A solução do problema central do homem, que se obstina em ver suas negatividades, seus defeitos como algo a ser destruído e combatido por todos os meios possíveis, está, ao contrário, em compreender o "segredo" escondido por trás do mal aparente, em captar a essência da energia que se oculta por trás do erro e do pecado e virá-la de cabeça para baixo.
De fato, toda a nossa impureza, toda a nossa imperfeição é uma virtude distorcida, uma qualidade invertida. Por exemplo, a agressividade e a auto-afirmação nada mais são que a manifestação da vontade do Eu degradada e utilizada num nível inferior. O apego, o amor possessivo e egoísta não passam de aspectos do amor do Eu contaminados pelo egoísmo e pelo medo do eu inferior.
Tudo provém do Eu. Não há nada no homem que não seja de origem divina ou não tenha o seu justo lugar em sua natureza. Todavia, durante o longo período em que ainda não está cônscio de si mesmo, o homem vive mecanicamente, cria para si um eu falso e ilusório e deixa-se arrastar por seus desejos e impulsos, usando de forma distorcida e limitada as energias de seus veículos pessoais.
Às vezes pode acontecer que justamente o defeito mais enraizado em nós, e que constitui o maior obstáculo, o problema central da nossa vida, esconda a nossa mais concreta possibilidade, a força fundamental da nossa natureza. Uma vez compreendida e virada de cabeça para baixo, ela poderá tornar-se a nossa ajuda, o nosso guia, a característica predominante do nosso temperamento, que nos levará à mais elevada realização.
(...) A chave do processo de transformação e sublimação está precisamente nesta verdade, pois nesse processo não se deve destruir nada, mas aprender a reconduzir à sua verdadeira origem todos os aspectos, todas as forças que devido à inconsciência do homem se viram degradados, contaminados e estacionados em automatismos e hábitos errôneos.
O verdadeiro mal não está na energia, mas em sua utilização incorreta e, sobretudo, em manter separado o que está unido.
Assim, o bem é tudo o que tende a unir, a fazer-nos superar a divisão e o afastamento do Eu e de Deus e a reconstruir a unidade subjacente à multiplicidade e cisão aparentes.
Dra. Angela Maria La Sala Batà
Fonte: do livro "O Eu e seus Instrumentos de Expressão", Ed. Pensamento
Fonte da Gravura: Tumblr.com