terça-feira, 19 de março de 2013

NECESSITAR E DOAR, AMAR E TER



Flor cresce em meio a tábuas

C. S. Lewis dividiu o amor nestes dois tipos: “amor-necessidade” e “amor-dádiva”. Abraham Maslow também divide o amor em dois tipos. O primeiro ele chama de “amor-deficiência” e o segundo de “amor-ser”. A distinção é significativa e precisa ser entendida.

O “amor-necessidade” ou o “amor-deficiência” depende do outro; é o amor imaturo. Na realidade, não é verdadeiro amor - é uma necessidade. Você usa o outro, você usa o outro como um meio. Você explora, manipula, domina. Mas o outro é limitado, o outro é quase destruído. E exatamente o mesmo está sendo feito pelo outro. Ele está tentando manipular você, dominá-lo, possuí-lo, usá-lo. 

Usar outro ser humano implica desamor. Assim, só parece amor; é uma moeda falsa. Mas isso é o que acontece a quase 99 por cento das pessoas porque a primeira lição de amor que você aprende é na sua infância.

Uma criança nasce, ela depende da mãe. Seu amor para com a mãe é um “amor-deficiência” — ela precisa da mãe, não pode sobreviver sem a mãe. Ela ama a mãe porque ela é a sua vida. De fato, não é realmente amor — ela amará qualquer mulher, quem quer que a proteja, quem quer que a ajude a sobreviver, quem quer que satisfaça suas necessidades. A mãe é um tipo de alimento de que ela se serve. Não é apenas leite que ela obtém da mãe; é amor também — e isso também é uma necessidade.

Milhões de pessoas continuam crianças por toda a vida; elas jamais crescem. Crescem em idade mas nunca em mentalidade; a psicologia delas permanece pueril, imatura. Estão sempre precisando de amor, estão sempre ansiando por ele como por comida.

O homem amadurece no momento em que começa a amar em vez de necessitar. Ele começa a transbordar, a partilhar; ele começa a dar. 

A ênfase é totalmente diferente. Com o primeiro, a ênfase está em como adquirir mais. Com o segundo, a ênfase está em como dar, em como dar mais, em como dar incondicionalmente. Trata-se do crescimento, da maturidade, chegando até você. 

Uma pessoa madura dá. Só uma pessoa madura pode dar, porque só uma pessoa madura tem. Então, o amor não é dependente. Você pode estar amando quer o outro esteja ou não amando. O amor não é uma relação, é um estado.

O que acontece quando uma flor floresce numa floresta densa sem ninguém para apreciar isso, ninguém para tomar conhecimento de sua fragrância, ninguém para passar e dizer “que bela!”, ninguém para sentir-lhe a beleza, a alegria, ninguém para partilhar — o que acontece à flor? Morre? Sofre? Fica apavorada? Comete suicídio? 

Ela continua a florescer, simplesmente continua a florescer. Não faz nenhuma diferença se alguém passa ou não; isso é irrelevante. Ela continua espalhando sua fragrância aos ventos. Continua a oferecer sua alegria a Deus, ao todo.

Se eu estiver sozinho, então também eu serei tão amável quanto sou quando estou com você. Não é você que está criando o meu amor. Se você estivesse criando o meu amor, então, naturalmente, quando você se fosse, meu amor também haveria de ir-se. 

Você não está tirando o meu amor de mim; eu é que estou derramando amor sobre você — esse é o “amor-dádiva”, é o “amor-ser”.

E eu realmente não concordo com C. S. Lewis nem com Abraham Maslow. O primeiro tipo que eles chamam de “amor” não é nenhum amor, é uma necessidade. Como pode uma necessidade ser amor? O amor é um luxo. E abundância. E ter tanta vida, que você não sabe o que fazer com ela; assim, você a partilha. 

É ter tantas canções no coração que você tem de cantá-las - se alguém ouve, não importa. Se ninguém ouve, então você também terá de cantar a sua canção, você terá de dançar a sua dança. O outro pode ter isso, o outro pode perder isso — mas, no que diz respeito a você, ela está fluindo; está transbordando.

Os rios não fluem para você; eles estão fluindo quer você esteja lá ou não. Eles não fluem para a sua sede, para os seus campos secos; eles simplesmente estão fluindo. Você pode matar a sua sede e pode não conseguir isso — tudo cabe a você. 

O rio realmente não estava fluindo para você, o rio estava só fluindo. É um acidente você não conseguir água para o seu campo, é acidental você conseguir água para as suas necessidades.

Quando você depende do outro, sempre há infelicidade. No momento em que você depende, você começa a se sentir infeliz porque a dependência é escravidão.

Então você começa a se vingar de modos sutis, porque a pessoa de quem você depender ganha poder sobre você. Ninguém gosta que alguém tenha poder sobre os outros, ninguém gosta de ser dependente porque a dependência mata a liberdade. E o amor não pode florescer na dependência — o amor é uma flor de liberdade; precisa de espaço, precisa de espaço absoluto. O outro não tem de interferir com ele. Isso é muito delicado.

Quando você é dependente, o outro decerto o dominará, e você tentará dominar o outro. Essa é a batalha que prossegue entre os assim chamados apaixonados. Eles são inimigos íntimos, lutando continuamente. Os maridos e as mulheres — o que estão fazendo? O amor é muito raro; a luta é a regra; o amor, uma exceção.

E de todo modo eles tentam dominar — até mesmo por meio do amor eles tentam dominar. Se o marido pede à mulher, esta recusa, ela está relutante. Ela é muito avarenta: ela dá mas muito relutantemente, ela quer que você a adule. E esse é o caso com o marido. Quando a esposa está em necessidade e lhe pede, o marido diz que está cansado. No escritório, havia muito trabalho, ele realmente está esfalfado e gostaria de ir dormir.

Essas são maneiras de manipular, de subjugar o outro, de deixá-lo cada vez mais necessitado, de modo que ele fique mais dependente. Naturalmente, as mulheres são mais diplomáticas sobre isso do que os homens, porque o homem já é poderoso. Ele não precisa achar modos sutis e astuciosos para ser poderoso; ele é poderoso.

Ele administra o dinheiro - esse é o seu poder. Em termos de músculos, ele é mais forte. Durante séculos, ele condicionou a mente da mulher quanto a ele ser mais poderoso e ela não ter poder. O homem sempre tentou achar uma mulher que, em todos os sentidos, fosse inferior a ele.

Um homem não quer se casar com uma mulher mais educada do que ele, porque então o poder está em jogo. Ele não quer se casar com uma mulher que seja mais alta do que ele, porque uma mulher mais alta parece superior. Ele não quer se casar com uma mulher que seja muito intelectualizada, porque nesse caso ela questiona, e o questionamento pode destruir o poder. 

Um homem não quer uma mulher que seja muito famosa, porque então ele se torna secundário. E por séculos o homem exigiu uma mulher que fosse mais jovem do que ele. Por que a mulher não pode ser mais velha do que você? O que está errado? Mas uma mulher mais velha é mais experiente - isso destrói o poder.

Assim, o homem sempre exigiu uma mulher menor — eis por que as mulheres diminuíram sua estatura. Não há nenhuma razão para elas terem uma estatura menor do que a dos homens; nenhuma razão; elas diminuíram sua estatura porque a mulher menor sempre era escolhida.

Aos poucos, isso penetrou-lhes na mente de uma maneira tão profunda, que aconteceu o que aconteceu. Perderam a inteligência, porque uma mulher inteligente não era necessária; uma mulher inteligente era uma extravagância.

Você ficará surpreso ao saber que só neste século a altura delas voltou a aumentar. Até mesmo os ossos da mulher estão ficando maiores, o esqueleto está ficando maior. Em apenas cinqüenta anos... particularmente na América. E o cérebro delas também está crescendo, ficando maior do que era; o crânio está ficando maior.

Com a ideia de liberdade para as mulheres, destruiu-se um pouco desse condicionamento. O homem já tinha o poder, de modo que ele não precisava ser muito inteligente, não precisava ser muito indireto. As mulheres não tinham poder.

Quando você não tem poder, você tem de ser mais diplomático — isso é um sucedâneo. O único modo de elas se sentirem poderosas era tornando-se necessárias, que o homem necessitasse delas continuamente. Isso não é amor, isso é um negócio, e eles estão continuamente barganhando o preço. É uma luta constante.

C. S. Lewis e Abraham Maslow dividem o amor em dois. Eu não o divido em dois. Eu afirmo que o primeiro tipo de amor é só um nome, uma moeda falsa; não é verdadeiro. Só o segundo tipo de amor é amor.

