terça-feira, 3 de janeiro de 2023

TRANSCENDER-SE A SI MESMO


A meditação está ligada ao desapego. E em nosso vocabulário religioso ocidental, não há palavra tão incompreendida quanto desapego. A meditação pode apresentar problemas ou complicações incomuns para as pessoas por causa dessa palavra. Desapego pode geralmente parecer para nós como uma espécie de indiferença platônica gelada, e isso é algo que afastou a maioria de nós quando nos deparamos com a palavra em meio a muito rechaço espiritual do passado ao discutir a vida cristã numa visão de mundo amplamente negativa ou distanciamento repressivo.

No entanto, acredito que o desapego é a lição mais importante que a meditação ensina aos homens e mulheres ocidentais hoje, afetados por essa cultura religiosa frequentemente mal enfatizada.

O desapego não é uma dissociação ou uma evasão de seus problemas ou de suas responsabilidades. Não é uma negação de amizade, afeto ou mesmo paixão. O desapego é, em essência, o desapego da preocupação consigo mesmo, daquela mente muitas vezes inconsciente que me coloca no centro de toda a criação.

O desapego está igualmente relacionado com o compromisso de amizade, com a fraternidade duradoura, com um Amor inalcançável e auto transcendente. O desapego torna possível o Amor porque o Amor só é possível se nos desapegarmos da preocupação consigo mesmo, se sairmos do auto isolamento, se nos libertarmos da auto satisfação. É o desengajamento que nos liberta da complacência... Acima de tudo, e esta é a importante lição que temos que aprender na meditação: o desapego é a liberação da ansiedade que temos sobre nossa própria sobrevivência.

A vida ensina-nos que o Amor é essencialmente nos perder na grande realidade do outro, dos outros e de Deus. Deixar de lado nosso egocentrismo nos liberta pelo Amor para que não sejamos mais dominados pela busca animal pela sobrevivência. O desapego exige plena confiança humana: confiança no outro, também nos outros e em Deus. Requer a disposição de deixar ir, abrir mão do controle e deixar estar.



Fr. John Main, OSB




Fonte: do livro "O Coração da Criação", Canterbury Press, 2007
Traduzido para o espanhol por Lucía Gayón, e para o português por este blog.
PERMANECER EN SU AMOR - Coordenadora: Lucía Gayón - Ixtapa, México
www.permanecerensuamor.com - permanecerensuamor@gmail.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

DOIS ASPECTOS DA SENSIBILIDADE


O sofrimento está ligado à sensibilidade. Quanto mais sensível um ser se torna, mais sofre, mas é preferível sofrer e ser sensível a não sofrer e ser como uma pedra. Deve-se ser sensível, mas sem cair na sensibilidade doentia, na pieguice. Muitas pessoas não estão minimamente esclarecidas sobre esta questão; têm medo de ser sensíveis e tornam-se como pedras. Não, é preferível passar pelos sofrimentos e aumentar o seu grau de sensibilidade, porque é o grau de sensibilidade que determina a grandeza, a elevação do ser humano. Segundo os Iniciados, ser sensível é ser capaz de sentir cada vez mais a beleza, o esplendor, a riqueza do Céu, de captar melhor as maravilhas do mundo divino e não continuar a sentir tanto a maldade e a estupidez de certas criaturas. Os grandes Mestres e, acima deles, os Anjos e os Arcanjos, já não sofrem com a fealdade, já nem a veem; só veem a beleza e vivem incessantemente na alegria.



Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal