sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

FÉ E CRENÇA

A fé não é um sentimento irracional, ela fundamenta-se nas experiências que nós fizemos ao longo das nossas encarnações passadas e que se inscreveram na nossa alma. Sim, é tudo o que o homem estudou, verificou e viveu nas suas experiências anteriores que está na origem da sua fé. Só se pode ter fé naquilo que se experimentou, de outro modo não se pode falar de fé mas simplesmente de crença. Se tendes fé em Deus, é porque comunicastes com Ele, contatastes com Ele, e esse contato deixou em vós uma marca tão forte que já não podeis duvidar, a fé em Deus está inscrita em vós.

Só podeis dizer que determinado caminho conduz a determinada estação se conhecerdes o itinerário. Mas, se disserdes que, passando por um determinado lugar, chegareis a palácios e jardins e depois só encontrardes pântanos e precipícios, isso acontece porque fostes impulsionados somente pelo desejo de crer e não pela certeza da fé. 

A crença é o resultado de um desejo subjetivo: imagina-se que ele se realizará, mas, na maior parte das situações, não é isso que acontece. A fé, pelo contrário, é uma certeza absoluta que conduz a uma realização.


Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

OITO PREOCUPAÇÕES MUNDANAS


A tradição budista lida com as preconcepções sobre o sucesso como prioridade com um diagnóstico diferencial de oito partes chamado de “as oito preocupações mundanas”, oito direções para a busca da felicidade baseadas em suposições não investigadas. A fixação nessas preocupações subverte nossos melhores esforços, conduzindo ao sucesso falso ou frustração real.

As oito preocupações mundanas consistem em quatro pares de prioridades: buscar aquisições materiais e evitar sua perda; buscar o prazer dirigido pelo estímulo e evitar o desconforto; buscar o elogio e evitar a crítica; e manter a boa reputação e evitar a má reputação. Essas oito preocupações resumem, em geral, nossa motivação pela busca da felicidade, e este é exatamente o problema. As oito preocupações mundanas — que não são erradas em si — são a base de nossa motivação, e é a motivação, mais do que qualquer outro fator, que determina o resultado da prática espiritual.

Não há nada de errado em adquirir bens materiais — um carro, uma casa; e, inversamente, a pobreza não é necessariamente uma virtude. Não há nada de errado em aproveitar um pôr-do-sol, um bom livro, uma conversa agradável ou uma bela música. Não é errado ser elogiado. Ser amado e respeitado pelos outros também não é errado.

Por outro lado, não é ruim ser criticado pelos outros se você estiver levando uma vida benéfica e significativa. Muitos praticantes bem-sucedidos no darma estão contentes e felizes vivendo em total pobreza. A reputação pode melhorar e piorar, mas é possível que o contentamento permaneça constante. A verdadeira fonte da felicidade não está no domínio das oito preocupações mundanas. Ricos, pobres, elogiados, criticados, estimulados, entediados, respeitados, ultrajados — nenhuma dessas preocupações mundanas em si são fonte de felicidade. Nem impedem a felicidade.

O problema é que, quando nos concentramos nas preocupações mundanas como um meio para a felicidade, a vida se torna um jogo de dados. Não há garantias. Se você aspira à riqueza material, pode não conquistá-la, e se conseguir, não há garantias de que será feliz. Se aspira ao prazer, quando o estímulo acabar, a satisfação também terminará. Não existe felicidade duradoura em sair correndo atrás do prazer. As pessoas que são respeitadas e famosas tendem a ter os mesmos problemas pessoais que as outras.

A deficiência fatal das oito preocupações mundanas é que elas são Darma falsificado, modos mal dirigidos de buscar a felicidade e — ao confundir habitualmente as preocupações mundanas com o Darma genuíno — nossos esforços para atingir a felicidade genuína são continuamente sabotados.


B. Alan Wallace



Fonte: “Buddhism with an Attitude” (2001, pg. 15)
http://darma.info/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

ABANDONE O "VOCÊ"



Osho, por favor, explique por que não sentimos o divino que está aqui e agora, dentro e fora, que está em mim, em você e em todos.

Isso vem de Swami Yoga Chinmaya. É porque você é muito você, e pesa demais sobre si mesmo.

Porque você não consegue rir, o divino fica oculto. Porque você é muito tenso, fica fechado. E essas coisas que você pensa — que o divino está aqui e agora, dentro e fora, em você e em mim — são apenas coisas da cabeça, não são seus sentimentos.

São pensamentos, não realizações.

E se você continuar pensando nessa linha, nada disso se tornará sua experiência. Você pode se convencer, através de mil e um argumentos, de que é isso mesmo, mas isso nunca se tornará sua experiência. Você continuará perdendo.

Não é uma questão de argumento, filosofia, pensamento, contemplação — não. É uma questão de mergulhar profundamente no sentimento do fenômeno.

A pessoa tem que sentir, não pensar sobre. E para sentir esse fenômeno, a pessoa tem de desaparecer.

Você está tentando uma coisa absolutamente impossível: pensando, está tentando perceber Deus como realidade. Ele permanecerá uma filosofia, nunca se tornará sua experiência.

E a menos que ele seja uma experiência, não será algo libertador. Vai se tornar um aprisionamento; você morrerá nesse aprisionamento de palavras.

Você é muito você — a cabeça de Yoga Chinmaya tem de ser cortada, completamente cortada. Você está muito na cabeça e é muito você.

Deus não é o mais importante; você é mais importante. Você quer conhecer Deus. Ele não é a ênfase, você é a ênfase. Você quer alcançar Deus: não que ele seja importante, você é importante — e como pode viver sem alcançar Deus?

Ele tem que ser possuído, mas a ênfase está em você. Eis por que você continua perdendo.

Abandone o "você". Então, não há necessidade de se preocupar com Deus — ele vem por conta própria.

Uma vez que você desapareça, ele vem. Uma vez que você esteja ausente, sua presença é sentida. Uma vez que você esteja vazio, ele corre em sua direção.

Abandone todas as filosofias e tudo o que aprendeu, e todo o conhecimento que tomou emprestado, e tudo o que se tornou um peso na cabeça. Abandone isso tudo. Fique limpo, tudo isso está podre.

Uma vez que esteja limpo, nessa limpeza você começa a sentir algo surgindo. Nessa inocência está a virgindade. Deus está sempre disponível.

Osho



Fonte: "Palavras de Fogo: Reflexões sobre Jesus de Nazaré"
www.palavrasdeosho.com
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/lavanda-flores-campo-flores-roxas-1507499/

REEDUCANDOS

Os nossos irmãos reeducandos, residentes em setores de segregação construtiva, não se encontram sozinhos.

Em todos os lugares de Terra, surpreendemos os sentenciados de variada espécie, dentre os quais se destacam:

os presidiários retidos em provações de longo curso;

os emparedados no remorso que carregam o peso de culpas inconfessadas;

os detentos da rebeldia, que não se satisfazem com os recursos que a vida lhes coloca nas mãos;

os encarcerados em sofrimentos claramente voluntários que recusam qualquer saída para a luz do espírito;

os prisioneiros da inconformação que não aceitam as diretrizes do trabalho para o bem, que se lhes oferece por terapêutica de libertação;

os encadeados na angústia que se acham isolados nas celas de reflexão que se lhes fazem necessárias ao próprio burilamento.

Diante de companheiros considerados delinquentes abstém-te de condená-los.

Todos nós, espíritos em evolução na Terra, somos os viajores dos milênios e estamos ainda em processo regenerativo, à vista das imperfeições que nos marcam o espírito.

E se pudéssemos rasgar o peito, à frente de nossos interlocutores e companheiros do cotidiano, certamente que eles todos conseguiriam ler este letreiro, gravado a fogo e lágrimas, em nossos corações:

“Compadece-te de mim!... “



Francisco Cândido Xavier/Emmanuel





Fonte: do livro "Hora Certa", Ed. GEEM
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/lendo-%C3%B3culos-livro-ler-educa%C3%A7%C3%A3o-4330761/

O PRINCÍPIO COMPLEMENTAR


Seja homem ou mulher, o ser que encontrou realmente a sua alma gémea, isto é, que encontrou nele o seu princípio complementar, tem a sensação de encontrar este princípio por toda a parte, em todas as criaturas. Ele ama todas as mulheres e todos os homens da terra, ama-os espiritualmente e é feliz, graças à sua alma gémea, que o faz sentir-se preenchido. Ele já não sente essa falta que o obriga a procurar continuamente maneiras de a preencher, sente que todos os encontros que tem contribuem para o enriquecer. Sim, quando realizastes a plenitude em vós, descobris o vosso princípio complementar em todas as criaturas. 

São experiências inexplicáveis e inexprimíveis. Só quem as realizou pode compreendê-las. Mas, até lá, quanto caminho há a percorrer! Sempre a sofrer, a ficar desiludido, sempre a procurar um ser e a não o encontrar... Diz-se para si próprio: «Ah, cá está ele!» Mas, algum tempo depois, toma-se consciência de que não era ele. Então, talvez seja um outro?... E continua-se assim até se perceber que ele está dentro de si. Porém, a partir do dia em que alguém encontrou esse ser dentro de si, também o encontra por toda a parte fora de si.

Mas compreendei-me bem. Eu não desaconselho nem condeno o amor físico, a união física. Eu limito-me a explicar-vos que, se quiserdes encontrar realmente a plenitude, é em vós mesmos que deveis começar por realizar a união dos dois princípios.


Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

ABRA ESPAÇO PARA A LUZ


O grande kabalista Baal Shem Tov geralmente viajava pelas cidades da Europa, ensinando e ajudando as pessoas, e numa dessas ocasiões teve que escolher entre ficar na casa de um kabalista erudito ou na casa de um ladrão.

Você pode se surpreender, mas ele escolheu ficar na casa do ladrão! Embora o kabalista fosse um estudioso, ele também tinha um enorme ego. Baal Shem Tov dizia: "Onde quer que haja ego, não há espaço para Deus". O ladrão, no entanto, mesmo com toda a sua negatividade, não se sentia melhor do que ninguém. Praticava ações negativas, mas não possuía ego. Ele tinha espaço para aprender a mudar. Enquanto o kabalista, como qualquer pessoa que pensa ter todas as respostas, não enxergava a necessidade de mudar.

Essa é uma das minhas histórias favoritas, porque ilustra um ensinamento essencial para nós que estamos no caminho espiritual: entender que não sabemos tudo é pré-requisito para alcançar a sabedoria.

Isso não se aplica apenas ao nosso estudo de Kabbalah. Aplica-se a absolutamente todos os aspectos da nossa vida. Se entrarmos em qualquer situação, achando que temos todas as respostas, ou até mesmo acreditando que possuímos grande sabedoria espiritual, não aprenderemos as lições que a Luz tem a intenção de nos ensinar. Isso se aplica a tudo, desde uma reunião de negócios até um simples almoço com um amigo. Para ser um recipiente, um receptor de Luz, precisamos ser humildes. Precisamos nos esvaziar do ego e do nosso conhecimento. Precisamos nos dar conta de que cada pessoa em nossa vida é um mensageiro de Luz, se estivermos abertos para escutar.

Esse entendimento também pode nos dar uma perspectiva renovada quando chega a hora de encarar nossos desafios. Muitas vezes, quando não temos as respostas ou quando não encontramos as soluções para os nossos problemas, nos sentimos frustrados. Mas são nesses exatos momentos que estamos mais abertos para receber a Luz, se fizermos nosso trabalho espiritual. 

Quanto mais estivermos ocupados com nossos pensamentos egoístas, menos haverá espaço para a Luz.

Esvazie-se de suas ideias e a Luz vai encontrar a porta para entrar.




Rav Yehuda Berg




Fonte: Centro de Cabala
www.kabbalah.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

BRANCA DE NEVE


A fase dos complexos edípicos é uma das mais importantes no desenvolvimento humano. Assim sendo, não poderiam deixar de serem retratados nos contos de fadas, aparecendo em grande número deles. 

O complexo de Édipo pode ser definido como: Uma constelação emocional especifica dentro da família – de um tipo que pode causar impedimentos sérios para o crescimento e amadurecimento bem integrado da pessoa, enquanto, por outro lado, é fonte potencial do mais rico desenvolvimento da personalidade (BETTELHEIM, 2000, p. 234). 

Aqui, assim como em Chapeuzinho Vermelho, a morte não significa o fim da vida, pois Branca de Neve é como que ressuscitada. Nesse caso, a “morte” de Branca de Neve representa o desejo da madrasta de tirá-la de cena, em virtude dos conflitos edípicos. Assim também acontece com a criança, ela deseja que o pai do mesmo sexo (com o qual compete) seja retirado de cena, que deixe seu caminho livre, para que não precise competir com ele, e não que ele morra realmente. 

Ao tratar das questões edípicas, os contos de fadas passam a mensagem de que tudo isso pode ser superado, levando-nos a uma vida emocional mais madura, a um fortalecimento da personalidade.

Portanto todas as versões de Branca de Neve (que são várias) tratam especificamente dos conflitos edípicos. Algumas versões mais antigas do conto traziam essa questão de forma ainda mais explícita, as versões modernas deixam mais em nível pré consciente e inconsciente. Podemos observar esse fato ao analisar que a mulher com quem Branca de Neve “compete” é a sua madrasta e a pessoa de quem ela teme dividir com Branca de Neve não é citada, assim, os problemas edípicos ficam por conta da imaginação do ouvinte. 

As dificuldades edípicas, sejam declaradas ou sugeridas, e a forma como o indivíduo soluciona-as são básicas para o desenrolar da sua personalidade e relações humanas (BETTELHEIM, 2000, p.240). 

Os contos de fadas, ao tratarem de forma sutil sobre o assunto, permite-nos refletir e concluir sobre ele, ainda que de forma inconsciente.

Na história de Branca de Neve, temos claro o narcisismo da madrasta. Na realidade, realmente os pais narcisistas são os que se sentem ameaçados quando os filhos começam a crescer, pois isso significa envelhecimento. A história adverte também para as consequências desagradáveis do narcisismo. 

No curso normal dos acontecimentos, as relações dos pais entre si não são ameaçadas pelo amor que um deles, ou ambos, dediquem a criança. A menos que as relações conjugais sejam ruins, ou um dos pais seja muito narcisista, os ciúmes pela criança a quem um dos pais favorece é pequeno e bem controlado pelo outro pai (BETTELHEIM, 2000, p.243). 

A criança na fase edípica sente ciúmes de seus pais, da relação que mantém e até mesmo de seus privilégios como adultos. No entanto, esse sentimento é muito ameaçador para ela, sentindo dificuldade em lidar com isso. Sendo assim, é muito mais fácil e tranquilo projetar esses sentimentos em, por exemplo um personagem, como a madrasta. Também é comum que o sentimento existente seja projetado no adulto, ou seja, a criança acredita que a mãe ( no caso da menina) sente muito ciúme dela e tenta boicotar sua presença junto ao pai. 

Esse comportamento se repete também na adolescência, onde é comum que o adolescente tente “competir” com seus pais. Os pais, por sua vez (se forem narcisistas ou não terem vivido suficientemente de forma plena a sua adolescência) também competem com os filhos, querendo parecer tão jovens ou atraentes quanto eles. É exatamente essa problemática que ocorre em “A Branca de Neve”. Também devemos considerar que durante esses conflitos, a criança quer se livrar do pai do mesmo sexo, mas isso também lhe causa culpa. A solução é projetar também esse desejo nos pais. Por isso é comum nos contos os pais quererem se livrar dos filhos. 

Assim, como em outros contos, a figura paterna é representada inconscientemente por uma outra figura masculina. Muitas vezes por um caçador. Isso porque antigamente (especialmente na época em que os contos eram muito difundidos) a caça era uma atividade da aristocracia, portanto, um caçador seria uma figura importante, pois só assim poderia ser comparado a figura paterna. Além disso, no inconsciente, o caçador é tido como símbolo de proteção. Num nível mais profundo, representa aquele que subjuga as tendências animais, associais e violentas no homem (BETTELHEIM, 2000, p. 245). 

Uma mensagem implícita desse conto é a de que não se resolve os problemas psicológicos com os pais através da fuga, mas sim através do amadurecimento psicológico. Amadurecimento que só acontece com o tempo (representado pelo sono de Branca de Neve), que nos fará controlar os impulsos diversos e sentimentos negativos. Por isso, a bruxa é forcada a dançar com sapatos de ferro em brasa até morrer, representando aí todos os sentimentos indesejáveis que temos. Só a morte da rainha ciumenta (a eliminação de toda a turbulência interna e externa) pode contribuir para um mundo feliz (BETTELHEIM, 2000, p.254) 

O despertar de Branca de Neve representa um novo viver, em um novo estágio psicológico mais avançado, mais maduro, que na verdade é um objetivo comum a todos os seres humanos. 



(Anônimo)



Fonte: http://pt.scribd.com/doc/6810908/Anonimo-InterpretaCAo-de-Alguns-Contos-Infantis-Muito-Bom
Fonte da Gravura: http://www.ligadanasdicas.com/wp-content/uploads/2012/12/fantasia-branca-de-neve..jpg

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

CHAPEUZINHO VERMELHO




A história de Chapeuzinho Vermelho tem finais diferentes nas versões de Perrault e dos Grimm.

Perrault não pretendia usar os contos apenas como forma de entretenimento, e sim usá-los como uma forma de passar lições de cunho moral, por isso nos seus contos existia sempre ao final, frases de sua autoria onde explicitava a “mensagem” da história.

Na sua versão de Chapeuzinho Vermelho, a história termina quando a menina chega à casa da avó e após tirar a roupa e deitar-se na cama com o lobo, é devorada por ele.

Por isso, nas suas considerações finais, escreveu que menininhas bonitinhas não deveriam falar e dar ouvidos a qualquer estranho, pois poderiam acabar sendo devoradas por um lobo astuto.

Um outro ponto a ser considerado nessa versão é que o lobo, após chegar à casa da avó e devorá-la, não veste suas roupas. Deita-se na cama como lobo mesmo, sem disfarce. Esse é um dos motivos pelo qual Bettelheim (2000, p.205) considerou a versão de Perrault não muito apropriada. Segundo ele, essa versão perde muito de seu atrativo pois o lobo fica muito claramente sendo apenas uma metáfora e não um animal, por isso pouco resta à imaginação do ouvinte. Essa forma que ele usou para simplificar a história junto com a moral que apregoa, faz com que o conto perca muito de seu significado. O valor do conto de fadas para a criança é destruído se alguém detalha os significados  (BETTELHEIM, 2000, p.205). Além disso, um conto de fadas só será realmente importante e significativo se a criança tiver a oportunidade de descobrir espontaneamente e por ela mesma os significados ocultos. Esta descoberta transforma algo recebido em algo que ela cria parcialmente para si mesma (BETTELHEIM, 2000, p.206).

As versões dos Irmãos Grimm (que foram duas) são mais apropriadas às necessidades da criança. Na história de Chapeuzinho Vermelho o tema é a ameaça de ser devorada. Esse tema está presente em muitos contos de fadas, mas mesmo tendo um tema em comum, cada conto desempenha um papel, pois depende do contexto onde ocorre a história.

A história de Chapeuzinho Vermelho aborda questões referentes às ligações edípicas, (que uma menina em idade escolar ainda não conseguiu resolver), bem como o dilema comum a todos os seres humanos, entre o princípio da realidade e o princípio do prazer.

Chapeuzinho Vermelho, de forma simbólica projeta a menina nos perigos do conflito edípico durante a puberdade, e depois salva-a deles, para que ela possa amadurecer livre de conflitos. (BETTELHEIM, 2000, p.208)

Nessa história, as figuras femininas são quase insignificantes, pois tanto a mãe quanto a avó nada podem fazer pela menina. Ao contrário, o macho desempenha um papel fundamental na história. Aparece em duas facetas distintas: o sedutor perigoso e o do caçador, que sugere a figura paterna responsável, forte e salvadora.

É como se Chapeuzinho tentasse entender a natureza contraditória do homem vivenciando todos os aspectos da personalidade dele: as tendências egoístas, associais, violentas e potencialmente destrutivas do id (lobo); e as propensões altruístas, sociais, reflexivas e protetoras do ego (caçador). (BETTELHEIM, 2000, p. 208)

Além da identificação que ocorre com a figura de Chapeuzinho Vermelho, o lobo também exerce fascínio. Se não houvesse algo em nós que aprecia o lobo mau, ele não teria poder sobre nós (BETTELHEIM, 2000, p.209). Isso acontece porque a figura do lobo não representa apenas um caráter sedutor, simbolicamente representa também todas nossas tendências animalescas e não aceitas socialmente, tendências ligadas ao id.

Segundo Bettelheim (2000, p.210) outro ponto de grande importância na história é o próprio título. O vermelho é uma cor que representa emoções fortes e de conotação sexual. Além disso, ainda no título, fica claro que se trata de uma menina pequena, e portanto, incapaz de lidar emocionalmente com sua sexualidade, pois não está suficientemente madura para isso. Quando alguém não preparado ainda, precisa lidar com  o sexo, é comum que regrida aos conflitos edípicos, justamente por não se sentir segura para isso. Por isso, a forma como Chapeuzinho Vermelho dá as dicas ao lobo de onde é a casa de sua avó, facilita as coisas para que ela seja destruída. A avó nesse caso representa a própria mãe e aparecem aí desejos inconscientes de vencê-la.

Esta luta entre o desejo consciente de fazer as coisas corretamente e o anseio inconsciente de vencer a mãe (avó) é o que nos faz amar a menina e a estória torna-se supremamente humana. Quando crianças, muitos de nós tínhamos ambivalências internas que, apesar de nossos esforços, não podíamos controlar (BETTELHEIM, 2000, p.210).

Na versão de Perrault, há uma forte conotação sexual. Já com os Grimm, não ocorre isso, portanto, acontece como deve ser para a criança: as implicações sexuais ficam apenas a níveis pré-conscientes. Conscientemente, o tema central da história é a desobediência da menina.

A figura paterna aparece de forma velada na historia de Chapeuzinho. Ele está presente em dois simbolismos totalmente opostos: o lobo (externalização dos perigos de sentimentos edípicos reprimidos) e o caçador (função resgatadora e protetora).

Após ser salva pelo caçador, e a menina que decide o que fazer para acabar com o lobo (enchendo sua barriga de pedras). Se o caçador tivesse matado o lobo, talvez se perdesse aí uma mensagem importante do conto. Isso porque, ao livrar-se do lobo, Chapeuzinho simbolicamente está vencendo uma fraqueza, estará  se libertando por si só.

Um outro tema presente nessa história e em quase todos os outros contos é o renascimento. Na verdade, Chapeuzinho Vermelho não morre, mas sim ressurge para uma nova vida, de forma melhor. Essa é uma mensagem  de extrema importância, pois todos os seres humanos (não só crianças) precisam acreditar na superação de dificuldades e no seu próprio aprimoramento, acreditar na possibilidade de uma forma de existência mais plena, acreditar nas suas próprias capacidades.

Muitos adultos hoje em dia tendem a tomar literalmente o que e dito nos contos de fadas, quando estes deveriam ser encarados como relatos simbólicos de experiências de vida cruciais. A criança o compreende intuitivamente, embora não o saiba explicitamente (BETTELHEIM, 2000, p.215).

Assim, a história de Chapeuzinho Vermelho trata de questões de extrema importância para a criança, paixões humanas, voracidade oral, agressão e desejos sexuais pubertais (BETTELHEIM, 2000, p.218). A narrativa leva-nos a perceber (ainda que em nível pré consciente ou mesmo inconsciente) que as pessoas mudam, amadurecem, transformam-se interiormente a partir de suas experiências, inclusive das adversidades. Pois assim aconteceu com Chapeuzinho, a menina aprendeu a lição a partir das experiências que viveu, mostrando o valor da autodireção interna, ou seja, ela mesma tirou suas conclusões e aprendeu com os acontecimentos, renascendo de forma mais completa.


(Anônimo)



Fonte: do texto "Interpretação de Alguns Contos Infantis"
http://pt.scribd.com/doc/6810908/Anonimo-InterpretaCAo-de-Alguns-Contos-Infantis
Fonte da Gravura: https://www.culturagenial.com/conto-chapeuzinho-vermelho/

O CENTRO DIVINO EM NÓS



Quereis encontrar o equilíbrio, a paz? Esforçai-vos diariamente por encontrar o centro divino em vós mesmos. Nesse momento, todas as partículas do vosso ser, todas as energias que circulam em vós, se harmonizam e se ordenam em relação a esse centro divino, em torno do qual se põem a gravitar.

O segredo da vida espiritual está em reunir de novo essa multidão de elementos díspares que se espalharam em todas as direções e fazê-los girar em torno do vosso Sol interior como os planetas giram em torno do Sol cósmico. Então, sim, pode-se falar de ordem, de harmonia e de paz, pode-se falar do Reino de Deus: porque existe um centro, existe um Sol, um núcleo em torno do qual todos os outros elementos encontram o seu lugar e descobrem a trajetória a seguir.


Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sábado, 12 de janeiro de 2013

OPORTUNIDADE GLORIOSA



O corpo é a carruagem (ratha) do indivíduo (jivi), que é o Mestre. O nascimento humano é a oportunidade gloriosa e preciosa entre todos os seres vivos. O corpo humano é o castelo a partir do qual se pode vencer a batalha contra os inimigos do apego e egoísmo. É o barco pelo qual se pode atravessar o mar de mudança e acaso. 

A compreensão da realidade dentro de si mesmo, através da disciplina espiritual implacável, é um desafio árduo - tão cheio de perigos e calamidade, como brincar com fogo ou duelar com animais selvagens. 

As Escrituras (Upanishads) compararam o caminho do aspirante espiritual com o fio de uma navalha. 

Deve-se estar atento, vigilante e bem treinado para atender a todas as emergências. 

Use a preciosa oportunidade deste nascimento humano e alavanque sua inteligência, discernimento e desapego com os quais você é dotado, para elevar-se acima de tudo e perceber a Realidade Última.


Sathya Sai Baba



Fonte: www.sathyasai.org.br
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/vectors/homem-silhueta-macho-figura-humano-294314/

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

REBELDIA E REVOLUÇÃO


O homem ainda não chegou ao ponto em que os governos possam ser descartados. Anarquistas como Kropotkin são contra o governo, a lei. Ele queria que isso acabasse. Eu também sou anarquista, mas de um modo completamente contrário ao de Kropotkin.

Eu quero elevar a consciência da humanidade até o ponto em que o governo se torne inútil, os tribunais fiquem vazios, ninguém seja assassinado, ninguém seja estuprado, ninguém seja torturado ou molestado. 

Vê a diferença? A ênfase de Kropotkin é acabar com os governos. Minha ênfase é elevar a consciência dos seres humanos até o ponto em que os governos passem a ser, espontaneamente, inúteis; até o ponto em que os tribunais comecem a fechar, a polícia comece a desaparecer porque não há trabalho, e é dito aos juízes, "Achem outro trabalho".

Sou um anarquista de uma outra dimensão muito diferente. Primeiro, deixe que as pessoas se preparem, e então os governos desaparecerão por conta própria. 

Não sou a favor de acabar com os governos; eles estão preenchendo uma certa necessidade. O homem é tão bárbaro, tão vil, que, se não fosse impedido pela força, toda a sociedade seria um caos. 

Não sou a favor do caos. Quero que a sociedade humana se torne um todo harmonioso, uma grande comunidade em todo o planeta: pessoas meditando, pessoas sem culpa, pessoas de grande serenidade, de grande silêncio; pessoas rejubilando-se, dançando, cantando; pessoas que não querem competir com ninguém; pessoas que descartaram a própria ideia de que são especiais e têm de provar isso tornando-se o presidente da república; pessoas que não sofrem mais de complexo de inferioridade. Então ninguém quer ser superior, ninguém ostenta grandeza. 

Os governos evaporarão como gotas de orvalho sob o sol da manhã. Mas essa é uma história totalmente diferente, um enfoque totalmente diferente. Até que chegue esse momento, os governos são necessários. 

É muito simples. Se você está doente, precisa de remédios. Um anarquista como Kropotkin quer destruir os remédios. Eu quero que você seja tão saudável que não precise de remédios. 

Você automaticamente os jogará fora — o que fará com todos esses remédios? Eles são absolutamente inúteis, na verdade, perigosos; a maioria dos remédios é veneno. Para que você continuará a acumulá-los? 

Veja a diferença na ênfase. Eu não sou contra os remédios, sou contra a doença dos seres humanos que faz com que os remédios sejam necessários. Eu gostaria de ver um ser humano mais saudável — o que é possível com a engenharia genética —, um ser humano sem possibilidade de ficar doente porque nós o teríamos programado, desde o nascimento, de modo que ele simplesmente não possa adoecer, teríamos feito arranjos no seu corpo para que ele combata qualquer doença. 

Certamente a medicina desapareceria, as farmácias desapareceriam, os médicos desapareceriam, as faculdades de medicina fechariam as portas. Mas eu não sou contra eles! Essa será simplesmente uma conseqüência de uma humanidade saudável. 

Eu quero um só mundo, uma só língua, uma só religiosidade, uma só humanidade — e, quando a humanidade tiver realmente amadurecido, um só governo. 

O governo não é algo do qual possamos nos gabar. É um insulto. A existência dele é uma indicação de que você ainda é bárbaro, de que ainda não existe uma civilização; do contrário, para que seria preciso um governo para mandar em você? 

Se todos os crimes desaparecerem, se todos os medos de que outras pessoas possam explorar você, assassinar você, desaparecerem, o que você fará com toda essa burocracia do governo? 

Você não pode deixar que ele continue, pois ele é um fardo para a economia da nação, um grande fardo, e vai ficar cada vez maior.


Osho



Fonte: do livro "Liberdade: A Coragem de Ser Você Mesmo"
www.palavrasdeosho.com.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

DECISÕES CONSCIENTES


Seja firme, tenha determinação imperturbável. Não cometa um erro ou dê um passo em falso e depois se arrependa. Seja muito consciente, fiel a sua determinação todos os dias. Antes de agir, delibere e tome uma decisão. Isso é melhor do que dar um passo inadequado, lamentar e perder o caminho. 

No Mahabharata, Arjuna teve a clarividência de parar e pensar sobre as consequências da guerra, mesmo antes da batalha começar. Então, pediu ao Senhor Krishna para aconselhá-lo e orientá-lo. 

Por isso, dê cada passo na prática espiritual, ou nas questões do seu dia-a-dia, somente após profunda deliberação e tendo a certeza de que isso será para o seu bem e bem-estar. 

Raciocine, tenha discernimento; não se apresse nas conclusões ou seja levado por meros boatos.


Sathya Sai Baba



Fonte: www.sathyasai.org
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

LIBERDADE - LIVRE ARBÍTRIO - DETERMINISMO - DESTINO



Nascemos aprisionados pelo nosso passado, seja como indivíduos, seja como sociedade, constrangidos a andar de novo nos trilhos já percorridos, que no terreno da vida de contínuo escavamos com os nossos pés. (P. Ubaldi - Princípios de uma nova Ética) 

De uma ação em excesso nasce uma reação em forma de carência. (P. Ubaldi - Princípios de uma nova Ética) 

Poder-se-ia dizer que nosso passado nos escraviza, porque lança o eu numa dada direção, assim congelando em determinismo nosso livre arbítrio, até que, em novas vidas, consigamos libertar-nos da escravidão desse determinismo. (P. Ubaldi - Princípios de uma nova Ética) 

O que somos é consequência do que havemos pensado. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro) 

No Satapathabrahama está dito: Do desejo depende a natureza do homem. Conforme o seu desejo, tal será sua vontade; conforme sua vontade, tal será sua obra; conforme sua obra, tal será a existência que lhe diz respeito. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro) 

A liberdade está sempre enquadrada no determinismo da unidade superior, e que é livre somente enquanto é elemento inferior componente de uma outra unidade superior que, relativamente ao inferior, é sempre determinista. Assim em toda UNIFICAÇÃO se verifica uma reordenação determinista. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro). 

Em toda unificação se verifica uma reordenação determinista. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro) 

Outro fator complica o cálculo das responsabilidades: o determinismo das causas enxertadas no passado, com as próprias ações, na trajetória do próprio destino; os impulsos assimilados, por livre e responsável escolha, no edifício cinético do próprio psiquismo. Essas causas são forças colocadas em movimento pelo próprio "eu" e uma vez lançadas, são autônomas, até sua extinção. Vossos atos prosseguem em seus efeitos, irresistivelmente, por leis de causalidade. Seu impulso é medido pela potência que imprimistes a esses atos, proporcionais e da mesma natureza, benéfica ou maléfica, ao impulso que destes. Assim o bem ou mal dirigido aos outros é feito sobretudo a si mesmo; é regido pelas reações da Lei e recai sobre o autor como uma chuva de alegrias ou de dores. O destino implica, pois, uma responsabilidade composta, que é resultante do passado e do presente. (P. Ubaldi - A Grande Síntese) 

Cada ato é sempre livre em sua origem, mas não depois, porque então já pertence ao determinismo da lei de causalidade, que lhe impõe as reações e consequências. O destino, como efeito do passado, contém pois, zonas de absoluto determinismo, mas a ele sobrepõe-se a cada momento a liberdade do presente, que vai chegando continuamente e que tem o poder de introduzir sempre novos impulsos e, neste sentido, de "corrigir" os precedentes. (P. Ubaldi - A Grande Síntese) 

O impulso do destino pode comparar-se a inércia de uma massa lançada, que tende a prosseguir na direção iniciada mas que, no entanto, pode sofrer atrações e desvios colaterais; esse impulso pode ser corrigido. Determinismo e liberdade, dessa maneira, se contrabalançam, e o caminho é a resultante dada pela inércia do passado e pela constante ação corretora do presente. O presente pode corrigir o passado numa vida de redenção; pode somar-se a ele nas estradas do bem, tanto quanto nas do mal. Diante do determinismo da Lei, que impõe a cada causa seu efeito, está o poder do livre arbítrio, de corrigir a trajetória dos efeitos com a introdução de novos impulsos. Destino não é fatalismo, não é cega "Anánke", é base de criações e destruições contínuas. O que a cada momento está em ação no destino é a resultante de todas essas forças. (P. Ubaldi - A Grande Síntese) 

No cumprimento de um destino há uma tendência que, se é irresistível, ao mesmo tempo é suscetível de adaptar ao ambiente, ao momento, à pressão dos impulsos dos outros destinos que se vão desenvolvendo juntos e que também se querem realizar. No cumprimento de um destino há uma necessidade absoluta de realização, mas ela não é rígida e mecânica, mas uma vontade contínua, uma pressão constante, implacável, impulsionando para se realizar, de modo que está pronta para isso, logo que o ambiente o permita. Ela funciona por tentativas, mas com a maior tenacidade, aproveitando todas as oportunidades. Eis, então, que na férrea atuação da lei de causa e efeito penetra uma elasticidade de adaptação às circunstâncias do momento. (P. Ubaldi - Princípios de uma nova Ética) 

É preciso compreender que nossa culpabilidade anti-Lei é um diafragma que nos separa das origens de tudo o que é benéfico. É assim que os auxílios chegam à zona onde não somos culpados e nada acontece naquelas onde a culpa e a rebeldia nos deixa abandonados ao nosso livre arbítrio de revolta. Eis porque razão o nosso mundo está em poder da feroz lei animal da luta pela vida. Esta significa: cada um por si, sozinho contra todos, sem defesa além das próprias forças, e salve-se quem puder. É um regime de inferno, baseado na força, no engano, na injustiça, que só um estado de revolta anti-Lei pode ter criado, porque não se pode admitir que obra tão terrível possa ter saído das mãos de Deus. O nosso mundo representa, de fato, a reviravolta da positividade do Sistema. O pagamento se faz de acordo com a justiça. Em cada uma das zonas das forças e qualidades constitutivas de nossa personalidade, há uma balança estabelece até que ponto a privação deve funcionar como compensação e pagamento do respectivo abuso com que infringimos a Lei. É assim que o destino nunca atinge globalmente, mas apenas em dados pontos, poupando-nos, favorecendo-nos e até mesmo ajudar-nos em outros. É a natureza das forças com que somos construídos que atrai aquelas que nos devem depois punir ou premiar segundo a justiça. Assim, em cada ponto recebemos segundo o mérito. (P. Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus). 

Não há dúvida de que, apesar de nossa liberdade de introduzir na trajetória de nosso destino impulsos novos que o possam modificar, esta lei que estabelece o percurso de uma trajetória, uma vez que ela foi iniciada num dado sentido, representa no fenômeno um impulso de tipo determinístico, ao qual todo o processo fica inexoravelmente sujeito. (P. Ubaldi - Princípios de uma nova Ética) 

Fechado, em grande parte, no círculo de suas necessidades materiais, o homem pouco pode comandar a própria vida, e vive deterministicamente sob o poder da Lei pela qual quase nada conhece. A sua ignorância o mantém escravo. O seu livre-arbítrio é apenas pequena oscilação de escolha, a fim de permitir-lhe o aprendizado à sua custa, experimentando. (P. Ubaldi - O Sistema) 

Só no Anti-Sistema podem reinar a imperfeição, a ignorância, a incerteza. E por isso, só aqui pode existir o livre-arbítrio, pois a escolha só é possível onde ainda não se conhece o caminho melhor, o qual só pode ser um, o único perfeito. (P. Ubaldi - O Sistema) 

Ninguém pode lançar o peso do seu destino sobre nós, como nós não podemos lançar o peso do nosso destino sobre os outros. Se assim fosse não haveria justiça. (P. Ubaldi - A Lei de Deus) 

Compreende-se que a perfeição não pode deixar de ser determinística, no sentido de que só o melhor absoluto pode ocorrer. Tal é o sistema incorrupto dos espíritos que não erraram e não caíram. Pode, pois, deste ponto de vista, parecer mesmo que o arbítrio humano, além de ser um resíduo da liberdade originária, seja um produto da queda, visto que a escolha significa uma incerteza e uma procura do melhor absoluto, que se perdeu e ainda não foi reconquistado. (P. Ubaldi - Deus e Universo) 



Prof. Pietro Ubaldi



Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/penhasco-aventura-acima-caminhada-1822484/

PROVAÇÕES


A existência não é um caminho plano, uniforme, é feito de altos e baixos, de covas e elevações, que ameaçam constantemente o nosso equilíbrio. Mas é nestes desequilíbrios que nós temos as melhores condições para progredir. 

O que são as provações, as doenças ou a guerra? Desequilíbrios; nestes desequilíbrios, os seres bons encontram condições para se tornar ainda melhores e os maus, infelizmente, para se tornar ainda piores.

A vida cria perturbações para pôr os humanos neste estado de desequilíbrio que os obriga a refletir, a desenvolverem-se ou, pelo menos, a revelarem-se e a conhecerem-se a eles mesmos.

Muitos, se não tiverem de enfrentar provações ou perigos, nunca chegarão a conhecer-se! E assim, alguns que pareciam capazes, inteligentes, honestos, caem imediatamente ou são levados a cometer atos vis, criminosos, ao passo que outros, que pareciam insignificantes, manifestam-se como heróis ou santos.


Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

ALÉM DO NOSSO LIXO


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Um bom indício de que você está no caminho certo é quando começa a enxergar melhor o seu lixo. Você começa a perceber o ego em ação e como permite que ele exerça controle sobre você e sobre sua forma de interagir com os outros.

Enxergar nosso lixo nunca é fácil, mas é o que fazemos depois de enxergá-lo que faz toda a diferença.

Ficar deprimido, caído ou triste não nos ajudará a mudar esse lixo, portanto, isso é perda de tempo. Por outro lado, podemos sentir gratidão por ter a clareza de enxergar o que precisamos mudar para que nossa vida melhore.

Imagine se conseguíssemos mudar o quadro de tal forma que enxergar nosso lixo passe a ser uma parte incrível de nosso processo!

Quando não conseguimos ver nosso lixo, não temos condições de superá-lo e de chegar à Luz.


Rav Yehuda Berg



Fonte: Centro de Cabala
www.kabbalah.com
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/desenho-animado-imagina%C3%A7%C3%A3o-4807372/

RELAÇÕES DE SIMPATIA E DE ANTIPATIA ENTRE OS ESPÍRITOS


O Livro dos Espíritos - Questões 295 a 297 - Relações de Simpatia e de Antipatia Entre os Espíritos.

Respostas dos guias espirituais para Allan Kardec no Livro dos Espíritos.

295. Que sentimento anima, depois da morte, aqueles a quem fizemos mal neste mundo?

Se são bons, eles vos perdoam, segundo o vosso arrependimento. Se maus, é possível que guardem ressentimento do mal que lhes fizestes e vos persigam até, não raro, em outra existência. Deus pode permitir que assim seja, por castigo.

296. São suscetíveis de alterar-se as afeições individuais dos Espíritos?

Não, por não estarem eles sujeitos a enganar-se. Falta-lhes a máscara sob que se escondem os hipócritas. Daí vem que, sendo puros, suas afeições são inalteráveis. Suprema felicidade lhes advém do amor que os une.

297. Continua a existir sempre, no mundo dos Espíritos, a afeição mútua que dois seres se consagraram na Terra?

Sem dúvida, desde que originada de verdadeira simpatia. Se, porém, nasceu principalmente de causas de ordem física, desaparece com a causa. As afeições entre os Espíritos são mais sólidas e duráveis do que na Terra, porque não se acham subordinadas aos caprichos dos interesses materiais e do amor-próprio.

Allan Kardec



Fonte: "O Livro dos Espíritos"
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

INFLUÊNCIA DOS PENSAMENTOS E DAS EMOÇÕES SOBRE NOSSO ESTADO DE SAÚDE



Será a cura das doenças possível e praticável por meios outros que os conhecidos pela medicina?

Se existe uma parcela de verdade na cura mental ou espiritual, não devemos antagonizar esses métodos, mas nosso dever é acolhê-los com o coração aberto.

Este mundo está cheio de sofrimento, e se há alguém capaz de dar-lhe algum alívio, não temos que nos preocupar por qual meio ele opera.

Se queremos estudar esses problemas capitais ligados à vida, devemos estar decididos a deixar de lado todas as ideias preconcebidas, nossas prevenções; precisamos adotar um método de análise imparcial e abrangente...

Nas Escrituras Védicas, aprendemos que a alma do homem está além de todas as aplicações terrenas, que ela é "isenta de pecado, isenta de velhice, livre dos tormentos da morte, e está ao abrigo da fome e da sede".

Estas palavras revelam um novo ponto de vista. Não seriam elas o que pensamos por nós mesmos? Serão nossas condições corporais irreais? Não. Nossa vida física não é irreal, mas não constitui a totalidade do nosso ser essencial. Na verdade, ela representa apenas uma pequena parte de nossa vida real. Infelizmente, para a maioria, essa vida física parece ser a parte mais importante; é por causa dessa incompreensão que entravamos o afluxo regular e contínuo da força da vida, e é isso que nos causa dores infinitas.

A doença sempre é um sinal de problema e desordem; ora, a desordem provém invariavelmente de nossas tendências materiais e de nossos apetites físicos, que nos distanciam da influência direta da alma; acontece o mesmo quando nossos desejos corporais dominam nossa natureza espiritual.

É certo que a ciência física e médica fez imensos progressos no trabalho de auxiliar a humanidade sofredora. Ela consegue aliviar a dor, mas esse alívio não pode ser duradouro, tendo em vista os elementos que ela utiliza para suas curas, elementos que são, eles próprios, impermanentes. Os médicos não podem atacar nem eliminar a causa principal da doença, nem, por consequência, fornecer o remédio definitivo.

O homem vive pelo poder da Consciência! A verdadeira raiz da doença está muito mais frequentemente no pensamento do que no corpo.

Sabemos por experiência o quanto nossa atitude mental pode ter uma influência desvitalizadora sobre nossa constituição física e quanto, ao contrário, por uma atitude correta, podemos revivificar nosso organismo.


Swami Paramanda



Fonte: do livro "A Cura Espiritual"
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LIBERDADE CONFUNDIDA


Muita gente pensa que liberdade significa fazer tudo o que se quer. 

Na verdade, isso é escravidão ao ego – à nossa natureza egoísta!

Vivenciamos a verdadeira liberdade quando escolhemos assumir responsabilidade pelas coisas que precisamos fazer. 

Fazer o que temos vontade de fazer nos mantém acorrentados ao nosso conforto e às nossas limitações.

Fazer o que precisamos rompe esses correntes e nos liberta.


Rav Yehuda Berg


Fonte: Centro de Cabala
www.kabbalah.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

DESEQUILÍBRIO SOBRESSAINDO DO EQUILÍBRIO


Viver no reino da natureza Buda significa morrer como um ser pequeno, um momento depois do outro. Quando perdemos nosso equilíbrio, morremos, mas ao mesmo tempo também nos desenvolvemos, crescemos.

O que quer que vejamos está mudando, perdendo seu equilíbrio. O motivo porque todas as coisas parecem bonitas é porque cada uma está fora do equilíbrio, mas ao fundo, o segundo plano está sempre em harmonia perfeita. É assim que cada coisa existe no reino da natureza Buda, perdendo seu equilíbrio contra um fundo de equilíbrio perfeito.

Então, se você ver as coisas sem compreender o fundo da natureza Buda, tudo parece estar na forma de sofrimento. Mas se compreender o pano de fundo da existência, você compreende que o próprio sofrimento é como vivemos, e como traçamos nossa vida. Então, no Zen, às vezes enfatizamos o desequilíbrio e a desordem da vida.


Shunryu Suzuki


Fonte: “Zen Mind, Begginer’s Mind”, loc. 285
http://darma.info/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

NÃO PODEMOS FUGIR DA DIVINDADE


Você já ouviu a história do coelho que pediu emprestado à Mãe Terra quatro paisa (centavos)? 

O coelho pensou consigo mesmo: "Se eu fugir o mais longe que puder do lugar que recebi o empréstimo, estarei livre da obrigação". Então, um dia, o coelho correu tão rápido quanto suas pernas podiam levá-lo. Depois de um tempo, ele sentou-se aliviado e pensou: "Agora ninguém vai me pedir para pagar." O coelho ficou chocado, pois naquele momento, ele ouviu do solo abaixo: "A Mãe Terra está bem debaixo de seus pés! Você não pode fugir de Mim, por mais rápido que corra!" 

Assim, também, você não pode fugir da Divindade. Onde quer que vá a procura de refúgio, o Senhor exige boa conduta, bons hábitos, bons pensamentos e boa companhia! 

Aproveite essa oportunidade, aceite esse nobre conselho, selecione boa companhia e esforce-se sinceramente para alcançar seu objetivo!


Sathya Sai Baba


Fonte: www.sathyasai.org
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal