quinta-feira, 30 de julho de 2020

A CONSCIÊNCIA DA PRESENÇA DIVINA


[...] Quando um indivíduo começa a entregar-se a Deus, procurando sempre conhecer a Sua vontade e ser instrumento para o Seu desempenho, a palavra de Deus se torna o verdadeiro Cristo nele, que o habilita a ser uma luz para este mundo e um servo de todos.

Quando mantemos nossa consciência ocupada com a palavra de Deus, atraímos a harmonia, a paz, a prosperidade, a saúde e a graça que fluem d’Ele. Na medida em que vivemos nossa vida separados da palavra de Deus, causamos a experiência mundana da carência, da limitação, da guerra, da discórdia ou desarmonia a nós mesmos.

Quando deixarmos o Verbo habitar em nós, o Verbo se tornará carne e morará entre nós; e a paz e a prosperidade serão a lei para nossa família. Se deixarmos de nos firmar na Presença do Senhor — levantando pela manhã, tomando banho, vestindo-nos, indo para o trabalho, dirigindo a família — e não preenchermos nossa consciência com a palavra de Deus, provavelmente estaremos nos tornando vítimas de tudo o que acontece no mundo. Então, retornamos às nossas velhas ideias pagãs de culpar a Deus. Deus nunca nos abandona, nós o abandonamos. Não há melhor modo de abandoná-lo do que acreditar que a influência divina não é maior do que a influência de uma bomba, de um germe ou de um tirano.

No momento em que começamos a temer qualquer poder, seja ele o poder de uma pessoa, de uma coisa, ou de uma ideologia, abandonamos a Deus. Quando permitimos que o medo de nosso corpo ou o medo da enfermidade entre em nosso pensamento, abandonamos a Deus, pois abandonamos a percepção interior e o conhecimento que cada um de nós deve ter de que Deus é maior do que essas coisas. Nós tememos apenas porque acreditamos que o que tememos tem mais poder do que o Deus que adoramos. [...]


Joel S. Goldsmith



Fonte: do livro "O Despertar da Consciência Mística", Ed. Pensamento
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/c%C3%A9u-nuvens-nuvens-se-formam-3545866/

A HARMONIA NECESSÁRIA


[...] A harmonia é necessária, e o bem-estar a ela nos conduz. Mas pode-se confundir isso com prazer. O prazer traz uma insatisfação crônica, uma ansiedade eterna e uma sede insaciável. Há os que acreditam que a única batalha é aquela contra a dor, e que o mais não conta. Porém, não sabem o que representa a batalha contra o sentido de prazer.

A situação da Terra está de tal forma que ao homem não importa quem sucumba, nem os meios usados para concretizar os fins que almeja. Desse modo, é automaticamente perseguido por outros homens, no afã de conseguirem meios propícios para lograr o próprio prazer. Vêm assim as enfermidades incuráveis, a dor, a tristeza e a morte que vedes em torno.

Quando submergidos no prazer, a dor os consome, e ilusoriamente tratam de não vê-la. Para se tranquilizar, sonham com a imortalidade e com a panaceia curativa. [...]


Trigueirinho



Fonte: do livro "ERKS, mundo interno", Ed. Pensamento
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DESILUSÃO - A DEMOLIÇÃO DAS ILUSÕES


[...] Conhecer e, ao mesmo tempo, compreender é, sem sombra de dúvida, raro e é o resultado de um amadurecimento interior que torna o homem capaz de transformar as suas convicções mentais em realização e de unir a sabedoria à consciência.

Para tornar mais claro aquilo que estamos dizendo gostaria de citar também Erich Fromm que, em seu conhecido livro Avere o Essere (Ter ou Ser), faz uma distinção entre “ter conhecimento” e “conhecer”.

Ele diz que o verdadeiro conhecer baseia-se na modalidade do ser, pois não é um acúmulo de ideias nem de teorias, mas uma capacidade da mente de ir além da aparência das coisas, de ir além da lógica comum, de ir além dos esquemas, das etiquetas, dos condicionamentos culturais e sociais e colher a verdadeira essência e o real significado daquilo que queremos conhecer.

Ele escreve: “O verdadeiro conhecimento tem início com a demolição das ilusões, com a ‘desilusão’. Conhecer significa penetrar sob a superfície, com a finalidade de alcançar as raízes e, portanto, as causas; conhecer significa ver a realidade tal como ela é.” (De Avere o Essere, p. 63.)

Essa “demolição” ou “desilusão”, a que se refere Erich Fromm, corresponde à purificação da mente de que fala o esoterismo e à libertação dos condicionamentos que ocorre com o despertar da verdadeira consciência que começa a iluminar o intelecto.

De fato, quando as duas modalidades, a do conhecer e a do ser, se aproximam, o homem passa por uma fase evolutiva em que começa a sentir a necessidade de fazer uma 'tabula rasa', de negar tudo aquilo em que acreditava antes, todas as convicções e teorias às quais estava apegado e que agora parecem falsas, ilusórias e insatisfatórias. Na realidade, não são as teorias e as convicções que são ilusórias e erradas, mas a nossa maneira de abordá-las é que é limitada e condicionada pelo nosso estado de inconsciência e de identificação.

Essa fase de negação é indispensável porque nos despede todos os “véus” (para usar a expressão de Fromm) e nos leva depois a redescobrir as mesmas verdades com uma modalidade diferente, nova, autêntica, criativa. [...]


Dra. Angela Maria La Sala Batà



Fonte: do livro "Conhecer para Ser", Ed. Pensamento
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A PERFEITA SIMPLICIDADE DO MOMENTO


Costuma acontecer bastante de, em qualquer coisa que estejamos fazendo — sentando, andando, levantando ou deitando –, a mente frequentemente é desconectada da realidade imediata e, no lugar disso, fica absorvida em conceitualização compulsiva sobre o o futuro ou o passado.

Enquanto estamos andando, pensamos sobre a chegada, e quando chegamos, pensamos na partida. Quando estamos comendo, pensamos sobre a louça e quando lavamos a louça, pensamos em ver televisão.

Essa é uma maneira bizarra de manter a mente. Não estamos conectados com a situação presente, mas estamos sempre pensando em outra coisa. Com muita frequência somos consumidos por ansiedade e desejo, arrependimentos sobre o passado e antecipação do futuro, perdendo completamente a perfeita simplicidade do momento.


B.  Alan  Wallace



Fonte: “Tibetan Buddhism from the Ground Up”
Via https://darma.info/trechos/2007/03/frgil-simplicidade-do-momento/
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/rel%C3%B3gio-de-bolso-tempo-de-areia-3156771/

EVOLUÇÃO - AMPLIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA DE SI MESMO


O conceito de evolução é parte fundamental do pensamento contemporâneo. Diante de sua relativa simplicidade e importância, parece impossível que há muito tempo não fosse uma ideia corrente. No entanto, evolução é um fato muito recente em todo o pensamento científico, filosófico e religioso.

A antiga tradição ocidental não considerava a evolução. Tanto a tradição grega como a judaico-cristã não avaliavam a natureza, o ser humano e a vida sob a perspectiva de modificação ao longo do tempo.

O conceito de evolução também não foi considerado na Idade Média. A religião, em particular, atribuía ao ser humano uma criação especial, um ato da vontade de Deus e símbolo de seu poder e sabedoria. Criado à imagem de Deus, o homem não poderia se modificar ou ser comparado aos animais. A natureza teria sido criada para servir aos homens. Predominava a ideia de um tempo anterior de grandes realizações, uma idade de ouro, e, a seguir, a decadência. A crença na expulsão do paraíso reforçava essa noção. O passado teria sido melhor.

Mesmo durante o Renascimento (séculos XV e XVI), considerava-se que, apesar da criatividade e inventividade reinantes, os antigos continuavam sendo uma referência, que estava sendo retomada, mas não superada.

Aos poucos, porém, a perspectiva de que os antigos poderiam ser superados e o mundo aperfeiçoado foi ganhando destaque com a Revolução Científica do século XVII e com o Iluminismo do século XVIII.

Somente a partir do final século XVIII e principalmente durante o século XIX o conceito de evolução foi difundido, provocando um impacto sem precedentes em todo o sistema de pensamento ocidental. Praticamente, não houve área do conhecimento que tenha deixado de sofrer influência desse conceito, e o espiritismo não foi exceção. Codificada na época em que os trabalhos de Charles Darwin e Alfred Russel Wallace estavam recebendo grande divulgação, a Doutrina Espírita utilizou-se da evolução como um conceito chave para a compreensão da moral, da ética, do polissistema material e espiritual, da posição do ser inteligente diante da vida. Vale a pena ressaltar que Wallace, além de co-autor da teoria da evolução através da seleção natural, foi um grande estudioso do espiritismo.

Evolução, portanto, é fundamental no conjunto de conceitos que compõem o espiritismo. Sem essa ideia, o entendimento da doutrina se torna prejudicado e grande parte de seu valor como ferramenta para o crescimento pessoal e social se perde. Quando se avalia o que os espíritas entendem por evolução, percebe-se uma grande quantidade de interpretações que são inadequadas e, muitas vezes, contradizem o próprio conjunto doutrinário.

Para muitas pessoas, evolução significa simplesmente progresso, modificação para melhor, de técnicas, de equipamentos, entre inúmeras outras coisas, numa perspectiva que valoriza mais os bens materiais. Uma crença ingênua que não considera obstáculos e dificuldades surgidos com a explosão tecnológica e as questões éticas.

Algumas vezes, evolução é considerada o caminho do comportamento adequado, com objetivo definido, geralmente revelado aos homens e para o qual todos devem convergir. Evoluir seria encontrar o caminho correto, o caminho único, a trilha. Evolução, considerada dessa maneira, é designada como unicista e linear.

A evolução também pode ser considerada como uma necessidade, um impulso interno em cada pessoa, ocorrendo de forma paulatina, indefectível e continuamente, quando, então, é conhecida como necessitarista e continuísta. Ou se pode considerar que evolução só ocorre quando seguidas as normas de comportamento ideal, determinadas externamente à pessoa e ao grupo. Ou ainda, considerar que evolução significa melhora em direção à perfeição representada pela natureza ou pela divindade.

Essas várias maneiras de abordar a evolução estão em contradição com o conceito de livre-arbítrio e, portanto, não podem ser consideradas como o entendimento adequado de evolução para o espiritismo.

Para o espiritismo, evolução e progresso não significam, necessariamente, a mesma coisa. Evolução não é simplista, não se limita aos aspectos materiais, mas envolve múltiplos aspectos, em um quadro de imensa complexidade.

Para a doutrina, a evolução é pluralista, pois é considerada um processo aberto, com infinitas trajetórias possíveis. Não é linear, não há um caminho certo, mas tantos caminhos quanto o número de consciências que existem no universo.

A evolução não é apenas individual, mas do grupo de pessoas, encarnadas e desencarnadas, ao qual se está ligado. Evoluir implica em mudar a mentalidade e a massa crítica do grupo social.

Evolução não se acaba, não se encerra, não há um fim, não há um lugar a ser alcançado, pré-determinado, aonde todos, necessariamente, terão que chegar. A evolução não é considerada continuísta nem necessitarista, pois o processo não depende de uma força propulsora interna independente. Depende, principalmente, da vontade e ocorre em diferentes intensidades, na dependência do empenho que cada pessoa apresenta no sentido de sua ocorrência. O espírito conhece mais (evoluiu mais) na medida em que assume atitudes que lhe propiciam mais experiências ou na medida em que se utiliza mais intensamente das situações que enfrenta.

Evolução, para a doutrina espírita, significa modificação de comportamento pelo acúmulo, associação e operação de experiências, conhecimentos, na medida em que os limites pessoais são ultrapassados, as potencialidades são desenvolvidas e ampliadas e as capacidades ou habilidades são colocadas a serviço das pessoas com as quais se convive.

Evolução é o objetivo da vida, significa ampliação da consciência de si mesmo, da consciência de sua ligação com todos os seres do universo, da consciência do papel e da função que desempenha na estruturação inteligente do Cosmo e da consciência do significado de Deus.

Autor não citado na fonte.


Fonte: Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas
https://www.sbee.org.br/evolucao/
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/evolu%C3%A7%C3%A3o-intelig%C3%AAncia-artificial-3885331/

ORAÇÃO CONTEMPLATIVA


O homem de oração que tanto se familiarizou com as verdades de fé no estudo e na meditação e as pode relembrar numa simples intuição, só por isto não se torna automaticamente contemplativo. A oração contemplativa não consiste, estritamente, numa seca visão de poucos segundos. Ela absorve a mente e a vontade num olhar prolongado, frutuoso e amante, em que a intuição da verdade divina não acaba num instante mas permanece em nós e invade o nosso ser com insuspeitadas profundezas de sentido. Esta intuição cativa por um obscuro e inexplicável encanto. Ela não nos deixará escapar do oculto poder que trabalha nas profundezas do espírito, embora seja difícil falar do que nos acontece.


Thomas Merton, OSB



Fonte: "Ascensão para a verdade", Ed. Itatiaia, 1999, p. 154
Via Associação Thomas Merton - https://merton.org.br/
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/medita%C3%A7%C3%A3o-espirituais-ioga-1384758/