O trabalho de Hércules que está ligado ao signo de Áries é a "captura das éguas devoradoras de humanos".
Áries é o signo dos inícios e dos processos criativos, e este trabalho representa os primeiros passos no caminho espiritual e a necessidade de iniciar pela criação de uma nova mentalidade — mais focada, compreensiva e inofensiva.
O beligerante rei Diomedes era filho de Marte (Senhor da Guerra e regente do signo de Áries) e em seu reino criava éguas extremamente selvagens e violentas, que devoravam seres humanos. Elas assolavam toda a vizinhança e provocavam grande medo na população. Hércules recebeu do rei Euristeu a tarefa de capturar essas éguas e levá-las até ele. No reino de Diomedes, Hércules encontrou as éguas à solta e espalhadas por toda parte. Então ele começou a tocar as várias éguas, de modo que gradualmente se concentrassem em certa região. Quando estavam todas reunidas, o herói as cercou e acorrentou-as juntas, e assim pode conduzi-las até o rei Euristeu, para serem domesticadas.
Cavalos simbolizam o pensamento, que é capaz de nos transportar para longe. Cavalos femininos, ou éguas, representam a fertilidade da mente, incessantemente criando imagens, falas internas e explicações para tudo. As éguas do mito, selvagens e devoradoras de humanos, são a mente indisciplinada, continuamente gerando pensamentos críticos que ferem as pessoas. O mito descreve a situação habitual de cada um de nós: nossos pensamentos críticos provocam destruição ao nosso redor e prejudicam aqueles que nos circundam.
Entretanto, uma das primeiras lições a serem aprendidas pelo aspirante espiritual é a da inofensividade. Seus pensamentos, palavras e vida devem deixar de ser ofensivos e destrutivos, de acordo com preconceitos e predileções pessoais, e tornarem-se criativos e construtivos, de acordo com o Plano Divino. Diferente do que talvez pudesse parecer, a inofensividade (ou não-violência) não é uma condição passiva e inócua, mas uma atitude dinâmica e efetiva. É uma autodisciplina que positivamente se abstém de criticar e ferir. É um empenho criativo para ajudar, apoiar e curar — os outros e nós mesmos.
O mito não só apresenta qual é o problema a ser solucionado, mas também indica como solucioná-lo: concentração. A causa da dificuldade está no fato de que as éguas são selvagens e estão à solta, ou seja, a mente não foi disciplinada e os pensamentos vagueiam dispersos. Funcionando assim, a mente toca apenas a superfície das coisas, e é isto o que torna possível a sua postura crítica. É apenas na superfície que as coisas parecem más, conflitantes e caóticas. E mesmo o que já nos parece pensamento profundo, porque mais elaborado, ainda é apenas superficial. Na verdadeira profundidade, reinam sempre a beleza, a harmonia e a unidade. Através da meditação, exercitando o pensamento concentrado, podemos acessar isso.
É interessante notar que Hércules não tenta paralisar as éguas, mas as reúne e cerca. Portanto, ele não tenta calar a mente, mas concentrá-la profundamente em algum assunto. A mente está sempre pensando, e isto, por ora, nós não podemos mudar — e nem precisamos. Mas nós podemos escolher em que pensar e como pensar. Isto é meditação: pensamento consciente.
O início no caminho espiritual requer as qualidades conferidas por Áries: muita energia e esforço. Tais qualidades devem ser empregadas para desenvolver a concentração, para que possamos verdadeiramente compreender — ou seja, acessar o sentido maior por trás das aparências. Assim, poderemos trazer para as nossas vidas cada vez mais inofensividade e criatividade espiritual.
Ricardo A. Georgini
ricardogeorgini@yahoo.com.br
Fonte do Texto e da Gravura: http://logosastrologiaesotericaport.blogspot.com.br/2011/04/aries-concentracao-e-inofensividade.html