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sexta-feira, 8 de abril de 2022

REGRESSA SEMPRE AO CAMINHO PARA A LIBERDADE


Quando pareces perder repentinamente tudo o que pensavas ter conquistado não desesperes. A tua cura não é linear. Deves contar com reveses e retrocessos. Não digas a ti mesmo: “está tudo perdido. Tenho que recomeçar do princípio”. Não é verdade. Não se perde o que já se conquistou.

Há por vezes pequenas coisas que se avolumam e te fazem sentir perdido por momentos. A fadiga, um comentário aparentemente frio, a incapacidade de alguém para te escutar, um esquecimento inocente, que se assemelha a desprezo – quando tudo acontece ao mesmo tempo podes sentir que voltaste ao princípio. Mas tenta pensar nesses acontecimentos como num desvio temporário da tua caminhada. Quando regressares ao caminho regressarás ao ponto onde o abandonaste, não ao princípio.

É importante não te demorares nos pequenos momentos em que não progrides. Tenta regressar a casa  imediatamente, a esse ponto sólido dentro de ti. Caso contrário esses momentos começam a ligar-se a momentos semelhantes e juntos tornam-se suficientemente poderosos para te afastarem para muito longe do teu caminho.

Tenta manter-te atento a distrações aparentemente inócuas. É mais fácil regressar ao caminho quando se está à beira da estrada do que quando se é arrastado para um pântano vizinho.

Em tudo continua a confiar em que Deus está contigo, em que Deus te deu companheiros de caminhada.

Regressa uma e outra vez ao caminho para a liberdade.



Henri Nouwen



Fonte: do livro "A Voz Íntima do Amor", Ed. Paulinas
Via: https://combonianum.org/liturgia-liturgy/quaresima-lent/40-dias-com-henri-nouwen/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

domingo, 6 de setembro de 2020

QUAL O MAIOR OBSTÁCULO AO PROGRESSO (MORAL)?


O Livro dos Espíritos, questão 785: Qual o maior obstáculo ao progresso?

O orgulho e o egoísmo. Refiro-me ao progresso moral, porquanto o intelectual se efetua sempre. À primeira vista, parece mesmo que o progresso intelectual reduplica a atividade daqueles vícios, desenvolvendo a ambição e o gosto das riquezas, que, a seu turno, incitam o homem a empreender pesquisas que lhe esclarecem o Espírito. Assim é que tudo se prende, no mundo moral, como no mundo físico, e que do próprio mal pode nascer o bem. Curta, porém, é a duração desse estado de coisas, que mudará à proporção que o homem compreender melhor que, além da que o gozo dos bens terrenos proporciona, uma felicidade existe maior e infinitamente mais duradoura.

Comentário de Allan Kardec

Há duas espécies de progresso, que uma a outra se prestam mútuo apoio, mas que, no entanto, não marcham lado a lado: o progresso intelectual e o progresso moral. Entre os povos civilizados, o primeiro tem recebido, no correr deste século, todos os incentivos. Por isso mesmo atingiu um grau a que ainda não chegara antes da época atual. Muito falta para que o segundo se ache no mesmo nível. Entretanto, comparando-se os costumes sociais de hoje com os de alguns séculos atrás, só um cego negaria o progresso realizado. Ora, sendo assim, por que haveria essa marcha ascendente de parar, com relação, de preferência, ao moral, do que com relação ao intelectual? Por que será impossível que entre o dezenove e o vigésimo quarto século haja, a esse respeito, tanta diferença quanta entre o décimo quarto século e o século dezenove? Duvidar fora pretender que a Humanidade está no apogeu da perfeição, o que seria absurdo, ou que ela não é perfectível moralmente, o que a experiência desmente.


Allan Kardec



Fonte: O Livro dos Espíritos, 76ª. ed., Rio de Janeiro, RJ, FEB, 1995.
Fonte da Gravura: Acervo de autorial pessoal

domingo, 7 de junho de 2020

A TRANSFORMAÇÃO COMEÇA DENTRO CADA PESSOA


O progresso da pessoa e o progresso da sociedade caminham juntos. Nosso mundo moderno não pode alcançar a paz e uma ordem social plenamente justa, apenas pela aplicação de leis que atuam sobre o homem, por assim dizer, vindas de fora dele. A transformação da sociedade começa dentro da pessoa. Começa com o amadurecimento e a abertura da liberdade pessoal em relação a outras liberdades - em relação ao resto da sociedade. A 'doação' cristã que é exigida de nós é uma participação inteligente e plena da vida de nosso mundo, não somente com base na lei natural, mas também na comunhão e reconciliação do amor interpessoal. Isso significa uma capacidade de estar aberto para os outros como pessoas, de desejar para os outros tudo o que sabemos ser necessário para nós mesmos, tudo o que é exigido para o pleno crescimento e até para a felicidade temporal de uma existência plenamente pessoal.


Thomas Merton, OSB



Fonte: do livro "Amor e vida"
Comunidade Monástica Anglicana - Igreja Anglicana Tradicional do Brasil
https://www.mongesanglicanos.org/
Fonte da Gravura: Tumblr.com

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

EVITEMOS DA SÍNDROME DO “COITADINHO”

O problema da pobreza é muito diverso e complexo. Talvez o ser pobre significa ter falta de segurança e estabilidade, portanto não é só uma questão de carência de dinheiro. O mundo atual tem alguns vencedores e muitos perdedores. Os pobres se encaixam na categoria dos perdedores, daqueles que não podem surfar na onda de mudança e que, de certa forma, são esmagados por ela.

A palavra “pobre” deriva do latim pauper, radicado em paucus (pouco). No conceito original, “pobre” não era o deserdado, mas o terreno agrícola ou gado que não produzia o suficiente. Sob outro ponto de vista, entre alguns grupos, especificamente os religiosos, a pobreza é considerada como necessária e desejável, e deve ser aceita para alcançar um certo nível espiritual, moral ou intelectual.

Nesse aspecto, o papa Francisco assevera que a Igreja deve articular com a verdade e também com o testemunho da pobreza. Não é possível que um fiel fale de pobreza e dos sem teto e leve uma vida de faraó. Na Igreja há alguns que, ao invés de servir, de pensar nos demais, se servem da Igreja. São os arrivistas, os apegados ao dinheiro. Quantos padres e bispos deste tipo já vimos? É triste dizer, não? Pronunciei o pontífice ao jornal holandês “Straatnieuws”, de Utrecht.

A pobreza é considerada como um elemento essencial de renúncia por budistas e jainistas enquanto que para o catolicismo romano, como vimos acima, é um princípio evangélico e é assumido como um voto por várias ordens religiosas e é entendida de várias formas. A ordem franciscana, por exemplo, abandona tradicionalmente todas as formas de posse de bens. Neste caso, a pobreza voluntária é normalmente entendida como um benefício para o indivíduo, uma forma de autodisciplina através do qual as pessoas se aproximam de Deus.

O professor de psicologia Elliot Berkman, diretor do Laboratório de Neurociência Social e Afetiva da Universidade do Oregon/EUA, estuda como o cérebro é parte da armadilha da pobreza. As pessoas pobres frequentemente têm  muita motivação para trabalhar duro e ter vários empregos porque colocam o foco na sobrevivência no momento presente ao invés do sucesso de longo prazo. Libertar as pessoas da preocupação da sobrevivência diária é a melhor forma de garantir que eles foquem no futuro. Afiança Berkman.

Para o Espiritismo, a pobreza, tal como a riqueza, nada mais é que uma prova pela qual o Espírito necessita passar, tendo em vista um objetivo mais alto que é o seu progresso. Deus concede, pois, a uns a prova da riqueza, e a outros a da pobreza, para experimentá-los de modos diferentes. A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação.

Ao que nasce na pobreza é dado aprender o valor do trabalho árduo, resistir às tentações do ganho fácil, descobrir os valores reais do espírito, e não raro se vê entre os pobres as mais dignas demonstrações de solidariedade. Na pobreza aprendemos a nos compadecer dos males alheios fazendo-nos compreendê-los melhor.

É evidente que a desigual repartição de bens materiais, culturais e políticos exclui um vasto número de pessoas deserdadas dos processos de participação e consente a coexistência em formas inumanas de sobrevivência e de insignificante protagonismo social. Por isso mesmo, diante dos deserdados, a nossa primeira e obrigatória ação deve ser a do auxílio.

Mas primeiramente suavizemos o sofrimento dos pobres, abraçando-o fraternalmente, manifestando de tal modo o nosso sentimento de acolhida a fim de estabelecer o laço de confiança essencial e poder ajudá-los. Em seguida, nos informemos a respeito da situação transitória de seu sofrimento. Dessa forma, não cairemos nas armadilhas que consideram o pobre como “coitadinho’, não vendo nele as potencialidades de Espírito imortal e de indivíduo capaz de, com as devidas oportunidades, prover dignamente a própria existência.

Aliás, a síndrome do “coitadinho” é uma das moléstias oportunistas mais comuns da sociedade atual, onde muitos deserdados têm medo de encarar a vida de frente e de cabeça erguida, sendo maduros e responsáveis. A principal característica de uma pessoa que sofre da síndrome do “coitadinho” é colocar-se como “vítima” das circunstâncias, e como tal passa a  ideia de que a culpa de sua pobreza é dos outros. Aliás, os arautos das ideias do socialismo ATEU adoram fazer isso!

Diante dos pobres, procuremos nos informar de suas lutas materiais e verifiquemos se a oferta de trabalho e de orientação espírita não será mais eficaz do que a aviltante doação da esmola em seu favor. Recordando aqui que a esmola dentro da lógica assistencialista é uma ação que atende a deficiência material sem o móvel educativo e que envilece a humanidade do sujeito, adestrando-o à condição da mendicância ou da dependência. Como tal, não atende ao projeto regenerador do Espiritismo para Humanidade.

Não se pode esquecer que a Lei do Trabalho e do Progresso, promulgada em O Livro dos Espíritos, relata justamente a importância de o indivíduo romper com o acomodamento e ultrapassar os obstáculos existenciais, o que inclui buscar sair também da penúria material (pobreza) através de seu esforço.




Jorge Hessen





Fonte: http://aluznamente.com.br/
Fonte da Gravura: Tumblr.com

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

A CONQUISTA DO CÉU

Segundo muitas religiões, é na “parte superior” do Universo que está a morada dos bem-aventurados e nas entranhas da Terra que está a habitação dos condenados: o inferno. Os Mestres Rosacruzes iluminam, no entanto, que este é um ensino falso.

Se o destino do homem se limitasse a esta vida tão curta, que mesmo em sua maior duração não nos permitiria atingir os limites das nossas aspirações, que adiantaria ao homem essa sede infinita de conhecimento, de saber, de necessidades, de sonhos, tendências inexplicáveis para um estado melhor? A persistência que temos em prosseguir, apesar das decepções, para um Ideal que não é deste mundo, é uma indicação firme de que a morte não define, de uma vez por todas, o destino do nosso espírito.

DEUS não poderia dar ao homem esperanças irrealizáveis. As necessidades infinitas da alma reclamam forçosamente uma vida interminável. Se para nós tudo começasse com a vida atual, como explicar tanta diversidade nas inteligências, tantos estágios na virtude e no vício, tantas variedades nas situações humanas? Que ideia faríamos de um DEUS que estabelecendo apenas uma vida corporal nos houvesse dotado tão desigualmente? Todas essas obscuridades dissipam-se perante a “doutrina das existências múltiplas”. Os seres, que se distinguem pelo seu poder intelectual ou por suas virtudes, atualmente têm vivido mais, têm trabalhado mais, têm adquirindo experiências e aptidões maiores.

Somos membros de uma mesma família, semelhantes pela carne e pelo sangue, educados em vários princípios, diferentes em bastantes pontos. Porém, essas desigualdades, resultantes dos efeitos do passado, podem ser resgatadas e niveladas nas vidas futuras.

O progresso e a elevação dos nossos espíritos dependem unicamente do nosso trabalho, da energia por nós desenvolvida nos combates da vida. Enquanto alguns lutam com coragem e rapidamente alcançam os graus que os aproximam de uma vida superior, outros se imobilizam durante séculos em existências ociosas e estéreis, e perdem tempo.

Através da sucessão dos tempos, as nossas existências se desenrolam, passam e se renovam e, em cada uma delas, desaparece um pouco do mal que está em cada um de nós. Cada conquista que fazemos sobre as nossas paixões, sobre os nossos instintos egoístas, nos permite uma alegria pura, uma satisfação interna. Quanto maior for o trabalho executado, maior será a recompensa. O céu não está longe, mas em nosso interior.





Fonte do texto e da gravura: Fraternidade Rosa-cruz do Brasil
Gravura: Rosacrucianismo e Alquimia XVII 
– Herbrandt Jamsthaler, Frankfurt, 1625
http://rosacruzdobrasil.org.br/a-conquista-do-ceu/

sábado, 15 de fevereiro de 2014

ESPÍRITO - A "INDIVIDUALIZAÇÃO" DO PRINCÍPIO INTELIGENTE

O espírito é a individualização do princípio inteligente, isto é, do princípio espiritual, como um dos elementos constitutivos do universo.

Desligado do corpo material ou físico, é o ser inteligente do mundo espiritual revestido de um envoltório (corpo espiritual) formado de uma matéria sutil, de natureza intermediária entre a matéria física e a extrafísica.

O corpo espiritual é o veículo de exteriorização do espírito, que lhe preside a formação. O espírito propriamente dito, como o princípio inteligente do universo, é a mente espiritual que tece seu invólucro sutil, isto é, seu corpo espiritual através do qual a consciência imortal prossegue em sua manifestação incessante no plano extrafísico, após a morte do corpo físico.

O corpo espiritual é uma formação sutil, tecida de recursos dinâmicos, extremamente plástica e maleável à influência da mente espiritual.

É através do corpo espiritual que o espírito se liga ao corpo físico, desde que se inicia a formação deste no plano físico. A configuração do corpo físico reflete o corpo espiritual, em cada nova encarnação do espírito no mundo físico. Portanto, o corpo espiritual é o veículo de exteriorização do espírito no mundo extrafísico. E o corpo físico é o veículo de exteriorização do espírito no mundo físico, por intermédio de sua ligação com o corpo espiritual.

O desenvolvimento dialético da consciência, portanto, consiste no desenvolvimento dialético do espírito, o qual encerra em si o germe de todas as faculdades e potencialidades.

O espírito é a essência do ser destinado a desenvolver as suas faculdades e potencialidades trabalhando no seio da natureza, em interação (ação recíproca) com a matéria, vestindo-se de matéria densa no plano físico e desnudando-se dela no fenômeno da morte, para revestir-se de matéria sutil no plano extrafísico e depois renascer no plano físico, elevando-se, gradativamente, por vidas sucessivas e inumeráveis, desde as formas inferiores e rudimentares da natureza, até alcançar a perfeição na plenitude da existência.

Embora permaneça em sua unidade, ao passar por milhares e milhares de corpos que anima na escalada da evolução, o espírito é sempre diferente pelas qualidades superiores adquiridas, as quais vão enriquecendo  a sua individualidade, tornando-a cada vez mais consciente e mais livre na espiral evolutiva de suas existências no plano físico e no plano extrafísico.

Até  configurar-se no indivíduo humano, o princípio inteligente atravessou lentamente as faixas elementares da natureza, incorporando em seu próprio veículo de exteriorização as conquistas das experiências infinitamente repetidas, que lhe propiciaram o automatismo dos impulsos fisiológicos e psicológicos, transformando, gradativamente, toda a atividade nervosa em vida psíquica.

O automatismo que revela a inteligência de todas as ações espontâneas do corpo espiritual, com repercussão no corpo físico do indivíduo, é sustentado pelo mecanismo dos reflexos. O reflexo é definido como a resposta involuntária a um estímulo, envolvendo, portanto, uma reação automática. Os reflexos podem ser incondicionados e condicionados.

Os reflexos incondicionados são os reflexos congênitos, os quais são seguros e estáveis, como que hauridos da espécie, tais como os relacionamentos com as funções de nutrição e proteção.

Os reflexos condicionados são os que se utilizam da intervenção necessária do córtex cerebral (substância cinzenta que recobre o cérebro), e que não surgem espontaneamente, mas são adquiridos pelo indivíduo, no curso da existência. Estes reflexos se desenvolvem sobre os reflexos preexistentes, à maneira de construções emocionais, por vezes instáveis, e sobre os alicerces das vias nervosas pertencentes aos reflexos incondicionados.

Os reflexos condicionados, adquiridos como efeito acumulado das experiências, determinam o comportamento do indivíduo perante o meio em que atua, ou diante de qualquer situação a que for submetido.

Ao propiciarem a expansão da vida mental, os reflexos condicionados assumem, em tais condições, um caráter psíquico, passando então a ser denominados de reflexos psíquicos. Estes reflexos são de suma importância nos processos mentais, que constituem o psiquismo do indivíduo.

Os reflexos psíquicos são, assim, o desdobramento dos reflexos condicionados na zona mais profunda do campo mental, sede da consciência, onde se processam as reações que condicionaram os diversos estados mentais do indivíduo.

No homem, essas reações mentais condicionam o caráter de sua personalidade  e o seu comportamento na vida de relação, com vastas implicações no campo moral. A conquista da razão, que lhe faculta o livre-arbítrio e o discernimento, também lhe impõem, perante sua consciência de espírito imortal, a responsabilidade dos próprios atos e suas consequências.

O espírito, assim, ao imprimir em seu corpo espiritual os reflexos condicionados  adquiridos como efeito acumulado das experiências vividas em cada existência, na condição de homem terreno, transforma esse efeito em reflexos psíquicos responsáveis pelas reações que condicionam a sua personalidade. Daí a necessidade das reencarnações, para que ele possa se libertar de condicionamentos psíquicos inferiores, pois o espírito imortal é destinado à perfeição.

Na vida mental do espírito humano, esteja o espírito ligado ou não a um corpo físico, cada mente emite e recebe estímulos e pensamentos, estabelecendo uma ligação sob a forma de influência recíproca com outras mentes.

O desenvolvimento mental e, consequentemente, o desenvolvimento da consciência é o produto da interação (ação recíproca) da individualidade espiritual, inteligente, com a natureza e com os outros seres inteligentes. A consciência, entretanto, é uma propriedade, um atributo do espírito, embora necessite dessa interação para desenvolver-se.

O desenvolvimento é o processo de realização de um fenômeno que, como tal, só pode ocorrer ao se reunirem todas as condições necessárias à sua manifestação.

Ao iniciar cada nova existência na condição de homem terreno, o espírito traz consigo as conquistas resultantes de suas experiências anteriores, bem como os condicionamentos que constituem sua herança psíquica, os quais vão interferir na formação da personalidade do indivíduo.

Por esse aspecto, pode-se dizer que o homem, como espírito, é o herdeiro de si mesmo. Em relação ao futuro, todavia, ele é o arquiteto de si mesmo. Por já ter conquistado a razão, que lhe concede o livre-arbítrio e o discernimento, ele é responsável pela construção de seu próprio destino, com todas as consequências que possam advir de sua escolha entre o bem e o mal. Daí a importância da educação moral do homem, ao lado da educação intelectual.

O homem, no seu estado atual de desenvolvimento, físico e espiritual, é o resultado de um longo e lento processo de evolução, através de milhões e milhões de anos, realizada sob a ação do princípio inteligente, após ter este passado pelas faixas elementares da natureza.

Portanto, o homem é um espírito imortal, em permanente evolução, na qual deverá desenvolver progressivamente as suas faculdades e potencialidades.

O desenvolvimento dialético do espírito deverá se estender ao infinito, em direção a níveis mais elevados de aperfeiçoamento, em que o espírito passará a ter consciência, com senso de responsabilidade, do seu papel de co-criador.

Esse desenvolvimento dialético consiste no movimento compreendido nos momentos dialéticos do nascer, morrer e renascer, os quais caracterizam o processo palingenésico, ou seja, das reencarnações sucessivas do espírito, sempre visando ao seu progresso na espiral evolutiva.





José Marques Mesquita





Fonte: do livro "A Dialética Espiritualista", Ed. Mandarino, Rio de Janeiro, 1985.
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

PROGRESSO - DIREITO - DINAMISMO

Os obstáculos vem e continuarão a vir. Esta é a tarefa deles. Mas você não deveria considerá-los como sendo obstáculos, e sim como exames para torná-lo experiente. À medida que o aluno avança na escola, as provas ficam mais difíceis. À medida que você se torna mais forte internamente, mais obstáculos virão para testá-lo. Dê boas-vindas a eles. Sinta como se eles fossem uma escada para elevá-lo, e, assim, você continuará a progredir ainda mais.

Diante de uma situação negativa, nossa mente tem a tendência natural de entrar na negatividade. Geralmente é apenas quando as coisas pioram e quando perdemos a esperança que nos voltamos para Deus. Porém, precisamos lembrar que somos filhos de Deus. Pensar dessa forma é perceber que temos o direito à propriedade do nosso Pai. Como filhos, temos o direito de possuir todas as qualidades positivas do Pai. Assim, naturalmente haverá paz, felicidade e amor em nossas vidas. A negatividade não é propriedade do Pai, portanto não pode ser propriedade dos filhos.

Assim como a natureza tem dinâmica própria para se manter viva, a alma precisa estar sempre criando novidade para permanecer acesa. Aceitar novos paradigmas é vencer o sentimento de imobilidade, abrir o intelecto sem medo e deixar a transformação acontecer com entusiasmo contagiante. Isto é ser dinâmico. Se tudo ao nosso redor está mudando, por que deveríamos deter nosso processo de crescimento?




Brahma Kumaris




Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: www.imageafter.com

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

OCASIÕES PARA PROGREDIR

Quem é que, de vós, ainda não ouviu dizer que a vida é uma escola?... Se tivésseis compreendido o que isso significa, perante cada nova dificuldade aceitaríeis ter nela novos exercícios para fazer e diríeis: «Ah!, aqui está mais uma ocasião para progredir!» E, depois de terdes ultrapassado essa dificuldade, ficaríeis cheio de regozijo como o estudante que passou num exame. Um sábio não pode ficar indiferente às queixas daqueles que vêm confiar-lhe as suas decepções e os seus sofrimentos. Mas ele é obrigado a constatar que o mal deles advém, em primeiro lugar, do fato de ignorarem esta verdade essencial: estamos todos na terra para estudar, para nos exercitarmos. A maior parte deles estão convencidos de que vieram aqui para conhecer a facilidade, o conforto, as riquezas, o amor dos outros, como se isso lhes fosse naturalmente devido. A Inteligência Cósmica quer que os humanos sejam felizes, mas ela fez as coisas de tal modo que eles só encontrarão a felicidade desenvolvendo a sua natureza superior. Ora, a natureza superior não se desenvolve no conforto e na facilidade.



Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: www.imageafter.com

sábado, 6 de outubro de 2012

SALVAÇÃO? NÃO, OBRIGADO.


O homem primitivo, intimamente ligado à natureza que o rodeava, expressava de forma espontânea e verdadeira sua espiritualidade. Através de seu instinto sentia a existência do transcendental, sentimento esse que pulsava, de forma nítida, na essência energética daqueles seres simples e ignorantes, vazios de conhecimento, porém plenos de autenticidade. À medida que a civilização humana começou a galgar novos degraus da escala do progresso, deixando cada vez mais de ser instintiva, passou a reprimir para os porões do inconsciente as percepções inatas e verdadeiras. Deixando para trás a infância histórica, passou a humanidade a uma fase da contestação sistemática tal qual o adolescente que recusa a priori os conceitos estabelecidos. Na procura de respostas para as inúmeras indagações que acometem a mente humana, passa a duvidar até mesmo de seus instintos. A crença no extrafísico, antes alicerçada na própria naturalidade dos sentimentos inatos, passa a ser substituída pela dúvida e, sobretudo, a exigir participação do racional. 


Contudo, o homem moderno, esteja ele ligado à ciência ou à filosofia, procura cruzar a fronteira do racional e integrar-se aos valores percebidos por seu próprio psiquismo, de forma subjetiva. O paradigma mecanicista de Newton vem cedendo lugar à concepção de um universo energético aberto a outras dimensões, não mais a atitude infantil do homem primitivo que apenas, por via inconsciente, aceitava a existência espiritual, nem tampouco a postura adolescente da rejeição preconceituosa de qualquer referência à espiritualidade. Estamos no alvorecer não só de um novo século, mas de um novo milênio. As perspectivas futuras apontam para uma ciência e uma religião não mais estanques, dogmáticas, preconceituosas e onipotentes. O universo passa a ser observado e sentido, não mais como uma matéria tridimensional. A multidimencionalidade da matéria, já admitida pela física moderna, abre as portas para a percepção da existência do mundo espiritual. 

A humanidade já não se satisfaz com os preceitos rígidos das religiões dominantes. O homem é um ser que indaga e quer saber, afinal, quem é, de onde vem e para onde vai. A dissociação existente entre a ciência e religião, verdadeiro abismo criado pelo homens, levou os indivíduos a ter uma visão fragmentaria da vida. Os conselhos religiosos, tão úteis em épocas remotas, hoje tornam-se defasados em relação à evolução contemporânea . As orientações dos ministros religiosos foram substituídas pelos médicos, psicólogos, pedagogos etc... O que frequentemente observamos é a deficiência de respostas às ansiedades íntimas do indivíduo ou da própria sociedade. O que lhes falta? Por que profissionais extremamente capacitados, sérios e estudiosos se sentem limitados para compreender o sofrimento humano? 

Por que pessoas justas às vezes sofrem tanto, e concomitantemente, outras, egoístas, que se comprazem no sofrimento do próximo, prosperam tanto? Há quem viva semanas, meses ou poucos anos, enquanto outros vivem quase um século! Por quê? Por que para uns a felicidade constante e para outros a miséria e o sofrimento inevitável? Por que alguns seriam premiados pelo acaso com as mais terríveis malformações congênitas? Por que certas tendências inatas são tão contrastantes com o meio onde surgem? De onde vêm? 

Não há como responder a essas questões, conciliando a crença em uma Lei Universal justa e sábia, se considerarmos apenas uma vida para cada criatura. O ateísmo e o materialismo são consequências inevitáveis da rejeição às crenças tradicionais, surgindo, naturalmente, pela recusa inteligente a uma fé cega em um Ser que preside os fatos da vida sem qualquer critério de sabedoria, e justiça. A cosmovisão espiritista, alicerçada no conhecimento das vidas sucessivas, onde residem as causas mais profundas de nossos problemas atuais, traz-nos respostas coerentes. O conceito de reencarnação propicia uma ampla lente através da qual poderemos enxergar a problemática das vidas.As aparentes desigualdades, vivenciadas momentaneamente pelas criaturas, têm justificativa nos graus diferentes de evolução em que se encontram no momento. Além disso, sabe-se, pelas leis da reencarnação, que cabe a todas as criaturas um único destino: a felicidade. A evolução inexorável é feita pelas experiências constantes e o aprendizado decorrente. Os atos da criatura ocasionam uma seqüência de causas e efeitos que determinam as necessidades da reencarnação, a si própria, em tal meio ou situação; nunca existe punição; existe, sim, consequência lógica. Há colheita obrigatória, decorrente da livre semeadura, e sempre novas oportunidades de semear. 

Cada ser leva para a vida espiritual a sementeira do passado, trazendo-a inconscientemente consigo ao renascer. Se uma existência não for suficiente para corrigir determinadas distorções, diversas serão necessárias para resolver uma determinada tendência a longa caminhada da vida. Nossos atos do dia-a-dia por sua vez, são também novos elementos que se juntam a nosso patrimônio energético, pois os arquivos que criamos são sempre no nível de campos de energia, influenciando intensamente, atenuando ou agravando as desarmonias energéticas estabelecidas pelas vivências anteriores. 

A teia de nosso destino, portanto, não é exclusivamente determinada por nosso passado. O livre-arbítrio que possuímos tece também os fios dessa teia a cada momento, num dinamismo sempre renovado. A diversidade infinita das aptidões, ao nível das faculdades e dos caracteres, tem fácil compreensão. Nem todos os espíritos que reencarnam têm a mesma idade; milhares de anos ou séculos podem haver na diferença de idade entre dois homens. Além disso, alguns galgam velozmente os degraus da escada do progresso, enquanto outros sobem lenta e preguiçosamente. 

A todos será dada a oportunidade do progresso pelos retornos sucessivos. Necessitamos passar pelas mais diversas experiências, aprendendo a obedecer para sabermos mandar; sentir as dificuldades na pobreza para sabermos usar a riqueza. Repetir muitas vezes para absorver novos valores e conhecimentos. Desenvolver a paciência, a disciplina e o desapego aos valores materiais. São necessárias existências de estudo, de sacrifícios, para crescermos em ética e conhecimento. Voltamos ao mesmo meio, frequentemente ao mesmo núcleo familiar, para reparar nossos erros com o exercício do amor. Deus, portanto, não pune nem premia; é a própria lei da harmonia que preside à ordem das coisas. Agirmos de acordo com a natureza, no sentido da harmonia, é prepararmos nossa elevação, nossa felicidade. 

Não usamos o termo "salvação", pois historicamente está vinculado ao salvacionismo igrejista, uma solução que vem de fora. Na realidade aceitamos a evolução, a sabedoria e a felicidade para todas as criaturas. "Nenhuma das ovelhas se perderá", disse Jesus. Fazendo-nos conhecer os efeitos da lei da responsabilidade, demostrando que nossos atos recaem sobre nós mesmos, estaremos permitindo o desenvolvimento da ordem, da justiça e da solidariedade social tão almejada por todos.






Dr. Ricardo Di Bernardi
Homeopata e Presidente do ICEF







(Publicado no Boletim GEAE, nº 459, 15 de julho de 2003)

Fonte: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/geae/salvacao-nao-obrigado.html
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal