quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

PERMANENTES MUDANÇAS E PERMANÊNCIA

Uma nova descoberta da Física está chacoalhando os cientistas. Trata-se da constatação definitiva de que o neutrino [1] possui massa. Isso implicará numa completa revisão da teoria fundamental que descreve os tijolos básicos do Universo, o chamado Modelo Padrão. Além disso, essa constatação tem implicações importantíssimas em Cosmologia. A chamada matéria escura [2], que muito tem incomodado os cientistas, poderia ser explicada como sendo formada pela soma da massa de todos os neutrinos. A notícia foi publicada no caderno Folha Ciência do jornal Folha de São Paulo, edição de 12 de dezembro de 2002, página A21 e o respectivo artigo científico foi publicado na conceituada revista "Physical Review Letters" (http://prl.aps.org).

Não é a toa que os espíritos, na questão 22 de O Livro dos Espíritos, disseram a Kardec que "... a matéria existe em estados que não conheceis. Ela pode ser, ..., tão etérea e sutil que não produza nenhuma impressão nos vossos sentidos: entretanto, será sempre matéria, ...". Mencionamos isso pois, curiosamente, nosso organismo é atravessado, num único segundo, por 50 bilhões de neutrinos gerados pelas fontes radioativas do nosso planeta, mais 100 bilhões saídos de reatores nucleares e por mais de 100 trilhões vindos do sol [3]. Neste momento eu não senti nenhum neutrino me atravessado, o leitor sentiu? Mas a verdade é que eles existem e foram confirmados em laboratório, o que confere com a afirmativa dos espíritos. Porém, não é sobre essa afirmativa que desejamos falar. Aliás, ela já é do conhecimento do leitor estudioso e não é preciso maiores comentários a respeito dos resultados científicos que estão de acordo com ela. Desejamos sim destacar uma certa fragilidade das construções teóricas da ciência frente à realidade das coisas e os cuidados que o pesquisador espírita deve ter ao relacioná-las com o Espiritismo.

Uma das questões mais fundamentais que a Doutrina Espírita trouxe é a definição do Fluido Universal. Um trecho do ítem 3 do capítulo VI de A Gênese esclarece o tema: "(...) podemos colocar, como princípio absoluto, que todas as substâncias, conhecidas e desconhecidas, por mais dessemelhantes que pareçam, seja sob o ponto de vista de sua constituição íntima, seja sob o aspecto de sua ação recíproca, não são, de fato, mais do que modos diversos sob os quais a matéria se apresenta; senão variedades, nas quais se transformam, sob direção das forças inumeráveis que a governam. (...)".

O texto acima foi escrito em 1868. Impossível enumerar as conquistas da ciência desde o ano da publicação do citado livro até os dias atuais. No entanto, o que prevalece é que esse e os outros princípios fundamentais do Espiritismo permanecem inalterados mesmo diante de tantas revoluções no conhecimento científico como o surgimento da Física Moderna que abala qualquer um com suas visões da realidade. Aprendemos com os espíritos que o Fluido Universal, princípio elementar material emanado do Criador, possibilita todas as transformações da matéria em suas diversas manifestações (incluindo-se aí o neutrino!).

O leitor poderia se perguntar: por que os fundamentos básicos do Espiritismo permanecem inalterados e atuais após quase 150 anos enquanto que o Modelo Padrão, comentado anteriormente, que possui alguns anos de vida, terá que passar por sérias revisões? Alguém poderá dizer que isso reflete a sabedoria dos espíritos superiores. Isso está correto, mas ainda não responde à questão.

Quem elucida o assunto é o professor Silvio Chibeni no artigo da referência [4]. A característica que faz a diferença é o fato de que os princípios fundamentais do Espiritismo se encontram próximos do nível fenomênico, o que permite que a teoria espírita possa ser classificada como fenomenológica [4]. No caso do Modelo Padrão, o "grau de teoricidade" é muito maior devido à grande dificuldade em obter informações através de experiências diretas. Já com o Espiritismo, vemos que a maioria dos seus princípios fundamentais são constantemente verificados cotidianamente. Chibeni cita, como exemplo, a Termodinâmica, que é uma teoria física fenomenológica desenvolvida no século XIX que passou incólume por todas as descobertas revolucionárias do século passado.

É preciso, portanto, enfatizar o cuidado que os estudiosos e pesquisadores espíritas devem ter ao buscarem nas ciências básicas confirmações para os princípios espíritas. O exemplo ocorrido com os neutrinos reflete, como dissemos, a fragilidade das teorias científicas, mormente, as da Física Moderna. Existem exemplos de enganos sérios na literatura espírita como o caso discutido pelo prof. Ademir Xavier Jr. na referência [5].

Agora, um exemplo que nos chamou a atenção pelo fato de ser conhecido de todos nós é o que está acontecendo com o famoso livro "O Tao da Física" [6]. A crítica a esse livro foi divulgada pelo filósofo Ken Wilber, no livro "Quantum Questions" [7]. Segundo Wilber, Capra baseou seu livro sobre os paralelos entre a física de partículas e o Budismo numa teoria em particular conhecida como a Teoria do Bootstrap. Essa teoria diz que não existem objetos irredutíveis e sim relações auto-consistentes entre eles. Porém, hoje em dia, a maioria dos físicos acredita nos objetos irredutíveis (quarks, leptons, bosons), e o Modelo Padrão é a teoria que os descrevem mais aceita na atualidade. Por melhor que tenha sido a intenção de Fritjof Capra, o conteúdo de "O Tao da Física" simplesmente não pode ser mais considerado um "Tao" de acordo com o significado da palavra [8].

Podemos concluir daí que a sabedoria dos espíritos e, também, a de Allan Kardec foi além do que imaginávamos. Kardec poderia ter desejado formular propostas teóricas para, por exemplo, explicar a natureza dos fluidos espirituais ou do perispírito e, ainda, os mecanismos da interação com a matéria. Porém, se limitou a discutir a necessidade da sua existência e importância na relação entre espírito e matéria. Se Kardec tivesse tentado formular uma teoria dessas, com base nos conhecimentos da época, provavelmente a Doutrina Espírita teria caído no esquecimento como tendo sido mais uma teoria sem comprovação prática que utilizou princípios teóricos ultrapassados. Porém, ao situar-se bem próximo aos fenômenos, ele selou o Espiritismo com a garantia de resistência a qualquer crítica futura. Como Kardec mesmo disse no ítem VII da Introdução do Livro dos Espíritos "Na ausência de fatos, a dúvida é a opinião do homem prudente." [9]. Por isso, caros irmãos espíritas, cuidado na formulação de teorias desta ou daquela natureza!

Concluindo, devemos ter cuidado ao utilizarmos as teorias modernas das várias ciências na tentativa de validar o Espiritismo porque enquanto a maioria delas ainda passa por Permanentes Mudanças algumas outras, incluindo-se o Espiritismo, possui um conjunto de princípios básicos Permanentes, devido ao fato de estarem mais ligados aos fatos. A consequência direta dessa análise é o fortalecimento de nossa fé (com base nos raciocínios) nessa Doutrina que nos esclarece e orienta sobre a nossa verdadeira origem e o nosso verdadeiro destino.




Alexandre Fontes da Fonseca





Fonte: RIE - REVISTA INTERNACIONAL DE ESPIRITISMO, ANO LXXVIII, N. 2, p.93, (2003).
Fonte da Gravura: www.i-cpan.es




Referências e comentários:

[1] Partícula elementar da família dos chamados leptons que não possui carga elétrica. Sua existência foi primeiro prevista por Wolfgang Pauli(1900-1958) em 1930, e foi confirmada, experimentalmente, nos anos 50. Ver referência (3).

[2] A matéria escura é uma matéria presente no universo que foi denominada dessa maneira por não emitir radiação detectável. Sua existência foi inferida através do efeito gravitacional sobre outros corpos celestes visíveis. Os estudos indicam que se o neutrino tiver massa, mesmo que bem pequena, os efeitos gravitacionais acima mencionados seriam perfeitamente explicados. Veja referência (3).

[3] Adriano A. Natale e Marcelo M. Guzzo, Ciência Hoje, vol. 25, n.147, p.32 (1999).

[4] Silvio S. Chibeni, Reformador, junho, p.176 (1994).

[5] Ademir L. Xavier Jr., Reformador, agosto, p.244 (1995).

[6] F. Capra, O Tao da Física, Editora Cultrix LTDA, 15a. Edição, (1993).

[7] K. Wilber, Quantum Questions, Shambhala Publications, Boston (2001).

[8] "TAO" significa "caminho".

[9] Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Edições FEESP, 9a. Edição, (1997).

O SIMBOLISMO DA ÁGUA E A INICIAÇÃO

(...) A simbologia fala uma linguagem própria que é bem compreendida pelo ser interno. É um método que permite participar na experiência de caráter sagrado. Os símbolos podem ser qualquer coisa – gestos ou atos, objetos naturais ou fabricados pelo homem, palavras orais ou escritas, imagens ou sons, pessoas ou lugares. (...)


A água é um símbolo universal, pois sua natureza representa muitas ideias e coisas. A água limpa, e, nos rituais de todas as religiões do mundo, as pessoas se lavam, simbolizando que assim ficarão purificadas, tanto espiritual como fisicamente.

A água refresca, por isso, em algumas religiões, as pessoas se banham nos rios para experimentarem uma regeneração de energia e sentirem-se unidas à fonte dessa energia. A água dá vida. Por este motivo, os rituais de iniciação que marcam o começo de uma nova forma de vida, com frequência, incluem a lavagem ou a imersão na água.

A água também causa a morte. Em alguns mitos religiosos ela simboliza o estado caótico das coisas antes do começo da vida. Em outros sistemas, a morte é o oceano que, ao cruzar, não há retorno. Em situações perigosas, tais como as produzidas pelas tormentas no mar, a água representa, de forma inconfundível, a morte; todavia, em situações harmoniosas, como no crescimento dos cultivos, ela simboliza a vida.

Através dos tempos, a água tem sido utilizada de várias formas nos rituais. Certos ritos e cerimônias incluem imersões totais na água, ou só se derrama ou se borrifa sobre a pessoa. As pessoas têm participado destes ritos desde muito antes da era cristã, e os cristãos, posteriormente, adaptaram o rito sacramental do batismo, no qual a água, como símbolo natural, assinala a morte e a ressurreição do Mestre Jesus.

Desde os primeiros tempos do cristianismo, o batismo tem sido considerado um ritual apropriado para iniciar novos membros na comunidade cristã, unindo-os simbolicamente com Jesus no mistério de sua morte e ressurreição. A submersão na água simboliza a morte de Jesus, e o emergir dela é um sinal de renascimento. Foi assim que o batismo se converteu em uma iniciação de renascimento do candidato, e indicava que em sua vida haveria de operar-se uma transformação ou troca.

A longa história do uso da água como símbolo de iniciação e reconciliação, remonta à história bíblica israelita e ao judaísmo. Uma das razões pelas quais ela adquiriu um simbolismo tão extraordinário, foi a separação das águas do Mar Vermelho, que permitiu a passagem dos israelitas quando saíram do Egito. Mais tarde, os mesmos usaram a água em suas liturgias como recordação do êxodo, e a celebração em grupo significava que aceitavam, em suas próprias vidas, a aliança estabelecida durante sua viagem do Egito à Terra Prometida. Os historiadores religiosos narram que, quando um indivíduo recém convertido ao judaísmo era batizado, o batismo  compensava o fato de seus antepassados não terem cruzado as águas durante o êxodo. (...)

(...) Muitas cerimônias religiosas são parecidas às iniciações das Escolas de Mistérios. As cerimônias de iniciação são, de fato, uma apresentação dramática de ideias esotéricas ou místicas. Incitam a uma série de emoções, desde o temor até o estado de êxtase. Provavelmente a mais proeminente cerimônia dos mistérios do Egito foi a “Paixão do Deus Osiris”. Estava relacionada com a morte e ressurreição de Osíris, e sua imortalidade como deus. Os acontecimentos que tradicionalmente se acreditou que haviam ocorrido na sua vida, eram representados na forma de drama. Estes ritos desempenharam um papel similar aos dramas da paixão que hoje em dia se realizam na Europa e em muitas outras partes, e que representam a Crucificação e Ressurreição de Cristo.

Heródoto, o eminente historiador grego, e Plutarco, um filósofo místico, relataram que no Egito se reservava uma iniciação especial para uns poucos eleitos, o qual superava o rito oficial da “Paixão de Osíris”. Os candidatos tinham de atravessar por um lugar, que representava artificialmente o outro mundo, onde os altares dos deuses lhes eram revelados. O procedimento consistia em colocar a prova a dignidade do candidato. Se pensou que à meia noite era o melhor momento para conferir as iniciações, muitas das quais eram realizadas sobre uma extensão de água, como no Lago Sagrado de Karnak, que ainda existe. O simbolismo da água teve um papel muito importante como símbolo purificador, e representava o tema vida-morte, ressurreição e imortalidade.

Na Grécia também eram celebrados ritos de iniciação, dando ênfase aos mistérios ou ao conhecimento esotérico. Quando a palavra grega que significa iniciação é traduzida literalmente, conota “consumação”, realização, logro. E essa consumação era revelada ao iniciado através dos elementos dos mistérios, representados em ritos que eram como dramas.

Um exemplo disso foram os Mistérios Eleusinos na Grécia. Conta-se que anualmente viajavam a Eleusis 100 mil candidatos para tomar parte neste rito. Um iniciado eleusino exclamou: “Graças a estes maravilhosos mistérios que provém dos deuses, a morte já não é um mal para os mortais senão uma bênção”. O jejum, a abstinência dos prazeres dos sentidos e o banho ritual serviam, com frequência, como preparação para estes ritos. Sob a dominação de Atenas, seus cidadãos não eram admitidos na área sagrada de Eleusis, sem antes passar pela formalidade de uma cerimônia de iniciação. Hoje em dia, organizações como a Ordem Rosacruz e a Ordem Maçônica, perpetuam alguns dos ritos das Escolas de Mistérios Eleusinas.

As iniciações fazem parte de nossa vida muito mais do que imaginamos. Em todos os casos, são um novo começo, um novo ponto de partida para as atividades de nossa vida e de nosso pensamento. Após cada uma delas ficamos com a sensação de haver renascido, de haver despertado um conhecimento novo que descarta o antigo. O simbolismo tem um papel muito importante nessa transformação ou troca. O eminente psicólogo, Carl Jung, advertiu que os símbolos são de grande importância, pois representam as forças psíquicas do mundo. Os chamou de “arquétipos”. Em suas obras, menciona, com frequência, um “inconsciente coletivo”, além do inconsciente pessoal. Segundo Jung, o inconsciente coletivo é a consciência primordial de todas as raças humanas que, no fundo, é a mesma em todas as pessoas.

A “psique” é a energia da alma da humanidade. Isso explica porque diversos povos, de épocas diferentes, têm usado a mesma simbologia em seus rituais. Os símbolos são inatos na humanidade, habitam o inconsciente coletivo. Sendo um elemento mutável, que a todos rodeia, a água continua sendo um símbolo importante de desenvolvimento e de transformação, especialmente para os estudantes Rosacruzes.

(Texto adaptado)




Phyllis Bordman, FRC






Ordem Rosacruz (AMORC)
www.amorc.org.br
Fonte da Gravura: http://ordemrosacruzjequie.blogspot.com.br/

FELICIDADE E PAZ DEPENDEM DA BAGAGEM INTERIOR DAS PESSOAS

Se o desenvolvimento dos recursos morais e espirituais for negligenciado, lembre-se, você estará escolhendo ignorar o provimento de paz e felicidade. Felicidade e paz não acontecem automaticamente quando uma pessoa está bem alimentada, bem vestida, bem abrigada e até mesmo educada com um alto padrão e empregada em condições confortáveis, sem prejuízo à saúde ou segurança. Há milhões que têm estes em abundância e ainda estão preocupados com o sofrimento ou são muito descontentes. Felicidade e paz dependem da bagagem interior das pessoas, não de habilidades ou riquezas exteriores. Todos são fundamentalmente divinos e, assim, naturalmente, quanto mais manifestarem os atributos Divinos de Amor, Justiça, Verdade e Paz, mais contentamento poderão dar e se alegrarem! Se você escolher manifestar menos dos atributos divinos, mais envergonhado você deveria ficar, pois estará vivendo contra a sua própria herança! (Discurso Divino, 3 de agosto de 1966)




Sathya Sai Baba





Fonte: http://www.sathyasai.org.br/
Fonte da Gravura: Tumblr.com