior, seu centro, somente então, o amor não se tornará um apego. Se você não conhecer seu centro interior, o amor se tornará um apego. Se você conhecer o seu centro interior, o amor se tornará uma devoção. Mas você deve primeiro estar presente para amar, e você não está.

Buda estava passando por um vilarejo. Um jovem veio até a ele e disse: “Ensine-me algo: como eu posso servir aos outros”?

Buda riu para ele e disse: “Primeiramente, seja. Esqueça os outros. Primeiramente, seja você mesmo e, então, todas as coisas se seguirão”.

Exatamente agora você não é. Quando você diz “quando eu amo alguém isso se torna um apego”, você está dizendo que você não é; assim, tudo o que você faz dá errado, porque o fazedor está ausente. O ponto interior de consciência não está presente; assim, tudo o que você faz, dá errado. Primeiro seja e, então, você pode compartilhar seu ser. E esse compartilhar será amor. Antes disso, tudo o que você fizer se tornará um apego.

E, por último: se você está lutando contra o apego, você tomou uma direção errada. Você pode lutar. Assim, muitos monges - reclusos, saniássins - estão fazendo isso. Eles sentem que estão apegados às suas casas, às suas propriedades, às suas esposas, aos seus filhos e eles se sentem engaiolados, aprisionados.

Eles fogem, deixam suas casas, deixam as suas esposas, deixam seus filhos e posses e eles se tornam mendigos e escapam para a floresta, para a solidão. Mas vá lá e observe-os. Eles se tornaram apegados aos seus novos arredores.

Eu estive visitando um amigo que estava em uma vida reclusa embaixo de uma árvore em uma floresta densa, mas havia outros ascetas também. Um dia, aconteceu de eu estar com esse recluso embaixo de sua árvore e um novo buscador ter vindo enquanto meu amigo estava ausente. Ele tinha ido ao rio tomar um banho. Embaixo de sua árvore o novo saniássin começou a meditar.

O homem voltou do rio e empurrou o novato da árvore, e disse: “Esta é minha árvore. Vá e encontre outra, em algum outro lugar. Ninguém pode se sentar sob a minha árvore”. E esse homem tinha deixado a sua casa, a sua esposa, os seus filhos. Agora a árvore se tornou uma posse - você não pode meditar embaixo da árvore dele.

Você não pode escapar tão facilmente do apego. Ele tomará novas formas, novos contornos. Você será enganado, mas ele estará presente. Assim, não lute com o apego, apenas tente entender por que ele existe. E, então, conheça a causa profunda: devido a você não ser, esse apego existe.

Dentro de você, o seu próprio ser está tão ausente, que você tenta se apegar a qualquer coisa a fim de se sentir a salvo. Você não está enraizado; assim, você tenta fazer de qualquer coisa às suas raízes. Quando você está enraizado em seu ser, quando você sabe quem você é, o que é esse ser que está dentro de você e o que é essa consciência que está em você, então, você não se apegará a ninguém.

Isso não significa que você não amará. Na verdade, somente então, você pode amar, porque então o compartilhar é possível - e sem nenhuma condição, sem nenhuma expectativa. Você simplesmente compartilha, porque você tem uma abundância, porque você tem tanto que está transbordando.

Esse transbordamento de si mesmo é amor. E quando esse transbordamento se torna uma enchente, quando, por seu próprio transbordamento, o universo inteiro é preenchido e seu amor toca as estrelas, em seu amor a terra se sente bem e em seu amor todo o universo é banhado; então, isso é devoção.




Osho, em "O Livro dos Segredos"




Fonte: http://www.palavrasdeosho.com
Fonte da Gravura: www.imageafter.com

PROGRESSO - DIREITO - DINAMISMO

Os obstáculos vem e continuarão a vir. Esta é a tarefa deles. Mas você não deveria considerá-los como sendo obstáculos, e sim como exames para torná-lo experiente. À medida que o aluno avança na escola, as provas ficam mais difíceis. À medida que você se torna mais forte internamente, mais obstáculos virão para testá-lo. Dê boas-vindas a eles. Sinta como se eles fossem uma escada para elevá-lo, e, assim, você continuará a progredir ainda mais.

Diante de uma situação negativa, nossa mente tem a tendência natural de entrar na negatividade. Geralmente é apenas quando as coisas pioram e quando perdemos a esperança que nos voltamos para Deus. Porém, precisamos lembrar que somos filhos de Deus. Pensar dessa forma é perceber que temos o direito à propriedade do nosso Pai. Como filhos, temos o direito de possuir todas as qualidades positivas do Pai. Assim, naturalmente haverá paz, felicidade e amor em nossas vidas. A negatividade não é propriedade do Pai, portanto não pode ser propriedade dos filhos.

Assim como a natureza tem dinâmica própria para se manter viva, a alma precisa estar sempre criando novidade para permanecer acesa. Aceitar novos paradigmas é vencer o sentimento de imobilidade, abrir o intelecto sem medo e deixar a transformação acontecer com entusiasmo contagiante. Isto é ser dinâmico. Se tudo ao nosso redor está mudando, por que deveríamos deter nosso processo de crescimento?




Brahma Kumaris




Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: www.imageafter.com

31 DE JANEIRO 2014 - ORAÇÕES DIÁRIAS