quinta-feira, 20 de agosto de 2020

CAVALEIROS TEMPLÁRIOS


Os Cavaleiros Templários


Os Cavaleiros Templários tiveram origem nas Cruzadas da Idade Média. Como é de conhecimento geral, as Cruzadas foram uma série de expedições à Síria e à Palestina, esta última denominada Terra Santa. Consistiam de “devotos e intrépidos reis cavaleiros”, bem como clérigos, soldados e simples camponeses. Seu intuito era libertar ou recuperar a Terra Santa, a terra natal de Cristo, daqueles que os cruzados chamavam de “turcos infiéis”.

Nesse período em particular, o cristianismo ocidental significava a Igreja Católica Romana; não havia outras igrejas cristãs conhecidas. Todas as religiões ou crenças não-cristãs, em conformidade com a intolerância que então prevalecia, eram consideradas pagãs e, seus seguidores, infiéis. No sentido literal, pagão é o indivíduo que não reconhece o Deus da revelação. Todavia, um pagão não é necessariamente ateu. Mas, na opinião dos cristãos daquela época uma pessoa devota que concebe Deus no sentido panteísta, ou como consciência universal, é pagã. Com toda certeza, todos os não-cristãos eram assim considerados.

Parecia uma irreverência, um sacrilégio, para os cristãos, que locais relacionados com o nascimento do Cristo estivessem sob o domínio de alguma autoridade não-cristã. Pequenos bandos de peregrinos, durante anos antes das Cruzadas, haviam viajado para a Palestina, com o fim de visitar os santuários. Em sua devoção e primitiva crença, imaginavam que tais visitas lhes trariam uma graça espiritual, assegurando-lhes bênçãos especiais no outro mundo.

Atravessaram eles regiões agrestes, onde praticamente não havia lei e ordem. E punham em risco a sua segurança, viajando principalmente a pé. Em consequência, eram assaltados, roubados, mortos por bandidos que os atacavam. Esses fatos, chegaram ao conhecimento da Europa Ocidental e da cristandade e tornaram-se incentivo para as cruzadas.

Durante os séculos doze e treze, cada geração formou pelo menos um grande exército de cruzados. Além desses enormes exércitos, que às vezes chegavam a trezentos mil homens, haviam “pequenos bandos de peregrinos ou Soldados da Cruz”. Durante aproximadamente duzentos anos, houve um fluxo quase contínuo de reis, príncipes, nobres, cavaleiros, clérigos, e gente do povo da Inglaterra, da França, da Alemanha, da Espanha, e da Itália para a Ásia menor. Ostensivamente, essas migrações tinham fins religiosos, levando consigo, como já dissemos, muitos aventureiros, cujo objetivo era de explorar. Assassinos e ladrões viajavam para a Terra Santa e roubavam, pilhavam e violavam mulheres.

Os muçulmanos, devotos e respeitadores da lei, cuja cultura era muito superior a da Europa na época, ficavam chocados com a conduta desses “cristãos”. Era de se esperar que protegessem suas famílias e propriedades desses saqueadores religiosos. Assim, por sua vez, matavam os peregrinos ou os expulsavam. Sem dúvida, muitos peregrinos inocentes perderam a vida por causa da reputação criada pela conduta de alguns de seus companheiros. Os povos não-cristãos do Oriente Próximo não podiam distinguir os peregrinos que tinham nobres propósitos daqueles cujos objetivos eram perversos.


A Primeira Cruzada

Tomando conhecimento desta situação, Papa Urbano II, em 1095, em Clemont, França, exortou o povo a iniciar a primeira grande Cruzada.

Conclamou os cavaleiros e nobres feudais a cessarem a guerra que travavam entre si e socorressem os cristãos que viviam no Oriente. “Tomai a estrada para o Santo Sepulcro; arrebatai a região à raça perversa e sujeitai-a ao vosso domínio”. Consta que, quando o Papa terminou de falar, a vasta multidão que o escutava clamou quase uníssono: “É a Vontade de Deus!”. Esta frase tornou-se depois o grito de guerra da heterogênea massa que formou o exército da Cruzada. Aqueles homens estavam convictos de que estavam obedecendo à vontade de Deus, de modo que brutalidade, assassínio, estupro e pilhagem, nas terras do Oriente, estavam justificados por sua missão.

Era impossível aqueles milhares de homens levarem consigo alimento suficiente para a viagem, visto que esta durava vários meses, em condições muito difíceis. Portanto, eram eles obrigados a buscar sustento nas terras que invadiam. Muitas pessoas inocentes do Oriente, não-cristãs, eram assassinadas, seu gado lhes era tomado e suas casas saqueadas, para o sustento dos cruzados, que sobre elas se abatiam como nuvem de devoradores gafanhotos. Naturalmente, a retaliação vinha rápida e violenta. Muitos cruzados foram mortos pelos húngaros, que reagiram para se proteger contra a depredação causada pelas hordas que passavam por sua região.

O espírito de avareza ou cobiça aproveitou-se das circunstâncias. Muitos cruzados procuravam seguir para a Palestina e a Síria por mar, a fim de evitar a viagem mais longa, toda feita por terra. Ricos mercadores das prósperas cidades de Veneza e Gênova tramaram conceder aos cruzados "livre" passagem para a Síria e a Palestina. Mas exigiam dos peregrinos o compromisso de exclusividade de comércio em qualquer cidade por eles conquistadas. Isto permitiria a esses mercadores ocidentais manter centros comerciais no Oriente, obtendo então excelentes produtos do seu artesanato. As jóias, a cerâmica, a seda. A especiaria, mobília e os bordados do Oriente eram superiores a tudo o que se produzia na Europa Ocidental da época.

Das cruzadas emergiam muitas curiosas ordens religiosas e militares. Duas das mais importantes foram os Hospitalários e os Templários. Essas ordens “combinavam dois interesses dominantes da época, o monge e o soldado”. Durante a primeira Cruzada foi formada, de uma associação monástica, a ordem conhecida como os Hospitalários. Seu objetivo era de socorrer os pobres e enfermos dentre os peregrinos que viajavam para o Oriente.


Cruz de Malta: o emblema


Posteriormente, a Ordem admitia cavaleiros, além dos monges, e depois se tornou uma ordem militar. Os monges usavam uma cruz em sua veste e andavam com uma espada à cinta. Lutavam, quando necessário, embora se dedicassem principalmente em socorrer os peregrinos doentes. Receberam doações de terras, nos países do Ocidente. Também construíram e controlaram mosteiros fortificados, na Terra Santa. No século treze, quando a Síria, principalmente, foi evacuada pelos cristãos, os Hospitalários mudaram sua sede para a ilha de Rodes e, mais tarde, para Malta. Esta Ordem ainda existe e seu emblema é a Cruz de Malta.

A outra ordem tinha o nome de Cavaleiros Templários, ou “Cavaleiros Pobres de Cristo e do Templo de Salomão”. Esta ordem não foi fundada para fins de auxílio terapêutico. Desde sua formação, era uma ordem militar. Seus fundadores foram Hugues de Pyens, um cavaleiro bolonhês, e Geoffroi de Saint-Omer, um cavaleiro francês.

No começo do século doze, assumiram eles a proteção dos peregrinos que se dirigiam a Jerusalém. Pretendiam realmente construir uma escolta armada para esses grupos. Mais tarde, sete outros cavaleiros se uniram a eles. Esses nove cavaleiros se constituíram numa “comunidade religiosa”. Fizeram um juramento solene ao Patriarca de Jerusalém, no qual se comprometeram a guardar estradas públicas e abandonar o cavalheirismo terreno; seu juramento incluía um voto de castidade, abstinência e pobreza.

A missão dos Templários arrebatou a imaginação, não só dos homens livres de classes inferiores, mas também de altas autoridades seculares e no seio da Igreja. Balduino I, Rei de Jerusalém, cedeu parte do seu palácio a essa Ordem de monges-guerreiros. Esse palácio era adjacente à Mesquita de Al-Aka, o chamado Templo de Salomão. Devido a esta localização os componentes da Ordem passaram a ser chamados Cavaleiros Templários ou Cavaleiros do Templo. A princípio, não usavam uniformes, nem qualquer hábito especial; usavam suas roupas costumeiras. Depois, passaram a usar uma veste branca com a dupla cruz vermelha. O primeiro ato que atraiu atenção mundial para eles foi o seu esforço para redimir cavaleiros excomungados.

Muitos cavaleiros haviam violado seu alto código de cavalheirismo, em expedições à Terra Santa, e haviam sido excomungados pela Igreja. Os Templários procuraram redimi-los e introduzi-los em sua Ordem. Assumiram também a missão de impedir que trapaceiros, assassinos, perjuros e aventureiros, explorassem a Terra Santa.

Um outro ato, no início, colocou os cavaleiros em atrito com o clero. Os Templários tentaram conseguir imunidade a excomunhão por párocos e bispos.

O dirigente principal da Ordem era denominado “Mestre do Templo de Jerusalém”. Mais tarde passou a Grande Mestre da Ordem em Chipre. A autoridade desse Grande Mestre era considerável, mas não era absoluta. Tinha ele de consultar a maioria dos Templários, em questões como, por exemplo, declarações de guerra. Por muitos anos os Templários mantiveram-se em guerra contra os “infiéis”. Os chamados infiéis eram principalmente os sarracenos, a se aliar, por vários meios e particularmente como indivíduos, às famílias reinantes da Europa. “Um Grande Mestre era padrinho de uma filha de Luiz IX”. “Um outro era padrinho de um filho de Felipe IV”. Sua influência se fez sentir em meio ao clero, pois os Templários eram convocados a participar nos concílios privativos da Igreja, como o Concílio Lateranense de 1215.


Banqueiros e Financistas

Uma curiosa função, totalmente distinta de seu objetivo declarado, mas que era um sinal de poder, foi a de que os Templários se tornaram os grandes financistas e banqueiros da época. Consta que seu Templo de Paris era o centro do mercado financeiro mundial. Nesse banco, papas e reis depositaram seu dinheiro. Os Templários ingressaram com êxito no mercado de câmbio com o Oriente. Essa foi talvez a primeira de tais empresas na Europa. Não cobravam juros sobre empréstimo, pois, a agiotagem era proibida – declarada imoral pela Igreja e a Coroa. Aluguéis superiores aos valores usuais para empréstimos sob hipoteca eram uma espécie de juro tolerada.

A história registra que os Templários atingiram o ápice do seu poder pouco antes de sua ruína. Com efeito, haviam eles se tornado uma “igreja dentro da igreja”. Isto acabou provocando uma desavença com o Papa Bonifácio VIII. No dia 10 de agosto de 1303, o rei se aliou ao chefe dos Templários, contra o Papa. Esse mesmo rei, Philippe, acabou traindo os Templários. Havia ele sofrido um grande prejuízo financeiro e não conseguia recuperar seus recursos. Imaginou, então, que a supressão dos Cavaleiros Templários lhe seria vantajosa; assim, planejou unir todas as ordens, sob a sua autoridade.

Primeiro era necessário, pensava ele, desacreditar os Templários. Procurou realizar seu intento proclamando que a Ordem era herética e imoral. Introduziu espiões na Ordem, os quais, segundo consta, cometeram perjúrio revelando os ritos, juramentos e cerimônias que os mesmos profanavam o cristianismo. O público em geral sabia que os Templários tinham ritos secretos, mas não conheciam realmente sua verdadeira natureza. Havia rumores infundados de que esses ritos eram lascivos e blasfemos. Portanto, as declarações dos espiões perjuros do Rei Philippe pareceram confirmar os boatos.

O Papa não se demonstrou inclinado a acreditar naqueles relatos que lhe eram transmitidos através das tramas de Philippe e tomar providências em função dos mesmos. Então o rei, astutamente, apresentou suas inventadas queixas à Inquisição, que na época, prevalecia na França. A Inquisição tinha o poder de agir sem consultar o Papa. Em consequência, o Grande Inquisidor exigiu a prisão dos Templários. No dia 14 de setembro de 1307, Philippe determinou que os membros da Ordem dos Templários fossem capturados.


Jacques de Molay


A 6 de junho de 1306, Jacques de Molay, Grande Mestre dos Templários de Chipre, consultava o Papa Clemente V sobre “a perspectiva de uma nova cruzada”. Aproveitou o ensejo para denunciar as acusações que estavam sendo feitas contra os Templários, e partiu. Durante todo o tempo em que lhes eram imputadas incriminações, os Templários não se defenderam. Seis meses depois, Jacques de Molay e sessenta de seus companheiros foram presos e forçados a confessar. Primeiro, os oficiais do rei os torturaram. Em seguida, entregaram-no aos inquisidores da Igreja, para que fossem ainda mais torturados. Muitos desses Templários eram idosos e morreram em decorrência da desumana crueldade a eles infligida por aqueles representantes da Igreja. As confissões que lhes eram arrancadas eram falsas; haviam eles sido forçados a confessar atos de irreverência e heresia. O Grande Mestre foi obrigado a escrever uma carta em que admitia ter cometido atos contra a Igreja.

O Papa acabou sancionando os atos dos inquisidores e ordenou a prisão dos Templários em toda a cristandade. É possível que tenha se sentido inseguro quanto à medida que tomara, pois, mais tarde, determinou uma nova Inquisição para reconsiderar as acusações contra os Templários, acreditando que teriam um julgamento justo. Os Templários abjuraram suas confissões anteriores, em que tinham sido feitas sob coação. Sofreram, porém, amarga decepção! A retratação de suas confissões era passível de punição com a morte na fogueira, castigo que muitos foram obrigados a sofrer.

No dia 14 de março de 1314, Jacques de Molay, o Grande Mestre, e outro Templário, foram levados a um cadafalso “erguido em frente a Notre Dame”. Deviam então confessar sua culpa, ante os legados papais e o povo. Ao invés disto, retrataram-se de suas confissões e tentaram defender os Templários diante da grande multidão que assistia ao processo. Proclamaram a inocência da Ordem. Foi imediatamente ordenado, então, que eles fossem queimados. E assim foram executados, com a aprovação da Igreja Romana.

Que haviam os Templários realizado? Muitos lhes atribuíram o impedimento da propagação do poder islâmico na Europa. Talvez eles tenham realmente contribuído para isto, mas é discutível a questão de que a propagação da cultura islâmica na Europa teria sido prejudicial. Geralmente, admitem os historiadores que a civilização teria avançado séculos se tivesse sido permitido que a sabedoria dos muçulmanos se propagasse pela Europa, naquela época. Foram necessários vários séculos de progresso do conhecimento, na Europa, para igualar e superar o conhecimento que os muçulmanos então possuíam. Os povos islâmicos eram os preservadores do conhecimento original dos gregos e dos egípcios.

Talvez a maior realização dos Templários tenha sido o estímulo à virtude entre bravos e fortes. Muitos cavaleiros haviam adquirido muito conhecimento nos países orientais, durante as Cruzadas. Tinham descoberto que havia no Oriente uma civilização superior à que existia na mais rude sociedade do Ocidente cristão.

Muitos Templários foram secretamente iniciados nas escolas de mistérios do Oriente, onde lhes foi revelada a sabedoria do passado. Embora constituíssem uma Ordem cristã, os Templários eram independentes da Igreja, no sentido de que esta não dominava o seu pensamento. Muitos se tornaram Templários porque, dentro da esfera de influência e proteção da Ordem, podiam estudar e desenvolver um conhecimento que não ousavam, como indivíduos, estudar e desenvolver fora dessa esfera. As pessoas de mentalidade liberal tinham na Ordem dos Cavaleiros Templários uma espécie de refúgio. Foram estes estudos, a investigação intelectual e os rituais místicos, que provavelmente deram crédito ao boato de que os Templários eram hereges.

Segundo a tradição, muitos cavaleiros Cruzaram o Umbral da Ordem Rosacruz e a ela se afiliaram os que eram membros de escolas esotéricas. Muitos cavaleiros tiveram coragem de investigar os campos de conhecimento que suas incursões por países orientais haviam possibilitado. E esse conhecimento ultrapassava as limitadas fronteiras de investigação da Igreja.



Fonte: Ordem Rosacruz - AMORC
https://www.amorc.org.br/os-cavaleiros-templarios/


Fonte das Gravuras:
https://www.altoastral.com.br/wp-content/uploads/2017/01/templarios_shutterstockimages.jpg
https://www.alamy.com/stock-photo-jacques-de-molay-knights-templar-grand-master-135095667.html
https://img2.gratispng.com/20180722/rv/kisspng-knights-templar-symbol-cross-clip-art-5b554bd62438b9.5421600215323166301484.jpg

BERNARDO DE CLARAVAL* - DIA 20 DE AGOSTO


São Bernardo de Claraval *

São Bernardo nasceu em 1090, no Castelo de Fontaine, região de Borgonha, França. Filho de um nobre chamado Tescelin Sorrel, o Vermelho e de Aleth de Monthbard, mulher virtuosa venerada como bem-aventurada. Teve sete irmãos dentre os quais era o terceiro. Bernardo sempre se destacou pela inteligência e pela beleza física. Aos 9 anos foi para a escola canônica, e destacou-se principalmente na literatura.

Em 1112, aos 22 anos, Bernardo entra na Abadia de Cister, também em Borgonha. Esta abadia era um mosteiro cisterciense fundado por São Roberto de Molesme.

Bernardo era homem de estudo e oração, praticando com austeridade a regra do mosteiro, a mesma escrita por São Bento. Bernardo dedicava-se à oração e ao ensino da catequese. Tinha grande dom de oratória.

Após dois anos em Cister, Bernardo foi enviado para o vale de Langres em 1115, com a missão de fundar a Abadia de Claraval, tornando o seu primeiro Abade, com apenas 25 anos. Em pouco tempo a Abadia ficou conhecida em toda a França e posteriormente por toda a Europa como um lugar onde se vivia a oração, o trabalho, a humildade, a caridade e a cultura profunda.

Com o passar dos anos, São Bernardo fundou 72 casas da ordem dos Cistercienses na França e em vários países da Europa. Participou ativamente do Concílio de Latrão, como secretário. Participou também do Concílio de Troyes, onde exerceu grande influência, e do Concílio de Reims, sempre a pedido do Papa, para tratar de todos os assuntos da Igreja.

A convite do Papa, pregou a segunda cruzada. Era conhecido como o Pai dos fiéis, a Coluna da Igreja, o Apoio da Santa Sé, o Anjo Tutelar do Povo de Deus.

Durante o concílio de Troyes, Bernardo conseguiu o reconhecimento para a Ordem do Templo, os Templários, cujos estatutos ele mesmo escreveu. Além disso, São Bernardo escreveu grandes obras, tratados de teologia.

Quando estava para morrer e os monges rezando para que Deus não deixasse, ele disse: Por que desejais reter aqui um homem tão miserável? Usai da misericórdia para comigo e deixai-me ir para Deus. Assim, São Bernardo faleceu no dia 20 de agosto de 1153, aos 63 anos de idade.


Templários

Os Templários surgem com este objetivo inicial: proteger os peregrinos em seu caminho à Terra Santa (principalmente no trecho entre Jaffa e Jerusalém), e ajudar na defesa do Reino. O Rei da época, Balduíno II, não recusou esta grande ajuda, e cedeu a área do Templo do Rei Salomão para a instalação da nova Ordem de Cavaleiros. De sua vocação monacal, expressa na adoção dos votos de pobreza, obediência e castidade, surgiu o título de "Pobres Cavaleiros de Cristo"; mas como também estavam instalados na área do Templo, eram também ditos "Cavaleiros do Templo do Rei Salomão". Surgiu, então, a denominação completa do nome da ordem: "Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo do Rei Salomão", ou Cavaleiros Templários.

A Ordem cresceu rapidamente. Os interessados em ingressar na Ordem deviam procurar os postos de comando, numerosos na Europa, chamados "commanderies", e eram submetidos a muitas provas, que deveriam mostrar sua sólida espiritualidade, seu amor a Cristo, sua força e habilidade com armas, além de grande coragem. Somente após passar por estas provas, e após renunciar a todo prazer material e carnal, jurando obediência à Igreja, o jovem era admitido como novo Cavaleiro da Ordem.

Entre aqueles que foram atraídos para a Ordem estava André de Montbard, Conde de Champagne, o qual era primo de São Bernardo de Claraval. Por seu intermédio, a Ordem chegou aos olhos de São Bernardo. O intrépido Abade de Clairvaux logo percebeu quão grandiosa era a missão daquela nova Ordem de Cavalaria, que unia os princípios do monasticismo ao ideal do cavaleiro, e não lhe poupou apoios. No seu panfleto De Laude Novae Militiae elogiou-os profundamente. Foi São Bernardo que redigiu a Regra dos Cavaleiros Templários, baseando-se da Regra de São Bento; esta Regra dos Templários foi aprovada pelo Concílio de Troyes em 1128.

A Ordem dos Cavaleiros Templários era uma nobre e valorosa Ordem de Cavalaria, que muito ajudou na defesa da vida dos peregrinos cristãos que iam à Terra Santa, como também na defesa da própria Terra Santa. Ademais, em agradecimento pela proteção recebida, muitos nobres doavam terras aos Templários. Estas terras foram sendo acumuladas, e junto com elas muitas riquezas.


O fim dos Cavaleiros Templários

Tanto poder e riquezas acumuladas pelos Templários deu-lhes inimigos poderosos. Entre estes inimigos estava Felipe IV, o Belo, Rei da França. Felipe estava enfrentando dificuldades financeiras. Apossar-se dos tesouros da Ordem seria, portanto, uma boa saída. Conta-se ainda que o Rei teria inveja da Ordem, ciúmes de seu poder e influência na Europa, e mesmo um ressentimento por não ter sido nela admitido. Provavelmente o Rei Felipe sentia-se impotente diante da poderosa Ordem.

A condenação dos Templários à morte deve-se inteiramente ao Rei Felipe IV. O Rei instaurou um processo injusto, cujo único objetivo era condenar os Templários, de um jeito ou de outro. Felipe, o Belo, ordenou a prisão dos Cavaleiros Templários em todo o território francês na noite de 13 de Outubro de 1307 (o mito do azar na Sexta-Feira 13 tem origem neste episódio). Por meio de um iníquo processo jurídico, o Rei condenou os Templários à morte. Acusou-os de idolatria, infidelidade, práticas homossexuais e diversos outros crimes para legitimar seu veredicto. As "provas" para estas suas acusações foram todas obtidas pelo uso da tortura.

O Papa Clemente V (1305-1314) extinguiu definitivamente a Ordem dos Cavaleiros Templários no Concílio de Viena, em 1312. Clemente V não era dono de uma personalidade tão forte quanto seu Predecessor, o Papa Bonifácio VIII (1294-1303), que foi preso e assassinado por Felipe, o Belo, por ir de encontro às suas ambições. Sabe-se que Clemente V não concordava com a condenação injusta dos Templários pelo Rei Felipe, muito embora se diga que esta condenação se deu de comum acordo entre o Rei e o Papa. Um reforma talvez resolvesse o problema, servindo para limpar a Ordem do seu poder e posses financeiras. Contudo, diante das pressões e violentas ameaças de Felipe IV, Clemente V cedeu e extinguiu a Ordem.

O fato de Clemente V ter frustrado os planos de Felipe de se apossar das propriedades e riquezas templárias, legando-as aos Cavaleiros Hospitalários, parece provar contundentemente que este Pontífice não concordava ou se arrependeu com a condenação do Rei à Ordem, embora tenha cedido a ela diante das ameaças deste mesmo Rei.

* Clara Vallis, Claraval, Clairvaux, Vale Claro.



Fontes: Hermanibus Martinista - http://www.hermanubis.com.br/
https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-sao-bernardo-claraval/131/102/
Fonte da Gravura: https://i.pinimg.com/564x/ae/21/e8/ae21e863311b128f2d5c7af862d6f2f6.jpg

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

MEDITAÇÃO EM ESTADO DE LIBERDADE INTERIOR


A meditação é um caminho que seguramente o levará mais próximo à perfeição. Isto é, a meditação de uma qualidade especial. Citarei Dschuang Dsi:

Se permanecermos em silêncio total, então surgirá a luz divina. Quem irradia esta luz divina, este verá o seu verdadeiro “eu”. Quem preservar o seu verdadeiro “eu”, realizará o absoluto. Não tem sentido nenhum se você se sentar agora, tentar reprimir os seus pensamentos, e permanecer um tempo de pernas cruzadas, vinte minutos ou uma hora. Isto é bobagem total, e na melhor das hipóteses poderá lhe dar uma impressão de tranquilidade. Antes de iniciar a meditação do silêncio, você deve ter consciência de todos os seus compromissos, e tê-los afastado um a um. Quem quiser meditar corretamente terá de estar livre de todos os seus compromissos, livre destes diques que limitam tanto o seu espírito e a sua saúde mental.

Mencionei várias vezes como você pode sair deste dilema de compromissos. Esta observação dos processos em você já foi uma forte meditação – e ela funciona. Se você viver um estado de espírito despreocupado, alegre e hoje cheio de vitalidade, no aqui e agora, sem sequer pensar em ontem ou amanhã – então chegou a hora da verdadeira meditação.

Você pode realizar o exercício do silêncio em qualquer lugar. Em um canto tranquilo de casa, em um passeio na natureza, ou até mesmo dentro de um transporte público. Você pode escolher se quer ou não fechar os olhos, a mesma coisa com a sua postura corporal. A meditação ou funciona, ou não. O sucesso não depende da postura física. E não fixe um horário para a sua meditação. E não planeje a duração dela. Observe um gato. O animal se deita ou senta em seu lugar e fica parado durante um tempo. Quando ele achar que é suficiente, ele levanta e passa a fazer outra coisa. Ele não pensa em sentar ou deitar, ele simplesmente o faz, e para quando for suficiente. Assim você deveria exercer a sua meditação, como este gato. Sem propósito, sem obrigação, na postura que lhe for confortável, andando, sentado, ou deitado. Medite o tempo que lhe for agradável, não se force a nada. Um minuto de meditação bem feita vale mais do que muitas horas de meditação que você exerce no espírito errado.

O conteúdo de sua meditação é o silêncio. Não é o silêncio resultante de estímulos reprimidos, ou de pensamentos brecados forçadamente. Naturalmente a sua mente deveria estar livre de pensamentos que atrapalhem. Esta liberdade você alcançará de maneira até fácil, quando aparecer simplesmente como observador de seus pensamentos, e esperar por eles antes mesmo que apareçam. Neste exercício você logo perceberá que os seus pensamentos se acalmam, se tornam mais raros, até que um dia parem completamente. Você precisa apenas manter distância deles, e deve parar de ocupar-se com eles. Esta observação, a sua atenção você só consegue manter durante a sua meditação. Fique tranquilo e seja atencioso. Escute o seu interior com todos os seus sentidos. Não é necessário mais nada.

Se esta meditação for praticada em um estado de liberdade interior, lhe resultarão energias muito fortes, e incorpora uma inteligência que por outro lado está estabelecida no seu pensamento racional. E um certo dia, bem despretensiosamente e sem efeitos colaterais espetaculares, como por exemplo, percepção de luz ou outras visões, você viverá uma imagem abrangente da verdade. A verdade, também chamada de iluminação, instalou-se em você.


Theo Fisher



Fonte: do livro "WuWei - A Arte de Viver o Tao"
Editora Árvore da Terra, 1999 - Tradução: Ulrike Pfeiffer
Fonte da Gravura: Tumblr.com

O VERDADEIRO SENTIDO DA PRECE


Buscamos sempre curas rápidas, mesmo que elas apenas sirvam para mascarar os sintomas (e levar a dor embora), em vez de chegarmos à causa raiz do problema. A terapia espiritual da prece possui efeitos imediatos mas, mesmo assim, leva tempo para nos restaurar a completa saúde. De fato, se perseveramos com o tratamento completo, nos encontraremos, mais adiante, em melhor estado de saúde do que o que antes conhecêramos. A santidade cresce em nós.

Nossa secularidade pode, portanto, nos ajudar a novamente acordarmos para o verdadeiro sentido de parte do entendimento tradicional da prece. Primeiramente, que ela precisa ser praticada dentro das rotinas diárias na ordem do tempo, não apenas à margem do dia de trabalho. Os períodos de meditação duas vezes ao dia, tornam-se, para as modernas pessoas seculares, um ritual espiritual que estrutura e aprofunda o “período de vida”. Trata-se de um suficientemente pequeno exercício e consagração de tempo. Todavia, tal como o exercício que um fisioterapeuta te recomendaria para a correção dos efeitos de uma inconsciente má postura, logo fará uma grande diferença.

O Dalai Lama costuma dizer que, apesar de saber que isso não resolverá a crise ecológica, mesmo assim, ele pratica pequenas economias de energia, tais como a de preferir uma ducha a um banho de imersão, ou apagar as luzes. Pequenas coisas, se praticadas por muitas pessoas, realmente fazem uma grande diferença. Assim, a meditação diária, praticada hoje por muitas pessoas, modifica o mundo como um todo, para melhor, pois muitos desses maus hábitos que nos causam dor, passaram a progredir e se desenvolver, não apenas no nível individual, mas, coletivamente.

A prece é pessoal, não apenas individualística. Isso significa que ela é mais do que a resolução das preocupações egocêntricas de nossas vidas. Trata-se de quebrar esse círculo e fazer com que o verdadeiro centro da realidade se torne o centro de nosso universo pessoal. A prece, então, assume uma significação crescentemente universalista à medida que nossas próprias preocupações e problemas se reconfiguram em uma rede de relacionamentos que se ajudam entre si, por compaixão e sabedoria. Pois as verdadeiras forças da alma levam nossa vida, dos fundamentos do ego, para o teto da alma, onde podemos enxergar as estrelas.


Dom Laurence Freeman, OSB



Fonte: "Caríssimos Amigos" - Leitura de 20/07/2008
Christian Meditation Newsletter (Junho, 2008) vol 32, nº 2, pp. 3-4.
Tradução de Roldano Giuntoli
Comunidade Mundial de Meditação Cristã - www.wccm.com.br
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/budismo-adora%C3%A7%C3%A3o-monge-antigos-1782432/

sábado, 15 de agosto de 2020

ACALMA-TE


Acalma-te.

O teu sofrimento será do tamanho da tua aflição.

Todo desespero é fator agravante das provações.

Não te revoltes.

A dor sempre encerra preciosa lição.

Quantos, em silêncio, estarão chorando neste exato momento?

E quantos haveriam de sorrir, se se encontrassem na situação que consideras de extrema dificuldade?

Porventura, não estarias te queixando além da justa medida?

Pacifica-te interiormente e, por mais complexos, terás os teus problemas reduzidos à metade.

De um minuto para outro, o que se alterou para pior pode vir a se alterar para melhor.

Sintoniza-te com as forças que, incessantemente, conspiram em teu favor, em todo o Universo.

Abandona a tendência de ver sombra onde existe luz.


Carlos A. Baccelli / Irmão José



Fonte: do livro "Dias Melhores"
Livraria Espírita Edições "Pedro e Paulo", Uberaba, MG, 4ª Ed., Dez./2006
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

O GRANDE RISCO QUE ASSUMIMOS NA MEDITAÇÃO


A meditação não permite que nos enganemos. Nos vemos como somos. Nos é impossível deixar de enxergar as maneiras pelas quais somos falsos ou hipócritas; nossas ilusões, auto-enganos, inseguranças medrosas e compulsões se mostram claramente; e a maneira como julgamos e rejeitamos outras pessoas, de maneira tão arrogante, atingirá como uma adaga nossa consciência quando a enxergarmos. Porém, ao encararmos esse lado sombrio de nós mesmos, o iluminamos. O vemos, com uma luz que brilha, a partir de algum local mais profundo em nós mesmos. E essa luz de nosso espírito calcina essa nossa auto-aversão com a revolucionária e finalmente inevitável verdade de que somos bons e dignos de amor.

Quanto mais conscientes estivermos do verdadeiro ser, mais veremos nossa atitude se modificar em relação aos outros, na maneira como mantemos nossas relações com eles. O medo diminui, o amor generoso aumenta; as reações iradas cedem lugar à sabedoria do perdão; o julgamento é absorvido pela paciência. Em lugar do controle e da manipulação, que aos olhos do ego é o que faz o mundo girar, vislumbra-se uma surpreendente liberdade, como real possibilidade nos negócios humanos: a liberdade que surge quando as pessoas permitem, umas às outras, que elas sejam quem realmente são. O mundo não seria perfeito, mesmo se fizéssemos isso desde a infância, mas certamente necessitaríamos menos prisões e aqueles que nelas estivessem, poderiam ser aqueles que efetivamente se beneficiariam por ali estar.

Mas, que grande risco. O grande risco que assumimos na meditação é, antes de mais nada, o de sermos nós mesmos. Este é o primeiro passo. Se não déssemos o correspondente próximo passo, jamais nos moveríamos de onde estamos; estaríamos saltando em uma só perna toda a nossa vida. O próximo passo é o de assumirmos o risco de deixar que os outros sejam eles mesmos. A maneira de fazermos isso é percebermos que a realidade deles é distinta da nossa. E percebê-los como reais é amá-los. Iris Murdoch escreveu certa vez que “o amor é a percepção do indivíduo”. Ela seguiu dizendo, "o amor é essa extremamente difícil compreensão de que algo além de nós mesmos é real." O amor e, assim também, a arte e a moralidade, é a descoberta da realidade. O que nos choca, nessa compreensão de nosso destino supersensitivo é uma indizível particularidade.

A grande ação da contemplação é a de voltarmos a atenção para fora de nós mesmos, na direção da realidade maior “fora de nós” que nos contém. É a mesma ação da contemplação, qualquer que seja a maneira como a consigamos fazer: nos relacionamentos, na arte, no serviço e na prece. Certamente, uma maneira fundamental de fazê-lo, é a de aprendermos a meditar, uma arte de aprendizado vitalícia. Meditar é aprender a viver contemplativamente em tudo o que fazemos, [para] tal como Santo Antão do deserto certa vez exortou seus discípulos a: “sempre respirar Cristo”.


Dom Laurence Freeman, OSB



Fonte: "Carta Nove" - Leitura de 27/07/2008 - Common Ground: Letters to a World Community of Meditators (New York: Continuum, 1999) pp. 103-104. Tradução de Roldano Giuntoli.
Comunidade Mundial de Meditação Cristã - www.wccm.com.br
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/tail%C3%A2ndia-budistas-monges-meditar-453393/

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

ESFERAS ESPIRITUAIS


A obra de André Luiz, através de Chico Xavier, em complemento à Codificação Kardeciana, em vários aspectos, gradativamente, vem mostrando quanto se antecipa às modernas conquistas da Ciência, mormente no campo da Física Quântica.

A partir de “Nosso Lar”, em 1943, a nossa concepção de Mundo Espiritual se amplia, consideravelmente, com a revelação da existência de diversas “Esferas Espirituais” que o constituem. Há, inclusive, um estudo muito interessante a respeito, num dos livros editados pela Fed. Espírita Bras. (FEB), intitulado “As Sete Esferas da Terra”, de Mário Frigéri, todo ele calcado em André Luiz. Aliás, a referida publicação, em grande parte, se baseia ainda em “Cidade no Além”, publicado pelo Inst. Divulg. Esp. (IDE), de Araras, através dos médiuns Chico Xavier e Heigorina Cunha, pelos espíritos André Luiz e Lucius, este último, segundo informação de Chico Xavier, pseudônimo de Camille Flammarion.

O que Allan Kardec, genericamente, denomina de Mundo Espiritual, e André Luiz de “Esferas Espirituais”, a Física Quântica vem chamando de “Hiperespaço”. Em “Os Mensageiros”, cap. 15, encontramos nas palavras de Aniceto:

“Há, porém, André, outros mundos sutis, dentro dos mundos grosseiros, maravilhosas esferas que se interpenetram. O olho humano sofre variadas limitações e todas as lentes físicas reunidas não conseguiriam surpreender o campo da alma, que exige o desenvolvimento das faculdades espirituais para tornar-se perceptível. A eletricidade e o magnetismo são duas correntes poderosas que começam a descortinar aos nossos irmãos encarnados alguma coisa dos infinitos potenciais do invisível, mas ainda é cedo para cogitarmos do êxito completo.”

Nas considerações constantes do livro “Cidade no Além”, no cap. IV, “Localização de ‘Nosso Lar’ – Esferas Espirituais”, nos deparamos com preciosa elucidação:

“O trânsito entre as esferas se faz por maneiras diversas. Por 'estradas de luz', referidas pelos espíritos como caminhos especiais, destinados a transporte mais importante. Através dos chamados 'campos de saída' que são pontos nos quais as duas esferas próximas se tocam. Pelas águas, de se supor as que circundam os continentes." (oceanos)

Vejamos agora o que transcrevemos da obra intitulada “Hiperespaço”, de Michio Kaku, professor de Física Teórica no City College da Universidade de Nova York. Graduou-se em Harvard e recebeu o título de doutor em Berkeley:

"Nosso universo, portanto, não estaria sozinho, mas seria um de muitos mundos paralelos possíveis. Seres inteligentes poderiam habitar alguns desses planetas, ignorando por completo a existência de outros". "(...) normalmente, a vida em cada um desses planos paralelos prossegue independentemente do que se passa nos outros. Em raras ocasiões, no entanto, os planos podem se cruzar e, por um breve momento, rasgar o próprio tecido do espaço, o que abre um buraco - ou passagem - entre esses dois universos. (...) essas passagens tornam possível a viagem entre esses mundos, como uma ponte cósmica que ligasse dois universos diferentes ou dois pontos do mesmo universo".

No livro “Voltei”, de Irmão Jacob, igualmente psicografado por Chico Xavier (obra de leitura obrigatória para os espíritas!), no capítulo “Incidente em Viagem”, há interessante narrativa que Mário Frigéri sintetiza em “As Sete Esferas da Terra”:

“Havia uma ponte luminosa assinalando a passagem das regiões de treva para as de luz. Um desencarnado do grupo que volitava sob a supervisão e sustentação fluídica de Bezerra de Menezes e do Irmão Andrade, se desequilibrou ante a visão magnífica da nova região e, recordando seus antigos deslizes na carne, passou a gritar:

- Não! não! não posso! eu matei na Terra! Não mereço a luz divina! sou um assassino, um assassino!

Quando seus brados ressoaram lúgubres pelas quebradas sombrias abaixo, outras vozes, parecendo provir de maltas de feras ao pé da ponte, esbravejaram, horríveis:

- Vigiemos a ponte! Assassinos não passam, não passam!”

Corroborando este rápido estudo, atentemos para a palavra lúcida de Emmanuel, em carta dirigida a César Burnier, em 2 de abril de 1938, recentemente inserida na obra “Um Amor – Muitas Vidas”, de Jorge Damas Martins, da Editora “Lachâtre”:

“Não podereis compreender, de pronto, o nosso esforço. Tendes de reconhecer, primeiramente, que o além não é uma região, e sim um estado imperceptível para a vossa potencialidade sensorial. E entendereis que igualmente nós somos ainda relativos, sem nenhum característico absoluto, irmãos de vossa posição espiritual, em caminho para as outras realizações e conquistas, como vós outros”.

Em suma, a vasta obra que Emmanuel e André Luiz realizaram através de Chico Xavier, em complemento ao Pentateuco, estão a requisitar de nós, espíritas, uma releitura, à luz das modernas conquistas da Ciência, para que possamos mais bem assimilar as inúmeras informações que contêm, muitas vezes em textos que necessitam ser cotejados entre si, à espera de que disponhamos de maturidade espiritual a fim de compreendê-los em sua profundidade reveladora.

Porque permanecem na superfície da palavra, sem visão mais ampla desta ou daquela abordagem, muitos não conseguem atinar com o caráter progressivo da Doutrina, opondo-se, de maneira sistemática, ao que, por outros autores, encarnados ou desencarnados, lhes soa como novidade ou mesmo contrário aos princípios básicos da Terceira Revelação.


Carlos A. Baccelli



Fonte: "A Obra de André Luiz e a Física Quântica"
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/universo-o-espa%C3%A7o-de-fundo-4463859/

O TAO ESTÁ ACIMA E ALÉM DA COMPREENSÃO


O verso 1 do Tao-Te-Ching diz: "Aquilo que pode ser definido, não é o Tao".

O que isto significa?

Significa que o Tao está acima e além da compreensão humana comum. A linguagem não possui palavras nem símbolos que o definam. É mais ou menos como acontece com Deus. Podemos por acaso, responder a pergunta - O que é Deus? - Não obstante, há muitas respostas que tentamos e que fazem sentido para nós. Isto não significa entretanto que a resposta esteja correta. Dizer que Deus é uma certa entidade que criou o Universo, é muito vago. O que é uma - certa entidade -, o que é - Universo ?

No Antigo Testamento, está escrito: "Deus é Aquele que é".

É o que?

Talvez, quem sabe, não seja para saber mesmo... As eternas especulações só têm uma certeza: que nos levarão ao infinito, ou seja, a lugar algum. A mesma linha de pensamento se dá em relação ao micro e ao macro. Qual a menor partícula? Onde fica o fim do mundo? Cada vez que se encontra a menor partícula que existe, logo adiante encontra-se outra menor ainda. O mesmo se dá no macro: uma galáxia, depois outra mais longínqua... E isto não terminou. E parece que nunca vai terminar.

Com o Tao ocorre o mesmo. Não há como definir, porque sua definição, por mais elaborada que seja, será sempre incompleta e em consequência incorreta. Será que o que deixou de ser definido, não é fundamental para sua compreensão? Provavelmente é.


P. G. Romano


Fonte: "O Tao do Ocidente"
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/vectors/tao-yin-yang-mulheres-silhueta-2244303/

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

CONTEMPLATIVOS EM MEIO DAS MUDANÇAS


A mudança é um dos grandes fatores da vida. Se não somos capazes de ser contemplativos em meio das mudanças, se insistimos em ser contemplativos em alguma situação completamente estável que imaginamos construir no futuro, então nunca vamos ser contemplativos. Assim, que possamos nos mover de maneira tranquila, confiante e contente. Não tentemos estar demasiado dependentes de nosso próprio movimento e não peçamos que tudo seja seguro. Primeiro, vivamos em Cristo, totalmente abertos a seu Espírito, sem nos preocuparmos da segurança institucional, livres de toda preocupação por estruturas ideais que nunca serão construídas, e nos conformemos com a Noite Escura da fé, a única na qual realmente estamos seguros, porque somos verdadeiramente livres.


Thomas Merton, OSB, em "Acción y contemplación", 146)


Não podemos esperar alcançar condições ideais para adentrarmos na senda da interioridade e comunhão com Deus. São poucos os que vivem em um monastério e muitos os que se sentem chamados a uma experiência mais plena do Transcendente. Merton nos convida a crescer em meio a qualquer situação, por mais instável que possa ser.


Fonte: do blog de Gregorio Dávila, Sevilla, España - www.grego.es
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/p%C3%B4r-do-sol-mulher-silhueta-1815992/

UNIDADE ESPIRITUAL ENTRE SAINT-MARTIN E WILLERMOZ


A relação entre Louis-Claude de Saint-Martin e Jean-Baptiste Willermoz é um assunto fascinante pela extraordinária riqueza de ambos os personagens.

Saint-Martin instala-se com Willermoz na casa que a família Bertrand ocupava em Brotteaux, ao chegar a Lyon em setembro de 1773. Lá ele viverá durante sua estada em Lyon, no período em que as aulas de Lyon acontecerão aos Élus Cohen (1774-1776). Saint-Martin relatará as condições de sua acomodação nesta casa, enquanto trabalhava em seu primeiro livro, “Dos erros e da verdade”: “ Escrevi as primeiras trinta páginas e as mostrei ao círculo que instruía para o Sr. Willermoz, e eu me comprometi continuar...”. (Retrato, 165)

Você pode imaginar a atmosfera que deve ter reinado em Lyon naquela época...

Além das diferenças entre as duas personalidades (não se deve esquecer que Saint-Martin é mais jovem que Willermoz, e o respeito pelos idosos fazia muito sentido no século 18), um forte vínculo será estabelecido entre Saint-Martin e a irmã de Willermoz, Madame Povensal, a quem Saint-Martin designou com o nome de “mãezinha”, o que é indicativo de seu compromisso com ela. Também houve uma estreita relação entre Saint-Martin e Antoine Willermoz, irmão de Jean-Baptiste, com quem visitou a Itália em julho de 1774, desde Gênova a Turim, encontrando-se com os irmãos italianos treinados nas práticas martinezistas.

As diferenças entre Saint-Martin e Willermoz referiam-se à questão de como enquadrar a via interna, e não quanto à substância (a via interna) da questão. Ambos se afastaram da teurgia, afastando-se de seus métodos, por diferentes razões à primeira vista - Saint-Martin parece ter se beneficiado mais com a gratificação da “Coisa” durante as operações. Eles pensavam de forma relativamente semelhante e idêntica no plano teórico que contém uma verdade central que lhes parecia muito evidente após o desaparecimento de Martínez:

O segredo do verdadeiro culto, passado de geração em geração - culto que foi objeto dos trabalhos dos Cohen -, desenvolve-se na prática da identidade que existe hoje, após a vinda de Cristo, entre a "verdade" e "revelação" do espírito, para que aos iniciados no mistério autêntico, a ciência divina nada mais seja do que o conhecimento íntimo e interior de Deus, conhecimento que é, ao mesmo tempo e no mesmo ato, a teoria da verdadeira adoração e a prática de sua celebração.

Essa é a chave explicativa da inutilidade, em última instância, das práticas externas, porque quando se aproxima autenticamente do conhecimento íntimo de Deus no coração humano, esse conhecimento se revela ao mesmo tempo uma revelação da ciência secreta e da celebração da adoração divina, pois, depois de Cristo, é "em espírito e em verdade" que Deus deve ser adorado (Jo 4: 24); e esta indicação do reparador divino no evangelho deve ser levada muito a sério no plano iniciático e espiritual.

Quanto ao resto, com efeito, Willermoz se assemelhava mais ao arcabouço maçônico para garantir a estabilidade e preservação do conteúdo doutrinário com vistas a dar às almas desejosas um caminho seguro para a verdade, dada a condição do mundo e dos próprios homens.

Portanto, é real para Willermoz declarar que uma "estrutura" (enquadramento) é necessária na situação atual. Saint-Martin, pelo contrário, considera que este "enquadramento" (estrutura) é, na melhor das hipóteses, uma concessão à fraqueza humana e, na pior, inútil, restritiva e um impedimento à realização do "grande tema". Em uma carta de 1783, Saint-Martin expõe sinceramente a natureza de suas queixas a Willermoz, declarando-lhe com uma franqueza incomum que  a origem do erro é tentar “...centrar o espírito em códigos e escolas. Tal foi o defeito de nosso falecido Mestre  [Martínez de Pasqually], assim como o resto de nós, seus discípulos. Afasto-me totalmente dele e até hoje abjuro todas aquelas ordenanças em que o homem se evidencia e Deus é distanciado.” (Saint-Martin, carta a Willermoz de 10 de fevereiro de 1783)

Certamente é coerente considerar que nenhuma contradição essencial se encontra entre as duas abordagens de Willermoz e Saint-Martin, ambas baseadas de forma idêntica no "culto em espírito".

Basta considerar que todas as almas não são chamadas a escalar a montanha sagrada da mesma maneira e, provavelmente, à mesma velocidade... sem nunca esquecer que todas, pela graça, já estão no seio da Verdade.


Publicado pelo Diretório Nacional Retificado da França



Fonte do Texto e Imagem: Blog Masonería Cristiana
https://www.masoneriacristiana.net/2016/01/unidad-espiritual-entre-willermoz-y.html
Originalmente publicado pelo: Directorio Nacional Rectificado de Francia en su perfil de Facebook

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

ALÉM DO BARULHO DAS PALAVRAS


O escutar é uma arte que não se obtém facilmente, mas no escutar há beleza e grande compreensão. Escutamos com distintas intensidades de nosso ser, mas nosso escutar é sempre com uma ideia preconcebida ou desde um ponto de vista particular. Não escutamos simplesmente; interpõe-se sempre a visão de nossos próprios pensamentos, de nossas conclusões, de nossos preconceitos... Para escutar deve haver quietude interna, uma atenção relaxada; há que se estar livre do esforço de adquirir. Este estado de alerta e, não obstante, passivo, pode escutar o que está mais além da conclusão verbal. As palavras confundem; são somente meios exteriores de comunicação; mas para nos comunicarmos além do ruído das palavras, no escutar deve haver uma passividade alerta. Os que amam podem escutar; mas é extremamente raro encontrar alguém que escute. Quase todos vamos atrás de resultados, querendo alcançar metas; estamos sempre vencendo e conquistando; em consequência, não escutamos. Somente quando alguém escuta, ouve a canção profunda das palavras.


J. Krishnamurti



Fonte: do blog de Gregorio Dávila, Sevilla, España - www.grego.es
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/escultura-bronze-a-escuta-ouvir-2209152/

UM BÁLSAMO NA QUEIMADURA DO DESEJO


O desejo é principalmente um impulso. Você pode desejar salvar o planeta ou libertar todos os seres sencientes do sofrimento. Mas quando os desejos se entrelaçam com anseio e apegos intensos, nossa experiência demonstra que eles conduzem ao sofrimento.

O desejo geralmente começa com uma imagem. Se a imagem é sedutora e promete prazer, ela dispara uma reação em cadeia. Há uma sede de atrair ou obter o objeto visto na imagem mental. A partir desse ponto, começamos a sobrepor a realidade, percebendo apenas as qualidades desejáveis do objeto. Rapidamente, todas as consequências e aspectos negativos ficam invisíveis.

Experiências prazerosas com frequência dão vazão a mais anseio, já que a pessoa quer sentir de novo a sensação de prazer. Isso gradualmente estabelece um padrão de desejo. Em algum ponto, o prazer pode minguar mas o desejo ainda persiste. Quando uma pessoa constrói um forte desejo por algo que já não é agradável, aí ela realmente está capturada.

Não podemos esperar alguma solução mágica que vá nos livrar subitamente de todos nossos anseios, já que eles foram construídos ao longo do tempo. Mas um treinamento da mente perseverante pode gradualmente erodir essas fortes tendências.

Uma maneira de fazer isso é interromper a identificação com nosso anseio. Geralmente nos identificamos completamente com nossas emoções. Quando somos dominados pelo desejo, somos unos com esse sentimento — ele fica onipresente em nossa mente. A mente, contudo, sempre é capaz de examinar o que está acontecendo com ela. Tudo que temos a fazer é observar nossas emoções do mesmo modo como observaríamos um evento à nossa frente.

A parte de nossa mente que está consciente do desejo está simplesmente consciente, não está ansiando. Podemos recuar um passo, compreender que esse anseio não tem solidez, e permitir um espaço suficiente para ele se dissolver nele mesmo. Deixemos que nossa mente relaxe na paz do estado consciente e desperto, livre da esperança e do medo, apreciando o frescor do momento presente, que age como um bálsamo na queimadura do desejo.


Matthieu Ricard



Fonte: https://www.matthieuricard.org/en/
Via https://darma.info/
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/guarda-chuva-budismo-monge-mosteiro-1807513/

terça-feira, 11 de agosto de 2020

ESPAÇO PARA SER


Para nos conhecermos, para nos compreendermos e para... obtermos uma perspectiva correta de nós mesmos e de nossos problemas, precisamos simplesmente entrar em contato com nosso espírito. Toda auto-compreensão surge como resultado de nos entendermos como seres espirituais, e apenas o contato com o Espírito Santo pode nos conferir toda a amplitude da compreensão... Esse caminho não é difícil. É muito simples. Mas, realmente demanda um sério comprometimento...

A maravilhosa revelação que lá está para que a descubramos, desde que apenas nos coloquemos a caminho com disciplina, é que nosso espírito está enraizado em Deus... Esta é uma descoberta básica que cada um de nós precisa fazer: que a natureza que possuímos tem esse infinito potencial de desenvolvimento e que o desenvolvimento só se dá caso nos entreguemos a esta peregrinação a nosso próprio centro... A meditação é apenas essa maneira de entrarmos em contato com nosso próprio espírito e, nesse contato, encontrarmos o caminho da integração, de descobrirmos que tudo na nossa experiência se harmoniza, tudo na nossa experiência é alinhado em Deus.

O caminho da meditação é muito simples. Tudo o que cada um de nós precisa fazer é ficar tão imóvel quanto possível, física e espiritualmente... Aprender a meditar é aprender a abandonar seus pensamentos, ideias, imaginação e a descansar nas profundezas de seu próprio ser. Lembre-se sempre disso. Não pense, não utilize quaisquer palavras, a não ser sua própria palavra (mantra), não imagine nada. Apenas entoe, repita a palavra nas profundezas de seu espírito, ouça-a. Concentre-se nela com toda sua atenção. Por que isso é tão poderoso? Basicamente porque nos dá o espaço que nosso espírito precisa para poder respirar. Nos dá, a cada um de nós, o espaço para sermos nós mesmos.

Quando você medita, não precisa se desculpar e você não precisa se justificar. Tudo o que você precisa fazer é ser você mesmo, é aceitar, das mãos de Deus, a dádiva de seu próprio ser. E, nessa aceitação de si mesmo e de sua criação, você entra em harmonia com o Criador... o Espírito de Deus.


Dom John Main, OSB



Fonte: "Espaço para ser" - Leitura de 03/08/2008
Moment Of Christ (New York: Continuum, 1998) pp. 92-93.
Tradução de Roldano Giuntoli
Comunidade Mundial para a Meditação Cristã - http://www.wccm.com.br/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

HUA HU CHING - OS 81 ENSINAMENTOS ORAIS TAOISTAS


O "Tao Te King" não é o único livro de Lao Tzé. O "Hua Hu Ching" é a compilação de 81 ensinamentos orais taoistas. O conteúdo fala da aquisição da iluminação, maestria e paz de espírito, transmitindo em sua mensagem uma enorme autoridade que revela a mais pura origem taoista.

Ensinamento 4: "Qualquer saída do TAO contamina o espírito. A cólera é uma saída, a resistência é uma saída, o ensimesmamento em si mesmo é uma saída. Ao longo de muitas vidas o fardo das contaminações pode tornar-se grande. Só há uma maneira de purificar-se destas contaminações, e consiste em praticar a virtude. O que isso quer dizer? Praticar a virtude é oferecer desinteressadamente ajuda aos demais, dar sem limitação alguma o próprio tempo, capacidades e posses, em qualquer ocasião e lugar em que for necessário, sem preconceito algum em relação à necessidade da pessoa que o necessite. Se tua disponibilidade a dar felicidade é limitada, também o será tua disponibilidade a recebê-la. Este é o sutil proceder do Tao."


Lao Tzé



Fonte: do blog de Gregorio Dávila, Sevilla, España - www.grego.es
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/yin-yang-abstract-fundo-black-99824/