quarta-feira, 29 de julho de 2020

EM BUSCA DA ALMA


Ao considerar a possibilidade de que o homem descubra sua alma, tem que se partir de uma hipótese e aceitá-la voluntariamente, pois toda hipótese tem sido sempre o ponto de partida do conhecimento. Supomos que o homem, como hipótese ativa, é uma alma e possui um corpo, e que existe um meio unificador que os vincula como um corpo de energia.

Aqueles que trataram de comprovar a realidade da existência da alma e de seu mecanismo vitalizador, podem ser divididos em dois grupos; por um lado, estão os místicos, que empregaram a aspiração e a emoção, além dos meios físicos; por outro lado, aquelas pessoas mais puramente mentais, que utilizaram o intelecto e a mente para chegar ao conhecimento espiritual.

[...] Ambos os grupos testemunharam a verdade da existência da alma, mas limitados por sua peculiar inclinação e método, seu testemunho é unilateral. Um é excessivamente visionário, místico e emocional; o outro, demasiado acadêmico, intelectual e construtor de formas.

Agora, devido à ampla difusão do conhecimento humano e ao estreito intercâmbio existente entre as mentes por meio da literatura, da palavra falada e das viagens, chegou o momento em que é, geralmente possível, pela primeira vez, uma fusão e, como resultado das conclusões anteriores de filósofos e santos de ambos os hemisférios, deveríamos poder desenvolver um sistema e um método, que sejam o modo de conquista espiritual para nossa época e geração.

Portanto, torna-se prático dar certos passos iniciais, os quais se podem resumir do seguinte modo:

(a) O tratamento saudável do corpo físico, utilizando o conhecimento do ocidente, em particular o referente à medicina preventiva e à saúde geral do sistema endócrino;

(b) A compreensão intelectual e aplicação dos fatos básicos da psicologia moderna e de uma sã psicanálise, chegando assim a um conhecimento do mecanismo mental, emocional e físico, por cujo meio a alma trata de se expressar;

(c) O reconhecimento de que, assim como o corpo físico é um autômato que responde aos desejos e à natureza emocional, e está controlado por eles, de forma análoga estes estados emotivos de consciência (que abarcam desde o amor ao alimento até o amor a Deus) podem ser controlados pela mente racional;

(d) Do crescimento de tudo isso resultará um estudo das leis da mente e se poderá compreender e utilizar a relação entre a mente e o cérebro.

Quando estes quatro pontos forem bem compreendidos e seus efeitos se fizerem sentir na personalidade do homem, teremos um organismo integrado e coordenado; a estrutura poderá ser, então, considerada apta para ser dirigida pela alma.

[...] Até agora, o caminho da maioria tem sido o místico, e o intelectual para uns poucos, porém a espécie humana se encontra em um ponto em que, baseando suas hipóteses sobre as experiências místicas de muitos, pode progredir desde o sentimento e adoração até o conhecimento, e desde o amor a Deus até o conhecimento de Deus.

Isto dar-se-á quando o conhecimento do ocidente se adicionar à sabedoria do oriente e se impuser a técnica da ciência da alma sobre nossos tipos intelectuais ocidentais. Não é possível explanar muito sobre esta técnica. Sem dúvida, é possível descrevê-la brevemente, dividindo-a em oito etapas que podem ser classificadas como:

1. Controle de nossas relações com as demais pessoas, sintetizado pela palavra inofensividade, definida no oriente por cinco mandamentos. São eles: inofensividade, a prática da verdade, o abster-se de roubar, da incontinência e da avareza;

2. Pureza de vida, tal como é definida pelas cinco regras: purificação interna e externa, contentamento, aspiração ardente, leitura espiritual e devoção a Ishvara (o Eu Divino);

3. Equilíbrio;

4. Correto controle da força vital, e daí, ação direta da alma sobre o corpo etérico. O controle da energia dos centros e do corpo físico só é possível depois que o homem tenha obtido pureza e equilíbrio. Não é permitido ao homem conhecer as leis que regem a energia antes que ele tenha alcançado, por meio da disciplina, o controle de sua natureza animal e alcançado um ponto de onde não mais seja impelido pelos estados de tensão nem pelo egoísmo;

5. Abstração. Termo que abarca o poder de centrar a consciência na cabeça e atuar ali como alma, ou retirar a consciência exteriorizada das coisas objetivas e tangíveis, e dirigi-la novamente ao interior;

6. Atenção ou concentração. Significa viver de maneira unidirecionada e implica também colocar a mente em atividade ao invés das emoções. Assim, o homem emocional e físico é controlado pela mente enfocada;

7. Meditação. É atenção ou concentração prolongada, e proporciona o poder de enfocar a mente na alma e no que diz respeito a esta, daí produzindo mudanças radicais no organismo e corroborando a verdade da afirmação de que “como o homem pensa, assim ele é”;

8. Contemplação. É o ato da alma que, em seu próprio reino, observa as formas e estabelece contato com as energias do quinto reino da natureza, o reino espiritual. Este ato é seguido pela descida ao cérebro (por meio da mente controlada) do conhecimento e energia da alma; esta atividade da alma produz o que se chama iluminação: a energização do homem por inteiro e o despertar dos centros com um ritmo apropriado e progressivo.

Esta energia espiritual, conscientemente dirigida, atuando por meio do corpo vital e dos centros, afirma-se, deveria levar o homem material e o sistema endócrino a uma condição de perfeita saúde e, portanto, a possuir um mecanismo perfeito para a expressão da alma.

Com respeito a isso, ensina-se que o homem pode alcançar um conhecimento definido da alma e se conhecer como “o Ser mais profundo”, capaz de utilizar seu mecanismo com um fim determinado, e assim atuar como alma.


Alice A. Bailey



Fonte: do livro "A Alma e seu Mecanismo"
Fonte da Gravura: Tumblr.com

TEU LUGAR NA VIDA


Jesus entrou num dia de sábado na casa de um dos principais fariseus para aí fazer a sua refeição. Os que lá estavam o observaram. Então, notando que os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes uma parábola, dizendo: “Quando forem convidados para as festas, não tomem o primeiro lugar, para que não aconteça que, havendo entre os convidados uma pessoa mais considerada do que vocês, aquele que os convidou venha a lhes dizer: ‘dê o seu lugar a este’, e vocês se vejam constrangidos a ocupar, cheios de vergonha, o último lugar. Quando forem convidados, coloquem-se no último lugar, a fim de que, quando aquele que os convidou chegar, lhes diga: ‘meu amigo, venha mais para cima’. Isso então será para vocês um motivo de glória, diante de todos os que estiverem com vocês à mesa; pois todo aquele que se eleva será rebaixado e todo aquele que se abaixa será elevado.” (Lc 14: 1, 7-11)


Querendo ilustrar suas prédicas, como sempre de modo claro e compreensível, Jesus de Nazaré considerava, certa ocasião, como os convidados de uma festividade se comportavam precipitadamente, na ânsia de tomar os lugares principais da mesa, com isso desrespeitando os princípios básicos do bom senso e da educação.

Qual o teu lugar à mesa? Qual a tua posição no universo de ti mesmo? Essa a grande proposta feita pelo Mestre nesta parábola. Será que o lugar que ocupas hoje é teu mesmo? Ou influências externas te levam a direções antagônicas de acordo com o teu modo de pensar e agir? Tens escutado a voz da alma, que é Deus em ti, ou escancarado teus ouvidos às opiniões e conceitos dos outros?

Nada pior do que te sentires deslocado na escola, profissão, circulo social ou mesmo entre familiares, porque deixas parentes, amigos, cônjuges e companheiros pensarem por ti, não permitindo que Deus fale contigo pelas vias inspirativas da alma. Essa inadaptação que sentes é fruto de teu deslocamento íntimo por não acreditares em tuas potencialidades. Achas-te incapaz, não por seres realmente, mas porque te fazes surdo às tuas escolhas e preferências oriundas de tua própria essência.

Se permaneceres nesse comportamento volúvel, apontando frequentemente os outros como responsáveis pela tua inadequação e conflitos, porque não assumes que és uma folha ao vento entre as vontades alheias, te sentirás sempre um solitário, ainda que rodeado por uma multidão. Porém, se não mais negares sistematicamente que tuas ações são, quase na totalidade, frutos do consenso que fizeste do somatório de conselhos e palpites vários, estarás sendo, a partir desse instante, convidado a sentar no teu real lugar, na mesa da existência. Por fim, perceberás com maior nitidez quem é que está movimentando tuas decisões e o quanto de participação tens nas tuas opções vivenciais.

No exame da máxima “todo aquele que se eleva será rebaixado e todo aquele que se rebaixa será elevado”, vale considerar que não é a postura de se “dar ares” de humildade ou a de se rebaixar de forma exagerada e humilhante que te poderá levar à conscientização plena da tua localização dentro de ti mesmo. Sintonizando-te na verdadeira essência da humildade, que é conceituada como “olhar as coisas como elas são realmente”, e percebendo que a tua existência é responsabilidade unicamente tua, é que tu serás tu mesmo.

Ser humilde é auscultar a origem real das coisas, não com os olhos da ilusão, mas com os da realidade, despojando-se da imaginação fantasiosa de uma ótica mental distorcida, nascida naqueles que sempre acham que merecem os “melhores lugares” em tudo.

Vale considerar que, por não estarmos realizando um constante exercício de auto-observação, quase sempre deduzimos ou captamos a realidade até certo ponto e depois concluímos o restante a nosso bel-prazer, criando assim ilusões e expectativas desgastantes que nos descentralizam de nossos
objetivos.

Quem encontrou o seu lugar respeita invariavelmente o lugar dos outros, pois divisa a própria fronteira e, consequentemente, não ultrapassa o limite dos outros, colocando na prática o “amor ao próximo”.

Para que encontres o teu lugar, é necessário que tenhas uma “simplicidade lúcida”, e o despojar dos teus enganos e fantasias fará com que encontres a autêntica humildade.

Para que não tenhas que ceder teu lugar a outro, é indispensável que vejas as coisas como elas são realmente e que uses o bom senso como ponto de referência para o teu aprimoramento e para a tua percepção da verdade como um todo.

Procura-te em ti mesmo: eis a possibilidade de sempre achares o lugar que te pertence perante a Vida Excelsa.


Francisco do Espírito Santo Neto / Hammed



Fonte: do livro "Renovando Atitudes", Ed. Boa Nova, 1997
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/b%C3%ADblia-religi%C3%A3o-cristianismo-879084/

PREVER O IMPREVISÍVEL


A nova ciência do caos está tentando prever o imprevisível por meio de intricados modelos matemáticos. No exemplo clássico, uma borboleta bate as asas no Texas e seis dias depois tem lugar um tufão em Tóquio. A conexão pode não parecer óbvia, mas existe. Essa pequena mudança na pressão do ar causada pela borboleta pode vir a ser multiplicada e ampliada, resultando em um tornado.

No entanto, isso nunca pode ser totalmente previsto. É por esse motivo que os técnicos do serviço de meteorologia parecem errar com tanta frequência e também a razão pela qual qualquer previsão do tempo que ultrapasse as quarenta e oito horas não é confiável. No entanto, entre as possíveis ocorrências no mundo, as condições atmosféricas são mais previsíveis do que quase todas as outras coisas.

Em um nível espiritual, isso quer dizer que nunca podemos realmente saber que direção a vida irá tomar, que mudanças os pequenos bater de asas da intenção e da ação poderão causar no nosso destino. Além disso, ao mesmo tempo, também quer dizer que nunca poderemos de verdade conhecer a mente de Deus.

Jamais poderemos entender completamente a maneira, o lugar e a hora de alguma coisa, nem mesmo de algo simples como a água que ferve. Temos de nos render à incerteza, ao mesmo tempo que apreciamos sua intricada beleza.

Toda a criatividade se baseia em saltos quânticos e na incerteza. Em momentos particulares do tempo, ideias verdadeiramente originais emanam da base coletiva de informações. Essas ideias não se originaram na pessoa afortunada e sim na consciência coletiva. É por esse motivo que importantes descobertas científicas com frequência são feitas por duas ou mais pessoas ao mesmo tempo. As ideias já estão circulando no inconsciente coletivo e mentes preparadas estão prontas para traduzir essas informações.

Essa é a natureza do gênio, ser capaz de captar o cognoscível mesmo quando ninguém mais reconhece que ele está presente. Em qualquer momento considerado, a inovação ou a ideia criativa não existe e, no momento seguinte, ela faz parte do mundo consciente. Nesse ínterim, onde estava ela? Ela veio da esfera virtual, do nível do espírito universal, onde tudo é potencial. Às vezes esse potencial cria algo previsível, às vezes original, mas nessa esfera todas as possibilidades já existem.


Dr. Deepak Chopra



Fonte: do livro "A Realização Espontânea do Desejo", Rio de Janeiro: Rocco, 2005.
Tradução de Claudia Gerpe Duarte.
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/f%C3%ADsica-mec%C3%A2nica-qu%C3%A2ntica-3864564/

DA ILUSÃO NASCE O APEGO


Da ilusão, a aflição primeira, cresce a segunda aflição fundamental, o apego.

O apego não é simplesmente o desejo, mas vincula qualidades desejáveis aos objetos e encobre as indesejáveis.

O resultado é o anseio.

O apego é a conscientização deturpada na qual idealizamos um objeto: “Se eu conseguisse chegar lá, teria aquele emprego, aquela esposa, aquele carro, e, então, seria feliz”.

A idealização cria uma ficção para a qual nos inclinamos.

Quando combinamos uma pessoa com uma ficção sobreposta, podemos nos apaixonar pela ficção maravilhosa e mais tarde nos decepcionar achando que a pessoa “mudou”.


B. Alan Wallace


Fonte: “Budismo com Atitude”, cap. 2
Via: https://darma.inf
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/%C3%B3culos-lente-frame-%C3%B3culos-de-rosa-3002608/

UM CONVITE À PLENITUDE DA VIDA


Algo que aprendemos com a meditação é a prioridade do ser sobre a ação. De fato, nenhuma ação tem qualquer significado ou, ao menos, qualquer profundidade duradoura de significação, a menos que ela brote do ser, das profundezas de seu próprio ser. É por essa razão que a meditação é um caminho que nos tira da superficialidade para nos levar à profundidade. Aprender a ser é aprender a começar a vivenciar a plenitude da vida. Esse é nosso convite. É aprender a começar a ser uma pessoa completa. O mistério que envolve a revelação cristã é que, à medida que vivemos nossas vidas plenamente, vivenciamos as consequências eternas de nossa própria criação. Não mais vivemos como se estivéssemos exaurindo um limitado suprimento de vida, que recebemos ao nascer. O que conhecemos dos ensinamentos de Jesus, é que nos tornamos infinitamente preenchidos com vida, quando somos um com a fonte de nosso ser, ... nosso Criador, Aquele que se descreve a si mesmo como “Eu Sou”.

A arte de viver, de viver nossas vidas como seres humanos completos, é a arte de vivenciar a eterna novidade de nossa origem e viver completamente a partir de nosso centro, ... de nosso espírito, à medida que ele brota da criativa mão de Deus. O aspecto terrível de grande parte do estilo de vida moderno e materialista é que ele pode ser tão superficial, sem um sério reconhecimento das profundidades e das possibilidades que ali estariam para cada um de nós se apenas nos déssemos o tempo de nos dedicarmos à disciplina de meditar...

Na visão cristã, somos conduzidos a essa fonte de nosso ser por um guia, e nosso guia é Jesus, o homem completamente realizado, a pessoa completamente aberta a Deus. Ao meditarmos a cada dia, podemos não reconhecer nosso guia. É por isso que a jornada cristã é sempre uma jornada de fé. Porém, ao abordarmos o centro de nosso ser, ao entrarmos em nosso coração, percebemos que recebemos as boas-vindas de nosso guia, as boas-vindas daquele que nos conduziu. Somos recebidos pela pessoa que chama a cada um de nós para a plenitude pessoal do ser. As consequências ou resultados da meditação são apenas essa plenitude de vida-harmonia, unicidade e energia, uma energia divina que encontramos em nosso próprio coração, em nosso próprio espírito. Essa energia é a energia de toda a criação. Nas palavras de Jesus, é a energia que é amor.


Dom Laurence Freeman, OSB



Fonte:"Um chamado para a plenitude da vida" - Leitura de 31/08/2008
MOMENT OF CHRIST (NY: Continuum, 1998) pp. 110-111.
Tradução de Roldano Giuntoli
Comunidade Mundial de Meditação Cristã - www.wccm.com.br
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/flor-beleza-bloom-centro-closeup-1869123/

HOMEM INTEGRAL



O conceito de homem integral indica antes um processo do que uma substância. Um processo que tem como meta o aperfeiçoamento espiritual, contingência natural da Evolução.

Ao se vincular o conceito de homem integral com a marcha processual evolutiva, emerge imediatamente a ideia do vir-a-ser, a dinâmica do tornar-se — vir-a-ser, tornar-se, no momento futuro, cada vez mais aperfeiçoado do que se está no momento presente.

Claro que a observação desse aperfeiçoamento implica necessariamente em uma relação. Ou seja, está-se mais ou menos aperfeiçoado em comparação com alguma coisa, com algum padrão (elemento mais permanente, mais estável), que pode ser padrão de pensamento, de comportamento, de ação etc. No processo de aperfeiçoamento o padrão é um padrão cósmico.

Deve haver uma preocupação da parte dos espíritas em não confundir “homem integral” com “homem perfeito”, uma vez que o espiritismo não trabalha a ideia de perfeição, mas de aperfeiçoamento como processo.

O Cosmo é regido por leis que indicam a inteligência da Creação*, a harmonia cósmica, uma harmonia que o homem integral almeja em si, em seu eu interno e seu eu externo.

À medida que o homem vai descobrindo a expressão melhor dessas leis, vai alcançando melhor também o seu significado. Entendendo a expressão e o significado dessas leis existentes na Creação, o homem tem a oportunidade de compreendê-las e assimilá-las, conscientizando-se de que quanto mais observá-las, maior será o seu equilíbrio físico, mental e espiritual.

O homem integral é aquele que conhece tais leis e é capaz de viver de acordo com elas. E como esse conhecimento se amplia permanentemente, a partir das verdades alcançadas pela ciência, filosofia e religião, todos os dias o ser humano tem a chance de exercitar esse aperfeiçoamento.

Conhecimento e conscientização acerca da realidade cósmica, portanto, são os elementos fundamentais da condição de homem integral e os pressupostos de sua ação.

O homem integral conhece a harmonia cósmica e está conscientizado a respeito de suas características. Está consciente do processo evolutivo, da visão sistêmica do mundo; está consciente de que a manutenção do equilíbrio requer auto-aprendizado, auto-atualização permanente.

O homem integral tem consciência de si mesmo, em sua dimensão física, mental e espiritual, não descurando** de aperfeiçoar, pois, a administração das necessidades e limitações do corpo físico (incluindo desde a higiene corporal até a higiene alimentar). O homem integral tem consciência da concretude dos seus pensamentos e do que eles representam para o sentido estrutural da mediunidade, conseguindo dominar o fenômeno mediúnico, administrando-o em benefício social e próprio. Finalmente, o homem integral tem consciência de que é, essencialmente, espírito, e da significação do trabalho permanente de construção da identidade cósmica com o Creador.

A partir dessa conscientização e conhecimento, o homem integral passa a reconhecer a validade do exercício responsável, digno, dos papéis sociais que escolheu desempenhar (seus papéis familiares, profissionais, religiosos e assim por diante), posicionando-se historicamente, criticamente, no continuum espaço-tempo. E as lidas, os encontros humanos, que acontecem ou são produzidos, no cotidiano, assumem a condição de laboratórios do aperfeiçoamento espiritual, eis que envolvem situações de desafio às potencialidades humanas.

O homem integral está comprometido com o fazer crístico, tentando, insistentemente, adequar seu viver à exemplificação de Jesus. Portanto, está em ação, vivenciando princípios, mudando seu comportamento, elevando ao máximo sua interação com o meio, diminuindo as contradições entre seus valores e seu agir, intensificando sua leitura de mundo.


* A substituição da tradicional palavra latina crear pelo neologismo moderno criar é aceitável em nível de cultura primária, porque favorece a alfabetização e dispensa esforço mental – mas não é aceitável em nível de cultura superior, porque deturpa o pensamento. Crear é a manifestação da Essência em forma de existência – criar é a transição de uma existência para outra existência. O Poder Infinito é o creador do Universo – um fazendeiro é criador de gado. (Observação contida nas obras do Prof. Huberto Rohden)

** descuidando, negligenciando, esquecendo etc.



Fonte: Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas (não cita o autor)
https://www.sbee.org.br/evolucao/
Fonte da Gravura: Tumblr.com