O homem ainda não chegou ao ponto em que os governos possam ser descartados. Anarquistas como Kropotkin são contra o governo, a lei. Ele queria que isso acabasse. Eu também sou anarquista, mas de um modo completamente contrário ao de Kropotkin.
Eu quero elevar a consciência da humanidade até o ponto em que o governo se torne inútil, os tribunais fiquem vazios, ninguém seja assassinado, ninguém seja estuprado, ninguém seja torturado ou molestado.
Vê a diferença? A ênfase de Kropotkin é acabar com os governos. Minha ênfase é elevar a consciência dos seres humanos até o ponto em que os governos passem a ser, espontaneamente, inúteis; até o ponto em que os tribunais comecem a fechar, a polícia comece a desaparecer porque não há trabalho, e é dito aos juízes, "Achem outro trabalho".
Sou um anarquista de uma outra dimensão muito diferente. Primeiro, deixe que as pessoas se preparem, e então os governos desaparecerão por conta própria.
Não sou a favor de acabar com os governos; eles estão preenchendo uma certa necessidade. O homem é tão bárbaro, tão vil, que, se não fosse impedido pela força, toda a sociedade seria um caos.
Não sou a favor do caos. Quero que a sociedade humana se torne um todo harmonioso, uma grande comunidade em todo o planeta: pessoas meditando, pessoas sem culpa, pessoas de grande serenidade, de grande silêncio; pessoas rejubilando-se, dançando, cantando; pessoas que não querem competir com ninguém; pessoas que descartaram a própria ideia de que são especiais e têm de provar isso tornando-se o presidente da república; pessoas que não sofrem mais de complexo de inferioridade. Então ninguém quer ser superior, ninguém ostenta grandeza.
Os governos evaporarão como gotas de orvalho sob o sol da manhã. Mas essa é uma história totalmente diferente, um enfoque totalmente diferente. Até que chegue esse momento, os governos são necessários.
É muito simples. Se você está doente, precisa de remédios. Um anarquista como Kropotkin quer destruir os remédios. Eu quero que você seja tão saudável que não precise de remédios.
Você automaticamente os jogará fora — o que fará com todos esses remédios? Eles são absolutamente inúteis, na verdade, perigosos; a maioria dos remédios é veneno. Para que você continuará a acumulá-los?
Veja a diferença na ênfase. Eu não sou contra os remédios, sou contra a doença dos seres humanos que faz com que os remédios sejam necessários. Eu gostaria de ver um ser humano mais saudável — o que é possível com a engenharia genética —, um ser humano sem possibilidade de ficar doente porque nós o teríamos programado, desde o nascimento, de modo que ele simplesmente não possa adoecer, teríamos feito arranjos no seu corpo para que ele combata qualquer doença.
Certamente a medicina desapareceria, as farmácias desapareceriam, os médicos desapareceriam, as faculdades de medicina fechariam as portas. Mas eu não sou contra eles! Essa será simplesmente uma conseqüência de uma humanidade saudável.
Eu quero um só mundo, uma só língua, uma só religiosidade, uma só humanidade — e, quando a humanidade tiver realmente amadurecido, um só governo.
O governo não é algo do qual possamos nos gabar. É um insulto. A existência dele é uma indicação de que você ainda é bárbaro, de que ainda não existe uma civilização; do contrário, para que seria preciso um governo para mandar em você?
Se todos os crimes desaparecerem, se todos os medos de que outras pessoas possam explorar você, assassinar você, desaparecerem, o que você fará com toda essa burocracia do governo?
Você não pode deixar que ele continue, pois ele é um fardo para a economia da nação, um grande fardo, e vai ficar cada vez maior.
Osho
Fonte: do livro "Liberdade: A Coragem de Ser Você Mesmo"
www.palavrasdeosho.com.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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