Todo desejo satisfeito conduz a uma desilusão. Se o homem quer entrar no desígnio de Deus, empreenderá os trabalhos da vida por ele mesmo, para engrandecer esta vida. Mas não somos capazes de uma tal abnegação ao dever; só queremos aceitar aborrecimentos para obter algum benefício pessoal. Então, a Natureza nos trata como crianças, nos mostra o incentivo dos gozos: o amor, aos apaixonados; a riqueza, aos invejosos; a glória, aos ambiciosos; a ciência, aos inteligentes; o sossego dos pequenos ganhos, aos medíocres. E, para conquistar esses espelhismos (miragens, ilusões), todas as fadigas nos parecem doces. Mas, na hora da morte, apesar de nosso egoísmo, sem dúvida teremos sido úteis. Pouco a pouco aprendemos a trabalhar não mais para nós mesmos, mas para o bem geral. Assim, o sofrimento é verdadeiramente um benefício. A alegria de viver também é um benefício. Essas duas irmãs vêm, sucessivamente, visitar nosso espírito. Mudam somente de vestes até que percebamos, por trás delas, sua mãe sempre jovem: a Vida. E nosso ser total se desenvolve em todos os sentidos, como uma árvore robusta que resiste às outras e por suas raízes profundas e por seus galhos estendidos ao sol, e extrai da terra e do céu o duplo alimento de seu crescimento secular.
Paul Sédir (Yvon Le Loup)
Fonte: do artigo "O Caminho para Deus"
Tradução feita pela Sociedade das Ciências Antigas, autorizada pelo
GEIMME - Grupo de Estudios e Investigaciones Martinistas y Martinezistas de España
Boletín Informativo 08 - Noviembre de 2006
Fonte da Gravura: Tumblr.com