quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

INSPIRAÇÃO CELESTIAL


A nossa imaginação é como um balão-sonda que pode ir muito longe no espaço e registar os esplendores do Céu para, em seguida, vir comunicá-los à nossa consciência. Foi assim que numerosos pintores, poetas e músicos encontraram inspiração. Em vez de a procurarem nos subterrâneos, como a maioria dos artistas fazem agora, eles visitavam em espírito as regiões sublimes, de onde traziam visões, impressões, que depois tentavam traduzir pela pintura, pela poesia, pela música. Procurai, pois, conduzir mais frequentemente a vossa imaginação para as regiões celestes, a fim de que ela contemple esses mundos de beleza que deixarão nela a sua marca.



Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sábado, 24 de fevereiro de 2024

AUTOCONHECIMENTO COMO PRIMEIRO PASSO EM DIREÇÃO AO DIVINO


Quando iniciamos o caminho do silêncio, a presença de um professor espiritual pode ser realmente muito valiosa. Na tradição cristã, Jesus é a nossa âncora e também a nossa porta de acesso ao reino espiritual. A energia e o Espírito de Jesus continuam presentes na consciência universal para que possamos nos conectar com Ele. Esse é o verdadeiro significado de Suas palavras: “Eu sempre estarei lá”. Muitos místicos entendem a segunda vinda de Jesus não como um evento histórico futuro, mas como uma chegada pessoal interior que pode ocorrer a qualquer momento. Mestre Eckhart, como Santo Agostinho, via isso como “o nascimento de Cristo na alma”.

Para muitas pessoas hoje, é muito difícil ter esta visão espiritual de Jesus devido aos muitos condicionamentos religiosos negativos que existem. Mas como diz Laurence Freeman no seu livro “Jesus, the Inner Teacher”: “Ignorar Jesus por causa das imperfeições da Igreja é um erro grave”. Não só o Cristianismo deve transformar-se, nós também devemos.

A experiência espiritual que o Mestre Eckhart lhe ensinou é que a passagem da consciência da realidade comum para a realidade superior ocorre antes da transformação da consciência do nosso ego. Muitos meditadores em nossa tradição tiveram essa mesma experiência, muitas vezes ainda no início da jornada. Nas palavras de Laurence Freeman: “No início, teremos apenas um vislumbre fugaz de sua presença, algo que devemos simplesmente esperar” ( Jesus, o Mestre Interior ). No entanto, esta visão momentânea é suficiente para nos acordar, como diriam os primeiros cristãos, e vermos tudo o que fazemos e pensamos desde uma nova perspectiva. Este é o dom do amor, a graça do Espírito, o Cristo interior que nos alcança. Depois de vislumbrarmos o amor que vive em nosso centro e sabermos que somos aceitos como somos, ganhamos coragem para enfrentar nossas próprias limitações. Podemos aceitar o nosso lado negro e integrá-lo na totalidade do nosso ser, o que nos permite aceitar também com compaixão o lado negro dos outros.

Com esta nova percepção, tomamos consciência de quão desfigurada tem sido a nossa percepção da realidade devido ao múltiplo condicionamento do ego. Assim, progressivamente, estamos nos transformando. Ao não sermos dominados e aprisionados pelo passado podemos permanecer no momento presente, onde está a Realidade Divina. Após esse despertar, inicia-se o processo de “purificação do nosso coração”, que é conhecido como etapa de purgação no caminho espiritual. Gradualmente, com o passar do tempo, o amor nos torna cada vez mais conscientes das limitações do nosso egocentrismo e nos permite caminhar em direção à liberdade de ser, transcendendo o “ego”, tornando-nos mais centrados no outro, mais centrados em Cristo. Enquanto antes “olhávamos através de um espelho obscuramente”, à medida que nossa percepção se torna mais clara, vemos e “conhecemos” Cristo como Ele realmente é e nos vemos como realmente somos.

Basta prestar atenção à nossa palavra, ouvir profundamente e estar abertos ao que nos é dado. “Em silêncio começaremos a nos voltar um para o outro, a nos deixar para trás. E isso é amar” (Jesus, o Mestre Íntimo).



Kim Nataraja



Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
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Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

UMA CHAMADA À PLENITUDE DA VIDA


Uma das coisas que aprendemos na meditação é a prioridade do ser sobre a ação. Na verdade, nenhuma ação tem verdadeiro significado se não brotar do fundo do nosso ser.

Esta é a razão pela qual a meditação é um caminho que nos leva da superficialidade à profundidade. E somos convidados para isso. Aprender a ser é aprender a viver a vida ao máximo. É o aprendizado de começar a ser gente plena. O que há de misterioso na revelação cristã é que quando vivemos plenamente as nossas vidas, experimentamos as consequências eternas da nossa própria criação. Desta forma, não vivemos como se estivéssemos esgotando um tempo limitado de vida que recebemos ao nascer. O que Jesus nos ensinou é que nos tornamos infinitamente cheios de vida quando permanecemos unidos com a fonte do nosso ser, o nosso Criador, aquele que se descreve como “Eu Sou”.

A arte de viver, de viver a nossa vida como seres humanos, é a arte de viver a novidade eterna da nossa origem e de viver plenamente a partir do nosso centro, o nosso espírito, que brota da mão criativa de Deus. O que há de terrível na vida moderna e materialista é que ela pode tornar-se tão superficial que nos priva do reconhecimento da profundidade do nosso ser e das possibilidades que existem para cada um de nós. Este reconhecimento ocorre, gradualmente, se passarmos algum tempo iniciando na disciplina da meditação.

Os cristãos são guiados para esta fonte do nosso ser através de Jesus, o homem plenamente realizado, a pessoa totalmente aberta a Deus. Quando meditamos, podemos não reconhecer o nosso guia. É por isso que o caminho cristão é sempre um caminho de fé.

Porém, à medida que nos aproximamos do centro do nosso ser, quando entramos nas profundezas do nosso coração, somos capazes de reconhecer o nosso guia, o nosso professor interior. E ali, no fundo de nós, somos recebidos pelo Ser que chama cada um de nós à plenitude pessoal do ser. As consequências ou resultados da meditação são esta plenitude de vida: harmonia, unidade e energia, uma energia divina que encontramos no nosso próprio coração, no nosso próprio espírito. Essa energia é a energia de toda a criação. E como Jesus nos diz, essa energia é a energia do Amor.



Transcrito por Carla Cooper



Fonte: “A Call to the Fullness of Life”, trecho do livro “Christ Moment”, de John Main (Nova York: Continuum, 1998), pp. 110-111.
WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
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Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
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Nota: Para mais detalhes ver:

* CAMINHO DO MANTRA: https://coletaneas-espirituais.blogspot.com/2022/09/mantra-duas-maneiras-de-ser-particula-e.html

* JOHN MAIN E A MEDITAÇÃO CRISTÃ: https://coletaneas-espirituais.blogspot.com/2020/05/john-main-e-meditacao-crista.html

AMARRAS COM O MUNDO TERRENO


Todos os dias devemos lutar contra as nossas próprias trevas, contra aquilo que de mais denso há em nós. Sim, lutar todos os dias. Perguntar-me-eis: «Mas até quando isso irá durar?» Enquanto o homem vier encarnar-se na Terra, deverá ter um corpo físico, e um corpo, por natureza, é pesado, grosseiro, não pode escapar à ação da matéria. No dia em que cortar definitivamente as amarras com o mundo terreno, no final da sua evolução (terrestre), o homem escapará a esse esmagamento, a essa escuridão, mas, enquanto estiver na Terra, não poderá escapar-lhe; não há que ter ilusões nesse sentido. A única diferença está em que o verdadeiro espiritualista, que está consciente destes processos, luta, aferra-se ao Senhor, à luz, ao amor, à esperança, à fé. Ele ora, medita e, interiormente, vai conseguindo libertar-se cada vez mais desse peso.



Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

A DESORIENTAÇÃO DE HOJE


(...) Uma das principais características do nosso tempo é a desorientação, qualidade negativa, expressão da atual fase involutiva. Enquanto a palavra de ordem do nosso tempo se mostra nas diretivas conceituais: razão e analise, a da época que se seguirá: intuição e síntese. Se se atentar para a palavra dos nossos homens de pensamento observar-se-á que ela está carregada de erudição e ciência, sendo complexa e difícil, mas que lhe falta orientação da suprema simplicidade da sabedoria e do verdadeiro.

É uma complicação crescente, que marcha para a confusão babélica, com que no fim desse século (20) se encerrará, mesmo no cérebro do dirigente, a nossa assim chamada civilização, para que, desta decomposição possa nascer uma nova civilização, baseada em outros princípios, sustentada por outros cérebros, próprios de um tipo biológico diferente.

O corpo social desta corrente de pensamento que a exauriu o seu ciclo e completou a sua tarefa, com a atual civilização, está se desfazendo. Nesta decomposição prosperam todos os princípios patogênicos que têm função biológica de acelerar a destruição. Em todo campo hoje tudo é destruição. Mas é na putrefação do corpo morto que a vida depõe a semente das suas novas formas. Os grandes criadores, pois, nascem e operam agora, lançando essa semente.

A civilização futura não é muito compreensível aos espíritos de hoje. Pela observação de algumas normas mentais do nosso mundo atual, verificamos que este, se é indiscutivelmente muito forte no campo da desorientação e da destruição é, de outro lado, fraquíssimo no campo da compreensão. Como é possível dirigir povos, provocar e desencadear guerras, legislar, impor isto ou aquilo, agir em qualquer campo sem ter compreendido o que seja a vida e a morte, a finalidade de cada coisa, o próprio plano do universo? O instinto que tudo guia, basta para o bruto, e ainda que em grande parte o homem esteja embrutecido, o problema da vida se tornou, atualmente, muito complexo para que esses instintos possam bastar. No mundo político, social, econômico, religioso, cultural, movemo-nos em um mar de contradições. Falamos de matéria, espírito, eletricidade, justiça, liberdade, direitos e deveres etc., sem compreender o que exatamente sejam e sem saber colocar cada conceito no seu devido lugar, como parte integrante de um plano que logicamente tudo engloba. Na cultura somos muito fragmentários e divergentes, perdidos em particularidades e em sutilezas inconcludentes. No campo prático se mata, rouba-se, age-se para o bem ou para o mal, sem saber a exata consequência das próprias ações. Não o sabe nem quem faz o bem nem quem pratica o mal. Apenas névoas. Existe a fé mas a fé não é exata, é vaga. E a razão de muito pouco vale. Impõe-se tudo esclarecer e tudo demonstrar, para que o homem tudo possa compreender seriamente.

Estranha transformação está sofrendo o materialismo! Escava e escava na matéria e eis que encontra o espírito que havia negado. E as religiões que clamam pelo triunfo porque vêem na ciência uma confirmação, encontrarão uma alma individualizado, designada com aqueles termos e conceitos que antes lhes pareciam tão adversos e demolidores. Hoje todos se encontram divididos sem conhecer a verdade pela qual lutam. Quem realmente luta pela verdade, que é una, simples, única, não pode estar dividido. Quem está dividido, está nas seitas, nos partidos, nos agrupamentos e interesses humanos, no próprio egoísmo, mas não na verdade. Quanto ainda estamos longe de a haver compreendido. A unidade esta no amor recíproco, filho da compensação que ainda falta. Deus e a vida estão na unidade. No exclusivismo e separatismo está "satanás", isto é, a involução e a morte.

O ridículo e o horror da nossa atual situação serão compreendidos pelas gerações futuras. Então se verá a imensa estupidez de matar, porque se concluía que não se mata uma pessoa destruindo-lhe o corpo. Os chamados mortos permanecem junto a nós mais vivos do que antes e, segundo foram por nós tratados, assim também nos tratarão. Aqueles que se arvoram em juízes e justiceiros, não o são mais do que por um momento, desempenham, para fins que eles mesmos o ignoram, uma dada função biológica. Eles serão, por sua vez, de acordo com o que fizeram, julgados e mesmo justiçados. O papel de rico e pobre é instável, e o de vencedor e vencido, é, como nos demonstra a história, transitório para os povos. As revoluções quase sempre devoram os próprios autores e filhos. Quem utiliza a espada perecerá pela espada. Trata-se de equilíbrios de forças, equilíbrios que obedecem a leis invioláveis que se resolvem em esquemas que o homem ignora e contra os quais nada podem. Como é efêmero para quem quer que seja, em tal ordem de coisas, exclamar vitória.

Os próprios imperialismos dissimulados sob máscaras diversas, sempre iguais, não constituem senão uma forma de obediência a Lei, que concede a palma ao vencedor, apenas para confiar-lhe o encargo de, dominando, coordenar, nutrir e permitir a evolução de outras nações menores. E estas, pela mesma lei, se deixam dominar, nutrir, guiar e instruir até se tornarem adultas, para então rebelar-se e se tornarem, como se diz, livres. É o mesmo que se dá com os novos rebentos que crescem sobre o velho tronco, nutrindo-se da sua ruína. Sempre o mesmo esquema: dualismo, centro e periferia, núcleo positivo e elétrons negativos que giram em seu derredor, pai e filhos. Crescidos os filhos, o pai nada mais tem a fazer. O mesmo se passa com as nações imperialistas. E todos, servos da mesma lei, todos enquadrados no desenvolvimento dos ciclos históricos do tempo. É fatal.

Mas hoje não estamos numa época de compreensão e sabedoria. As ideias são magras e poucas, frequentemente erradas; há trevas nas mentes e enormes vácuos. Que terríveis provações serão necessárias para apenas chegar-se a compreender pouca coisa Mas é necessário, porque a sabedoria não se pode conquistar com a eficiência alheia, mas apenas com a própria dor.

Assim progride lentamente o caminho da história. O destino é um desenvolvimento lógico e, quando se lhe conhecem todos os elementos, visto que o efeito esta fatalmente ligado à causa, pode-se então o rever o futuro, para o indivíduo e para os povos. Então a história estará toda presente e o tempo assinala por si só a sucessão de quadros conhecidos, e então também o tempo estagna no pensamento, a intuição supera essa dimensão e tudo aparece permanentemente no presente. O problema está em se conhecer todos os elementos construtivos do sistema de forças formado pelo eu individual, como pelo coletivo de um povo.

