sábado, 30 de março de 2024

QUEM É O TODO ?


E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. (Mateus 22:36)

Para poder cumprir isso é preciso entender quem é o Todo. (Aton)

Quando usamos um microscópio podemos ver pedaços cada vez menores de matéria. Com um microscópio eletrônico podemos “ver” até o mundo atômico. Mas, se nos aprofundássemos mais e mais o que “veríamos”? Depois dos átomos temos os prótons, elétrons e nêutrons. Os prótons são formados por quarks. É neste ponto que a ciência chegou até o momento. Existem duas interpretações a seguir: uma diz que “abaixo” do nível dos quarks estão as supercordas e outra diz que existe o Bóson de Higgs; o campo que dá massa à tudo o que existe.

“Abaixo” disto existe o que? O Vácuo Quântico. Um infinito campo de energia primordial. É dele que “emerge” tudo o que existe. A energia que “emerge” e que entra em contato com o campo do Bóson de Higgs (que também “emerge” do Vácuo Quântico) é que dá massa aos quarks que forma os prótons que forma os átomos que forma as moléculas que forma as células que forma os órgãos que forma o corpo de qualquer ser orgânico. O ser humano por exemplo.

Esta é a realidade pura e simples. Tudo vem do Vácuo Quântico. Ele é tudo o que existe. Tudo o demais é uma emanação dele ou uma organização ou auto-organização dele. (Por enquanto estou usando minúsculas para ser didático). As demais interpretações são metafóricas. E qualquer metáfora é válida desde que entendida que é uma metáfora.

Tudo o que existe é formado pela energia primordial. Este vácuo Quântico está presente em tudo. Desde o nível do oceano primordial de energia (do qual tudo emerge) até as galáxias, aglomerados de galáxias e o universo inteiro. Nada está fora do Vácuo Quântico. Ele é tudo o que existe. Estou simplificando para ficar mais fácil de entender.

É de importância fundamental entender isso. Não existe nada que não seja o Vácuo Quântico. Ele é a energia que está presente em tudo. Ele é energia. Não tem massa ou matéria para ficar claro. É pura energia. A massa só aparece quando a energia entra em contato com o campo do Bóson de Higgs (que também vem do Vácuo Quântico). Estou repetindo para ficar claro, pois até hoje isso não foi entendido quando se fala do versículo acima. Sem entender qual era a intenção ao dizer uma coisa fica-se sujeito a n interpretações. Daqui a muito tempo a física aceitará isso. Por enquanto estamos vivendo na filosofia materialista. E o resultado está ai.

Quando as pessoas entenderem que são formadas pelo Vácuo Quântico e que tudo também o é, todos os problemas desaparecerão. Tudo estará resolvido.

Ser formado pelo Vácuo Quântico significa que a essência dele está dentro de todas as pessoas. Essa essência é o que se chama Centelha Divina. Um “Átomo” do Vácuo Quântico. Como se fosse uma impressão digital dele. Cada ser que existe tem uma Centelha Divina individual e individualizada. Emanada do Vácuo Quântico. A Centelha é o próprio Vácuo Quântico. Entender e reconhecer isso é o que se chama Iluminação. Iluminado é o ser que sente isso. Sentir é a palavra-chave aqui. Sem sentir não se aceita a Centelha Divina e portanto as guerras continuam e continuarão até que isso seja sentido.

Portanto, para se amar o Todo é preciso sentir que o Todo é a essência de tudo o que existe. No nível mais profundo o Todo e a pessoa são a mesma coisa. Só que a pessoa tem de sentir isso. Quando a pessoa sente isso ela passa a deixar que o Todo resolva tudo. É o que se fala sobre “abandonar” o ego. Deixar a Centelha agir. Deixar os interesses particulares de lado e deixar a Centelha guiar tudo. Sem isso a pessoa tentará dirigir a própria vida com a sua mente. E nesse ponto os problemas aparecerão inevitavelmente, pois deixar o Todo de lado e querer dirigir a própria vida (que é formada pelo Todo) é uma coisa completamente ilógica e não tem como funcionar. Soltar o ego e deixar a Centelha cuidar de tudo é a única solução. Isso não quer dizer não fazer nada, não trabalhar, não estudar, etc. É justamente o contrário. Temos de fazer o máximo que estiver ao nosso alcance para que a Centelha possa atuar. Lembram-se de que a Centelha está dentro do nosso corpo? O corpo é o veículo da Centelha. É preciso que o veículo seja o melhor possível.

Os problemas aparecem mais e mais até que a pessoa entenda e aceite que a Centelha Divina existe. Não há necessidade de sofrimento para entender isso. Basta aceitar e tudo está resolvido. O sofrimento vem de resistir a entender que tudo é o Todo. E que o Todo é tudo o que existe. Não é possível estar dentro de um corpo (como uma célula de um fígado, por exemplo) e não aceitar que está dentro do fígado. Nós estamos “dentro” do Todo. O Todo está dentro de nós. Tudo é o Todo.

Evidentemente que o que está escrito acima até hoje não foi entendido e nem aceito. É óbvio. Vejam o que acontece no planeta Terra!

É por isso que toda pessoa que lê esses versículos acha que é o resumo perfeito da fórmula para ser feliz e ao mesmo tempo vê que isso não é aplicado praticamente em lugar algum. E a aplicação disto só acontecerá quando a Centelha Divina for aceita e sentida. Ou vocês acham que o mundo dos negócios poderia continuar a ser do jeito que é se a Centelha fosse sentida?



Hélio Couto
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Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/%C3%A1tomo-logotipo-ci%C3%AAncia-1472657/

REFLEXÕES DE SÁBADO SANTO


Por um tempo, a morte parece uma realidade abstrata de nossas vidas. Passada aquela breve imortalidade da juventude, e com a primeira experiência de perda de um ente querido, a morte surge como uma possibilidade real. Mesmo quando temos a graça inexplicável de acompanhar alguém que amamos até aquele momento em que a morte “foi consumada” e ele suspira pela última vez enquanto seguramos sua mão, o verdadeiro momento cai como a lâmina de uma guilhotina. Como no Sábado Santo, encontramos um grande silêncio, uma ausência e um vazio sem fundo.

A forma como uma pessoa morre pode ampliar a porta pela qual a graça da morte - que nos obriga a enfrentar a verdade nua e crua - nos invade. Nesse transe, enquanto espera na cruz, você pode se sentir em paz, confiante e até surpreendentemente maravilhado com o que está vendo, o que o chama e o acolhe. Passamos a perceber parte dessa realidade vendo como eles a percebem.

Por um momento, devido ao nosso ego irritante, podemos sentir-nos ignorados e esquecidos, à medida que o nosso ente querido fica irresistivelmente imerso no que está a ver. Com o seu último suspiro, esta visão partilhada parece chegar ao fim, como o cair da cortina no final da performance. Ficamos sozinhos com a memória, num mundo desolado em que ela abandona todas aquelas manifestações com as quais a conhecemos.

Nunca foram escritas palavras mais poderosas do que aquelas que ouvimos ontem para comunicar este mistério, paz com dor e pesar doloroso. Vemos o que eles viram do que ele estava vendo através de uma memória transmitida por aqueles que estavam ali e foram transformados por aquilo que observaram e não souberam explicar. Porém, ao contrário do que costuma acontecer, a memória não começou a desaparecer no dia seguinte para eventualmente chegar ao grande esquecimento que tudo consome. A mão que seguramos começa a perder o calor humano, ainda maravilhoso, mas não mais o da pessoa que amamos e perdemos.

Enquanto chorava, Maria olhou para o sepulcro… “levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”.

O Sábado Santo é um estado de espírito: um espaço de transição entre o que sabemos e o que não sabemos. Está muito cheio de vazio, a ausência é muito presente e o silêncio é ensurdecedor.

Não vamos imaginar nada. Hoje é um dia em que meditar é uma prioridade.



Laurence Freeman, OSB



Fonte do Texto e da Gravura: WCCM Espanha
Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.