terça-feira, 8 de julho de 2014

A EXISTÊNCIA TERRESTRE

A existência terrestre, para os humanos, não passa de um longo sono povoado de sonhos mais ou menos agradáveis. Um dia, quando eles despertarem, perguntarão a si próprios como foi possível acreditarem que o que estavam a viver era a realidade. Se eles estão aqui a debater-se é porque têm um trabalho a fazer na matéria. Quando voltarem para o outro mundo, ao mesmo tempo que reconhecerão que a realidade não era isto, eles deverão admitir que o contacto quotidiano com a matéria os obrigou a desenvolver as faculdades que receberam do Criador! Por agora, nós somos apenas o sonho do Ser divino que está em nós. Nós estamos a dormir, mas, enquanto dormimos, devemos também preparar o nosso despertar, e preparamo-lo concentrando-nos no nosso Eu superior, procurando identificar-nos com ele. Pouco a pouco, a consciência do nosso eu limitado unir-se-á à consciência do nosso Eu superior e nessa união é que ocorrerá, um dia, o verdadeiro despertar.





Omraam Mikhaël Aïvanhov





Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

DESENVOLVER CUIDADO GENUÍNO

Recentemente, me perguntaram: “O que fazemos para desenvolver um cuidado genuíno com a humanidade e o mundo?"

Para ser honesta, essa é uma pergunta difícil de responder. Mas um ponto que eu sempre enfatizo é o seguinte: Quer tenhamos consciência disso ou não, todos nós temos uma enorme quantidade de cuidado com os demais dentro de nós. Geralmente expressamos esse cuidado com as pessoas dentro de nosso circulo pessoal - que pode incluir amigos e familiares (pais, filhos, irmãos e irmãs, esposo, esposa, avós etc.). A ideia é transferir esse cuidado à pessoas fora de nosso círculo pessoal e à humanidade como um todo.

Como realizar isso em um nível prático? Aqui estão algumas dicas que podem ajudar:

Devemos tratar as pessoas com as quais interagimos todos os dias com a mesma atenção e cuidado que dispensamos a alguém em nosso circulo pessoal, sabendo muito bem que toda pessoa tem uma centelha do Criador dentro de si. Imagine usar o mesmo sentimento que você tem por sua filha ou filho e dedicá-lo também à pessoa em seu trabalho que parece triste ou infeliz e dizer-lhe “Você está bem? Tem algo que posso fazer por você? Pode contar comigo."

O mundo seria um lugar diferente se todos nós tivéssemos essa consciência todos os dias.

Quando oramos, devemos primeiro rezar por outra pessoa e somente então por nós mesmos. O que interessa ao Criador é ver nosso desenvolvimento espiritual. Estamos investindo apenas em nós mesmos e nas "nossas pessoas"? Ou estamos verdadeiramente interessados no aspecto global e na humanidade como um todo?

Adoro a analogia com uma academia de ginástica. Quando começamos a nos exercitar diariamente, ficamos mais fortes. Da mesma forma, quando começamos a nos concentrar em ter atenção e cuidado com aqueles fora de nós mesmos, desenvolvemos um recipiente que pode fazer muito mais do que é capaz hoje.

No final, tudo que fazemos ou não pelos outros acaba tendo relação com as coisas que são feitas ou não para nós.





Karen Berg





Fonte: Centro de Cabala
www.kabbalah.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

CONSCIÊNCIA - RESPEITO

Quando despertamos a consciência espiritual, adquirimos uma percepção sutil de viver em duas dimensões ao mesmo tempo: (1) como um ser humano que tem uma variedade de papéis e responsabilidades; (2) como uma alma, filha de Deus, que ajuda o Pai na tarefa de elevação do mundo. Mesmo que estejamos envolvidos nas atividades relativas à família e trabalho, não esquecemos da nossa verdadeira tarefa: elevar todos aqueles que estão em contato conosco. Assim, a alma consciente torna-se a personificação de todos os poderes.

Todo ser humano quer ser respeitado. Mas em vez de depender de fatores externos para nos sentirmos respeitados, precisamos ter fé nas nossas qualidades inatas e nos conectarmos a elas. Precisamos experimentar e expressar diariamente - em nossos pensamentos e ações - pelo menos uma qualidade. Isso revelará nosso verdadeiro potencial e autorrespeito e, por sua vez, fará com que os outros nos respeitem.





Brahma Kumaris





Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

segunda-feira, 7 de julho de 2014

ESTÁ ORDENADO QUE O HOMEM MORRA E RENASÇA VÁRIAS VEZES

No diálogo com o doutor Nicodemos, o Mestre de Nazaré foi muito objetivo quando disse: “Necessário vos é nascer de novo”. (1) Não obstante a lógica da reencarnação, ainda hoje, pastores e “bispos” evangélicos (ou protestantes), o clero católico, os reverendos anglicanos, líderes da igreja ortodoxa, teólogos “independentes” e outros teólogos recusam a pluralidade das existências, fundamentados principalmente no “versículo 27 inserto no capítulo 9, constante na intrigante epístola conferida a Paulo, dirigida aos hebreus que narra: "aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo". (2) Pronto!... Caso encerrado. Está definitivamente decretada a “morte” da reencarnação entre os homens.

A propósito do célebre versículo 27 é óbvio que o homem carnal morre só uma vez. Quem é enterrado (ou cremado), jamais se levantará, parafraseando a narrativa de “Jó” (3) contida no capítulo 7, versículo 9. Mas espiritualmente somos indestrutíveis, portanto imortais. Somos espíritos e renascemos para dar vida ao corpo perecível. E precisamos ponderar que Jesus em nenhum momento atribui para a vida física um valor decisivo para toda existência posterior à desencarnação.

Ao analisar com mais atenção a carta aos hebreus, perceberemos que não é Paulo de Tarso o seu autor. Desvia-se do estilo do Apóstolo dos Gentios. Falta-lhe o habitual cabeçalho localizável nas 13 cartas paulinas e ademais somente no último capítulo contém assunto à guisa de epístola. Orígenes, o maior escritor sobre as escrituras “sagradas”, da Idade Antiga, depois de expor os vários elementos e juízos sobre a questão da autoria da carta aos hebreus, concluiu: “para expressar o meu parecer, diria que os pensamentos são do Apóstolo [Paulo], mas... quem a redigiu só Deus o sabe”.

Diversos doutores da igreja, como Irineu de Lyon e Cipriano de Cartago, jamais aceitaram a carta aos hebreus. Tertuliano, Gregório de Elvira atribuíram-lhe autoria a “Barnabé”. Finalmente, Jerônimo, no Século V, escreve que “o costume dos latinos não admite a epístola aos hebreus entre as canônicas”. (4) Os teólogos e doutores da igreja só confirmaram tal carta aos hebreus a partir do Concílio de Trento, no Século XVI, portanto 1.600 anos após ter sido escrita.

Como se observa, até hoje o autor permanece desconhecido, mas e quanto aos destinatários? Sabe-se que tal missiva era destinada aos cristãos oriundos do judaísmo, pois é inteiramente impregnada de citações e alusões aos livros “sagrados” do Antigo Testamento. “A língua em que a epístola foi redigida afasta-nos da Judéia, na qual se falava o aramaico. Provavelmente a carta foi destinada a judeus-cristãos de Jerusalém refugiados na Fenícia, Chipre e Antioquia e noutras cidades helenísticas da costa mediterrânea.”. (5)

Os oponentes da reencarnação dogmatizaram a lição do “nascer de novo”, justificando a “ressurreição” da filha de Jairo (6), do filho da viúva de Naim (7) e do Lázaro (8). Porém, se tais personagens "ressuscitaram", como sói afiançarem os dogmáticos, como ficaria a evocação do “encantado” versículo 27 da carta aos hebreus para negar a reencarnação"? Nesse caso, basta perceber que a filha de Jairo, o filho da viúva de Naim e Lázaro "ressuscitados" (segundo a visão da fé senil), não teriam morrido uma só vez, porquanto após a “ressurreição” todos três morreram novamente, ou será que permanecem vivos até hoje? Será que se encontram escondidinhos em Qumrãn, nas ruínas ao pé das montanhas do deserto da Judéia, às margens do Mar Morto, não muito além de Jericó? Huumm!!!

A bem da verdade, as personagens “ressuscitadas” por Jesus sequer estavam mortas, tão-somente estavam acometidas de catalepsia patológica (9). E mais: o Mestre asseverou que a verdade libertaria o homem, logicamente se a verdade (reencarnação) está sendo negada aos cristãos, fica evidente que os “sabe-tudo das escrituras sagradas” não se encontram livres, ou o que é pior, estão enceguecidos na mais absoluta estupidez. Portanto, são cegos que guiam outros cegos em direção ao despenhadeiro da ignorância.

Avaliemos as narrativas a seguir e cientificaremos que ao contrário do versículo 27 aos hebreus, está ordenado que o homem morra e renasça várias vezes. Notemos: “Após a transfiguração de Jesus, no Monte Tabor, os discípulos do Mestre o interrogam: Por que dizem os escribas ser preciso que antes volte Elias? - Jesus lhes respondeu: É Verdade que Elias há de vir e restabelecer todas as coisas: - mas, eu vos declaro que Elias já veio e eles não o conheceram e o trataram como lhes aprouve [João já havia sido decapitado]. É assim que farão sofrer o Filho do Homem. Então seus discípulos compreenderam que fora de João Batista que ele falara.”. (10) Aqui não há margens para inócuas digressões teológicas. Os discípulos compreenderam por si próprios que João Batista (filho de Isabel e primo de Jesus) era o profeta Elias reencarnado.

Ora, “a ideia de que João Batista era Elias e que os profetas podiam reviver na Terra se nos depara em muitas passagens dos Evangelhos. Se fosse errônea essa crença, Jesus não houvera deixado de a combater, como combateu tantas outras. Longe disso, ele a sanciona com toda a sua autoridade e a põe por princípio e como condição necessária, quando diz: "Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo." E insiste, acrescentando: Não te admires de que eu te haja dito ser preciso nasças de novo.”. (11)

O livro dos Reis anota: “Era um homem vestido de pelos, e com os lombos cingidos dum cinto de couro. Então disse ele: É Elias.”. (12) O profeta Malaquias narra: “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor.”. (13) O evangelista Lucas que registra: “Apareceu-lhe, então, um anjo do Senhor, em pé à direita do altar do incenso. E Zacarias [progenitor de João Batista], vendo-o, ficou turbado, e o temor o assaltou. Mas o anjo lhe disse: Não temais, Zacarias; porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João; irá adiante dele no espírito e poder de Elias [reencarnado].”. (14)

O jovem evangelista Marcos assinala: “Então lhe perguntaram: Por que dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro? Respondeu-lhes Jesus: Na verdade Elias havia de vir primeiro, a restaurar todas as coisas; e como é que está escrito acerca do Filho do homem que ele deva padecer muito a ser aviltado? Digo-vos, porém, que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo quanto quiseram, como dele está escrito.” (15)

Mateus mais uma vez anota: “E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto. Pois todos os profetas e a lei profetizaram até João. E, se quereis dar crédito, é este (João Batista) o Elias que havia de vir [pela reencarnação]. Quem tem ouvidos, ouça.”. (16) "E Jesus falou aos seus discípulos, dizendo: Que dizem os homens que é o Filho do homem? E eles responderam: Uns dizem que é João Batista, outros que é Elias, outros ainda que é Jeremias ou algum dos profetas.". (17)

Confirmação mais clara que as declarações de Jesus acima é impossível. O Mestre, na sua excelsitude, sabia da reencarnação antecedente do filho de Zacarias e Isabel, e explicou que as pessoas fizeram o que quiseram com Elias [João Batista], mas que não o reconheceram, e também não poderiam, pois o profeta Elias estava reencarnado no corpo de João Batista. Enfim, não é tão difícil assim compreender a realidade da reencarnação; basta recorrer aos episódios sucedidos à época de Jesus, seja diante de Nicodemos, seja a confirmação do renascimento de Elias João Batista e até mesmo o evento do Cego de Nascença nas cercanias da piscina de Siloé.





Jorge Hessen





Referências bibliográficas:
(1) João 3
(2) Hebreus  9
(3) Jó 7
(4) Soares, Matos. Tradução da Vulgata, publicada  em São Paulo: Edições Paulinas, 1989
(5)Idem
(6) Mateus.9
(7) Lucas.7
(8) João.11
(9) No passado existiram casos de pessoas que foram enterradas vivas e na verdade estavam passando pela catalepsia patológica. Muitos especialistas, contudo, afirmam que isso não seria possível nos dias de hoje, pois já existem recursos tecnológicos que, quando corretamente utilizados, não falham ao definir os sinais vitais e permitem atestar o óbito com precisão.
(10) Kardec, Allan.  Evangelho Segundo o Espiritismo, RJ: Ed FEB, 2001, Cap. IV
(11) Idem
(12) 2 Reis 1
(13) Malaquias 4
(14) Lucas 1
(15) Marcos 9
(16) Mateus 11
(17) Mateus 15





Fonte: http://aluznamente.com.br
http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

IDAS E VINDAS - EXPERIÊNCIAS NECESSÁRIAS À NOSSA EVOLUÇÃO

A morte é uma mudança de estado que nos permite conhecer regiões às quais não podemos ter acesso enquanto estivermos encerrados no nosso corpo físico. Viver na terra e viver no outro mundo são experiências necessárias à nossa evolução; é por isso que nós vimos, depois vamos… e depois voltamos… O desejo de imortalidade que habita nos humanos não é uma quimera, tem uma base real, mas, como eles ignoram o que neles é imortal, a maioria agarra-se o mais que pode à vida física. Ora, a imortalidade não é dada ao corpo físico e eles só se sentirão imortais no dia em que tiverem aprendido a impregnar os seus pensamentos, os seus pensamentos e os seus atos com a vida do espírito. A vida imortal é isso. Aqueles que vivem a vida do espírito, que compreenderam verdadeiramente o que é a vida do espírito, não têm medo da morte. Eles têm consciência de que as riquezas que acumularam no seu coração e na sua alma nunca os deixarão; pelo contrário, elas serão ampliadas no além, pois é no além que todos temos a nossa origem.





Omraam Mikhaël Aïvanhov





Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

QUANDO EXISTE AMOR, O EGO NÃO EXISTE

A realidade, a verdade, não é para ser reconhecida. Para a verdade chegar, crença, conhecimento, experiência, virtude, busca da virtude – que é diferente de ser virtuoso – tudo isso deve sair. O homem virtuoso que está consciente de buscar a virtude nunca pode encontrar a realidade. Ele pode ser uma pessoa decente; isso é inteiramente diferente do homem da verdade, do homem que compreende. Para o homem da verdade, a verdade surgiu. Um homem virtuoso é um homem correto, e um homem correto nunca pode compreender o que é verdade; porque virtude para ele é o revestimento do ego, o fortalecimento do ego; porque ele persegue a virtude. Quando ele diz, “Eu devo ser sem ambição”, o estado em que ele é sem-ambição e que ele experimenta, fortalece o ego. (...) se você e eu, como indivíduos, pudermos ver todo este trabalho do ego, então conheceremos o que o amor é. Eu lhe asseguro que essa é a única reforma que pode possivelmente mudar o mundo. Amor não é o ego. O ego não pode reconhecer o amor. Você diz, “Eu amo”, mas no próprio dizer, na própria experiência disto, o amor não está. Mas, quando você conhece o amor, o ego não está. Quando existe amor, o ego não existe.






J. Krishnamurti





Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sexta-feira, 4 de julho de 2014

SIMBOLISMO DA PEDRA (CORRESPONDÊNCIAS MAÇÔNICO-ALQUÍMICAS)

Resumo

Na tradição ocidental, o simbolismo da pedra constitui um tema maior, sobretudo nas vias múltiplas da Arte Real. Às várias pedras maçônicas, indicadoras de outros tantos graus iniciáticos, correspondem, mais ou menos diretamente, os diversos estados da pedra alquímica, ao longo da Obra. Do ponto de vista religioso, o cristianismo apresenta valores semelhantes, fazendo da pedra um elemento simbólico central da doutrina salvífica.

Ao contrário do que frequentemente se crê, tais coincidências não têm origem em processos de adoção, em que símbolos preexistentes são enxertados arbitrariamente numa corrente particular; elas correspondem à coerência de um único repertório simbólico específico, próprio para servir de suporte a uma determinada doutrina e à ação em consequência.


Especificidade da Arte Real

A Arte Real, nas suas várias modalidades, constitui um código espiritual de conhecimento geminado com um código técnico de ação. O que se sabe reflete-se diretamente no que se faz e o que se vai fazendo reflete-se diretamente no que se vai sabendo.

Deste modo, à Iniciação Real estão ligados dois deveres iniciáticos: conhecer as causas espirituais da realidade não manifestada e agir materialmente, de modo canônico, sobre os efeitos da manifestação; mais sinteticamente: saber, em potência e operar, em ato. A divisa alquímica "ora et labora" é, neste aspecto, exemplar.

Nas várias disciplinas iniciáticas de manipulação ou transmutação da Natureza, cabem praticamente todos os arquétipos da atividade humana, desde as artes e ofícios ao exercício da guerra [1]; no entanto, devido ao âmbito em que incide a sua ação, Alquimia e Maçonaria [2] encontram-se em grande proximidade.


Pedra de Obra e Pedra Oculta

A pedra que o construtor toma para ser afeiçoada e integrada no edifício, corresponde ao lápis que constitui a matéria prima a manipular no matraz (recipiente onde se misturam soluções químicas).

Porém, quer uma quer outra, independentemente da utilidade material de que possam vir a revestir-se, representam o aspecto mais exterior da Obra ou seja: apresentam-se apenas como resultado de uma ação exercida, pelo oficial, sobre a manifestação. Esse resultado, em tudo semelhante ao efeito do espelho, projeta na manifestação princípios não manifestados, estes de caráter eminentemente interior.

Assim, pode afirmar-se que, a pedra visível e palpável sobre a qual opera o manipulador, é a manifestação de uma pedra oculta, invisível e impalpável. Esta pedra - causa espiritual - determina e condiciona a pedra da Obra - efeito material. Entre elas, como elemento de ligação mediando dois mundos e duas ordens de realidade, o operador realiza a ação perfeita que é a de representar materialmente, na manifestação, o sentido e a ordem transcendente, numa ação dupla e simultânea, impregnando a matéria de espírito e dando corpo à espiritualidade, conforme a regra "solve et coagula".

Dissolver o fixo e fixar o volátil eis o permanente labor do alquimista e do maçom. O primeiro reproduz no vaso o drama cósmico da Criação, de modo a retificar a pedra material, marcada pelo estigma da Queda, de modo a fazer dela um reflexo perfeito da pedra oculta. O segundo toma a pedra inútil e retifica-a de modo a que ela possa ser parte corporal do Templo, ganhando nessa metamorfose uma condição espiritual que a sua imperfeição nativa não permitiria. Espiritualizar a substância dando substância ao espírito, eis o ofício do manipulador perfeito, com mandato iniciático para o seu labor.


Estados da Pedra nas Nomenclaturas Simbólicas

A Tradição distingue dois gêneros de pedra sagrada ou sacralizada: os aerólitos - porque oriundos do Céu, com todas as consequências simbólicas dessa origem - e as pedras de Obra ou seja, as que são objeto de manipulação iniciática. O aerólito, correspondendo a uma descida de um princípio celeste à manifestação terrestre, tem por complemento o bétilo (pedra sagrada), representando uma subida de um elemento terrestre à espiritualidade celeste.

No caso presente, interessa-nos exclusivamente a pedra manipulada canonicamente que, tendo no bétilo o seu arquétipo, constitui sempre um modo recíproco de espiritualizar a substância, materializando o espírito.

Tomando como dupla referência as tradições hermética e maçônica, estabeleçamos as analogias entre a pedra alquímica, enquanto matéria prima da Obra, e a pedra do construtor, enquanto módulo individual do Templo. Partindo deste princípio, consideremos, analogicamente, as fases fundamentais da Obra do alquimista e do maçom.

A fase hermética do "nigredo" (palavra em latim que significa escuro, adotada pelos alquimistas para designar o primeiro estado da alquimia: a morte espiritual), em que a matéria escolhida é "carbonizada" destina-se a provocar a sua morte física - "putrefacio" - condição primeira para um eventual renascimento "in gloria". Marcado pelo luto das trevas, este momento constitui uma "paixão" no sentido teológico do termo. Tal dissolução morfológica destrói a escória corporal, tornando a massa um aspecto cadavérico. Não obstante, sob tal aparência, algo palpita no seu interior, indicando que a morte é um mero efeito iniciático e não uma causa absoluta.

Bem assim, a Pedra Bruta maçônica é negra e sobre ela se faz o primeiro trabalho do recém iniciado que, vindo das trevas mortais em que todo o homem nasce, viu uma réstia da luz, ao terceiro "golpe". Esta pedra disforme, aparentemente inerte, guarda igualmente, em si, o germe modular de uma metamorfose. Aprendendo de pronto os ensinamentos da Iniciação, o novo Aprendiz transmite à Pedra Bruta, por três "golpes", a luz que do mesmo modo lhe foi dada. Com isto, torna dúctil a morfologia áspera do mineral, transmitindo-lhe um sopro do espírito, como prelúdio de uma fase mais avançada da Obra.

O albedo (radiação) hermético tem o seu tempo quando a escória negra da pedra calcinada apresenta, em alguns pontos, o brilho do diamante negro. É o sinal de que o cadáver se anima de uma insuspeitada vitalidade. Trata-se, então, de libertar essa emanação de todo o carvão que a envolve, de forma a que, devidamente purificada e isolada, ganhe o esplendor brilhante da neve, um fulgor de alvura e de pureza dificilmente atribuível à natureza, no seu estado nativo. Ao corpo renascido juntou-se agora uma "alma".

Essa brancura é também emblemática da Pedra Cúbica, na qual o Companheiro maçom aplicou a sua Arte purificadora. A escória que enegrecia o minério e lhe dava uma forma caótica, foi desbastada até se obter a perfeição do cubo, entidade geométrica associada à volumetria das quatro, das seis e, potencialmente, às sete direções do espaço, ou outras tantas qualidades arquétipas da realidade. Agora, a pedra é uma fonte de conhecimento e ensinamento.

Mantendo um regime de fogo e tempo, que a Alquimia tem por adequado, a pedra alva ganha nova coloração e alcança o "rubedo" (palavra em latim que significa avermelhado). Não há - dizem os manipuladores afortunados - nenhum vermelho na Natureza que se assemelhe ao esplendor rubro dessa matéria sublime. Alegoricamente ela é a coroa real de toda a Obra; o ponto mais alto a que o artista dedicado esperaria chegar. A partir de então já nada se pode acrescentar ou subtrair à pedra excelsa. Espírito e matéria são uma só coisa.

Também a Pedra Cúbica de Ponta deve ser representada a vermelho. À perfeição do quadrado, foi adicionada a natureza divina do triângulo; ao cubo do espaço veio juntar-se a pirâmide de tempo. Depois de muito labor e meditação o Mestre maçon alcançou, também ele, a coroa da sua Arte, produzindo uma pedra em que se consubstanciam o Céu e a Terra, numa única e nova natureza.


Outras Pedras Coincidentes

A Pedra Filosofal alquímica, constitui uma particularidade contida na natureza da Pedra Rubra, do mesmo modo que a Pedra de Chave maçônica representa uma especificidade incluída no contexto geral da Pedra Cúbica de Ponta. A primeira reporta-se a um sentido temporal de eternidade - a sua posse equivale, alegoricamente, a viver-se para sempre, livre de doenças e da morte. A segunda está associada à ideia do espaço infinito - sendo ela o remate central da abóbada do Templo, o que equivale a dizer-se a abóbada celeste, constitui o suporte do Universo. [3]

A Maçonaria conhece ainda a Pedra Angular ou de Fundamento, "cornerstone" cuja implantação, no início de uma obra de edificação, é praticada mediante um rito próprio que, na versão profana da construção civil, foi substituído pela cerimônia do lançamento da "primeira pedra". Tal rito está ligado à ideia de início; primeiro impulso, em tudo conforme com o simbolismo de Janu, a divindade latina propiciadora de todos os começos, já que presidia à porta que mediava entre o fim de um ano e o começo de outro, numa clara alusão ao caráter solsticial desta entidade. [4]

Como se depreende, o simbolismo desta pedra remete para a matéria prima inicial da Obra, seja ela a Pedra Bruta ou a substância escolhida para a manipulação alquímica.


Coincidências Religiosas

A corrente religiosa cristã, a cuja tradição estão associadas praticamente todas as modalidades ocidentais da Arte Real, incluindo a Alquimia e a Maçonaria, tem na pedra uma das suas principais figuras simbólicas. De resto, o simbolismo da pedra é universal, particularmente nos povos sedentários e, sobretudo, devido à unidade da Tradição Primordial, de onde provêm todas as tradições particulares.

De um modo geral, uma pedra é tomada como símbolo de um homem, em termos individuais, enquanto o conjunto ordenado de pedras - o Templo - simboliza o coletivo da Humanidade.

Pedro foi chamado a tornar-se a pedra de fundamento da futura Igreja já que, do ponto de vista pastoral, a pedra perfeita personificada pelo sucessor de Cristo, serviria de modelo às outras pedras formadas pelo colectivo dos crentes, sendo a Igreja o próprio conjunto assim formado.

Recorde-se, por outro lado, o anúncio evangélico de que o Templo derrubado seria reerguido em três dias, correspondentes à paixão, morte e ressurreição de Cristo e, bem assim, às três fases da Obra hermética e aos três tempos da mestria maçônica.

Estas consonâncias entre conteúdos religiosos e iniciáticos nada têm de estranho e não configuram de modo algum um contencioso hierárquico entre as duas instituições. A via da fé e a via da Iniciação correspondem a caminhos paralelos, oriundos de um princípio comum. Tal identidade é particularmente notável no cristianismo, devido à componente de ação evangelizadora que o caracteriza ou seja: do mesmo modo que a Arte Real - como modelo iniciático por excelência - manipula canonicamente o mundo manifestado com vista à sua retificação, o cristianismo atua sobre a manifestação humana em ordem à sua espiritualização.

A corrente cristã apresenta, na sua origem, um claro sinal do que os elementos do princípio real e ativo são nela predominantes sobre os elementos do princípio sacerdotal e contemplativo. Jesus nasce sob a égide do Leão da Casa Real de Judá, de tradição guerreira e não no seio das tribus de vocação sacerdotal, nomeadamente a de Levi.

Esta origem - sempre observada pelas ordens da Cavalaria Espiritual do Ocidente - cria uma consonância exemplar entre tradição religiosa e tradição iniciática. O moderno contencioso que opõe a Igreja a certas modalidades de Iniciação não passa de um mal entendido, proveniente do obscurecimento espiritual de certas organizações que, ancestralmente designadas por iniciáticas apresentam, doutrinariamente, todos os sinais da contra iniciação, devido ao seu alinhamento com as fórmulas do racionalismo e do ateísmo militante.

Estas breves notas limitaram-se a aflorar uma temática que, como se compreende é vastíssima. Neste sentido, o único objetivo a que aqui nos propusemos foi o de despertar o interesse do auditório para um estudo pessoal e aprofundado sobre o assunto.


[1]. Embora diversa das modalidades ligadas aos ofícios, a Iniciação própria da Cavalaria Espiritual e que cumpre o oficialato da guerra, inclui-se no conjunto da Arte Real, onde representa uma forma ativa por excelência.

[2]. Referimo-nos, como é evidente, à modalidade operativa da Maçonaria, já que, na sua modalidade especulativa, a Ordem não se dedica ao exercício de um mister específico, ligado à pedra e à construção, em geral.

[3]. Evidentemente, referimos eternidade ou infinito como meras forças de expressão já que, num e noutro caso, conviria mais, em rigor, falar de tempo ou espaço indefinidos.

[4]. Não sendo agora oportuno alongarmo-nos neste tema diga-se apenas que Janu era patrono dos "fabrorum" romanos, corporação clássica de construtores, integrada na linha ancestral da Maçonaria operativa. Por outro lado, sendo a Janu consagrado o mês de Janeiro, corresponde-lhe, na cristandade, com o mesmo caráter solsticial, S. João Evangelista, um dos patronos da Maçonaria moderna, de par com o - também solsticial - S. João Baptista.





Rubellus Petrinus  (*) 



(*) Rubellus Petrinus (a rubra pedra ) é o pseudônimo de um alquimista português. Nasceu em Bragança numa cidade no nordeste transmontano que fica a poucos quilômetros da fronteira espanhola, no dia 25 de Março de 1931.





Fontes: http://www.tpissarro.com/alquimia/rpetrinus-p.htm
http://astrograal.net/tradicao-ocidental/alquimia/rubellus-petrinus
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

SOMOS ESTRELAS

Todos nós carregamos no íntimo uma estrela de infinita beleza. Somos estrelas. Claro que vivemos cercados de muita fumaça e nuvens, e, se alguém olhar de fora, nenhuma parte da estrela será encontrada.

A função da meditação é penetrar essas nuvens escuras que o cercam e chegar ao centro, onde a luz eterna está presente, onde a vida é uma chama de alegria, de felicidade, de tremenda beleza. A experiência dessa chama íntima é a experiência do divino.

A jornada é difícil, mas vale a pena. E é difícil só no começo - quando você se acostuma com o prazer, com a liberdade e com a emoção do desconhecido, não é mais difícil. Então, cada momento é de uma beleza tão preciosa, de uma alegria tão primorosa, de um êxtase tão tremendo que a pessoa se predispõe a tolerar qualquer dificuldade e está disposta até a morrer por ela, por saber que nem a morte é uma morte.





Osho





Fonte: em "Meditações Para o Dia"
http://www.palavrasdeosho.com/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A LIÇÃO DO ESQUECIMENTO

Não fosse o olvido temporário que assegura o refazimento da alma, na reencarnação, segundo a misericórdia do Senhor que lhe orienta a reta justiça, decerto teríamos no mundo, ao invés da escola redentora, a jaula escura e extensa, onde os homens se converteriam em feras a se digladiarem indefinidamente.

Não fosse o dom do esquecimento que envolve o berço terrestre, o ódio viveria eternizado transformando a Terra em purgatório angustioso e terrível, onde nada mais faríamos que chorar e lamentar, acusar e gemer. A Divina Bondade, contudo, em cada romagem do espírito no campo do mundo, confere-lhe no corpo físico o arado novo suscetível de valorizar-lhe a replantação do destino, no rumo do porvir.

De existência a existência, o Senhor vela-nos caridosamente a memória, a fim de que saibamos metamorfosear espinhos em flores e aversões em laços divinos.

O Pai, no entanto, com semelhante medida, não somente nos ampara com a providencial anestesia das chagas anteriores, em favor do nosso êxito em novos compromissos.

Com essa dádiva, Ele que nos reforma o empréstimo do ensejo de trabalho, de experiência à experiência, nos induz à verdadeira fraternidade, para o esquecimento de nossas recíprocas, dia à dia.

Aprendamos a olvidar as úlceras e as cicatrizes, as deformidades e os defeitos do irmão de jornada, se nos propomos efetivamente a avançar para diante, em busca de renovadores caminhos.

Cada dia é como que a “reencarnação da oportunidade”, em que nos cabe aprender com o bem, redimindo o passado e elevando o presente, para que o nosso futuro não mais se obscureça.

Nas tarefas de redenção, mais vale esquecer que lembrar, a fim de que saibamos mentalizar com segurança e eficiência a sublimação pessoal que nos cabe atingir.

O Senhor nos avaliza os débitos, para que possamos adquirir os recursos destinados ao nosso próprio reajustamento à frente da Lei.

Recordemos o exemplo do Céu, destruindo os resíduos de sombra que, em forma de lamentação e de queixas, emergem ainda à tona de nossa personalidade, derramando-se em angústia e doença, através do pensamento e da palavra, da voz e da atitude.

Exaltemos o bem, dilatemo-lo e consagremo-lo nos menores gestos e em nossas mínimas tarefas, a cada instante da vida, e, somente assim, aprenderemos com o Senhor a olvidar a noite do pretérito, no rumo da alvorada que nos espera no fulgor do amanhã.





Francisco Cândido Xavier / Emmanuel





Fonte: do livro "Família"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

"EU NÃO SEI"

Se alguém pode realmente chegar ao estado de dizer, “Eu não sei”, isto indica um extraordinário sentido de humildade; não existe arrogância do conhecimento; não há resposta autoafirmativa para causar impressão. Quando você pode de fato dizer, “Eu não sei”, o que muito poucos são capazes de dizer, então nesse estado todo o medo cessa, pois todo sentido de reconhecimento, a busca na memória, chegou ao fim; não há mais investigação dentro do campo do conhecido. Então chega a coisa extraordinária. Se você acompanhou até aqui o que estou dizendo, não só verbalmente, mas se você está de fato experimentando isto, descobrirá que quando você pode dizer, “Eu não sei”, todo condicionamento parou. E qual, então, é o estado da mente? Nós estamos buscando alguma coisa permanente – permanente no sentido de tempo, algo duradouro, eterno. Vemos que tudo a nossa volta é transitório, fluente, nasce, definha e morre, e nossa procura é sempre para estabelecer uma coisa que vai durar dentro do campo do conhecido. Mas aquilo que é realmente sagrado está fora da medida do tempo; não é para ser encontrado dentro do campo do conhecido. O conhecido opera apenas através do pensamento, que é a resposta da memória ao desafio. Se eu vejo isso, e quero descobrir como cessar o pensamento, o que vou fazer? Certamente, devo através do autoconhecimento, estar cônscio de todo o processo de meu pensamento. Eu tenho que ver que todo pensamento, conquanto sutil, conquanto sublime, ou conquanto ignóbil, estúpido, tem suas raízes no conhecido, na memória. Se vejo isso muito claramente, então a mente, quando confrontada com um problema imenso, é capaz de dizer, “Eu não sei”, porque ela não tem resposta. 





J. Krishnamurti






Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

SER - AMOR

O maior presente que eu posso dar a outro ser humano é ver o "ser" dentro da vestimenta humana. Quando vejo o "ser vivo" cheio de qualidades e virtudes, eu reforço uma verdade muito mais profunda do que o corpo físico. Que hoje eu preste atenção nas qualidades de cada pessoa que eu encontro em vez de olhar para a forma física dela.

Quando as pessoas se acham muito diferentes umas das outras, o amor é removido de seus corações. Mas nós somos "um". E quando os seres humanos sentem que são todos "um" há muito amor entre eles. Todos querem amor: jovens e velhos, saudáveis e doentes. Amor é natural. Existe o amor que vem dos relacionamentos com as pessoas e existe o amor que vem do Supremo. Quando conseguimos ir além da consciência da matéria, experimentamos o amor puro e ilimitado do Oceano de Amor. Ele é o Purificador, do qual a alma recebe luz e força.





Brahma Kumaris





Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal


DIFERENTES CATEGORIAS DE MUNDOS HABITADOS

Do ensino dado pelos Espíritos, resulta que muito diferentes umas das outras são as condições dos mundos, quanto ao grau de adiantamento ou de inferioridade dos seus habitantes. Entre eles há-os em que estes últimos são ainda inferiores aos da Terra, física e moralmente; outros, da mesma categoria que o nosso; e outros que lhe são mais ou menos superiores a todos os respeitos. Nos mundos inferiores, a existência é toda material, reinam soberanas as paixões, sendo quase nula a vida moral. A medida que esta se desenvolve, diminui a influência da matéria, de tal maneira que, nos mundos mais adiantados, a vida é, por assim dizer, toda espiritual.

Nos mundos intermédios, misturam-se o bem e o mal, predominando um ou outro, segundo o grau de adiantamento da maioria dos que os habitam. Embora se não possa fazer, dos diversos mundos, uma classificação absoluta, pode-se contudo, em virtude do estado em que se acham e da destinação que trazem, tomando por base os matizes mais salientes, dividi-los, de modo geral, como segue: 

- mundos primitivos, destinados às primeiras encarnações da alma humana; 

- mundos de expiação e provas, onde domina o mal; mundos de regeneração, nos quais as almas que ainda têm o que expiar haurem novas forças, repousando das fadigas da luta;

- mundos ditosos, onde o bem sobrepuja o mal; mundos celestes ou divinos, habitações de Espíritos depurados, onde exclusivamente reina o bem. 

A Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e provas, razão por que aí vive o homem a braços com tantas misérias.

Os Espíritos que encarnam em um mundo não se acham a ele presos indefinidamente, nem nele atravessam todas as fases do progresso que lhes cumpre realizar, para atingir a perfeição. Quando, em um mundo, eles alcançam o grau de adiantamento que esse mundo comporta, passam para outro mais adiantado, e assim por diante, até que cheguem ao estado de puros Espíritos. São outras tantas estações, em cada uma das quais se lhes deparam elementos de progresso apropriados ao adiantamento que já conquistaram. É-lhes uma recompensa ascenderem a um mundo de ordem mais elevada, como é um castigo o prolongarem a sua permanência em um mundo desgraçado, ou serem relegados para outro ainda mais infeliz do que aquele a que se vêem impedidos de voltar, por se haverem obstinado ao  mal.





Allan Kardec





Fonte: "O Evangelho Segundo o Espiritismo", FEB, cap. 3
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

O MUNDO EXTERIOR É UM REFLEXO DO MUNDO INTERIOR

Aquele que quer descobrir as riquezas e o sentido do mundo que o rodeia deve começar por encontrar essas riquezas e esse sentido em si mesmo. É uma lei. Seja o que for que se encontre exteriormente, se ainda não se encontrou isso interiormente de uma certa forma, passar-se-á ao lado sem o ver. Quanto mais viverdes a beleza interiormente, mais a descobrireis ao vosso redor. Muitos objetarão que isso não é possível: se eles não a veem, é porque ela não está lá. Enganam-se, a beleza está lá, sim, e se eles não a veem é porque ainda não desenvolveram suficientemente alguns dos seus órgãos subtis de percepção. Começai, pois, por procurar captar a beleza interiormente e vê-la-eis também no exterior, pois o mundo físico, objetivo, não passa de um reflexo do vosso mundo interior, do vosso mundo subjetivo. Seja a beleza, o amor, a sabedoria, a verdade... é quase inútil que os procureis no exterior se não começastes por descobri-los em vós.





Omraam Mikhaël Aïvanhov





Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quinta-feira, 3 de julho de 2014

NA MARGEM DE TODO O PENSAMENTO

Já aconteceu a vocês - estou certo que sim - de repente perceberem alguma coisa, e nesse momento de percepção você não tem absolutamente problema? No exato momento em que você percebeu o problema, o problema cessou completamente. Compreendem, senhores? Você tem um problema, e pensa a respeito dele, argumenta, se preocupa; você exerce todos os meios dentro dos limites de seu pensamento para compreendê-lo. Finalmente diz: "Não posso fazer mais nada". Não há ninguém para ajudá-lo a compreender, nenhum guru, nenhum livro. Você é deixado com o problema, e não há saída. Tendo examinado o problema com toda sua capacidade, você o deixa. Sua mente não está mais preocupada, nem se dilacerando pelo problema, nem dizendo: "Preciso encontrar uma resposta"; então ela fica quieta, não fica? E nessa quietude você encontra a resposta. Isso não aconteceu com vocês alguma vez? Não é uma coisa enorme? Isto acontece com grandes matemáticos, cientistas, e pessoas experimentam isto ocasionalmente na vida diária. Significa o quê? A mente exerceu integralmente sua capacidade de pensar, e chegou à margem de todo pensamento sem ter encontrado uma resposta; então ela ficou quieta não pelo cansaço, pela fadiga, não dizendo: "Eu vou ficar quieta e, assim, encontrar a resposta". Já tendo feito todo o possível para encontrar a resposta, a mente se torna espontaneamente quieta. Há uma atenção sem escolha, sem nenhuma demanda, uma atenção onde não existe ansiedade; e nesse estado de mente há percepção. É só essa percepção que resolverá todos os nossos problemas.






J. Krishnamurti






Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

SILÊNCIO - ATENÇÃO

No momento atual não é necessário dizer muito. Tenho sim que entrar nas profundezas do silêncio, nas profundezas de mim mesmo. Quando faço isso, experimento os sentimentos de paz que brotam do silêncio. Energia é acumulada e uma atmosfera de paz é criada. Então, recebo bênçãos dos outros de forma natural. Quando eu fico em paz, acumulo poder espiritual. Mas para experimentar os benefícios do silêncio preciso me proteger do excesso de informações que chegam a mim através dos meios externos.

Quando eu mantenho as fraquezas dos outros na minha mente, elas logo se tornam uma parte de mim. Energia espiritual é absorvida através da atenção. Para onde minha atenção vai, minha energia flui e a vida cresce. Que hoje eu tenha consciência para onde minha atenção está indo e que eu consiga direcionar minha energia para fazer crescer virtudes e forças.





Brahma Kumaris





Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

NOSSA VERDADEIRA IDENTIDADE

Todas as práticas espirituais (Sadhana) serão em vão se você não conhecer sua verdadeira identidade. Em vez de perguntar aos outros: "Quem é você?", pergunte a si mesmo: "Quem sou eu?" Nós dizemos: "Este é o meu livro, este é o meu copo." Então, "Quem sou eu?" O sentimento de "meu" é ilusão (maya). Todos esses "meus" são matéria; eles são negativos. Você se acha o mestre deste mundo material. Domine a mente e seja o mestre dela. Faça um esforço para conhecer sua verdadeira identidade. Para conhecê-la, você deve primeiro abandonar o apego ao corpo. Quando digo que esse é "meu lenço", estou separado do lenço. Da mesma forma, quando digo que este é "meu corpo", estou separado do corpo. Quando digo "minha mente", significa que estou separado da minha mente. Então quem sou eu? Investigação constante sobre essas linhas o levará a autorrealização.





Sathya Sai Baba





Fonte: http://www.sathyasai.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

CIÊNCIA E TEMPERANÇA

"E à ciência, a temperança; à temperança, a paciência; à paciência, a piedade." - (II Pedro, 1:6)

Quem sabe precisa ser sóbrio.

Não vale saber para destruir.

Muita gente, aos primeiros contatos com a fonte do conhecimento, assume atitudes contraditórias. Impondo ideias, golpeando aqui e acolá, semelhantes expositores do saber nada mais realizam que a perturbação.

É por isso que a ciência, em suas expressões diversas, dá mão forte a conflitos ruinosos ou inúteis em política, filosofia e religião.

Quase todos os desequilíbrios do mundo se originam da intemperança naqueles que aprenderam alguma coisa.

Não esqueçamos. Toda ciência, desde o recanto mais humilde ao mais elevado da Terra, exige ponderação. O homem do serviço de higiene precisa temperança, a fim de que a sua vassoura não constitua objeto de tropeço, tanto quanto o homem de governo necessita sobriedade no lançamento das leis, para não conturbar o espírito da multidão. E não olvidemos que a temperança, para surtir o êxito desejado, não pode eximir-se à paciência, como a paciência, para bem demonstrar-se, não pode fugir à piedade, que é sempre compreensão e concurso fraternal.

Se algo sabes na vida, não te precipites a ensinar como quem tiraniza, menosprezando conquistas alheias. Examina as situações características de cada um e procura, primeiramente, entender o irmão de luta.

Saber não é tudo. É necessário fazer. E para bem fazer, homem algum dispensará a calma e a serenidade, imprescindíveis ao êxito, nem desdenhará a cooperação, que é a companheira dileta do amor.




Francisco Cândido Xavier / Emmanuel




Fonte: do livro "Vinha de Luz", FEB, 1996, cap. 112
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

NÃO ESPERAR NADA EM RETORNO NOS CONECTA À LUZ

Trabalhar sem esperar coisa alguma – eis o que deveis conseguir realizar, pois não há pior entrave do que ter a expectativa de receber reconhecimento e apreço pelo seu trabalho. Vós esperais, esperais… e essa espera paralisa-vos. Se estais sempre à espera de ter um sinal de aprovação ou encorajamento – que pode nunca vir –, a vossa atividade irá ressentir-se. Ora, o ser humano só pode crescer interiormente por meio da atividade, a do seu corpo físico e, sobretudo, a do seu coração, do seu intelecto, da sua alma e do seu espírito. Não sentis que, quando estais à espera de um reconhecimento seja de que forma for, vos limitais e algo em vós fica mais sombrio? Então, decidi-vos a agir pela única e simples razão de que sentis que é útil e bom, apenas isso. Não espereis nada em retorno e vivereis na liberdade e na luz.




Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

O VERDADEIRO CULTO

Os adoradores são muitos, o mundo está cheio deles. Igrejas, mesquitas, templos, sinagogas estão sempre cheios deles, mas não os chamo de adoradores. O culto deles é apenas ritual. Eles simplesmente seguem uma tradição, adoram símbolos. O coração dessas pessoas não está cheio de amor, elas não têm sede de Deus, estão apenas cumprindo um dever social. Talvez estejam viciadas nisso – se não o fizerem, algo estará faltando... Não estou interessado em rituais. Não ensino que você deva fazer uma oração específica, como papagaio, repetindo certas fórmulas em árabe, em hebraico, em sânscrito - em alguma língua morta, esquecida há muito tempo. Não ensino palavreado. Simplesmente ensino você a amar a beleza da existência que o cerca. Esse é o verdadeiro culto, porque Deus se manifesta: ele está disponível de diversos modos – nas árvores, nas flores, nos pássaros, nas montanhas, no sol, na lua, nas pessoas, nos animais. Sinta-o. Em vez de acreditar, sinta a beleza da existência, o esplendor do universo, o esplendor de uma noite estrelada. Se um lindo pôr-do-sol não pode ajudar você a se ajoelhar, então nenhum templo, nenhuma igreja vai ajudá-lo. Se o distante chamado de um cuco não tem magia para você, então você está morto, a adoração não pode acontecer com você. A adoração só pode ocorrer quando o coração pulsa, cheio de vida.




Osho 




Fonte: "Meditações Para a Noite"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

terça-feira, 1 de julho de 2014

YAMAS E NIYAMAS - A ÉTICA DO YOGA


Sri Krishna e os cinco irmãos Pandavas, personagens do épico indiano Mahabharata


Quando o yogi se torna qualificado, através da prática da disciplina ética, por abster-se de ações ilícitas (yama) e da auto-superação (niyama), pode (então) começar a prática de asanas e das outras técnicas.(Yoga Bhasya Varana, II:29)

Se você não tiver tempo ou disposição para agir conforme a ética do Yoga, tampouco terá tempo nem atitude para praticá-lo. Yama e niyama são os dois primeiros passos da caminhada, condição indispensável para que a prática dê resultados concretos. (Pedro Kupfer)

Lakshman, Hanuman, Rama e Sita, personagens do épico indiano Ramayana








O fundamento do Yoga, como de toda espiritualidade autêntica, é uma ética universal. Essa prática compreende 10 grandes obrigações morais que podem ser consideradas patrimônio de todas as grandes religiões. São elas os 5 yamas e os 5 niyamas.

Yama significa controle ou domínio. É o pontapé inicial no caminho do Yoga. Os yamas são cinco proscrições: ahimsa, satya, asteya, brahmacharya e aparigraha, aquilo que não devemos fazer, os refreamentos ou abstinências que pretendem purificar o yogi, aniquilar a subjetividade advinda do egocentrismo e prepará-lo para os estágios seguintes da prática. Desempenham o controle dos impulsos naturais, que se manifestam através dos cinco órgãos de ação (karmendriyas): braços, pernas, boca, e órgãos sexuais e excretores. Essas normas de disciplina moral têm a finalidade de por freio ao poderoso instinto de sobrevivência e canalizá-lo para servir a um propósito superior, regulando as interações sociais do yogi, harmonizando o relacionamento dele com os outros seres. Esse controle criativo que os yogis exercem sobre as suas energias exteriorizantes resulta num excedente energético que pode então ser posto a serviço da transformação espiritual da personalidade.

Ahimsa, a não-violência, entende-se como não matar, não agredir, não ferir, nem causar nenhum tipo de dor a nenhum ser vivo. É a raiz de todas as outras normas morais.


Satya, a veracidade ou o não mentir, consiste em fazer coincidir pensamentos, palavras e ações, o que deve entender-se como evitar a falsidade em todas as suas formas.

Asteya significa não roubar, não cobiçar ou invejar bens ou conquistas de outrem. Não é apenas não roubar, mas eliminar totalmente o impulso de apoderar-se de objetos (ou ideias) alheios.
Radha e Krishna


Brahmacharya, o não desvirtuamento da sexualidade (não perverter, nem degradar, exacerbar, explorar ou se submeter ao sexo) pode interpretar-se como ser coerente em sua vida relacional e sexual. A palavra Brahmacharya é composta da raiz char, que significa mover-se, e da palavra Brahma, que significa verdade essencial. Assim, podemos entender brahmacharya como um movimento em direção ao essencial. É mais usado, geralmente, em termos de abstinência sexual. Mais especificamente, brahmacharya sugere que devemos formar relacionamentos que nos façam entender as verdades mais nobres.

Aparigraha, a não possessividade ou o não cobiçar, traduz-se em generosidade e desapego (vairagya) em relação não apenas aos bens materiais, mas também às relações afetivas. O apego (raga) nos tira da sintonia necessária para praticar. Assim, os yogis são encorajados a cultivar a simplicidade voluntária, pois o excesso de bens materiais só serve para distrair a mente, sendo a renúncia (vairagya) um aspecto essencial do estilo de vida yogiko.

Não pode ser eficaz e verdadeira a meditação de alguém que está em dívida com seus semelhantes, se há alguém a quem feriu, a quem enganou, a quem furtou, a quem explorou sexualmente, a quem deseja ou desejou arrebatar algo, pois as vítimas estarão vibrando contra o pretenso meditante. À mente deste acorrerão lembranças e remorsos, que a inquietarão e frustrarão a pretensão de meditar.
Shiva


Niyama, as prescrições psicofísicas, compreendem cinco disciplinas ou observâncias, ou seja, aquilo que devemos fazer: sauchan, santosha, tapas, svadhyaya e Ishvarapranidhana. Essas atitudes cumprem a função de domínio sobre os cinco órgãos de percepção (jñanendriyas): olhos, ouvidos, nariz, língua e pele. Esse controle dos sentidos aponta à organização da vida pessoal e interior do praticante, harmonizando o seu relacionamento com a vida em geral e com a Realidade transcendente.

Sauchan é a pureza ou purificação. A purificação externa inclui alimentação vegetariana, exercícios de purificação orgânica (como a lavagem das vias respiratórias e dos aparelhos digestivo e excretor) e manter limpo o ambiente em que se vive. Um organismo poluído por hábitos impróprios, como o uso de drogas (incluindo o cigarro e o álcool) ou alimentação intoxicante, gera comportamentos e condicionamentos contraproducentes para a prática do Yoga. A purificação interna inclui a eliminação das impurezas do pensamento. As técnicas mais refinadas de purificação são tattva suddhi e chitta suddhi (antar mouna).


Santosha, o contentamento, consiste em cultivar um estado interior de permanente alegria, independentemente das circunstâncias externas, o que facilitará muito o progresso na prática. O contentamento é uma expressão da renúncia (vairagya), o sacrifício voluntário das coisas que nos serão inevitavelmente arrebatadas no momento da morte. Liga-se de perto àquela atitude de indiferença que faz com que os yogis encarem com a mesma atitude um torrão de terra e uma pepita de ouro, o que permite que eles se deparem com o sucesso e o fracasso, o prazer e a dor, com a mesma equanimidade inabalável.
Sri Rama abraçando Hanuman, ambos personagens do épico indiano Ramayana


Tapas é disciplina, determinação, força de vontade concentrada, esforço sobre si próprio, a sobriedade e austeridade visando a queimar os desejos egocêntricos, inferiores, instintivos e naturais, eliminando moleza, debilidade, pieguice etc.

Svadhyaya é o estudo da metafísica do Yoga e de si próprio; abrange não apenas o autoconhecimento, através da reflexão sobre a sabedoria das escrituras (shastras), mas também a aplicação prática desse conhecimento.

Ishvarapranidhana é a devoção, consagração, auto-entrega e submissão a Ishvara (Senhor, Deus pessoal), entendido como o arquétipo do yogi, o modelo ideal a ser seguido pelo praticante. Também significa entregar incondicionalmente as ações e seus frutos a uma vontade superior à sua própria. Pode entender-se como auto-aceitação no momento presente ou, ainda, como serviço à Humanidade.

Poucas escolas de Yoga hoje em dia, principalmente aqui no Ocidente, se dedicam a ensinar os yamas e niyamas. Entretanto, uma pequena reflexão sobre eles revela a sua importância na manutenção da “ecologia” social e individual. Através da prática desses preceitos se estabelece uma convivência pacífica, harmoniosa e feliz na sociedade. É por essa razão que o sábio Patañjali os chama sarvabhauma, supremos ou universais, pois valem para todas as pessoas e em todas as circunstâncias.




Síntese por Cristiano Bezerra baseada em textos dos livros:

"A Tradição do Yoga", de Georg Feuerstein
"Convite à Não-violência", de José Hermógenes
"Yoga Prático", de Pedro Kupfer


Fonte do texto e das gravuras: YOGA PLENO
http://www.yogapleno.com.br/