Hoje se age ao acaso, em geral por interesses materiais e imediatos, pouco se cuidando do depois que se ignora. Ouçamos as últimas palavras de Buda aos seus discípulos:

"Semeia um pensamento e colheras uma ação.
Semeia uma ação e colheras um hábito.
Semeia um habito e colheras um caráter.
Semeia um caráter e colheras um destino."

Hoje sabe-se pouco ou nada da realidade do imponderável em que se registra tudo quanto pensamos ou fazemos e do qual tudo renasce. Mas hoje domina o involuído e este tipo biológico vive na periferia, não procurando o poder senão na matéria, na força, no dinheiro. O evoluído de amanhã viverá mais em demanda do centro e procurará o poder no espírito, no mérito, na convicção das almas. Ele será mais rico, porque estará mais vizinho da fonte da vida que está no interior, no centro — Deus. Então a conquista imperialista pela guerra será substituída pela conquista das almas, pelo exemplo, pela iluminação, pela paz.

Que imensos continentes inexplorados serão alcançados pela ciência e pela mente de amanhã! É a descoberta feita com espírito de verdade e não com o utilitarismo de hoje, que cumprira o encargo de arredar todas as barreiras do medievalismo espiritual, que ainda nos asfixiam dentro do exíguo âmbito de suas paredes. O pensamento moderno está ainda encerrado em castelos torreados que fazem guerra entre si. O futuro forçará as portas e derrubará os muros. A vida está a céu aberto. As arquiteturas lógicas do passado são agora prisões e não casas. Quando se houver experimentalmente provado aquilo que agora a intuição me diz, isto é, que o espírito é um organismo de forças individualizáveis por onda, frequência e potencial, e que a sua vida se exprime em oscilações dinâmicas ou vibrações de um comprimento de onda que se situa além dos raios ultravioletas, então se poderão construir aparelhos radio-receptores de tais ondas, que revelarão o pensamento incorpóreo humano e super-humano. Então se poderá fazer mecanicamente tudo aquilo que hoje poucos sensitivos o fazem, sós e incompreendidos. Para penetrar-se cientificamente no mundo do espírito, é necessário atingi-lo através da decomposição do sistema dinâmico nas zonas de máxima frequência, assim como para atingir o mundo da energia se decompôs o sistema atômico da matéria nas zonas mais evoluídas, mais velhas e mais complexas. No fundo da matéria, além da energia que já encontramos nela, encontraremos o espírito. Isto é lógico e análogo no fisio-dínamo-psiquismo, trino-monismo do universo. As descobertas já feitas serão comparadas, com as do amanhã, a coisas pueris. Eis o imenso futuro.



Prof. Pietro Ubaldi




Fonte: do livro "Ascensões Humanas"
Tradutores: Erlindo Salzano, Adauto Fernandes Andrade e Medeiros Corrêa Júnior
FUNDAPU - Fundação Pietro Ubaldi
Campos/RJ
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/continentes-bandeiras-silhuetas-975936/

O DESPERTAR DO CRISTO INTERNO


Com a ressurreição estamos isentos da necessidade de objetivar Deus. Não precisamos mais falar com Deus para suplicar ou acalmá-lo. “Seu pai sabe quais são suas necessidades antes que você pergunte a ele”, Jesus nos assegura. A partir daquele momento eterno em que Jesus despertou para a sua união com o Pai, a humanidade superou a sua infância espiritual. A partir desse momento amadurecemos na “dimensão plena de Cristo”. Este momento de Cristo encontra-se no centro do nosso ser, nos nossos próprios corações, onde o seu Espírito vive e cresce como uma semente enterrada na terra.

Encontrar esse momento é o trabalho da meditação. É um trabalho alegre que nos enche de vitalidade porque percebemos que o momento já amanheceu e nasce de forma imperecível. Uma vez que descobrimos esta união na nossa própria experiência, toda a nossa existência renasce. Estamos unidos a uma totalidade que é santidade. E tudo isso é obra de um momento, o momento de Cristo.

Não apenas estamos libertos da necessidade de ver a nós mesmos e a Deus de uma forma dualista. Na verdade, somos convidados a não fazê-lo. “Chegou a hora, na verdade chegou”, em que somos chamados a adorar a Deus em espírito e em verdade. Ao dizer isto à mulher samaritana, Jesus chama-nos a todos para uma nova dimensão de consciência espiritual. Não poderemos mais persistir no dualismo da infância espiritual e estar na verdade do momento de Cristo. A presença do Espírito de Cristo em nós não é apenas um dom, é uma oferta especial, uma graça que podemos aceitar ou rejeitar. É a realidade, a porta que nos leva à união sem limites.



Transcrição de Carla Cooper



Fonte: Trecho do livro “O Cristo Presente”, de John Main, publicado em “Mosteiro sem paredes: cartas espirituais de John Main”, ed. Laurence Freeman (Norwich: Canterbury, 2006), p. 163 .
WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
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Nota: Para mais detalhes ver:
* JOHN MAIN E A MEDITAÇÃO CRISTÃ: https://coletaneas-espirituais.blogspot.com/2020/05/john-main-e-meditacao-crista.html

SENSAÇÃO DO ESPÍRITO AO REENCARNAR


Em que se fundamenta a doutrina da reencarnação?

Na justiça de Deus e na revelação, pois incessantemente repetimos: o bom pai deixa sempre aberta a seus filhos uma porta para o arrependimento. Não te diz a razão que seria injusto privar para sempre da felicidade eterna todos aqueles que não tiveram a oportunidade de melhorarem-se? Não são filhos de Deus todos os homens? Só entre os egoístas se encontram a iniquidade, o ódio implacável e os castigos sem perdão. (Allan Kardec, "O Livro dos Espíritos", questão 171)

.......

Todos os Espíritos tendem para a perfeição e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. Sua justiça, porém, lhes concede realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova.

Não obraria Deus com equidade, nem de acordo com a sua bondade, se condenasse para sempre os que talvez hajam encontrado, oriundos do próprio meio onde foram colocados e alheios à vontade que os animava, obstáculos ao seu melhoramento. Se a sorte do homem se fixasse irrevogavelmente depois da morte, não seria uma única a balança em que Deus pesa as ações de todas as criaturas e não haveria imparcialidade no tratamento que a todas dispensa.

A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o Espírito muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à ideia que formamos da justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral inferior; a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois que nos oferece os meios de resgatarmos os nossos erros por novas provações. A razão no-la indica e os Espíritos a ensinam.

O homem, que tem consciência da sua inferioridade, haure consoladora esperança na doutrina da reencarnação. Se crê na justiça de Deus, não pode contar que venha a achar-se, para sempre, em pé de igualdade com os que mais fizeram do que ele.

Sustém-no, porém, e lhe reanima a coragem a ideia de que aquela inferioridade não o deserda eternamente do supremo bem e que, mediante novos esforços, dado lhe será conquistá-lo.

Quem é que, ao cabo da sua caminhada, não deplora haver tão tarde ganho uma experiência de que já não mais pode tirar proveito? Entretanto, essa experiência tardia não fica perdida; o Espírito a utilizará em nova existência. (comentário de Allan Kardec, "O Livro dos Espíritos", questão 171)


Sensação do Espírito ao Reencarnar


No momento de encarnar, o Espírito sofre perturbação semelhante à que experimenta ao desencarnar?

Muito maior e sobretudo mais longa. Pela morte, o Espírito sai da escravidão; pelo nascimento, entra para ela. (Allan Kardec, "O Livro dos Espíritos", questão 339)


É especial para o Espírito o instante da sua encarnação? Pratica ele esse ato considerando-o grande e importante?

Procede como o viajante que embarca para uma travessia perigosa e que não sabe se encontrará ou não a morte nas ondas que se decide a afrontar. (Allan Kardec, "O Livro dos Espíritos", questão 340)

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O viajante que embarca sabe a que perigo se lança, mas não sabe se naufragará. O mesmo se dá com o Espírito: conhece o gênero das provas a que se submete, mas não sabe se sucumbirá.

Assim como, para o Espírito, a morte do corpo é uma espécie de renascimento, a reencarnação é uma espécie de morte, ou antes, de exílio, de clausura. Ele deixa o mundo dos Espíritos pelo mundo corporal, como o homem deixa este mundo por aquele.

Sabe que reencarnará, como o homem sabe que morrerá. Mas, como este com relação à morte, o Espírito só no instante supremo, quando chegou o momento predestinado, tem consciência de que vai reencarnar.

Então, qual do homem em agonia, dele se apodera a perturbação, que se prolonga até que a nova existência se ache positivamente encetada. À aproximação do momento de reencarnar, sente uma espécie de agonia. (comentário de Allan Kardec, "O Livro dos Espíritos", questão 340).

.......

Quando chega a ocasião de reencarnar, o Espírito sente-se arrastado por uma força irresistível, por uma misteriosa afinidade, para o meio que lhe convém. É um momento terrível, de angústia, mais formidável que o da morte, pois esta não passa de libertação dos laços carnais, de uma entrada em vida mais livre, mais intensa, enquanto a reencarnação, pelo contrário, é a perda dessa vida de liberdade, e um apoucamento de si mesmo, a passagem dos claros espaços para a região obscura, a descida para um abismo de sangue, de lama, de miséria, onde o ser vai ficar sujeito a necessidades tirânicas e inumeráveis. Por isso é mais penoso, mais doloroso renascer que morrer; e o desgosto, o terror, o abatimento profundo do Espírito, ao entrar neste mundo tenebroso, são fáceis de conceber-se: é mais penoso, mais doloroso renascer do que morrer. (Léon Denis, "Depois da Morte", 17ª ed., p. 246)


Série de Palestras



Fonte: Editora Auta de Souza
Sociedade de Divulgação Espírita Auta de Souza
Taguatinga Sul - Distrito Federal
www.ocentroespirita.org.br
www.editoraautadesouza.com.br
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A INFLUÊNCIA DOS SONS NA MATÉRIA


O relato bíblico da tomada de Jericó, cujas muralhas se desmoronaram ao som das trombetas, ou o mito de Orfeu, que com a sua lira encantava não apenas os humanos, mas também as feras, as rochas e as ondas desenfreadas, revelam-nos, entre tantos outros, que desde a mais remota antiguidade os Iniciados conheciam a influência mágica dos sons sobre os seres e sobre a matéria.

É interessante conhecer que centros do organismo são ativados pela audição dos sons. É toda uma ciência, ainda pouco explorada. Até agora, os místicos têm-se interessado mais pelos instrumentos do que pela voz. Eles têm tendência a acreditar que a voz é menos expressiva que um instrumento, o que não é exato. Se a voz humana ainda não deu toda a sua riqueza e ainda não manifestou todos os seus poderes, é porque os homens não dão suficiente atenção à sua maneira de viver.

As cordas vocais não são um instrumento exterior ao homem, como todos os outros instrumentos musicais; portanto, tudo o que o ser humano vive, mas também todos os sentimentos e pensamentos que alimenta no seu coração e na sua cabeça se refletem sobre elas. Mesmo que um cantor possua grandes qualidades técnicas, as suas fraquezas e as desordens da sua vida transparecerão na sua voz.

Por isso, aqueles que querem verdadeiramente cultivar a sua voz e conservá-la por muito tempo, devem não só tomar muitas precauções com a sua saúde, mas também dar atenção às emoções que vivem. A menor emoção – inquietação, medo, dúvida, cólera, alegria, esperança – reflete-se na voz.



Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: Publicações Maitreya, Porto, Portugal
https://publicacoesmaitreya.pt
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/vectors/%C3%ADcone-de-fala-voz-falando-audio-2797263/

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

LO DIO TODO - ELE DEU TUDO DE SI


LO DIO TODO (Feb. 14)

"No adoramos para que Dios nos de algo, adoramos porque ya Él nos lo dio todo."

"Oh Dios, tú eres mi Dios; yo te busco intensamente. Mi alma tiene sed de ti; todo mi ser te anhela, cual tierra seca, extenuada y sedienta". (Sal. 63:1) (NVI)



ELE DEU TUDO DE SI (Fev. 14)

"Não adoramos para que Deus nos dê algo, adoramos porque Ele já nos deu tudo."

"Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te procuro. Minha alma tem sede de ti, minha carne te deseja com ardor, como terra árida, esgotada, sem água." (Sl 63,1) (Bíblia de Jerusalém, 2002)




Fonte do Texto e da Gravura: Café da Manhã / El Café de la Mañana
https://elcafedelamanana.com/

ALTERIDADES


A existência de outros é essencial para a mente mística e amorosa. O outro encoraja a mente a abandonar os seus padrões fixos e egocêntricos e a expandir-se para além de si mesma. Dessa forma, ampliamos nosso campo de visão do mundo e do lugar que ocupamos nele. Isto é, talvez, o que quero dizer com “uma mente católica” (mente universal, abrangente - nota deste blog): uma mente que admite abertamente o que é incapaz de descrever ou controlar. A mente católica procura intuitivamente aceitar, incluir, em vez de rejeitar, mesmo quando encontra um abismo de diferenças com o outro.

Só nos tornamos católicos no sentido pleno e integrativo através do crescimento, depois de termos passado pelas fases de cura e integração. Portanto, nenhum de nós ainda se tornou católico, nem mesmo Sua Santidade, o Papa. Sempre há um caminho a percorrer. Mas o oposto deste processo é a mente sectária que vê os outros como objetos e, através do medo e do desejo de domínio, nega-lhes a sua própria identidade. Ao longo da história, os homens cometeram esta rejeição para com os imigrantes, judeus, homossexuais e com muitas outras minorias vulneráveis ​​e, claro, com a outra metade da humanidade, através da agressiva exclusão das mulheres.

Quando negamos e subjugamos o outro nos excluímos totalmente e, portanto, nos distanciamos do caminho da santidade. Deus é sempre Sujeito, o “grande EU SOU”. Permanece impenetrável às nossas tentativas de objetivar e manipular. Encontramos esta pura emanação do Ser no nosso silêncio mais profundo, não na ideologia ou na abstração. E encontramos isso, de várias maneiras, em cada um de nós, na beleza e maravilha da criação, no oceano do Ser, com seu sofrimento e sua alegria, no qual nós e até mesmo o Criador nadamos. Este crescimento requer profundidade e profundidade requer silêncio. Portanto, a mente católica requer contemplação. Mas pensar na contemplação como um estado de relaxamento esconde completamente o significado de abrir a mente católica como a única maneira verdadeira que temos de glorificar a Deus.



Transcrição de Carla Cooper




Fonte: Trecho do Boletim de Meditação Cristã, de Laurence Freeman (Vol. 34, No. 3, outubro de 2010, pp. 4-5).
WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
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Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A GRANDE MUDANÇA DO HOMEM


Há três livros que deveriam estar nas mãos de cada estudante, o Bhagavad Gitâ, o Novo Testamento e os Aforismos da Ioga, pois nestes três livros existe um quadro completo da alma e de seu desabrochar.

Nos dezoito capítulos do Gitâ nos foi dada uma descrição da alma, de Krishna, o segundo aspecto em sua verdadeira natureza como Deus manifestado, culminando naquele maravilhoso capítulo onde Ele se revela a Arjuna, o aspirante, como a alma de todas as coisas e o ponto de glória por traz do véu de cada forma.

O Novo Testamento descreve para nós a vida de um Filho de Deus em plena manifestação, na qual, livre de qualquer véu, a alma em sua verdadeira natureza caminha pela Terra. Torna-se evidente para nós, à medida que estudamos a vida do Cristo, o que significa desenvolver os poderes da alma, atingir a libertação e tornar-se, em plena glória, um Deus andando pela Terra.

Nos Aforismos da Ioga foram incluídas as leis deste futuro acontecimento e as regras, métodos e meios que - quando seguidos - tornam o homem "tão perfeito quanto vosso Pai no Céu é perfeito". Passo a passo nos é revelado um sistema gradual de desenvolvimento que leva o homem do estágio do "homem bom comum", através das etapas do aspirante, do iniciado e do mestre, até o exaltado ponto de evolução em que o Cristo agora está. João, o discípulo amado, disse que "nós seremos como Ele, pois O veremos como Ele É" e a revelação da alma do homem encarnado no plano físico provocará esta grande transformação. O próprio Cristo disse que "Maiores obras do que Eu faço, fareis vós", estendendo a nós a promessa do "reino, poder e glória" desde que nossas aspirações e persistência sejam suficientes para nos levar através do espinhoso caminho da Cruz, capacitando-nos para trilharmos o caminho que "leva sempre, montanha acima", até o cume do Monte da Transfiguração.

Como será produzida esta grande mudança? Como poderá o homem, vítima de seus desejos e de sua natureza inferior, se converter no homem vitorioso, triunfante sobre o mundo, a carne e o "diabo"? Será efetuada quando o cérebro físico do homem encarnado tiver consciência do eu, da alma, e esta conscientização só se torna possível quando o verdadeiro Eu consegue se "refletir na substância mental". A alma é inerentemente libertada dos objetivos e fica sempre no estado da unidade isolada. O homem encarnado, contudo, tem que chegar, na consciência de seu cérebro físico, ao reconhecimento destes dois estados de ser; ele tem que se libertar conscientemente de todos os objetos do desejo e se manter como um todo unificado, desprendido e livre de todos os véus, de todas as formas nos três mundos. Quando o estado de ser consciente, como é conhecido pelo homem espiritual, vier a ser também o estado de consciência do homem em encarnação física, o objetivo terá, então, sido atingido. O homem não mais será o que seu corpo físico o torna, quando identificado com ele, a vítima do mundo. Ele caminhará livre, com o rosto resplandescente (1Co 3), e a Luz de seu rosto projetar-se-á sobre tudo o que encontre. Seus desejos não mais inclinarão a carne para a atividade e seu corpo astral não mais controla-lo-á nem o subjugará.

Pela libertação da paixão e pelo equilíbrio dos pares de opostos ele se terá livrado de seu temperamento, sentimentos, anseios, desejos e reações emocionais, que caracterizam a vida do homem comum, e terá chegado ao ponto da paz. O demônio do orgulho, a personificação da natureza mental mal empregada e as distorcidas percepções da mente são vencidas e ele se torna livre dos três mundos. A natureza da alma, as qualidades e atividades inerentes à natureza amorosa de um Filho de Deus e a sabedoria que se evidencia quando o amor e a atividade (o segundo e o terceiro aspectos) se unem, caracterizam sua vida na Terra e ele pode dizer como o Cristo: "Está consumado".


Alice A. Bailey




Fonte: do livro "A Luz da Alma" - Sua Ciência e Efeito, Tomo 1
Uma Interpretação dos Aforismos de Ioga de Patânjali
Fundação Cultural Avatar, Niterói/RJ
Fundação Educacional e Editorial Universalista (FEEU), Porto Alegre/RS
1ª Edição em Português, 1981, pp. 9-10
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/dan%C3%A7a-yoga-medita%C3%A7%C3%A3o-mulher-4052847/

NÃO PODE HAVER VAZIO NO UNIVERSO


Quando dais, recebeis; é uma lei. Não pode haver vazio no Universo e, assim que ocorre um vazio em algum lugar, é imediatamente preenchido. Logo que acabais de esvaziar os vossos reservatórios interiores, dando o vosso amor e os vossos bons desejos a todas as criaturas, algo chega imediatamente do Alto para vos preencher. Amai e sereis amados. Dai e ser-vos-á dado. Dai mesmo aquilo de que tendes falta e obtê-lo-eis. Desejais ser esclarecidos e não sabeis como atrair a luz? Pois bem, é muito simples: sereis esclarecidos esclarecendo vós mesmos aqueles que o são menos do que vós, porque um outro que possui mais luz virá transmitir-vos a sua clareza. Se Jesus disse: «Não façais aos outros o que não quereis que vos façam a vós», isso subentende também que devemos fazer o que gostaríamos que nos fizessem. Assim, esforçai-vos por apoiar outros seres, por encorajá-los, e verificareis que um poder superior virá reforçar-vos. Se tiverdes necessidade de amor e de luz, procurai primeiro dá-los àqueles que ainda têm mais necessidade do que vós, e será o próprio Deus que virá amar-vos e iluminar-vos.


Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

QUARTA-FEIRA DE CINZAS, INÍCIO DA QUARESMA


Quarta-feira de Cinzas é o início do Tempo Penitencial da Quaresma. Começa, geralmente, em meados do mês de fevereiro na Quarta-feira de Cinzas.

Desde a antiguidade, o período de Quarenta Dias (Quaresma) antes da Páscoa é o verdadeiro período de preparação à Festa da Páscoa da Ressurreição. No início, nas aldeias que muitas vezes tinham falta de comida no final do inverno, antes da primavera dar à luz aos frutos, a prática do jejum tinha uma base de necessidade. O tom sombrio do céu em tempo da Quaresma chama à atenção a necessidade da purificação interior, prática que todos podem se beneficiar. Esta purificação com a bênção das cinzas, marcando-nos com o sinal da cruz na testa, diante dos membros da Igreja, também nos lembra o costume judaico em relação ao arrependimento, no qual rasgavam as roupas e espalhavam suas cinzas, lembrando-se de que somos pó, e que não somos ninguém sem a Presença de Deus.

As cinzas são um símbolo externo da natureza temporária do mundo criado. O sacerdote entoa as palavras: “Alegra-te, ó alma, porque o corpo é pó e ao pó voltará”. É como se o Messias viesse à nossa testa e nos dissesse que parte de nós é temporária e, portanto, mortal.

A estação da Quaresma é um tempo de preparação e purificação em busca do despertar do Ser Superior em nosso interior. Na realidade é uma forma purgativa do pecado e da perversão do caos e do esquecimento. Porque na alma humana há sempre um lugar obscuro pela culpa e pecado, e que esconde alguns outros sentimentos inferiores de dor e de divisão, pois tudo o que se afasta do UM sofre e pena.

Por todas estas razões, a Quaresma pode ser relacionada a um dispositivo terapêutico para libertar sistematicamente o indivíduo da baixa estima espiritual. E se fosse levada a cabo com seriedade por todos os homens, chegaríamos à Semana Santa com uma visão profunda e reveladora de Cristo, nosso Messias, Yeshuah.

Na tradição romana há uma grande ênfase no pecado e no conceito de humilhação. Enquanto na Gnose é um objetivo purgativo de trabalho pessoal, onde as particularidades dos erros passados ​​de cada um são importantes desde que sejam reconhecidos como tal e nos coloquemos no caminho da resolução sincera dos próprios problemas. É o coração que toma os erros nos braços e os transmuta em virtudes. A oração silenciosa e introspectiva é a maior e a melhor ferramenta que todo membro da Igreja Gnóstica deve possuir para comungar pessoalmente em Unidade com Cristo, nosso Senhor, Salvador do mundo e Divino Reparador.



Texto traduzido e adaptado por este blog.



Fonte: Ecclesia Gnóstica Apostólica Rosa-Cruz
Capilla de la Magdalena
https://capillamagdalena.org/
Fonte da Gravura: https://unsplash.com/pt-br/fotografias/uma-pessoa-em-um-manto-roxo-segurando-um-copo-JoCCv4jcoYo

A NECESSIDADE (HISTÓRIAS DO RABI)


No começo, o Rabi Iehiel Mihal vivia em grande pobreza, mas nem por um momento o deixava a alegria.

Certa vez alguém lhe perguntou:

- Rabi, por que rezais todos os dias: "Bendito sejas tu... que me dás tudo de que necessito"? Falta-vos tudo do que um homem precisa!

O Rabi respondeu:

- Com certeza é de pobreza que preciso, e esta me é dada.




Fonte: do livro "Histórias do Rabi"
As histórias hassídicas de MARTIN BUBER
Ed. Perspectiva, São Paulo/SP, 1967
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/estrela-de-davi-emblema-4703731/

AUTOCONHECIMENTO, MEDITAÇÃO E CURA


Muitas pessoas mostram alguma resistência quando solicitadas a descobrir quais são os seus bloqueios no caminho para o verdadeiro autoconhecimento. Sua resposta pode ser: “Estou confiante em quem sou nesta fase da minha vida”. Ou “há muitos aspectos do meu passado que prefiro realmente não enfrentar; não tenho necessidade, já os superei e me sinto bem do jeito que sou”.

Claramente sabemos quem somos em um determinado nível. Mas trata-se do nosso eu superficial, preso e condicionado por experiências passadas. Num nível racional, podemos até aceitar que podemos ser mais do que pensamos que somos. Podemos assumir que o “ego” não é todo o nosso ser. E, de certa forma, acreditar que o Reino também está dentro de nós. Mas precisamos de fazer mais do que apenas aceitar isto com confiança e esperança: precisamos de nos esforçar para experimentar esta verdade em nós mesmos, mesmo que isso possa ser muito desafiador.

John Main estava bem ciente disso. Em seu livro “Widely Awake” ele explica como “a maioria de nós desperdiça grande parte de nossa energia reprimindo sentimentos de culpa e medos, sejam eles quais forem. O medo do qual fugimos ou a culpa que tentamos esconder acabam gradualmente emergindo à superfície. É por isso que, no final da sessão de meditação, em vez de nos sentirmos relaxados podemos sentir uma certa ansiedade ou preocupação sem saber qual é o motivo.”

Neste ponto, muitos de nós desistimos porque pensamos: "a meditação não é para mim; devo estar fazendo algo errado; não está me ajudando em nada". A má interpretação da meditação como uma forma de relaxamento, ou como uma forma de esquecer os nossos problemas e fugir de tudo o que não gostamos em nós mesmos, pode significar que passamos anos meditando sem ter consciência de todo o nosso potencial. Em vez de chegarmos ao autoconhecimento total e à totalidade, permaneceremos fragmentados.

E, no entanto, no Evangelho de Tomé, Jesus diz-nos: «Quando vos conhecerdes, sereis conhecidos e compreendereis que sois filhos do Pai vivo. Mas se vocês não se conhecem, então viverão na pobreza e serão pobres.”

É claro que não queremos “viver na pobreza”. Queremos experimentar essa sensação de totalidade, integração e harmonia. A razão pela qual acreditamos que não podemos conseguir isso é porque assumimos que é uma tarefa que depende apenas de nós. John Main continua dizendo: “O poder da meditação é este: à medida que você persevera no caminho do silêncio, o medo ou a culpa que você teme enfrentar é queimado pelo fogo do Amor Divino. Muitas vezes, você nunca saberá conscientemente o que era, mas desapareceu, desapareceu para sempre.”

Portanto, não há nada pelo que lutar. Não se trata de alcançar um “objetivo”, uma “conquista” ou uma “meta”. Estas são palavras do ego e, portanto, não são relevantes neste caminho. Precisamos apenas nos lembrar da centelha divina inerente à nossa natureza humana. A esperança e a confiança que advêm do conhecimento deste potencial inato levam a nossa prática de meditação ao verdadeiro significado e fora do reino do mero relaxamento.


Kim Nataraja



Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/nascer-do-sol-ioga-natureza-3848628/


Nota: Para mais detalhes ver:
* JOHN MAIN E A MEDITAÇÃO CRISTÃ: https://coletaneas-espirituais.blogspot.com/2020/05/john-main-e-meditacao-crista.html

AÇÃO DOS PENSAMENTOS E SENTIMENTOS NO CORPO FÍSICO


Observai-vos: quando estais descontentes para com a vida, quando sofreis, muitas vezes não são as modificações materiais que vos permitem melhorar o vosso estado interior, mas as mudanças de pensamentos e de sentimentos. Bem entendido, se estiverdes a sofrer fisicamente, tereis necessidade de remédios físicos. Se tiverdes uma ferida ou uma perna partida, mesmo os melhores pensamentos e sentimentos não vos curarão nem vos tirarão a dor (até eles descerem à matéria para nela operarem melhoras, é necessário muito tempo), mas podem ajudar-vos a suportar melhor esse sofrimento, porque ainda assim há uma ação dos pensamentos e dos sentimentos sobre o corpo físico. Os pensamentos e os sentimentos harmoniosos agem sobre a circulação e purificam o sangue, e quando o sangue é puro contribui mais eficazmente para a saúde do organismo. Até as feridas cicatrizam melhor e mais depressa!


Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sábado, 10 de fevereiro de 2024

A FACE ORIGINAL


Osho,

Eu amo as palavras que você usa, "a nossa face original". Mas eu não tenho nenhum vislumbre existencial ou entendimento do que você quer dizer com elas. Você se importaria em explicar mais adiante?

Veena,

A face original é só uma expressão poética para sua inocência absoluta, sem os danos causados pelos seus pais, pelos seus professores, pela sua sociedade, pela sua cultura ou por você mesma.

Eu posso entender porque você ama aquelas palavras, porque você não tem a face original. E a razão pela qual você não tem a face original é que você está tentando duramente alcançá-la, mas sempre que eu olho para você, há uma certa afetação, uma certa hipocrisia. Não há nenhuma má intenção dentro de seu Ser, mas você quer se mostrar de uma maneira como você queria parecer, e isto está destruindo a coisa toda. Você deveria se apresentar da forma como você é.

Solte todas as tolices que foram impostas a você, com todos aqueles mandamentos que as religiões têm estado expedindo sem qualquer respeito à singularidade dos indivíduos. Simplesmente seja você mesma. Este é o significado da face original. Ela é apenas uma expressão poética para dizer a você: Não tente, de forma alguma, parecer mais linda, parecer mais meditativa, parecer mais respeitosa. Esses são os venenos mortais...

Todo o meu ensinamento é: Seja simplesmente o que você é e não se importe, nem um pouco, com o mundo. Então, você sentirá um tremendo relaxamento e uma profunda paz dentro do seu coração. Esta é sua face original, relaxada, sem tensões, sem afetações, sem hipocrisias, sem suas assim chamadas disciplinas de como você deve se comportar. Mas todos estes venenos tem ido profundamente no seu sangue, nos seus ossos, na sua medula.

O que estou tentando fazer é retirar todos estes venenos e devolver a você a sua naturalidade. E não há nada mais lindo do que o natural, não há nada mais misterioso do que o original: nenhuma etiqueta, nenhum modismo podem melhorá-lo. Mas todo mundo está tentando melhorar a si mesmo. Então, tudo se torna falso.

Seu sorriso é falso, suas mãos colocadas unidas, dobradas em reverência são somente um exercício das mãos - seu coração não está com elas.

Infelizmente eu tenho olhos com os quais posso ver exatamente onde o problema está; quando todo mundo está gargalhando há pessoas sérias e sóbrias que estão fingindo segurar a gargalhada delas, porque não parece apropriado.

Veena, você tem estado há muito, muito tempo comigo, mas eu nunca senti que você está relaxada, à vontade, em casa. Simplesmente estando à vontade, relaxada, em casa, todas estas pobres árvores sabem qual é a face original, estes pássaros sabem qual é a face original. Somente o homem esqueceu, porque ele encontrou mascaras sobre mascaras; ele se perdeu na selva de máscaras, e agora está muito difícil encontrar qual é a original.

Mas um simples entendimento... quando quer que você se veja tensa, lembre-se que você está fazendo algo contra a natureza. Quando quer que você esteja fazendo algo mais especial que os outros... lembre-se que você está tentando ser superior, se comportando como uma grande meditadora... se comportando como uma verdadeira senhora inglesa.

Senhoras inglesas não tem faces originais! Largue toda esta tolice de ser inglês ou alemão ou indiano. Eu vejo indianos aqui, de vez em quando, e mesmo dentro da gargalhada tumultuosa de todos vocês eu posso detectá-los; ou eles irão rir mais alto que todos, para mostrar que eles não são os indianos que eu condeno, ou eles simplesmente olharão para baixo, para esconder a face deles, porque eles perderam a inteligência para entender até mesmo uma simples piada. E ao invés de desfrutar do momento, eles estão julgando continuamente, se está certo contar uma piada em um discurso religioso.

Quem disse a vocês que isto é um discurso religioso? Eu odeio a própria palavra! Eu só gosto de estar com vocês. Este próprio prazer é nossa religiosidade: nós não temos nada exceto nós mesmos. E condenados por todo o mundo, que é um mundo grande, ainda assim nós temos nossa simplicidade, nossa inocência; nós nos livramos de todo lixo antigo. Basta permitir a você mesma sair da cadeia que você mesma tem criado e outros tem estado ajudando.

A face original é uma expressão poética bela, mas ela não significa que você vai ter uma face diferente. Esta mesma face perderá todas as suas tensões, esta mesma face estará relaxada, esta mesma face não será julgadora, esta mesma face não pensará nos outros como inferiores. Esta mesma face, sob estes novos valores será sua face original.

Há um provérbio antigo: "Muitas vezes um herói é um homem que não teve a coragem de ser um covarde." Se você é um covarde o que está errado nisto? Se você é um covarde, está perfeitamente bem. Covardes também são necessários, caso contrário de onde virão os heróis? Eles são uma necessidade absoluta para fazer o fundo na criação dos heróis.

Simplesmente seja você mesma, seja o que for. O problema é que nunca antes disseram para você ser simplesmente você. Todo mundo está metendo o nariz na vida do outro, dizendo que você deveria ser desta forma, você deveria ser daquela maneira; até nos assuntos comuns...

Ninguém permite que alguém seja simplemente ele mesmo. E você tem aprendido todas aquelas ideias tão profundamente, que parecem serem suas ideias.

Simplesmente relaxe. Esqueça todos aqueles condicionamentos, largue-os como folhas secas caindo das árvores. É melhor ser uma árvore nua sem quaisquer folhas do que ter folhas de plástico e folhagem plástica, e flores de plástico: isto é feio.

A face original simplesmente significa que você não está sendo dominada por nenhum tipo de moralidade, religião, sociedade, pais, professores, padres, não está sendo dominada por ninguém. Somente vivendo sua vida de acordo com seu próprio senso interno você terá uma sensibilidade e você terá a face original...

Sempre que eu olho para Veena, sinto muita tristeza por ela... nenhuma expressão, sentada simplesmente como uma estátua de mármore. Ela é linda: ela será uma bela modelo se você quiser fazer uma estátua de mármore. Mas parece que ela está impedida de viver, ela não está permitindo a brincadeira e a alegria, que são nossos direitos de nascença. É por isto que as palavras 'face original' tem atrativo para ela. Parecem ser imensamente intrigantes, mas ela não pode entender o que significam.

Isso não quer dizer uma outra face, simplesmente significa nenhuma face imposta sobre aquilo que você já tem, da própria natureza. Precisa-se de um pouco de coragem, um pouco de ousadia, para ser simplesmente você mesma, independente das circunstâncias. E, na soma integrada, cada circunstância e cada consequência, mesmo que você tenha que sofrer... enriquecerá sua individualidade, fará sua inteligência mais perspicaz, dará a você um sentido de direção que vem de dentro do seu próprio Ser interno, e não é dado por nenhum guia fora de você.



OSHO




Fonte: The Great Pilgrimage: From Here to Here – cap. 6 – pergunta 2
Tradução: Sw. Sambodh (Marcelo Innecco)
Copyright © 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça.
Instituto Osho - Caixa Postal 450 - 36001-970 - Juiz de Fora (MG)
E-mail: oshoinstituto@uol.com.br
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O PODER DO HOMEM ESTÁ NO COMEÇO DAS AÇÕES


O momento mais importante de um ato é o seu começo, porque, depois de as forças terem sido desencadeadas, já não se pode detê-las. Nunca se deve começar o que quer que seja sem se estar instruído acerca das consequências que decorrerão da ação empreendida, assim como da natureza das forças que se põe em jogo. É fácil desencadear energias, provocar acontecimentos, mas é muito difícil dirigi-los, orientá-los, dominá-los. Não brinqueis aos “aprendizes de feiticeiro”, lembrai-vos de que o poder do homem não está no meio nem no fim de uma ação, mas somente no começo. Se, por exemplo, quando passeais numa montanha, empurrardes voluntariamente um bloco de pedra em vez de o deixardes ficar no seu lugar, depois nem a vossa força nem a vossa vontade poderão retê-lo; ele rolará, esmagando tudo à sua passagem... Sucede o mesmo com cada ato da existência; por isso, é no começo que devemos estar certos de que estamos no melhor caminho, ligados às melhores forças, a fim de que tudo recaia em bênçãos para nós próprios e para os outros.



Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/pedra-empurre-superação-obstáculo-2127669/

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

LUZ E ESCURIDÃO


Pergunta de um meditador: Você diz que encontramos a luz de Cristo em nossas profundezas. Deveríamos enfrentar a escuridão no processo?

Padre John: Não é realmente possível dizer muita coisa que seja útil na meditação porque é necessário usar palavras e analogias, como luz, profundidade, escuridão. São metáforas que vêm de experiências que em si também são metáforas de experiências. Mas de alguma forma, acho que profundidade significa escuridão. Significa ancorar-se, e é atravessando os níveis superficiais do nosso ser até às profundezas que encontramos as raízes do mistério que é Cristo.

Acho que você está certo, que provavelmente para chegar à profundidade é preciso passar pela escuridão. Mas é somente quando você está enraizado nessa realidade, que você é, por assim dizer, capaz de ver a luz nas raízes, que você precisa do compromisso que é feito na escuridão, que é um aspecto da fé.

Você deve se tornar totalmente enraizado em Cristo, quando estiver nas trevas da “não experiência” ou do nada, para ter certeza. Então, quando a vida nesse enraizamento começar a crescer, você começará a crescer mais na luz de Cristo. Então não se trata mais de “nada está acontecendo”, mas sim de “não há nada que não esteja acontecendo”. Mas o caminho para a luz é através das trevas. Então, deixe a escuridão estar. Não tente tirar fotos com flash para analisar ou entender. Da mesma forma, a forma de ouvir é através do silêncio. O silêncio pode parecer negativo até que você perceba que é absolutamente necessário saber ouvir. E a escuridão das profundezas é necessária para que ocorra o ancoramento na luz.


Fr. John Main, OSB



Fonte: do livro "O Coração da Criação", Canterbury Press, 2007
Traduzido para o espanhol por Lucía Gayón, e para o português por este blog.
PERMANECER EN SU AMOR - Coordenadora: Lucía Gayón - Ixtapa, México
www.permanecerensuamor.com - permanecerensuamor@gmail.com
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/garota-adolescente-humano-mulher-3141445/

AMOR AO PRÓXIMO


Os Padres e Madres do Deserto consideraram que as relações humanas são fundamentais para viver na presença de Cristo:

«Abba João, o Pequeno, disse: “Uma casa não se constrói a partir do telhado. Você deve começar na base para chegar ao ponto mais alto.” Os outros lhe perguntaram: “E o que isso significa?” Ele respondeu: “Os alicerces são nossos semelhantes. Devemos alcançá-los, pois eles são o ponto de partida. Todos os mandamentos de Deus dependem deste.

No mundo de hoje, parece que muitos de nós perdemos de vista este importante alicerce das nossas vidas. Tendemos a viver como se fôssemos objetos independentes que colidem entre si para se posicionarem. É muito interessante saber como os cientistas atuais estão mudando a sua visão da realidade. Do ponto de vista da física quântica, os experimentos sempre mostraram que os elétrons estão em constante movimento, não apenas interagindo continuamente com outras partículas, mas também com o universo de energia que sustenta e mantém todo o sistema. A existência deste princípio de ligação, esta força energética chamada campo de ponto zero, foi ignorada por ser considerada irrelevante para as aplicações práticas da física quântica e foi excluída das equações. Atualmente, os cientistas estão muito interessados ​​nas implicações filosóficas da teoria quântica e prestam muita atenção a ela. A descoberta deste campo quântico constitui a prova definitiva de que estamos todos integralmente ligados e fazemos parte da rede de vida que nos liga aos outros seres humanos, a toda a criação e ao cosmos, porque somos constituídos por átomos e pela sua essência componentes: elétrons. Todos nós também somos pacotes de energia quântica que se interligam e trocam informações com esse mar de energia.

Isto não é verdade apenas no nível energético, a consciência também está intimamente envolvida. David Bohm, um prestigioso físico quântico disse: “No fundo, a consciência da humanidade é uma só”. Nosso sentimento de separação é uma ilusão, não importa quão poderosa seja, é apenas uma ilusão criada pelo nosso ego e pelo nosso hemisfério esquerdo focado na sobrevivência. Somos partes significativamente conectadas de um todo.

Se realmente aceitássemos este pensamento, mudaríamos totalmente a nossa atitude em relação à humanidade e ao planeta. Tudo o que fazemos tem impacto no todo. O que acontece com os outros também nos afeta. Devemos desviar a atenção de nós mesmos e a meditação é a disciplina chave para isso.

Graças à vida de oração contemplativa que os eremitas do deserto levaram, eles puderam experimentar esta interligação. E sabendo que a virtude última é o esvaziamento de todos os desejos pessoais, o que nos leva à entrega pessoal, ao amor, seguindo os passos de Cristo, Santo Antônio pedia a Deus que lhe mostrasse quem eram os seus semelhantes. Deus o fez ver que ainda não havia atingido o nível do sapateiro que morava em Alexandria. Antônio saiu do deserto para encontrar o sapateiro, a quem perguntou como ele vivia. Ele respondeu que dava um terço do seu salário à Igreja, outro terço aos pobres e guardava o resto para si.

Para Antônio isso não envolveu nenhuma tarefa extraordinária, pois ele havia renunciado a todos os seus bens e vivia no deserto em total pobreza. Portanto, a superioridade daquele homem não residia nisso. Antônio lhe disse: “Deus me enviou para ver como você vive”. O humilde artesão, que venerava Antônio, revelou-lhe então o segredo da sua alma: ‟Não faço nada de especial. Só que, enquanto trabalho, olho para todos os transeuntes e digo: “Para que se salvem, eu, só eu, perecerei”.


Kim Nataraja




Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/deserto-areia-est%C3%A9ril-seco-%C3%A1rido-790640/