sexta-feira, 24 de maio de 2013

ANGÚSTIA E PAZ


Previne-te contra a angústia.

Esta tristeza molesta, insidiosa, contínua, arrastante a estado perturbador.

Essa insatisfação injustificável, perseverante, penosa, conduz-te a desequilíbrio imprevisível.

Aquela mágoa que conservas, vitalizada pela revolta sem lógica, impele-te a desajuste insano.

Isto que te assoma em forma de melancolia, que aceitas, empurra-te a abismo sem fundo.

Isso que aflora com frequência, instalando nas tuas paisagens mentais de pressão constante, representa o surgimento de problema grave.

Aquilo que remóis, propiciando-te dor e mal-estar, impele-te a estados infelizes, que te atormentam.

A angústia possui gêneses várias.

Procede de erros que se encontram fixados no ser desde a reencarnação anterior, como matriz que aceita motivos verdadeiros ou não, para dominar quem deveria envidar esforços por aplainar e vencer as impressões negativas e as compulsões torpes.

Realmente não há motivos que justifiquem os estados de angústia. 

A angústia entorpece os centros mentais do discernimento e desarticula os mecanismos nervosos, transformando-se em fator positivo de alienações. 

Afeta o psiquismo, o corpo e a vida, enfermando o espírito.

Rechaça a angústia, pondo sol nas tuas sombras-problemas.

Não passes recibo aos áulicos da melancolia e dispersa com a prece as mancomunações que produzem angústia.

Fomenta a paz, que é o antídoto da angústia.

Exercita a mente nos pensamentos otimistas e cultiva a esperança.

Trabalha com desinteresse, fazendo pelo próximo o que dizes dele não receber.

A paz é fruto que surge em momento próprio, após a germinação e desenvolvimento do bem no coração.

Jamais duvide do amor de Deus.

Fixado aos propósitos de crescimento espiritual, transfere para depois o que não logres agora, agindo com segurança.

Toda angústia dilui-se na água corrente da paz.




Divaldo Pereira Franco/Joanna de Ângelis




Fonte: do site http://www.oespiritismo.com.br/textos/ver.php?id1=171
http://www.caminhosluz.com.br/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A VISÃO DE QUE PARA IMPLANTAR O "PROGRESSO" É NECESSÁRIO TRANSFORMAR OU DESTRUIR UMA CULTURA

Este pequeno artigo exemplifica, baseado na história da África, o que escrevi sobre missões, colonizações e síntese, no artigo "Visão de Síntese", neste blog.

Tanto no cristianismo quanto no islamismo (eXotéricos) encontramos a visão de transformação ou destruição de uma cultura ou religião para que seja implantada uma outra. No lado eSotérico destas religiões não há esse interesse, é obvio, porque a motivação é essencialmente espiritual.

O islamismo, que penetrou na África a partir dos tempos pré-coloniais, foi implantando sua cultura e misturando-se às religiões nativas de várias áreas do continente. Palavras, conceitos e tradições foram sendo incorporados em meio dos diversos povos que mantinham contato.

Com Omar, um dos responsáveis pela expansão do Estado árabe-muçulmano, o islão entra na África, pelo Egito. A Guerra "Santa" leva ao domínio sucessivo de diversos reinos, culturas e territórios. Ainda que a ideia fosse de conquista, era comum que as populações dominadas pudessem também manter ainda suas propriedades, costumes e administração. Um exemplo é dos cristãos coptas do Egito. Em troca pelas liberdades essas populações pagavam um imposto. Porém, tais liberdades não impediam a implantação de novas culturas e de misturas culturais e religiosas. 

De forma semelhante, o cristianismo também deixou a sua marca na África, desde os tempos pré-coloniais e, com mais vigor, nos tempos coloniais. 

Cabe aqui mencionar o poderoso movimento missionário cristão, a partir do ano 1840. Esses missionários foram penetrando no continente africano, ao contrário da penetração cristã colonial que concentrou-se na costa africana. Tal movimento missionário foi decisivo às lutas de conquista de territórios. 

Tais missionários eram verdadeiros convictos e defensores da cultura ocidental como superior e civilizatória. Desejavam ver sua cultura substituindo a cultura africana. Praticamente iam destruindo a base das tradições e crenças africanas que estava alicerçada na unidade entre religião e vida. Embora houvesse uma reação africana à essa cultura ocidental, que lhes era estranha, as conversões e a introdução de costumes foram ganhando terreno. 

Enfim, percebe-se que em qualquer tempo ou cultura, a ideia de levar "progresso", "cultura" e "religião" é uma constante. Cada povo e cultura vê a si mesmo, com as suas tradições, como os melhores e ainda imbuídos e destinados à missão de fazer "progredir" outros povos. 

A história nos mostra que em qualquer época é comum que missão, comércio, política e ideia de progresso ocorram simultaneamente, ou seja, fanatismo, presunção, prepotência, ignorância, lucro e poder marcam qualquer tempo histórico. 


Para mais detalhes sugiro a leitura dos seguintes textos:

- "A Religião na África durante a Época Colonial", de Kofi Asare Opoku
- "Expanción del Islan", de Pierre Bertaux


                                                

Prof. Hermes Edgar Machado Junior (Issarrar Ben Kanaan)


Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

VISÃO DE SÍNTESE


"Tanto no pensamento religioso como na ciência, um certo núcleo de verdade universal, o mesmo para todos, toma forma e cresce lentamente."
(Teilhard de Chardin)

"A união é uma necessidade da natureza; um processo inevitável a ela conduz. Esta união é do interesse de todos, e somente a poderiam impedir a loucura humana e seu estúpido egoísmo. No entanto, a necessidade da natureza e a vontade de união irão se apoderar da humanidade."
(Sri Aurobindo)



A era das "missões" bem como a era das colonizações estão, de fato, ultrapassadas, exceto, é claro, para os grupos fundamentalistas, proselitistas, interesseiros e grupos que não acompanham a evolução natural do mundo.

"Tudo o que sobe converge" (Chardin), e a era dos chamados "diálogos", na verdade, é a confrontação da ciência, filosofia e religião num plano superior, o que está causando uma "convergência" de valores e planos de ação para um mundo melhor e livre.

Perfeitamente sentia isso Chardin quando escreveu: "Manifestamente, a humanidade de hoje, na medida mesma em que toma consciência de sua unidade, não só para trás, no sangue, mas também para frente, no progresso, experimenta a necessidade vital de se unir." A consciência da unidade, ou a necessidade vital de união leva a todos em busca da verdade essencial, esotérica, interior, ou seja, do ponto de "convergência".

Tudo toma um rumo incerto, porém, se formos buscar a união desejada permanecendo-se no nível exterior, exotérico, em suas roupagens através do tempo e espaço. E Sri Aurobindo legava-nos que "A verdadeira religião é a religião espiritual: é uma busca de Deus, uma abertura da vida mais profunda da alma ao divino imanente, à onipresença eterna."

Numa leitura mais atenta das obras de Chardin, percebemos claramente a esperança de que a humanidade evolua rumo à unidade espiritual, a uma "consciência coletiva da humanidade". E diz alhures: "A convergência geral das religiões para um Cristo universal", (ponto universal simbólico para os cristãos), que no fundo a todos satisfaz, parece-me a única conversão possível do mundo, a única forma concebível para uma religião do futuro."

E hoje vemos diversas personalidades e grupos levando à cabo não somente encontros e diálogos, mas uma proposta prática de ações conjuntas direcionadas aos diversos problemas da humanidade. Estes grupos e pessoas estão aumentando gradativamente.

Cabe que façamos nós todos uma análise, uma reflexão e uma busca interior para sermos reorientados a essa unidade. Estamos tão acostumados e iludidos no que se refere aos nossos agrupamentos, tradições, presunções e ilusões particulares que perdemos a noção do todo. Não é por acaso que Huberto Rohden/Delfos disse: "Infelizes daqueles que fazem do seu credo uma gaiola inexpugnável! Acabarão por perder o gosto pelo voo e não atingirão seus gloriosos destinos." E o credo pode ser religioso, filosófico, político, social, científico etc. 

Gastamos tanto tempo na organização exterior que perdemos de vista o organismo vivente interior, que é a chave do progresso e do cumprimento despretensioso de nossa parcela no todo. O Plano Divino prevê a cooperação de todos e não julga pelo que pertencemos ou não pertencemos, mas sim pelo que fazemos, atitudes e serviço.

Se fazemos parte de um todo, como poderíamos pensar em "missão" no sentido de tentar impôr nossas ideias ou pontos de vista sobre os outros? É salutar expôr, isto sim, nossas ideias como colaboração e contribuição, porém é ridículo impô-las ou querer que sejam a medida das coisas.

Urge, pois, que entendamos profundamente que estamos numa época em que o conceito de "unidade na diversidade" e "diversidade na unidade" se faça presente em nossos corações e mentes, gerando os princípios da "nova era": a compartilha, a cooperação e a síntese. Assim somente poderemos ter a certeza de que o Plano Divino está sendo restabelecido na Terra.




Prof. Hermes Edgar Machado Junior (Issarrar Ben Kanaan)




Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal