sexta-feira, 15 de maio de 2020

O PERISPÍRITO E SUAS PROPRIEDADES FUNCIONAIS


O perispírito é o órgão por excelência da alma. Ele vem resolver todas as dificuldades aparentes, explicando perfeitamente a vida. Só por ele a memória pode ter explicação razoável, assim como todo o movimento de agregação e desagregação, de fluxo e refluxo da matéria de que é constituído o corpo carnal, com a sua organização e reorganização de tecidos.

O perispírito é o conservador da forma e do equilíbrio vital; é ele que mantém a tonalidade do organismo, além das propriedades psíquicas que lhe são peculiares. Além de tudo, o perispírito não está em ação unicamente quando unido ao corpo carnal; mantém-se pronto a funcionar logo que se desembaraça do corpo físico.

Esta afirmação nada tem de estranha, quando consideramos a vida do feto no seio materno, onde é dotado de todos os órgãos, sem que, entretanto, se utilize da maioria deles. Inativos durante a vida pré-natal, os órgãos só começam a funcionar no momento do nascimento do ser, e sua ação só se estabiliza com o desenvolvimento completo do indivíduo.

Parece que a luta pela existência é que proporciona o funcionamento dos órgãos inativos, mas existentes no seio materno. Primeiro são os órgãos vocais, depois os visuais; o estômago começa a trabalhar, os pulmões a respirar; os braços, as pernas e assim por diante, até que o cérebro entre em vibrações para a rude tarefa da vida em prol da perfeição espiritual.

Uma comparação bem lembrada relativa ao problema filosófico e biológico, aplicável ao perispírito, é a metamorfose da lagarta. Allan Kardec já se havia utilizado dessa imagem que, certamente, não pode ser tomada ao pé da letra, para dar uma ideia do espírito revestido do seu invólucro corporal na vida terrestre, e do seu invólucro psíquico, na vida futura: "a lagarta encerrada na crisálida e depois renascida como borboleta, senhora dos ares". [...]

Sem o Espírito revestido do respectivo invólucro, que adquire propriedades funcionais, à medida que os seres passam, gradativamente, do animal inferior ao homem, o transformismo não passa de concepção abstrata, ao passo que, com a ideia do perispírito, tudo se concilia e melhor se esclarece, pondo nos devidos termos a explicação materialista da hereditariedade, influência do meio etc.

O conhecimento do perispírito vem, pois, trazer-nos os seguintes esclarecimentos:

1) O Espírito não é um produto dos nervos e do cérebro, pois preexiste, sobrevive e manifesta-se após a desagregação desses órgãos;

2) Possui um organismo fluídico, que o envolve durante a vida carnal e o individualiza ainda após à separação do corpo material;

3) Explica a conservação do tipo individual, apesar da renovação incessante de todas as moléculas;

4) Explica a reparação das partes lesadas;

5) Explica o equilíbrio das funções vitais apesar da renovação das células.

Além de todas essas considerações, poderíamos acrescentar que só com o auxílio do perispírito se poderão explicar as manifestações do inconsciente, tantas vezes constatadas nas sessões experimentais do nosso tempo e por todos os magnetizadores que souberam penetrar nos refolhos da psique humana.


Cairbar Schutel



Fonte: do livro A VIDA NO OUTRO MUNDO, Publicação original de 1932
Versão digital de 2011, Casa Editora O Clarim
www.oclarim.com.br
Fonte da Gravura: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2RcTJXYoDgZEViawg0_OgKXyLFOaeb8p6aQo8qi4Eal30nzRqfiqglxZgahcCr_ykWKhxvrGVexN-MzypqvojysUTDyahOFoE3TZaY_Wixw7jKkYbtWMg8hYB0mr-Lq1Tt6daZkHD-GA/s1600/corpos+(1).jpg

PERDER NOSSAS IDEIAS E IMAGENS PRIMITIVAS DE DEUS


[...] Assim, para encontrar Deus, necessitamos perder Deus – pelo menos as nossas ideias e imagens primitivas de Deus. Afastar-nos destas imagens familiares será doloroso, individualmente e para a comunidade da qual fazemos parte. É um nível profundo da nossa psique que está a ser mudado. Até para uma pessoa não religiosa, lá estará a dor de sentir que está a perder uma certa forma familiar e reconfortante de Deus. Tanto a dor como o júbilo acompanham a descoberta do mistério vivo porque os ídolos que temos de quebrar estão densamente enredados nas nossas próprias imagens de nós mesmos.

A sensação de separação de Deus, no entanto, é necessária para a individuação ou diferenciação espiritual. É particularmente dolorosa e perturbadora para as pessoas religiosas. A sua primeira lufada de ar do Reino pode ser percebida menos com uma descoberta de Deus e mais com uma perda ou até uma rejeição sacrílega do Deus que antes lhes havia sido servido de forma tão segura. Mas através do terrível vazio da ausência, Deus é encontrado… Lentamente, emerge a ideia de que perder a imagem é o pré-requisito para encontrar o original. Perder-se no caminho é o melhor caminho para buscar Deus. Esta verdade sobre a visão de Deus revela outra lei à qual podemos nem sequer nos aperceber que estamos obedecendo: para encontramos o nosso próprio ser temos de perder os seres do nosso ego. Para aprofundarmos a nossa relação, temos que largar e deixar ir o outro. A ausência, então, transforma-se, imperceptivelmente, no mistério da presença. Por fim, damo-nos conta de que a ausência de Deus não é mais do que o fracasso dos nossos poderes de compreensão para captarmos a presença real de Deus.

Tudo o que podemos dizer, com exatidão, sobre Deus, segundo S. Tomás de Aquino, é que Deus é, não o que Deus é. A nossa relação com Deus é, portanto, de natureza semelhante ao mistério que nós somos para nós mesmos. Se é verdade que Deus permanece sempre um mistério para nós, também é verdade que nós somos um mistério para nós próprios. O mistério é, no fim de contas, o facto de sequer existirmos, de existir alguma coisa. Esta perplexidade é uma qualidade humana fundamental e, segundo Aristóteles, é a chave da Filosofia. Este espanto de ser humano é condicionado pelo deslumbramento pelo mistério de Deus. Esta misteriosidade de Deus é a afirmação bíblica primordial sobre Deus. Apesar de todo o pensamento e de todos os rituais que vem acumulando, a incognoscibilidade conhecível de Deus ainda é o pivô de Teologia Cristã.

“Se o podes compreender”, diz Santo Agostinho, “então não é Deus. Se foste capaz de compreender então compreendeste algo que não é Deus. Se foste capaz de compreender, mesmo parcialmente, então enganaste-te a ti mesmo com os teus próprios pensamentos.” Esta humildade (e humor) radical face ao inefável mistério de Deus é o fundamento da Tradição Cristã. Do coração dessa tradição emana uma autoridade que liberta. Os seus mestres indicam o caminho, com um sábio desconhecimento, uma ignorância aprendida e humilde, que acede ao Reino.


Dom Laurence Freeman, OSB



Fonte: “Perder e encontrar”, in “Jesus, o Mestre Interior”
https://studylibpt.com/
Fonte da Gravura: Grev Kafi (the pseudonym of two symbolist painters, Evdokia Fidel'skaya and Grigoriy Kabachnyi, a married couple, that work in co-authorship)
http://www.grevkafi.org

ÂNFORA DE OURO - SÍMBOLOS BÍBLICOS À LUZ DA FILOSOFIA ROSACRUZ


“Antes que se quebre a cadeia de prata, e se despedace o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se despedace a roda junto ao poço”. Eclesiastes, 12:6

A cada dia que passa, se acelera mais a Evolução. Permite-se às almas renascerem dentro de um prazo mais curto. Àqueles que possuem maior desenvolvimento espiritual, se lhes proporciona todas as oportunidades possíveis, dentro das atuais condições do mundo, para fazê-los avançar em sua evolução anímica e se estimula para progredirem e aprenderem um grande número de lições no transcurso de cada vida.

Em certo sentido, as provas presentes diferem grandemente das que as precederam. Os pioneiros lêmures foram escolhidos e treinados sem seu próprio consentimento, ou seja, inconscientemente. Os selecionados da Época Atlante, os semitas originais, o foram com seu conhecimento, mas, frequentemente, sem seu consentimento. Esta a razão por que se rebelaram muitas vezes contra seu guia, violaram suas Leis, se desviaram e casaram com mulheres de raças mais atrasadas. Um curso bem diferente é o que se vai seguir na crise que ora começa.

É regra geral que, quanto mais velho seja o Ego, terá preferência em todas as linhas de evolução. As almas são velhas ou jovens segundo a rapidez com que se tenham adaptado às condições e aprendido as lições da escola da vida, através de cujas experiências percorreram o caminho da vida, ou da Evolução. Assim sendo, pouco ou nada têm a opinar a respeito de quando ou onde devam renascer. Tais decisões as tomam por eles os Senhores do Destino. Mas, conforme crescemos espiritualmente, nos concedem maior liberdade para escolher nosso próprio destino.

A humanidade primitiva se viu compelida, por Leis muito duras, a fazer o bem e a refrear o mal. De maneira similar, a parte da atual humanidade que se encontra suficientemente avançada para ser a semente escolhida de hoje, terá inteira liberdade para decidir se será ou não utilizada para esse propósito.

No “Conceito Rosacruz do Cosmo” se nos diz que, no final de nossa Época, aparecerá publicamente um Mestre; que todos aqueles que estiverem suficientemente evoluídos se reunião a seu redor e o aceitarão como guia. Esse grupo formará, então, a nova raça. Desse núcleo trata e fala o Apocalipse, capítulo 14, versículos 4 e 5:

“Estes são os que não estão contaminados com mulheres porque são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá. Estes são os que, dentre os homens, foram comprados como primícias para DEUS e para o Cordeiro. E em suas bocas não se achou engano; porque são irrepreensíveis diante do Trono de DEUS”.

Em todos os lugares se fala da Vontade de seguir.

A “gente escolhida” desta Época escolherá e não será escolhida. Não somente temos o direito de escolher nesta Época de provas, senão que saberemos, antecipadamente, o que de nós se espera. Também no final da Época Lemúrica existiu um núcleo de Egos adiantados que eram “diferentes da humanidade comum desse tempo”. A diferença principal não consistia em que esses Egos adiantados possuíssem órgãos melhor desenvolvidos, senão que possuíam a consciência de seu verdadeiro uso e propósito.

Esses pioneiros constituíram a minoria que recebeu o germe da Mente na última parte da Época Lemúrica.

A altura da Época Atlante, foi assinalada outra classe de Egos adiantados como “diferentes” da massa comum. A diferença, nesse caso, constituiu-se no grande desenvolvimento de duas coisas: pulmões que respiram ar e mentes raciocinadoras. Agora estamos nos aproximando do final da Época Ariana, e dos mais adiantados das raças arianas se extrairá a semente para a Sexta Raça Raiz.

Podemos saber exatamente em que sentido devemos ser diferentes do resto da humanidade, se quisermos ser incluídos nesse grupo dos eleitos. O requisito exigido àqueles que desejem ser escolhidos é um bem desenvolvido Corpo-Alma, ou, como chamamos em nossa literatura Rosacruz – o Dourado Traje Nupcial. “E, saindo os servos pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons; e as bodas encheram-se de convidados. Porque muitos são chamados e poucos escolhidos”.

Dourado Traje Nupcial é o termo que aplicam os ocultistas ao Corpo-Alma, o corpo que agora estamos desenvolvendo e que será utilizado como veículo na próxima etapa. Este corpo é muito belo em sua aparência. Irradia como um nimbo de luz suave e brilhante ao redor do Corpo Denso ou Físico. Quando Cristo disse: “Permiti que brilhe vossa luz” estava falando tanto em forma figurada como literalmente.

Quando grandes pintores estabeleceram o costume de pintar os Santos com um halo por trás da cabeça, ou um nimbo ao redor do corpo, foi porque sentiam que esse brilho realmente existia, pudessem ou não vê- lo. De fato, pode ser visto por pessoas que possuem pelo menos um pequeno grau de visão espiritual.

“Existe como que uma espécie de renda de matéria dourada que reverbera ou possui reflexos da mais fina contextura em volta do corpo, ressaltando todos os detalhes do Corpo Físico em um maravilhoso e dedicado tecido da mais fina trama, de modo que, se cada uma das outras matérias do corpo fosse separada, uma pessoa contemplando a forma, com vista clarividente, distinguiria uma espécie de corpo de filigrana completo em todos os detalhes”.

O Eclesiastes ensina, no capítulo 12, versículo 6:

“Antes que se quebre a cadeia de prata, e se despedace o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se despedace a roda junto ao poço”.

É evidente que está descrevendo o processo da morte. Menciona primeiro o Cordão Prateado (sua ruptura). Este é o ponto em que, se pode dizer, ocorre a morte física e constitui o fim do Corpo Denso. O Corpo Vital, do qual a Alma Dourada é a parte mais elevada, será naturalmente o próximo a abandonar-se ou “romper-se”. Depois, se segue a dissolução do Corpo de Desejos, representado por um cântaro, porque é comumente comparado ao elemento aquoso. Por último, toca a vez da liberação da roda de nascimentos.


Irene Gómez de Ruggiero



Fonte: do livro OS SÍMBOLOS BÍBLICOS À LUZ DA FILOSOFIA ROSACRUZ
Fraternidade Rosacruz Max Heindel - Centro Autorizado do Rio de Janeiro
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/flores-%C3%A2nfora-ivy-arte-abstract-2633976/