O desafio da meditação é o de que ela leva cada um de nós a encarar a pergunta redentora fundamental: “Buscamos a Deus, ou, buscamos a nós mesmos?” Outra maneira de formular isso, seria dizer: “Buscamos nosso destino além de nossos próprios limites confinados, estamos em busca de nos definirmos meramente dentro de nossos próprios recursos, ou, buscamos nosso destino além de nós mesmos, em Deus?” É disso que trata nossa meditação: buscar romper os limites que nosso próprio egoísmo nos impõe...
Ora, nosso desafio não é o de rejeitarmos o mundo, nem o de rejeitarmo-nos a nós mesmos. O desafio é o de aprender a sacrificar. Para sacrificarmos, oferecemos algo a Deus e, na lei judaica, tudo era oferecido. Isso era chamado holocausto. Nada era retido. Tudo era dado a Deus. É isso o que a meditação faz à nossa vida.
O mantra, nossa meditação, permite que nos percamos inteiramente, que nos ofereçamos inteiramente, em nossa plenitude, a Deus. Nos ajuda a nos tornarmos um holocausto, em que tudo o que somos é oferecido, incondicionalmente, a Deus. É por isso que mantemos apenas a emissão do mantra. Ao chegar a hora, estaremos preparados para entregar isso também, pois, em nossa meditação estamos à inteira disposição de Deus. Só existimos em sua presença e, nos encontramos em sua presença por sua generosidade.
O aspecto maravilhoso da meditação é o de que nesse auto-sacrifício, e perda de identidade, sua Presença torna-se nossa presença e sua generosidade torna-se nossa generosidade. Ao perseverarmos na meditação, a perda de identidade torna-se cada vez mais completa, o sacrifício torna-se cada vez mais perfeito e, assim, a generosidade aumenta constantemente.
É por isso que, tão frequentemente, procuro ressaltar a todos a importância da repetição do mantra, do início ao fim de seu período de meditação. Sem pensamentos, sem palavras, sem imaginação, sem ideias. Lembrem-se do holocausto, do sacrifício. Ora, isso talvez seja a maior das coisas que podemos fazer como seres humanos conscientes: oferecermos nossa consciência a Deus. Ao oferecê-la, nos tornamos plenamente conscientes.
É esta a experiência de São Paulo, quando ele fala acerca da proximidade de Deus: “Então, a paz de Deus, que excede toda compreensão, guardará os vossos corações e pensamentos, em Cristo-Jesus.” Precisamos aprender a buscar essa paz, de maneira completa.
Dom John Main, OSB
Fonte: "A exatidão do Sacrifício" - Leitura de 27/04/2008
Moment of Christ (New York: Continuum, 1998) pp. 113-114.
Tradução de Roldano Giuntoli
Comunidade Mundial de Meditação Cristã - www.wccm.com.br
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/medita%C3%A7%C3%A3o-no-lago-humor-%C3%A1gua-4882027/