domingo, 17 de janeiro de 2016

OS FATORES DO MEDO 2

Quando você está livre do medo, há o forte sentimento de ser bom, de pensar com muita clareza, de olhar as estrelas, de olhar as nuvens, de olhar os rostos com um sorriso. Quando não há medo, pode-se ir muito mais longe. Então você pode descobrir por si mesmo aquilo que o homem tem buscado ao longo de gerações. Em cavernas no sul da França e no norte da África, há pinturas de 25000 anos de animais lutando com homens, figuras de veados, de gado. São pinturas extraordinárias. Elas mostram a luta infinda do homem, sua batalha com a vida e sua busca da coisa extraordinária chamada Deus. Porém, ele nunca encontra essa coisa extraordinária. Você só esbarra com ela no escuro, involuntariamente, quando não houver nenhum tipo de medo. (Krishnamurti on Education, p. 38)

Onde está a segurança? Pode não existir nenhuma segurança, afinal. Apenas pense sobre isso, senhor, perceba a beleza disso – não desejar nenhuma segurança, não ter nenhuma compulsão, nenhum sentimento em que haja segurança. Em suas casas, em seus escritórios, em suas fábricas, em seus parlamentos e assim por diante, há segurança? A vida não pode ter segurança; a vida existe para ser vivida, não para criar problemas e depois tentar solucioná-los. Ela existe para ser vivida e depois morrer. Eis um dos nossos medos – morrer. Certo? (The Last Talks, pp. 34-35)

Quando se está com medo, não só de coisas físicas, mas também de fatores psicológicos, o que acontece nesse medo? Estou com medo, não somente de ficar doente fisicamente, de morrer, do escuro – vocês conhecem os inumeráveis medos que as pessoas têm, tanto biológicos quanto psicológicos. O que é que o medo faz com a mente, a mente que criou esses medos? Compreendem a minha pergunta? Não me respondam imediatamente, olhem para si mesmos. Qual é o efeito do medo sobre a mente, sobre a vida inteira? Ou estamos tão acostumados com o medo, adaptamo-nos tão bem ao medo, que ele se tornou um hábito, que não percebemos os seus efeitos? (The Impossible Question, p. 99)

O medo é a compulsão que busca um mestre, um guru. O medo é um verniz de respeitabilidade, que todos amam tão ternamente – ser respeitável. Senhor, não estou falando de nada que não seja um fato: o senhor pode ver isso na vida diária. Essa natureza extraordinária, difusa, do medo – como o senhor lida com ela? O senhor apenas desenvolve a qualidade da coragem para enfrentar a exigência do medo? Compreende isso, senhor? O senhor se determina a ser corajoso para resistir aos eventos da vida, ou apenas livra-se do medo com racionalizações, ou encontra explicações que darão satisfação à mente que foi colhida pelo medo? Como o senhor lida com isso? Liga o rádio, lê um livro, vai ao templo, agarra-se a algum dogma? (The Collected Works vol. XII, p. 58)

Há medos no relacionamento, medos da incerteza, medos do passado e do futuro, medos de não saber, medos da morte, medos da solidão, o torturante sentimento de solidão. Você pode relacionar-se com outras pessoas, pode ter muitos amigos, pode ser casado, pode ter filhos, mas há um sentimento de profundo isolamento, um sentimento de solidão. Esse é um dos fatores do medo. Há também o medo de não ser capaz de realizar-se. E o desejo de realização traz consigo o sentimento de frustração, e na frustração há medo. Há o medo de não ver tudo com absoluta clareza. Portanto, há muitas e muitas formas de medo. (On Fear, p. 62)




J. Krishnamurti





Fonte: http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Tumblr.com

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