O amor só acontece quando você está maduro. Você só se torna capaz de amar quando é adulto. Quando você sabe que o amor não é uma necessidade mas um transbordamento — “amor-ser” ou “amor-dádiva” — então você dá sem quaisquer condições.

O primeiro tipo, o assim chamado amor, deriva da necessidade profunda de uma pessoa em relação à outra, enquanto o “amor-dádiva” ou “amor-ser” transborda de uma pessoa madura para outra em função da abundância. 

A pessoa é inundada com esse amor. Você o possui e ele começa a rodeá-lo, assim como quando você acende um abajur e os raios da luz começam a se propagar na escuridão.

O amor é um subproduto do ser. Quando você é, você tem a aura do amor em torno de você. Quando você não é, você não tem essa aura ao seu redor. E quando você não tem essa aura ao seu redor, você pede ao outro que lhe dê amor.

Repetindo: quando você não tem amor, você pede ao outro que lho dê; você é um mendigo. E o outro está lhe pedindo para dá-lo. Ora, dois mendigos estendendo as mãos um diante do outro, e ambos esperando que o outro tenha algo... Naturalmente, ambos se sentem derrotados e ambos se sentem enganados.

Você pode perguntar para qualquer marido e para qualquer mulher; você pode perguntar para qualquer namorado — eles se sentem enganados. Era uma projeção pensar que o outro o amava - se a sua projeção era errada, o que o outro pode fazer? Sua projeção se desfez; o outro não se mostrou de acordo com a sua projeção, isso é tudo; mas o outro não tem nenhuma obrigação de se mostrar de acordo com as suas expectativas.

E você enganou o outro — esse é o sentimento do outro, porque ele estava esperando que o amor fluísse de você. Ambos estavam esperando que o amor fluísse do outro, e ambos estavam vazios — como o amor pode acontecer?

No melhor dos casos, vocês podem ser infelizes juntos. Antes, vocês costumavam ser infelizes sozinhos, separados; agora vocês podem ser infelizes juntos. E lembre-se, sempre que duas pessoas são infelizes juntas, isso não é uma simples adição, é uma multiplicação.

Sozinhos, vocês estavam se sentindo frustrados; agora, juntos, vocês se sentem frustrados. Há algo bom nisso, no sentido de que agora você pode atribuir a responsabilidade ao outro — o outro o está fazendo infeliz; esse é o ponto positivo. 

Você pode se sentir à vontade. “Nada está errado comigo, mas o outro... O que fazer com essa mulher — detestável, rabugenta? A gente tem que ser infeliz. O que fazer com um marido desses — feio, avarento?” Agora você pode pôr a culpa no outro; vocêachou um bode expiatório. Mas a infelicidade continua, se multiplica.

Ora, esse é o paradoxo: os que se apaixonam não têm nenhum amor, e por isso se apaixonam. E porque não têm amor, não podem dar amor. E mais — uma pessoa imatura sempre se apaixona por outra pessoa imatura, porque só elas podem entender a linguagem uma da outra. Uma pessoa madura ama uma pessoa madura. Uma pessoa imatura ama uma pessoa imatura.

Você pode continuar trocando de marido ou mulher mil e uma vezes, você achará de novo o mesmo tipo de pessoa e a mesma infelicidade se repetirá — de maneiras diferentes, mas a mesma infelicidade, quase a mesma. Você pode trocar de mulher, mas você não muda — ora, quem vai escolher a nova parceira? Você vai escolher. A escolha advirá novamente da sua imaturidade. Você vai escolher um tipo semelhante de mulher.

O problema básico do amor é, primeiro, amadurecer. Então, você achará um parceiro maduro; as pessoas imaturas não o atrairão. É bem assim. Se você tem 25 anos, você não se apaixona por um bebê de dois anos.

Exatamente da mesma maneira, quando você é uma pessoa madura, psicologicamente, espiritualmente, você não se apaixona por um bebê. Isso não acontece. Não pode acontecer; você pode perceber que isso não terá sentido.

Na realidade, a pessoa madura não “cai de amores”; amando ela “se ergue”. A palavra cai não é correta. Só pessoas imaturas caem; elas tropeçam e caem apaixonadas. De alguma forma, estavam controlando as coisas e se mantendo de pé. Agora não podem controlar nada nem ficar de pé — acham uma mulher e eles se vão, acham um homem e se vão. Elas sempre estiveram prontas para cair por terra e rastejar. Não têm a coluna vertebral, a espinha; não têm integridade para ficar sozinhas.

A pessoa madura tem integridade para ficar sozinha. E quando uma pessoa madura dá amor, faz isso sem nenhuma amarra que a ate — ela simplesmente dá. Quando a pessoa madura dá amor, ela se sente grata pelo fato de você ter aceitado o amor dela, não vice-versa. Ela não espera que você seja grato por ele — não, de forma alguma; ela nem sequer precisa dos seus agradecimentos. Ela é grata a você por você ter aceitado o seu amor.

E quando duas pessoas maduras estão apaixonadas, um dos maiores paradoxos da vida acontece, um dos fenômenos mais belos: elas estão juntas e ainda se sentem imensamente sós. Estão de tal modo juntas que são quase uma única pessoa; mas sua unidade não destrói a sua individualidade — na realidade, aumenta-a, elas se tornam mais individuais.

Duas pessoas maduras e apaixonadas se ajudam uma à outra para se tornarem mais livres. Não há nenhuma política envolvida, nenhuma diplomacia, nenhum esforço para dominar.

Como você pode dominar a pessoa que você ama? Reflita sobre isso — a dominação é um tipo de ódio, de raiva, de inimizade.Como você pode pensar em dominar a pessoa que você ama? Você adoraria ver essa pessoa totalmente livre, independente; você lhe daria mais individualidade. 

Eis por que eu chamo a isso de o maior paradoxo: elas se sentem tão unidas, que são quase uma pessoa, mas ainda nessa unidade elas são indivíduos. A individualidade delas não é desfeita - aumentou. O outro a enriqueceu no que concerne à liberdade.

As pessoas imaturas que se apaixonam destroem a liberdade uma da outra, criam uma forma de servidão, uma prisão.Pessoas maduras e apaixonadas se ajudam a ser livres; se ajudam mutuamente a destruir todos os tipos de escravidão. E quando o amor flui com liberdade, há beleza. Quando o amor flui com dependência, há feiúra.

Lembre-se: a liberdade é um valor superior ao amor. Eis por que na índia chamamos ao valor máximo moksha; moksha significa “liberdade”. A liberdade é um valor superior ao amor. Assim, se o amor está destruindo a liberdade, ele não é digno. O amor pode ser descartado, a liberdade tem de ser salva — a liberdade é um valor superior.

E sem liberdade você nunca pode ser feliz, não é possível. A liberdade é o desejo intrínseco de cada homem, de cada mulher - a liberdade absoluta, a liberdade total. Assim, qualquer coisa que se torne nociva à liberdade é alvo de ódio para a pessoa.

Você não odeia o homem que você ama? Não odeia a mulher que você ama? Você odeia! Esse é um mal necessário, você tem de tolerá-lo. Pelo fato de você não poder estar sozinho, você tem de achar um jeito de ficar com alguém, e tem de se adaptar às exigências do outro. Tem de tolerar, tem de suportá-las.

O amor, para ser realmente amor, tem de ser “amor-ser”, “amor-dádiva”. O “amor-ser” significa um estado de amor — quando você chegou em casa, quando você soube quem você é, então o amor aflora no seu ser. A fragrância se espalha e você pode dá-la aos outros.

Como você pode dar algo que não tem? Para dar amor, a primeira exigência básica é ter amor.


Osho  


Fonte: "Maturidade: A Responsabilidade de Ser Você Mesmo"
Fonte do Texto e da Gravura: 
Imagem por wonderferret
www.palavrasdeosho.com

OS 7 RAIOS NO INDIVÍDUO E A ASTROLOGIA




De acordo com os ensinamentos esotéricos, os sete raios são a base de toda a manifestação. Em geral pensamos em um sentido objetivo, mas o realmente interessante é fazê-lo de uma ótica interna. Vejamos de que maneira podemos esclarecer sobre o tema.


Antes de tudo é importante ter a reflexão de que os raios são Vidas e, em consequência, quando os estudamos não estamos frente a um conhecimento morto, mas frente a Propósitos em ação. Cada raio tem um sentido, um impulso que se desenvolve e imprime sua nota em cada aspecto de sua manifestação; um raio se expressa em cada nível de consciência ou plano para cumprir um determinado fim: seu objetivo de raio, o qual se entrelaçará inevitavelmente com a finalidade de raio das suas Vidas irmãs, sob o impulso causal de uma entidade ainda superior que usa todos como agentes.

Esotericamente, afirma-se que isto é válido desde as partículas subatômicas e o diminuto átomo, passando pelo homem e sua alma, até um planeta e seu sistema solar, ou este e as grandes constelações. Em todos os casos será possível rastrear energia em ação, uma energia que cumprirá um propósito e que, conforme se avança na abstração, se revelará como uma parte de outra corrente de consciência ainda mais ampla, mas sempre com um sentido próximo ao nosso coração, pois de uma maneira misteriosa formamos parte dele.

Pode-se dizer que essas energias seguem um padrão de desenvolvimento inteligente, e essa forma de expressão é a astrologia esotérica, que descreve como tais energias se manifestam no tempo. Ambos os aspectos possuem uma estreita relação e, antes de levantar uma carta natal, seria muito útil saber a que raios pertence a pessoa, sendo este conhecimento preliminar para uma boa interpretação. Desse processo de descobrimento nos ocuparemos a seguir aqui, em geral.

No plano humano, o campo de aplicação dos raios ocorre em nível de consciência e é estudado através da psicologia esotérica, que ensina a constituição do homem como alma, personalidade, corpos mental-emocional-físico, atribuindo um raio a cada núcleo e analisando suas inter-relações.

Assim, serão muito distintos os fins de uma Vida que empregue o 1º raio de Vontade ou Poder no plano mental do que se utilizasse o 4º de Harmonia através do Conflito. Entre outras coisas, em um caso teríamos uma necessidade da alma de dominar a mente, adquirir polarização mental e talvez dominar as emoções; também pode ter a ver com a introdução firme e decidida de uma ideia na humanidade. De outro lado, uma mente de 4º raio se vincula ao sentido da Harmonia através do Conflito: será importante o desenvolvimento da faculdade do discernimento e, por ser um raio de atributo e não de aspecto, também é provável que o objetivo não seja tanto o aprendizado ou a introdução de ideias como o embelezamento das já existentes. Por outra parte, a luz que surge dos momentos de harmonia (por exemplo, na meditação) contribuirá para iluminar a personalidade e tranquilizar o corpo emocional, se é que é necessário; ou as dúvidas e a tensão agravarão os conflitos emocionais, segundo o êxito que se tenha. A obtenção da unidade mental será também uma meta possível. Isto contrastará com a relação mais drástica que uma mente de 1º raio terá com as emoções, e ao refletir porque a alma decidiu encarnar com um veículo com essas qualidades e não outras torna-se muito esclarecedor. Aqui incide sobremaneira o grau de evolução da pessoa em questão, porque a função de cada raio variará de acordo com a necessidade da alma. Tenhamos em conta a importância de conhecer o estado de consciência em que vive a pessoa, antes de extrair conclusões sobre o sentido de seus raios. 



Como estudar os raios?

Assentada a necessidade de conhecer sobre os raios e a evolução espiritual, vale assinalar que é fundamental em toda esta matéria a abordagem que se faz à mesma, isto é, o quanto o nosso enfoque é altruísta.  Na realidade, a questão é muito simples e se encontra sintetizada no famoso axioma oculto, “o ocultista vai do geral ao particular, e nunca na ordem inversa”.

Isto tem uma base energética, porque em nosso caso começar do particular implicaria estudar o tema dos raios desde o ponto de vista do eu, em lugar das Vidas maiores. Como seria isto? Basicamente, direcionar a busca sobre os raios para ver “o que me podem dizer” de novo ou de importante. Esta atitude envolve a personalidade e, de acordo com a Lei de Afinidade, nos porá em contacto com energia proveniente de fontes análogas.

Agora, é um problema, porque em geral quem estudar a matéria terá um grau de despertar espiritual e, portanto, inspiração egoica ou álmica. Se queremos buscar o sentido transcendente da questão, uma abordagem egoísta nos cerrará a dimensão da alma e, portanto, poucas de nossas conclusões poderão “fechar” e ter sentido, já que nossos próprios corpos estão imbuídos tanto de energia egóica como de personalidade. Em outras palavras, não poderemos compreender apenas com uma chave, e isso nos deixará uma certa frustração, ou nos fará forçar a interpretação e incorrer em ilusões ou espelhismos. A falha não estará nos livros, mas no nosso enfoque.

A chave então passa por estudar os Raios segundo o aporte que façam à humanidade, ao Plano, à evolução planetária, porque isso nos conectará com a alma e nesse nível há muitas respostas. De que maneira a energia da Vontade contribui para a evolução? O que pode trazer uma mente carregada de vontade? Isso poderá nos ilustrar sobre o funcionamento de uma mente de 1º raio. Como pode ser de utilidade uma mente que tende a buscar a luz e a harmonia? Ali teremos indícios sobre a atividade de uma mente de 4º, e o mesmo para os demais.

Perguntas pelo estilo nos permitem sintonizar com o Plano em níveis egóicos das Vidas de Raio e, portanto, com a nossa alma, assim como com a de quem nos consulte, se procuramos determinar seus raios ou lhe prestar uma assessoria astrológica. E como sugeríamos, é a partir deste estado de consciência onde podemos começar a oferecer respostas abrangentes, compreensivas e coerentes. Certo é que deveremos refrear a “curiosidade pessoal”, mas o esforço bem vale a pena, porque em verdade se pode prestar um profundo serviço compreendendo consciência de uma ótica energética.

E, naturalmente, a base teórica se encontra na literatura esotérica, desde os teósofos como Leadbeater ou Ernest Wood até as obras de Alice Bailey em geral e, em especial, o "Tratado sobre os Sete Raios", tomos I e II, os quais não somente dão indícios sobre a expressão dos raios, como também oferecem seu fundamento oculto.

Métodos para determinar os raios:

Se já estamos corretamente enfocados, possuímos suficiente compreensão sobre os raios e conhecemos relativamente o grau de evolução da pessoa, o passo seguinte é meditar a fim de determinar os raios expressados através da pessoa. Esta meditação pode ser entendida no sentido clássico do termo (sobretudo se já conhecemos a pessoa), mas também pode ser praticada como reveladora de luz desde a forma.


Em princípio, um bom ponto de partida é ir do geral para o particular: procurar conhecer primeiro a que raio egóico pertence a pessoa e, depois, quais são seus raios subsidiários, os quais em certa medida estarão controlados pela alma.

Se o método de meditação direta não é apropriado, pode-se trabalhar desde a forma, mediante o estudo de múltiplas facetas: características faciais, tonalidade e profundidade da voz, reações emocionais, formas de encarar um problema, vocação, defeitos, virtudes.

Vicente Beltrán Anglada dizia que cada pessoa tem uma forma de respirar que reflete o ritmo de consciência da Vida de raio ao qual serviria. Assim, a frase “colocar-se nos sapatos de” tem uma profunda implicação esotérica, pois se encontra também ligada ao ritmo de vida de uma pessoa e, oculto no ritmo, subjaz sempre a consciência que o origina.

E inclusive da carta natal é possível extrair significados, embora seja melhor interpretar com uma hipótese prévia e depois vinculá-la aos signos e planetas.

Como se verá, os métodos abundam, e de uma maneira ou outra implicam ou sintonizam-se com a vibração da outra pessoa para depois especificar suas qualidades.

Por outro lado, existem também métodos mais impessoais e dedutivos: uma exaustiva obra de Michael Robbins, "The Tapestry of the Gods" (disponível somente em inglês), desenvolve um por um os tipos de alma, personalidade, mente, emoções e físicos por raio, indicando como se comportam. O tomo II é particularmente interessante, porque expõe o desenvolvimento da relação entre cada raio de alma e sua combinação com a personalidade, em três grandes etapas: desarmonia, inter-relação e fusão.

Também na linha “acadêmica”, existe um teste chamado PIP II, em o que se fazem umas 130 perguntas, cada uma com cinco possibilidades de respostas. Finalmente, oferece-se como conclusão uma hipótese sobre quais raios escolheu a nossa alma para servir nesta encarnação.

Mais além das técnicas ligadas à forma, o método mais confiável é o da reflexão ampla dos conceitos sobre os raios e fundamentalmente o emprego da intuição. Quanto mais desenvolvida esteja a intuição, menor será o “tempo” de que necessitaremos para conhecer os raios, assim como menor será a necessidade de recorrer a métodos indiretos.

Nesse marco, a astrologia também tem um papel, porque velados atrás dos planetas e do Ascendente pulsam os raios de cada veículo e portanto subjaz o propósito da encarnação. A interpretação conjunta de raios e planetas é outra maneira de expressar harmonia entre a alma e as formas mediante as quais ela se expressa, e embora esta ciência esteja na infância, seu ponto de partida é muito simples: o amor pela humanidade e a busca da união entre todas as consciências manifestadas, cumprindo assim o Propósito Uno. E tal simplicidade é possível porque a Astrologia Esotérica é na forma a expressão dos raios, mas essencialmente a linguagem do coração.



Martín Dieser







NA TRILHA DE HÉRCULES




O mito dos Trabalhos de Hércules é uma representação simbólica da jornada humana em busca de autoconhecimento, autotransformação e autotranscendência. Cada um dos doze trabalhos descreve uma etapa do desenvolvimento progressivo do ser humano ao longo do caminho espiritual. Os desafios, provas e lutas enfrentados por Hércules são os mesmos que nos confrontam em nossas vidas diárias, e as soluções encontradas por ele podem servir também para nós. Depois, Hércules se casou e teve três filhos. Isto significa que, dentro de si mesmo, ele alcançou a união com a sua essência espiritual ou alma. E passou a expressar as três qualidades principais da alma: vontade ou propósito, amor-sabedoria e luz ou inteligência. Mas logo Hércules foi tomado de loucura e matou a esposa e os filhos. Aqui fica representada uma tendência comum nos principiantes no caminho espiritual, que sacrificam indevidamente tudo e todos pelo seu próprio progresso espiritual. Quando Hércules caiu em si, foi consultar o oráculo, que lhe aconselhou realizar doze trabalhos que o rei Euristeu lhe apresentaria. Neste processo, Hércules emendaria os seus erros, purificaria e redimiria a sua natureza humana e exaltaria a sua natureza divina ou espiritual. Antes, porém, do início dos trabalhos, os deuses vieram oferecer a Hércules certos presentes. Minerva deu-lhe um manto, símbolo da vocação espiritual. Vulcano deu-lhe um peitoral de ouro, símbolo da força vital, que protege. Netuno deu-lhe uma parelha de cavalos, símbolo da sensibilidade e da imaginação. Mercúrio deu-lhe uma espada, símbolo da mente, com sua capacidade de separar o real do irreal. Apolo deu-lhe arco e flecha de luz, símbolo do foco espiritual e da percepção intuitiva. Esses são os requisitos para trilhar o caminho espiritual.

Cada trabalho de Hércules está relacionado a um signo do Zodíaco, e aqui temos oportunidade de abordar a astrologia de modo diferente do habitual. Podemos entender os signos como doze arquétipos, doze qualidades centrais, doze tipos básicos de energia. Todos nós estamos em contato com todas estas doze energias, em maior ou menor medida. Por isto, dizer que uma pessoa é ariana ou aquariana é uma grande simplificação. Todos podemos e devemos aprender a expressar conscientemente todos os doze tipos de energia ou qualidades centrais.

Em cada trabalho de Hércules, estão representados os desafios e as oportunidades próprios do signo que corresponde àquele trabalho. Em cada trabalho, Hércules terá uma tarefa a cumprir, e para fazer isto, terá que disciplinar a sua própria natureza, aprender certas lições e aperfeiçoar o modo como ele expressa as qualidades daquele signo correspondente.

O mito conta que Hércules era filho do deus Júpiter e da mortal Alcmena. Portanto, a sua natureza era dual: uma parte dele era divina, mas outra parte era humana e mortal. Assim, Hércules representa cada um de nós, com a dualidade básica que nos caracteriza: de um lado, possibilidades espirituais, do outro, limitações materiais.

Hércules foi educado pelos melhores instrutores da época, era versado em todas as ciências e artes e desenvolveu todas as habilidades. Ele aproveitou e aprendeu o que o mundo e a vida têm a oferecer e ensinar, e estava apto, assim, a trilhar genuinamente o caminho espiritual. Para transcender o humano, é preciso antes ser plenamente humano. Conta-se que, então, ele matou os seus instrutores, o que é uma forma simbólica de dizer que ele passou a se apoiar em si mesmo e estava livre de qualquer autoridade externa.




Ricardo A. Georgini
ricardogeorgini@yahoo.com.br




Fonte do Texto e da Gravura: http://logosastrologiaesotericaport.blogspot.com.br/2011/03/hercules.html

A IMPORTÂNCIA DOS PLENILÚNIOS



Seremos muito pontuais no desenvolvimento desta ideia. O aspecto central a destacar e manter presente na mente é que o plenilúnio representa uma definida oportunidade de colaborar com a afluência de energias espirituais para o planeta e, assim, de colaborar com o aspecto do Plano que carmicamente nos corresponda.


Assim como a humanidade cria nos planos inferiores, recebe sua inspiração e guia dos planos superiores, e na tensão criada entre ambos acelera a sua própria evolução espiritual. 


Essa evolução é regida por ciclos, por processos de invocação e evocação que, em sucessão e sob a Lei de Economia, evitam um sobre-estímulo de energia, tanto para a matéria como para o espírito. 

Nesse marco, um plenilúnio é o ponto máximo de afluência de energias espirituais. Astrologicamente é representado como a oposição entre a Lua e o Sol, dois polos da consciência, e essa oposição ilustra o ponto de máxima tensão experimentado pela forma e a consciência sob a influência de um determinado signo. 

Dado que a tensão implica em oportunidade, torna-se claro que o ponto mais propício para realizar um esforço em prol da evolução é durante o período do plenilúnio que, segundo o Mestre Tibetano, constaria de dois dias de preparação, um de contato e dois de recepção. 

Passemos agora ao individual: o período de tensão é precisamente isso, uma vivência de esforço e desafio, sobretudo na relação alma-personalidade (corpos mental, astral e físico). E pode ocorrer que o razoável progresso experimentado durante o mês se veja ameaçado pelo sobre-estímulo, e então se chegue ao plenilúnio com uma postura “light”, desatenta à necessidade e à oportunidade de se manter firme na luz. 

Tenhamos em conta que se trata de um ciclo de maior consciência, e que isso evidenciará os problemas da personalidade, assim como aumentará, talvez, a consciência da atividade dos senhores lunares, isto é, dos veículos inferiores. Trata-se em si de uma afluência de luz, mas se não formos capazes de permanecer espiritualmente alinhados, nosso serviço para a humanidade, a se prestar no plenilúnio, se verá frustrado, e individualmente se fechará outra porta para a nossa evolução espiritual. 

Em conclusão, cada plenilúnio é, para um discípulo com formação esotérica, como uma prova do seu compromisso com o Plano Divino e com a vida superior com a qual se comprometeu a viver; é importante se orientar corretamente e realizar um esforço para elevar a vibração durante aqueles dias. No momento atual, cada esforço é necessário, a fim de edificar uma nova ordem mundial cada vez mais harmônica com a visão obtida a partir do pós-guerra. 




(Não consta o nome do autor na fonte)



Fonte do Texto e da Gravura:
http://logosastrologiaesotericaport.blogspot.com.br/2010/01/importancia-dos-plenilunios.html

segunda-feira, 18 de março de 2013

VIVER NOSSA VERDADE


Todos nós usamos máscaras.

Ninguém é 100% de si durante 100% do tempo. Desde um sorriso forçado, quando tivemos um dia realmente horrível, até fingir compartilhar com alguém quando temos segundas intenções, nossas máscaras estão sempre escondendo uma coisa: a verdade.

O ego impede-nos de vivermos nossa verdade. Ele nos convence de que nossa máscara nos protege. Mas essa personalidade falsa que incorporamos para evitar sofrer ou sentir dor é a mesma que nos bloqueia e impede de vivenciarmos a plenitude.

Assim como é impossível obter um bronzeado com uma máscara no rosto, também não conseguimos nos conectar com a Luz quando fingimos ser quem não somos.

Quando despimos nossa alma e paramos de esconder nosso lixo – nosso casamento falido, relacionamentos problemáticos, medos financeiros ou baixa autoestima – podemos criar conexões verdadeiras com as pessoas. Sem mencionar que isso também abre para os outros um espaço seguro para serem quem são, porque provavelmente seus medos e problemas são similares aos nossos. 

Não é uma coisa fácil de fazer, mas quando reunimos forças para expor nossas fraquezas, damos um passo além e nos conectamos com a Luz.

Ao removermos nossas máscaras e vivermos nossa verdade, permitimos que a Luz brilhe sobre nós e que nossa própria Luz brilhe sobre os outros.



Rav Yehuda Berg



Fonte: Centro de Cabala
www.kabbalah.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

QUANDO O HOMEM SE CONFUNDE COM DEUS (SUFISMO - ISLAMISMO)


O sufismo é o caminho místico do Islã que, como muitas outras religiões, possui um aspecto exterior e outro INTERIOR. O aspecto exterior é aquele da Lei revelada, a Sharia, que se ocupa da observância dos ritos e dos atos de devoção. O aspecto interior existe ATRAVÉS DO SUFISMO, designado na doutrina islâmica pelo termo árabe tasawwuf, cujo objetivo é purificar o coração a fim de permitir que aquele que o pratica venha a se confundir com Deus.

O sufismo se apresenta como uma sequência de experiências pessoais que compõem uma busca espiritual interior, visando permitir que o homem realize a unidade com Deus e reencontre sua natureza de "homem perfeito", recordando sua origem divina e espiritual.

Conta-se que quando Deus criou o homem, ele deixou uma parte dele em seu coração - e é justamente através do coração que o homem pode acessar Deus e sua essência divina.

"Alá soprou na alma humana o seu próprio espírito, seu coração, que é o espírito divino, dando vida a esse corpo e conferindo um lugar privilegiado na criação. Só que a alma humana esqueceu da sua origem", diz o Sheik brasileiro, Muhammad Ragip, que representa no Brasil a Ordem Sufi Halveti AI-Jerrahi. "Nós entendemos a religião como um método de despertar em nossos corações o amor a Deus. Compreendemos que a grande carência humana, esse vazio que permeia todo ser humano que sai em busca de um sentido para sua vida, é fruto da desconexão com essa origem divina", diz Ragip.

Para recordar essa origem divina, os sufis praticam o "zikr", que se baseia na repetição de atributos e nomes divinos de Alá, e é também o nome dado às cerimônias sufi, repletas de orações, músicas e, dependendo da ordem sufi, a famosa dança cósmica dos dervixes rodopiadores. A prática do zikr pode ser individual e deve prosseguir até que o nome divino se aposse do coração daquele que o invoca.

Um sufi é aquele em que cada palavra e cada ato que pratica corresponde a um estado interior. Ele é aquele que conseguiu unificar os dois mundos.

Segundo Sergio Rizek - dono da Attar Editorial, que publica alguns livros sufis - esse objetivo é a realização do grande "jihad" islâmico: "A palavra jihad passou por um alto grau de corrupção. Ela não quer dizer guerra santa, e sim a unificação entre os dois mundos: a interioridade e a intenção declarada com atos e palavras. O processo de unificação entre oração, palavra e atos é que é o grande jihad".

Recordar Deus até submergir nele

Assim como em outras religiões orientais, o objetivo da experiência espiritual sufi é a identidade do visível com o invisível, do ser com o não-ser. No sufismo, o longo aprendizado da via conduz o homem ao despojamento interior a fim de possibilitar um estado de total e livre interpenetração entre ele e o divino, entre a aparência (que é seu mundo visível) e a Realidade Última (Deus). Para isso, ele tem que se libertar de sua natureza terrestre e reencontrar a natureza divina, que tem sede no fundo de seu coração. Para o sufismo, é dentro de cada um que se deve buscar a essência divina da Realidade. O próprio Profeta Maomé já havia dito que aquele que conhecia a si mesmo, conhecia a seu senhor, conhecia Alá.

A estrutura do caminho sufi se baseia na "sharia", as Leis escritas presentes no Alcorão, na "tarika", o caminho espiritual (escola ou ordem sufi) e na "hakkikat", que literalmente significa Realidade ou Verdade, e que quer dizer o sentido espiritual que se coloca além da enunciação exterior da Lei. Essa estrutura é representada por um círculo de cuja circunferência saem raios que se encontram no centro. A linha que forma o círculo é a sharia, as leis externas ou religiões normativas. Os raios são as tarika, os diversos métodos de busca espiritual - pois, como diz o mestre sufi, "há tantos caminhos quanto corações". No centro, onde se encontram todos esses diferentes raios, está a hakkikat, ou verdade incondicional e eterna.

O islamismo se baseia na submissão voluntária à vontade de Deus e no reconhecimento e afirmação da unidade divina. De acordo com o Sheik Ragip, o que distingue um sufista, o dervixe, de um crente comum, é que ele tem uma "abordagem mais amorosa da religião". O dervixe pratica tudo que um muçulmano pratica, mas, segundo Risek, enquanto o último tem que se lembrar de Deus nas cinco orações diárias obrigatórias, o sufi procura "transformar a própria respiração em prece", para recordar-se constantemente de Deus. "O ideal é fazer o zikr o tempo todo", diz ele.

Através das escolas, o sufista aprende a encarar as coisas deste mundo como superficiais e se "cura" de um certo número de comportamentos. O ideal sufi é TRANSCENDER AO DOMÍNIO DO EGO e das paixões que ele provoca. Entre as virtudes buscadas pelos dervixes ocupam a primeira fila a humildade, a paciência, a caridade, a fidelidade, a confiança e a mais elevada de todas: a veracidade. Para os sufistas, as virtudes não são somente atos ou qualidades exteriores da vontade, mas também, e antes de tudo, modos de ser. Elas são atributos do homem perfeito e, assim, têm sua origem na própria realidade divina.

Diante de Deus, na primeira fila: a história do sufismo

O nome sufi é de origem incerta. Provavelmente é derivado da palavra "saf" (puro) contido no termo "tasawwuf", e foi designado aos dervixes por causa da pureza de seu íntimo. Entretanto, costumava-se vincular a origem da palavra sufismo à vestimenta de lã branca (suf), usada pelos primeiros místicos em sinal de humildade, e pelos primeiros discípulos do profeta Maomé, conhecidos como "os companheiros com manto de lã". Outros tratados definem que os sufistas foram chamados por esse nome por estarem diante de Deus, na primeira fila (saffa).

Talvez no Brasil o sufismo possa ter deitado raízes muito mais profundas do que se pode supor, já que a religião muçulmana chegou até aqui primeiramente através dos escravos Malês. De qualquer modo, hoje em dia, sabe-se da presença de algumas ordens: a Chisti, muito difundida na Índia, a Naqshabandiya, que existe aqui há 25 anos, a Surawaardi, Shadhiliya, a Ordem Sufi Internacional e a Halveti AI-Jerrahi.

Principais mestres

Ibin Arabi - Considerado o maior gênio místico da história do Islã, Ibin Arabi nasceu em Múrcia, na Andaluzia, em 1165. É chamado de o "vivificador da religião" ou de "o maior dos mestres", pois deixou obra considerável que dá testemunho de um espírito ao mesmo tempo sintético e profundo. A ele são atribuídas nada menos que 800 obras. O número pode ser meio exagerado, mas não resta dúvida de que Ibin Arabi era prolífico. Pouco antes de sua morte ele mesmo organizara uma lista de suas obras, que totalizavam 270. No entanto, muito poucas chegaram até nós. As duas mais importantes são as "Revelações de Meca" e a "Sabedoria dos Profetas".

Al Ghazzali - Nasceu e morreu em Tus (1058-1111), no leste do Irã. Recebeu formação de teólogo e de jurista ortodoxo, o que lhe permitiu ser nomeado diretor da universidade Nizamiyya de Bagdá. Chegou a ser conselheiro do califa de Bagdá, desempenhando um papel não-desprezível no contexto das tensões religiosas da época. No ápice de sua carreira, ele renuncia à sua cátedra e deixa Bagdá para se dirigir a diversos lugares santos do Islã, da Síria, em Meca e em Jerusalém. Aspirando a uma experiência mais pessoal, não hesita em praticar a dúvida e, em particular, questionar o uso da razão como única abertura para o conhecimento místico. Dá longas explicações a esse respeito em seu livro "Erro e Libertação", onde conclui pela primazia da experiência intuitiva na abordagem mística. É considerado o maior teórico do sufismo. Suas obras tendem a reconciliar - nos planos moral, místico e metafísico - a via sufista e a ortodoxia islâmica.

Rumi - Nascido em Balkh, no Korasã, em 1207, o grande poeta Rumi é filho do eminente teólogo Baha al-Din Walad, discípulo de Kubra, outro grande mestre sufi. Shams de Tabriz foi seu mestre espiritual, a quem amou profundamente. Esse estranho dervixe errante teria então uns 60 anos de idade e tinha oferecido a Deus, segundo dizem, sua própria vida em troca do encontro com um de seus santos. Shams e Rumi permaneceram juntos até 1247, quando Shams desapareceu (talvez assassinado por discípulos de Rumi, ciumentos da ascendência que ele exercia sobre seu mestre). Inconsolável, Rumi escreveu Poemas Místicos, em homenagem a Shams, que é uma compilação de poemas de "amor e de luto". Para Rumi, o amor que ele sentia por Shams personificava o amor divino. Depois do desaparecimento de Shams, Rumi criou o a dança cósmica, o sama, praticada pela ordem sufi Mevlevi, conhecida como a ordem dos dervixes rodopiadores. Sergio Rizek explica que essa dança se inspira no movimento dos astros. "Assim como todos os corpos giram por amor ao sol, os dervixes também giram por amor ao divino, que muitas vezes precisa de uma contrapartida humana, pois no Islã o amor humano é símbolo e reflexo do amor divino".

A obra de Rumi marcou profundamente o pensamento religioso do Islã. Muitos o consideram o maior poeta místico de todos os tempos. Entre suas principais obras estão o "Rubaiyat", os "Poemas Místicos", editado em 1996 pela Attar Editorial, e o "Mathanawi", um vasto poema de 45 mil versos.

Attar - A vida do grande poeta persa que foi Attar permanece um profundo mistério. Sabe-se que nasceu em Neshapur, na província de Korassã, entre 1120 e 1140, e que morreu entre 1200 e 1230. Conta-se que trabalhou toda a vida com o florescente comércio de perfumes, unguentos e especiarias herdado de seu pai, e por isso tornou-se Attar, que significa "aquele que faz o comércio de perfumes". Diversas lendas circulam a respeito das circunstâncias de sua conversão. Em uma delas, um mendigo apareceu em sua loja e tendo a esmola recusada o perguntou: "Como irás morrer?", ao que Attar respondeu: "Da mesma maneira que tu". Então o mendigo se estendeu sobre o solo e exalou seu último suspiro. Verdade ou não, o fato é que Attar certamente deve ter passado por uma experiência decisiva para ter se iniciado no sufismo. A ele são atribuídas diversas obras - poucas, entretanto, tem sua autoria comprovada. Entre as mais célebres estão "Memorial dos Santos", "O Livro Divino", "O Livro dos Conselhos", "Os Livro dos Segredos" e a que é talvez a sua obra-prima: "A Linguagem dos Pássaros", um célebre poema iniciático que mostra o caminho da alma até o aniquilamento do Ser Revelado.

As-salaamu alaikum: Paz do meu coração para o seu coração!




Débora F. Lerrer




Fonte: http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2004/09/quando_o_homem.html
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/quran-islamismo-livro-livro-sagrado-6114872/

sábado, 16 de março de 2013

O MELHOR CONSELHO

Por que é tão mais fácil enxergar as soluções para os problemas dos outros do que descobrir as respostas para os nossos? É como dirigir um carro. Quando estamos no nosso carro, não podemos vê-lo de verdade. Não enxergamos os insetos nos faróis ou a sujeira nas portas e nas rodas. Mas em todos os outros carros que passam, vemos a sujeira tão clara como o dia.

Quando se trata dos desafios que nossos entes queridos enfrentam, às vezes enxergamos as soluções potenciais, e queremos ajudar a remover a sujeira, para que eles possam ter uma viagem melhor. Quantas vezes você quis dizer a um amigo: “Você não vê que se sair desse relacionamento abusivo, ficará muito mais feliz?” ou “Você tem tentado a mesma tática de negócio durante anos e continua falhando. Você não acha que está na hora de tentar uma abordagem diferente?”.

O problema é que eles estão nos seus próprios carros com seus próprios pontos cegos, incapazes de enxergar o que você enxerga. Então, a reação deles pode ser negativa. Eles podem insistir em que você esteja errado ou podem até se sentir ofendidos.

Os kabalistas ensinam que existem dois pré-requisitos para dar conselhos: 

- Uma pessoa só deve dar conselhos quando solicitada a fazê-lo.
- O conselho só deve ser dado se puder ser recebido da maneira correta. 

Isso significa que devemos nos perguntar o seguinte: ”Será que essa pessoa está pronta para escutar isso? Existe uma maneira de dizer isso sem magoá-la?”, “Será que devo esperar até que ela esteja um melhor estado de espírito?” 

Uma das grandes restrições do nosso professor, O Rav, era não dizer aos alunos no que eles precisavam melhorar. O Rav estava em um estado tão elevado de consciência, que via todas as soluções. É claro que, querendo ver seus alunos manifestarem seu potencial pleno, ele desejava compartilhar tudo que via! Mas ao restringir-se, ele nos deu uma coisa muito mais poderosa do que conselho. Ele nos deu a Luz para descobrirmos as respostas sozinhos. 

Não importa quanto amemos alguém, nós não podemos travar suas batalhas. O que podemos fazer é dar-lhes Luz. Podemos ser pacientes e amorosos, oferecendo um ombro para que chorem ou um ouvido para escutar quando eles mais precisarem.

Nosso amor pode inspirar muito mais mudança do que qualquer conselho que desejemos transmitir.

Isso não quer dizer que não existam momentos em que uma intervenção não seja necessária ou em que é realmente certo compartilhar ideias que possam ajudar alguém ao longo do seu caminho. Mesmo nesses momentos, é a Luz que compartilhamos que os ajudará a transcenderem seus desafios, não nossas palavras.



Rav Yehuda Berg



Fonte: Centro de Cabala
www.kabbalah.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

O PIOR INIMIGO: A AUTO-SABOTAGEM


Quando estamos bem, quando tudo está correndo como o planejado, entra em cena a AUTO-SABOTAGEM, a traição começa dentro de nós mesmos!

O grande inimigo a vencer não se encontra lá fora e sim dentro de cada um de nós e age no silêncio do dia-a-dia, escondido entre os nossos medos, anseios e dificuldades.

Dificilmente percebemos que nos auto-sabotamos. Por que isso ocorre? O que acontece quando estamos muito bem e as pessoas do nosso círculo não estão bem? 

Na maior parte do tempo nos sentimos culpados! Sentimos que não somos merecedores. Muitas vezes não bastam os obstáculos naturais que a vida e as situações nos colocam, somos mestres na arte de encontrar dificuldades, criar obstáculos e complicar tudo o que puder ser facilitado.

Todos nós queremos as mesmas coisas, que é a realização, o sucesso e a felicidade em todos os aspectos. 

Dentro de nós existem muito mais medos e receios do que podemos imaginar. Apesar de querermos a felicidade usamos mecanismos de auto-sabotagem, sem perceber, colocando muitas barreiras e empecilhos que acabam por nos impedir de atingir nossos objetivos.

Na maioria das vezes, é muito difícil entender que as dificuldades que encontramos no caminho estão saindo exatamente da mesma fonte, ou seja, da nossa cabeça, da nossa maneira de pensar e de agir. Mentimos para nós mesmos! Nos enganamos e usamos muitos disfarces e desculpas. 

Cada vez que duvidamos da nossa capacidade em superar obstáculos, cultivamos um sentimento de covardia interior, que bloqueia nossas emoções e nos paralisa.

Muitas vezes não queremos pensar no que estamos sentindo já que temos dificuldade para lidar com os nossos sentimentos sem julgá-los. Enfrentar nossos sentimentos requer de nós sinceridade e compaixão. Caímos em armadilhas criadas por nós mesmos. 

A auto-sabotagem tem muitas origens e também muitas formas de se manifestar. Para saber como fazemos isso devemos começar respondendo a seguinte pergunta: “O que eu sei de mim mesmo que preferia não saber?”. A resposta deve gerar em nós um autoconhecimento, é através dele que começamos a desarmar o mecanismo de auto-sabotagem. 

Quando percebemos o mecanismo que estamos acionando, quando começamos a identificar dentro de nós mesmos as razões para nossos fracassos, já estamos com meio caminho andado. O primeiro passo, e que geralmente acontece dentro de um processo de psicoterapia, é rever as próprias atitudes, deixar claro para si mesmo o que se quer da vida e o que se está fazendo para chegar lá. Muitas vezes, aquilo que se quer está claro, mas os métodos que estamos usando para chegar lá estão levando a caminhos totalmente opostos, e exatamente aí pode estar acontecendo a auto-sabotagem. 

Nós nos auto-sabotamos quando saímos do nosso propósito de vida. Somente pelo processo de autoconhecimento, bem como o conhecimento real dos nossos objetivos, anseios e metas, onde queremos chegar e quais os caminhos e métodos que iremos escolher para alcançar, é que podemos entender se estamos ou não nos sabotando. E, se estamos fazendo isso, por que estamos tendo essa atitude, por que estamos sendo inimigos dos nossos próprios sonhos e desejos.

Muitas vezes o medo da mudança é maior do que a força para mudar, pense nisso!



Katia Cristina Horpaczky (Psicóloga)



Fonte: http://clairdeluneatelie.wordpress.com/2010/06/20/o-pior-inimigo-a-auto-sabotagem/

Fonte da Gravura: http://clairdeluneatelie.files.wordpress.com/2010/06/amarras.jpg

SAMSARA

Samsara tem o sentido literal de “perambulação.” Muitas pessoas pensam que esse é o nome Budista para o lugar em que vivemos no momento – o lugar que abandonamos quando vamos para nibbana (nirvana). Mas nos textos Budistas mais antigos samsara é a resposta, não para a pergunta, “Onde nós estamos?” mas para a pergunta, “O que estamos fazendo?” Ao invés de um lugar, é um processo: a tendência de ficar criando mundos e depois se mudando para dentro deles. À medida que um mundo se desintegra, você cria um outro e lá se instala. Ao mesmo tempo, você dá de cara com outras pessoas que também estão criando os seus próprios mundos.

O jogo e a criatividade desse processo pode algumas vezes ser prazeroso. Na verdade, isso seria perfeitamente inócuo se não causasse tanto sofrimento. Os mundos que criamos insistem em desmoronar e nos matar. Mudar para um novo mundo requer esforço: não somente as dores e riscos do nascimento, mas também os severos golpes – mentais e físicos – que resultam ao passar da infância para a maioridade repetidas vezes. O Buda certa vez perguntou aos seus monges, “O que vocês acham que é maior: a água nos grandes oceanos ou as lágrimas que vocês derramaram nessa perambulação?” A resposta dele: as lágrimas. Pense nisso na próxima vez que estiver mirando o oceano ou brincando nas suas ondas.

Além de criar sofrimento para nós mesmos, os mundos que criamos se alimentam dos mundos dos outros, da mesma forma como o deles se alimenta do nosso. Em alguns casos essa alimentação pode ser prazerosa e benéfica para ambos, mas mesmo nesse caso essa situação terá um fim. De modo mais típico, ela irá causar dano a pelo menos uma das partes na relação, com frequência a ambas. Quando você pensa em todo o sofrimento incorrido para manter apenas uma pessoa vestida, alimentada, abrigada e saudável – o sofrimento tanto daqueles que têm que pagar por essas necessidades, bem como daqueles que labutam ou morrem na sua produção – você verá o quão explorador pode ser mesmo o mais rudimentar processo de construção de mundos.

É por isso que o Buda tentou encontrar o caminho para parar essa ‘samsar-ização’. E uma vez que ele o encontrou, ele encorajou outros a seguí-lo também. Porque a ‘samsar-ização’ é algo que cada um de nós faz e cada um tem que parar isso por si mesmo. Se samsara fosse um lugar, poderia parecer egoísta que uma pessoa buscasse a escapatória, deixando os outros para trás. Mas quando você compreende que é um processo, não há de modo algum nada de egoísta em dar-lhe um fim. É o mesmo que abandonar um vício ou um hábito abusivo. Quando você aprende as habilidades necessárias para parar de criar os seus próprios mundos de sofrimento, você poderá compartir essas habilidades com os outros para que eles possam parar de criar os deles. Ao mesmo tempo, você nunca mais terá que se alimentar dos mundos dos outros, portanto, você estará reduzindo o fardo deles também.

É verdade que o Buda comparava a prática de parar o samsara ao ato de ir de um lugar ao outro: desta margem de um rio para a outra margem. Mas os trechos nos quais ele faz essa comparação, com frequência concluem com um paradoxo: a outra margem não possui um “aqui,” nem um “ali,” nem um “no meio.” Sob essa perspectiva, é óbvio que os parâmetros de tempo e espaço do samsara não se referem ao contexto preexistente no qual perambulamos. Eles são o resultado da nossa perambulação.

Para alguém viciado em construir mundos, a ausência de parâmetros conhecidos soa perturbadora. Mas se você estiver cansado de criar sofrimento incessante e desnecessário, talvez queira tentar algo novo. Afinal, você vai sempre poder recomeçar a construir se a falta de “aqui” ou “ali” resultar maçante. Mas dentre aqueles que aprenderam como romper esse hábito, ninguém se sentiu mais tentado a ‘samsar-izar’ outra vez.



Thanissaro Bhikkhu
(Budismo Theravada)



(Desconheço a fonte do texto)
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sexta-feira, 15 de março de 2013

FOI APENAS UM SONHO

Todos devem morrer um dia - esse momento não deve ser de angústia; é preciso partir com um sorriso e uma saudação. A fim de conseguir isso, muita preparação é necessária. Abandonar tudo o que foi realizado e acumulado durante uma vida longa é uma tarefa muito difícil. Então se prepare para ela a partir de agora, descartando o apego a uma coisa após outra. Você vê muitas coisas em seus sonhos e pode até adquirir poder e posição. Quando acorda, você não chora sua perda, mesmo que fossem muito reais e lhe dessem verdadeira alegria e satisfação durante seu sonho. Você diz a si mesmo: "Foi apenas um sonho" e segue em frente com a vida! O que o impede de tratar com indiferença semelhante todos os bens que acumula durante o estado de vigília? Cultive essa atitude e parta com um sorriso quando a cortina se fechar!



Sathya Sai Baba



Fonte: www.sathyasai.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

CABALA E BUDISMO (ELIMINAR O EGO)


Recentemente, em Nova York, tive o privilégio de assistir a uma reunião privada celebrada em honra de Sua Santidade o Dalai Lama.

A pergunta que ardia em minha mente era a seguinte: Qual é o objetivo espiritual primordial dos budistas e como se parece ao da cabala?

Durante a reunião, comecei a conversar com o Prof. Robert Thurman, um importante erudito e escritor budista. Ele é um homem muito sincero, e me disse que só há uma coisa que um verdadeiro budista sabe: "Nosso propósito neste mundo é eliminar nosso ego - nosso desejo egoísta - e transformá-lo em um desejo de servir aos demais."

Eu compartilhei com ele que isso é precisamente o que a cabala ensina: transformar o desejo de receber para si mesmo em um desejo de receber para compartir. Nosso singular propósito é o mesmo. Também falamos sobre o desafio de ensinar este conceito de uma forma que não só se divulgue entre as pessoas, mas também que se adapte ao seu estilo de vida.

O Prof. Thurman compartilhou comigo algo que o Dalai Lama lhe disse uma vez: "A maioria dos budistas que conheço fracassam em seu trabalho."

Isto repercutiu em meu interior, já que é algo que meu pai e mestre, Rav Philip Berg, me ensinou durante toda a sua vida. Todas as coisas de natureza espiritual que fazemos devem estar motivadas pela intenção de transformar nosso ego. Enquanto este enfoque não esteja claro, também fracassaremos, até certo ponto.

Em nível pessoal, este é um ensinamento o qual luto cada dia de minha vida. A batalha para transformar minha natureza egocêntrica é uma batalha que cada dia me desperta disposto a lutar, e que requer vigilância constante.

Compartilho esta lição com vocês com a esperança de que se converta também em seu foco principal. Temos a oportunidade de colocar este princípio muito próximo de nossos corações, mas o nosso desejo não deve ser simplesmente trabalhar para ir diminuindo nosso ego, senão transformá-lo completamente para chegar a alcançar uma conexão mais íntima com a Luz do Criador.


Rav Michael Berg



Fonte do Texto e da Gravura: Centro de Cabala
www.kabbalah.com

(Na gravura no topo do texto vemos Rav Michael Berg e Dalai Lama)

quinta-feira, 14 de março de 2013

A SABEDORIA DO SILÊNCIO


Perdemos energia principalmente por força de nosso diálogo interno que existe em oposição ao silêncio interior, “chashmal”. E porque não reconhecemos nossos padrões de energia, não reconhecemos nosso diálogo interno e perdemos energia. Só quando conseguirmos fazer a escuta de nossa energia é que conseguiremos nos utilizar da quantidade de energia disponível do nosso ser, pois só temos capacidade de produzir uma certa quantidade de energia. 


O homem contemporâneo chega ao conhecimento cheio de vozes internas, cheio de certezas e repleto de conclusões fechadas acerca de si, formuladas principalmente por sua auto importância e história pessoal. Isto muitas vezes torna as coisas inegociáveis: o mestre pode jogar um conceito que pode ser entendido, negado, ou negado irremediavelmente. Você não  tem condição de aprendizado se  tiver milhões de vozes internas auto importantes e conclusões fechadas. 

Para que o aprendizado aconteça deve haver uma quebra, uma ruptura, uma morte da personalidade. Nós temos rotinas exatas que pensamos que nos deixam seguros. A maior parte de nossas perguntas não são dúvidas legítimas: são jogos argumentativos para confirmar a nossa auto importância e história pessoal. São jogos de argumentação lógica para preservar os pontos de aglutinação. Para se ter dúvida tem que se ter critério, tem que haver escuta, anos de estudo, e como em geral não temos isto, só temos perguntas para afirmar nosso pontos de aglutinação: o sujeito grita para não se quebrar todo.

O contato com o “navi” (inspirado) produz uma grande inquietação, a vida ao lado de um “navi” é dura e difícil - ele tem um espírito duro e que cansa justamente porque ele está o tempo todo agredindo as tuas rotinas exatas, mesmo calado, e mesmo sem querer fazer isso. 

Temos um contato precário e agressivo com a sabedoria, e o que é pior, achando que nossa opinião pessoal em relação ao que está sendo dito é a certa. Não temos detenção, espera, demora na sabedoria para se criar algum critério de julgamento. Não esperamos. Estamos sempre à espera de resultados rápidos para tudo na vida.

A sabedoria do silêncio é essa espera, mas toda nossa forma de existir é orquestrada e comandada por um pensamento público que exige velocidade para falar, para ouvir e principalmente para entender. Se você sai de uma aula sem entendê-la, você supõe que: ou a aula foi ruim, ou o mestre está falando besteira, ou que você é burro. Só o homem contemporâneo pensa desta forma. O homem antigo nunca poderia supor um sentido com sabedoria num primeiro contato. Não se entende que não entender é como funciona a sabedoria - começa-se a achar que há um problema com o curso, comigo, com a Tradição, e pior de tudo, sai-se emitindo critério sem ter absolutamente critério nenhum. Isso só reafirma o tamanho da auto importância perante si mesmo. 

O mundo contemporâneo só nos preparou para o raso, e diante do profundo o ser se inquieta; não há nenhum problema – nem com o mestre nem com você - apenas o fato de você ser um estranho completo nas coisas profundas.



Rav Mario Meir



Fonte: Academia de Cabala
www.academiadecabala.com.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quarta-feira, 13 de março de 2013

PREENCHER O VAZIO

Quando uma pessoa se sente insatisfeita, infeliz, tem tendência para atribuir esse mal-estar à falta de qualquer coisa e fica à espera de que um ser, ou um objeto, venha preencher esse vazio.

A solução está em ela própria se decidir a levar algo aos outros, a ajudá-los, apoiá-los, consolá-los ou mesmo participar nas suas atividades. Nesse momento, uma nova vida começa a circular nela, e ela já não necessita de nada, sente-se preenchida. Ela compreendeu que, quando se procura levar algo de bom aos outros, já se está a receber. Ao passo que aquele que não faz nada pelos outros, mesmo que lhe deem alguma coisa, não recebe nada.

A vida está baseada em trocas: receber e dar, dar para receber. Se deixa de haver trocas, deixa de haver vida.



Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

terça-feira, 12 de março de 2013

MUITOS REZAM... (O CAMINHO ESPIRITUAL)

Muitos rezam: "Que seja feita a Tua vontade, e não a minha"; mas até que ponto estamos realmente preparados para cooperar para a realização de um plano que não é o nosso, mas de HaShem (Deus)? 

É uma constatação estatística que as congregações aumentam em época de crise. Sentindo-se abandonadas, as pessoas procuram um abrigo sob Suas asas na expectativa que esta demonstração de resignação e humildade sirva de solução para todos os problemas. 

Ao entrarmos no caminho espiritual, criamos muitas expectativas sobre os benefícios que aquilo irá nos trazer. Achamos que será o fim dos nossos problemas. Logo no início, realmente sentimos alguma melhora, porém, após este momento, os problemas voltam, às vezes até em maior quantidade. 

As coisas nem sempre acontecem do jeito que esperamos e a nossa incapacidade de perceber as coisas como um todo pode ser um grande obstáculo. Nesta hora muitas pessoas questionam o caminho espiritual e alguns chegam a abandoná-lo. 

Embora se repita "seja feita a Sua vontade", o ego, de modo geral, tem os seus próprios planos, e se as coisas saem do script é muito fácil que sentimentos contraditórios de frustração, indignação, raiva etc. despertem, piorando o que já não estava muito bom. 

Isto acontece porque as pessoas não percebem o verdadeiro significado do caminho espiritual. HaShem não pode ser comprado. Ele não necessita de nossas ofertas e orações. Tudo o que acontece ao nosso redor tem por objetivo o nosso refinamento pessoal, a extração das "clipot" (cascas/resíduos) que limitam a nossa percepção da realidade como ela é. A espiritualidade não irá resolver os nossos problemas nem diminuí-los, mas sim nos dar ferramentas para desenvolver o nosso refinamento pessoal. 

A palavra-chave hoje é Confiança. Ou você confia ou você não confia. Não dá para confiar pela metade ou confiar pela manhã e não confiar à tarde... Quando nos entregamos a um caminho espiritual devemos estar preparados para tudo, pois esta confiança será testada, tenha certeza disso. 

O segredo é descobrir qual o propósito que se esconde em cada circunstância, o fardo que recusamos assumir. Assim, o que muda não são os problemas, mas a forma como eles nos afetam e como nós reagimos a eles. 

O refinamento pessoal no caminho espiritual é essencial para melhorarmos a nossa qualidade de vida e podermos servir melhor a HaShem.


Rav Mario Meir


Fonte: Academia de Cabala
www.academiadecabala.com.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

segunda-feira, 11 de março de 2013

SENTIMENTOS NEGATIVOS SOBRE O CORPO


Comentaram com Osho: “Não gosto de mim mesmo, especialmente do meu corpo.”

Se você tem uma ideia fixa acerca de como o corpo deveria ser, viverá infeliz. Esse é o corpo que você tem, é o corpo que Deus lhe deu. Use-o e aproveite-o! Se você decidir amar seu corpo, vai descobrir que ele começará a mudar, porque, se a pessoa ama o corpo, passa a cuidar dele, e o cuidado é tudo.

Se você cuidasse dele, não o empanturraria de comida sem necessidade. Também não o deixaria passar fome. Quando você se preocupa com seu corpo, entra em sintonia com ele e, automaticamente, ele fica bem.

Se não gosta dele, isso causará um problema, porque, pouco a pouco, você vai ficando indiferente, negligenciando-o - afinal, quem se importa com um inimigo? Você não o olhará, o evitará. Deixará de ouvir suas mensagens e o odiará ainda mais.

Assim, estará criando um problema. O corpo nunca cria problemas; é a mente que os cria. Nenhum animal sofre por causa de qualquer ideia sobre o corpo, nem mesmo o hipopótamo! Eles são absolutamente felizes porque não existe uma mente cultivando uma ideia fixa. Do contrário, o hipopótamo pensaria: “Por que sou assim?”

Deixe de lado seu ideal e ame o seu corpo. Ele é seu, é uma dádiva de Deus.

Você deve desfrutá-lo e cuidar dele. Ao cuidar dele, você se exercita, come e dorme. Ao se preocupar, você toma muito cuidado com ele, porque é o seu instrumento, assim como o seu carro, que você manda lavar, que observa à procura de ruídos estranhos, tentando perceber se algo está errado. Você toma cuidado até para que seu corpo não sofra um arranhão.

Apenas cuide do seu corpo e ele ficará belo! Trata-se de um mecanismo tão bonito, tão complexo e que trabalha com tamanha eficiência que permanece ativo durante muitas décadas, continuamente. Esteja dormindo ou acordado, consciente ou não, mesmo sem receber seus cuidados, seu corpo funciona em total silêncio. Seja grato.

Mude sua atitude e verá que, em seis meses, seu corpo mudará de forma. É mais ou menos como acontece quando alguém se apaixona por uma mulher: ela imediatamente se torna mais bonita. Ela fica diante do espelho por horas porque alguém a ama!

O mesmo acontece quando você ama seu corpo: ele começa a mudar. Ele é amado, tem alguém que cuida dele, é necessário. O corpo é um mecanismo muito delicado - as pessoas o usam de uma forma muito cruel, violenta.

Mude sua atitude e veja o que acontece!


Osho, em "Corpo e Mente em Equilíbrio"




Fonte: www.palavrasdeoso.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal