sexta-feira, 31 de março de 2017

A EGRÉGORA


Já aconteceu com você de sentir-se particularmente feliz num lugar qualquer, particularmente à vontade, sem razão aparente? Na floresta povoada de claros-escuros cintilantes, sentiu, como o Conde de Gabalis, o roçar sutil dos gnomos, dos silfos e das salamandras, hóspedes espirituais desses locais? Após uma reconfortante reunião, você saiu satisfeito, sentindo-se em união perfeita com todos? Quanto a mim, lembro-me de um concerto de danças caucasianas, onde a sala inteira encontrava-se unida como um só ser. Lembro-me de um extraordinário solo de Heifetz no silêncio religioso de quinhentas respirações suspensas ao som cristalino do violino, silêncio que permaneceu por alguns segundos após a última nota do virtuose, antes da explosão das aclamações.

Por outro lado, aconteceu com você de sentir-me oprimido ao pisar nos restos dos campos de concentração, nos campos de batalha de Oradour-sur-Glane? Diz-se que o sangue dos mártires de todas as ideologias clama ao céu sua dor e que a imagem dos acidentes impregna os cruzamentos onde se produziram. No metrô parisiense, que transporta tantos espíritos heteróclitos* e libera uma infinita tristeza, quantos têm o coração apertado pela atmosfera que lá impera e pela morosidade dos viajantes que nos cercam; privados também da "bolha de ar" necessária ao bem-estar de nossa aura, sufocamos. 

Esses estados de espírito podem vir de nossa percepção da egrégora do lugar.

Que é uma egrégora?

Ao se reunirem, os seres formam, pela união de sua vontade, um ser coletivo novo chamado Egrégora. La Voix Solaire (A Voz Solar) em seu número de março de 1961, dava-nos a seguinte definição: "Egrégora, reunião de entidades terrestres e supra-terrestres constituindo uma unidade hierarquizada, movidas por uma ideia-força".

Esta palavra poderia originar-se no grego "egregoren", que significa "velar". No Livro de Enoch está escrito que os anjos que tinham jurado velar sobre o Monte Hermon teriam se apaixonado pelas filhas dos homens, ligando-se "por mútuas execrações**".

Papus, em seu Traité élémentaire de Science Occulte (Tratado elementar de Ciência Oculta) introduz uma nova noção: As egrégoras são "imagens astrais geradas por uma coletividade" (p. 561).

Em La Voie Initiatique (A Via Iniciática), Serge Marcotoune constata que a energia nervosa se manifesta por raios no plano astral: "O astral está cheio de miríades de centelhas, flechas de cores das ideias-força. Sabemos que cada pensamento, cada intenção a que se mistura um elemento passional de desejo, se transmite em ideia-movimento dinâmica, completamente separada do ser que a forma e a envia, mas seguindo sempre a direção dada. As ideias-força são os elementos mais elementares do plano astral; elas seguem sua curva traçada pelo desejo do remetente" (p. 195). É por isso que precisamos controlar nossos desejos a fim de que eles não pesem sobre nós, acorrentando-nos, imprimindo à nossa aura cores diferentes. A meditação e a prece do iniciado regeneram-no, permitindo-lhe emitir ideias sadias e tranquilizantes. No astral, os "spiritus directores", os espíritos-guias, canalizam as ideias-força para zonas determinadas.

Em La Clef de la Magie Noire (A Chave da Magia Negra), Stanislas de Guaita analisa a história da Convenção, desmascarando as entidades homicidas coletivas e os atos sanguinolentos delas decorrentes (p. 324). De fato, no mundo astral as coisas semelhantes aglutinam-se para criar um coletivo, graças às suas vibrações idênticas. A egrégora, ser astral, possui seu centro e seu eixo nesse plano e busca um ponto de apoio terrestre para assegurar-se das formas estáveis.

O iniciado aproxima-se assim dos seres superiores e elevados. No astral nascem os germes das grandes associações, das grandes amizades, das proteções. Em constante modificação, em evolução, as formas das egrégoras são, na maior parte do tempo, efêmeras. As egrégoras não possuem ponto de apoio. Elas podem obstruir nosso caminho ou ser utilizadas por um operador.

Marcotoune escreve: "As egrégoras que podemos considerar como prontas formam uma classe à parte. São as egrégoras da cadeia iniciática ou das grandes religiões. Elas servem à obra sacrifical de expiação do Filho de Deus para salvar a humanidade. São dirigidas diretamente pelos seres reintegrados e pela vontade divina. Situadas no cume do plano astral, perdem-se na fusão com os planos espiritual e divino" (p. 206). Elas realizam o destino cósmico de todo o universo.

Os antigos...

Basta que o mundo invisível seja um poderoso auxiliar para os seres humanos, para convencê-los de ler os textos antigos. Se os homens criaram mitos, foi porque se viram confrontados com forças imensas, incompreensíveis, dissimuladas nas profundezas ocultas da Natureza. Sabiam que cotidianamente eram travados combates na terra e no céu.

Zeus luta contra os Titãs; Rama combate os demônios gigantescos do Ramayana; Krishna ajuda o guerreiro Ariuna em seus embates com a Vida, os exércitos vindos do invisível são confrontados com os do manifesto. No Règlement de Guerre (Regulamento da Guerra) dos essênios, vê-se o mundo angélico inteiro empenhado na batalha terrestre. Na China, o Culto dos Ancestrais estabelecia um equilíbrio ente a Terra e o Céu por meio da Egrégora familiar astral. Papus cita Ovídio no Traité Elementaire de Science Occulte: "Quatro coisas devem ser consideradas no homem: os manes, a carne, o espírito e a sombra. Essas quatro coisas são colocadas cada uma em seu lugar: a terra cobre a carne; a sombra flutua em redor da tumba, os manes estão no inferno e o espírito voa para o céu" (p. 404). Os egípcios pensavam que não só o ser humano possui um duplo (Kha), mas também todos os animais e todas as coisas em que a vida se faz sentir: as cidades, as províncias, as nações. Henri Duville o observa na sua A Ciência Secreta (La Science secrète).

E nós...

Estamos convencidos, como Beaudelaire que: "A Natureza é um templo onde viventes pilares deixam às vezes escapar confusas palavras. O homem nela passa através de florestas de símbolos que o observam com olhares familiares..."

Somos convidados com insistência a decifrar o que está oculto (ocultismo), a descobrir o que está fora das coisas (esoterismo), a aprofundar o que nos espanta porque, diz Aristóteles, "do espanto vem a Sabedoria".

A noção de egrégora libera dos grilhões religiosos. Na verdade somente o Amor ao Bem e à Verdade, somente nossa ação e nosso Coração nos conduzirão à família espiritual que nos corresponde, segundo a densidade de nosso espírito.

Como Swedenborg, viajaremos em grupos unidos, sendo ensinados pelos diversos grupos de anjos que formam sociedades à parte, elas próprias reagrupadas em um grande corpo porque, diz ele, "o céu é um grande homem". Paulo, na Epístola aos Romanos (12) e em 1 Coríntios 12, escreve: "Formamos um único corpo com o Messias"... "Sim, o corpo é um, mas há vários membros e todos os membros do corpo, que são numerosos, formam um único corpo". Tal é a comunhão dos Santos.

Jesus dissera: "Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, estarei entre eles".

No Apocalipse, João faz os Anjos responsáveis pelas Nações intervirem, porque somos responsáveis pelos erros coletivos cometidos. Ninguém pode lavar as mãos, como fez Pilatos: guerras, fomes, massacres diminuem nossa liberdade, porque participamos da egrégora da Terra; da mesma forma que os genes de nossa hereditariedade marcam a história de nosso corpo. Segundo a Bíblia, cidades inteiras foram punidas por causa de sua egrégora envenenada. Phaneg escreveu: "Todo coletivo constitui na verdade uma família no espiritual e tem seu chefe. É a este chefe que o Espírito fala..."

Compreende-se, nessa ordem de ideias, que jamais se deve responder ao ódio com ódio, porque então as duas egrégoras selariam uma aliança estreita para nossa maior danação. Devemos estar convencidos que nenhuma de nossas aspirações para o Bem se perde e que nossa vida deve produzir Ideias-força poderosas. É o segredo da prece dos "fracos". Se utilizamos ritos é porque eles constituem um apelo às forças elevadas. Se realizamos uma Cadeia de União, é para ligar o visível ao invisível num campo magnético fechado onde as forças perpendiculares se projetarão. Ela é ao mesmo tempo criadora e receptora; escudo protetor e receptor de influências astrais e espirituais. As egrégoras são dinamização das auras num objetivo preciso.

Todo o esforço da vida iniciática tem por meta utilizar, da melhor maneira possível, nossa vida, nossos ímpetos, nosso amor, para equilibrá-los e fazer deles uma base sólida num esforço de continuidade e de ascensão.

Metamorfoseemo-nos pela mutação de nosso coração; é a via cardíaca martinista.


* heterogêneos, diferentes (obs. deste blog)
** ações não consagradas; não sagradas (obs. deste blog)



Michèle Séguret




Fonte: Hermanubis Martinista
http://www.hermanubis.com.br/index.html
Fonte da Gravura: http://elishean-portesdutemps.com/wp-content/uploads/2015/01/famille-d%C3%A2mes.jpg

A ESSÊNCIA DO FUTURO HUMANO


Um Conhecimento Adequado da Lei do Carma Levará a Humanidade à Felicidade Suprema

O equilíbrio que surge do conhecimento filosófico produz uma satisfação duradoura. Para obter esta conquista, devemos adotar uma visão de longo prazo em relação à vida, esforçar-nos para viver corretamente, e aprender com os nossos erros.

A Lei do Carma constitui a chave e o código que levam desde o sofrimento até a felicidade. O conhecimento da lei do universo liberta o buscador da verdade.

O pensador Robert Crosbie escreveu:

“Na realidade, a Teosofia não exagera de modo algum a importância do ‘lado árido’ da vida. Ela explica com lógica e bom senso as coisas que ocorrem; e uma vez que o ser humano entende em função de que a meta da vida existe e qual é o seu verdadeiro significado, e percebe as suas grandes possibilidades, ele não pode mais concentrar-se no ‘lado árido’, mas sente uma imensa confiança, uma grande esperança e alegria – e tem uma base verdadeira para este sentimento.”

Crosbie acrescentou:

“O fato de que a Lei do Carma governa todas as coisas e cada circunstância é uma evidência de que a mais exata Justiça é a lei da vida. Quando o ser humano vê que não há um ‘Deus’ que o condenará ou punirá, e percebe que só receberá o que é justo e que seguramente receberá tudo o que pertence a ele porque o Universo é regido pela Lei, então ele não tem mais motivo para sentir-se ‘sem alegria’; mas se sente satisfeito, responsável e confiante.” [1]


O Dhammapada Ensina a Ser Feliz

O pessimismo constitui uma característica dos ingênuos. Esse sentimento é frequentemente infantil. Está ligado à falta de uma autoconfiança profunda, e pode ser curado através da busca da verdade. Mohini M. Chatterjee escreveu sobre o fato de que a Teosofia é um caminho para a felicidade. [2] O “Dhammapada” budista examina cuidadosamente o processo pelo qual o desapego leva à bem-aventurança. Em um estilo que inclui um grau de repetição mantrâmica, esta obra clássica afirma:

“Devemos viver, pois, livres do ódio e felizes entre os que odeiam. Entre os homens que odeiam, que nós vivamos livres do ódio. Devemos viver, pois, livres da doença da cobiça e felizes entre os que sofrem desta doença. Entre os homens que têm a doença da cobiça, que vivamos livres desta doença. Devemos viver, pois, livres da ansiedade e felizes entre os que estão consumidos pela preocupação. Entre os ansiosos, que nós vivamos livres da ansiedade. Devemos viver com felicidade, pois, nós que nada possuímos. Vivamos como os Seres Iluminados, alimentados pelo contentamento.” [3]

É um fato que a primeira nobre verdade do budismo é Dukkha, uma palavra frequentemente traduzida como Sofrimento. No entanto, as outras três nobres verdades do budismo ensinam sobre o caminho que vai do Sofrimento para o Nirvana, ou Felicidade.

Um pensamento lúcido e uma visão equilibrada da vida nos permitem compreender pouco a pouco o fato de que Sabedoria é Felicidade; e perceber, também, que toda satisfação verdadeira e durável deve emergir como resultado natural de uma vida correta.


Três Verdades Sobre o Futuro Humano

Os sábios ensinam que a humanidade está no rumo correto. O futuro não corre perigo. As crises e os renascimentos fazem parte da aprendizagem. O inverno e a primavera são necessários à natureza. Nada há de separado ou isolado no universo, e a ajuda mútua é a lei. No final do século 19, Mabel Collins publicou alguns princípios fundamentais da filosofia esotérica em relação à evolução dos seres humanos.

Ela escreveu:

“Há três verdades que são absolutas e não podem ser perdidas, mas podem permanecer em silêncio por falta de quem as expresse. A alma do homem é imortal, e o seu futuro é o futuro de algo cujo crescimento e esplendor não têm limites. O princípio que dá vida habita em nós e fora de nós. Ele é imortal e eternamente benéfico; não é ouvido, nem visto, nem sentido pelo olfato, mas é percebido pelo homem que deseja a percepção. Cada homem é o seu próprio absoluto legislador, produzindo para si glória ou trevas; é o decretador da sua vida, da sua recompensa, da sua punição. Estas verdades, que são grandes como a própria vida, são tão simples como a mais simples das mentes humanas. Alimenta com elas os famintos.” [4]

A competição egoísta é a marca dos desinformados. Na verdade, a felicidade surge da combinação de fatores como boa vontade e discernimento, cooperação e responsabilidade própria, autonomia e confiança mútua.

A chave para o futuro está no fato de que um conhecimento adequado da Lei do Carma leva a humanidade à felicidade suprema.

A vida é sempre simétrica. Ao ajudar, recebemos ajuda. Ao observar e compreender a dor, nos libertamos dela. Quando abrimos o nosso próprio caminho para a satisfação duradoura do auxílio mútuo, tornamos mais fácil a caminhada de todos os seres. Um Mestre escreveu:

“… Olhe para o futuro; cuide para que o contínuo cumprimento do dever, sob a orientação de uma Intuição bem desenvolvida, possa manter sempre o equilíbrio. Ah! Se seus olhos estivessem abertos, vocês poderiam ter tamanha visão das bênçãos potenciais para vocês mesmos e para a humanidade, que repousam no germe do esforço de agora, que teriam suas almas incendiadas pela alegria e pelo entusiasmo!” [5]




Carlos Cardoso Aveline




Fonte do Texto e da Gravura: Blog "Filosofia Esotérica"
http://www.filosofiaesoterica.com/a-essencia-do-futuro-humano/




NOTAS:

[1] “The Friendly Philosopher”, Robert Crosbie, Theosophy Co., Los Angeles, 1945, 415 pp., ver p. 197.

[2] “Theosophy as the Path to Happiness”, artigo de Mohini M. Chatterjee. O texto pode  ser encontrado em nossos websites associados.

[3] “O Dhammapada”, capítulo quinze. A obra está publicada em nossos websites.

[4] “Luz no Caminho”, de M. C., tradução, prólogo e notas de Carlos Cardoso Aveline, 85 páginas. A obra foi publicada em 2014 por The Aquarian Theosophist. Ver nota de pé de página à p. 29.

[5] “Cartas dos Mestres de Sabedoria”, editadas por C. Jinarajadasa, Editora Teosófica, Brasília, 1996, Carta 20 da primeira série, p. 66.


O texto acima foi publicado pela primeira vez em inglês em janeiro de 2012. Título original: “The Essence of Human Future”. Ele também é um dos capítulos do livro “The Fire and Light of Theosophical Literature”, de Aveline. A presente tradução – feita pelo próprio autor e portanto não literal – foi liberada para publicação em fevereiro de 2012.

INSTINTOS → EMOÇÕES → INTELECTO → INTUIÇÃO


O intelecto deleita-se com discussão e disputa. Uma vez que você cede à tentação da dialética, levará muito tempo para escapar de seus grilhões e desfrutar da bem-aventurança. Portanto, esteja ciente da limitação da razão. A lógica deve dar lugar ao amor e à devoção. O intelecto pode ajudá-lo por uma pequena distância ao longo do caminho para Deus, o resto é inspirado e iluminado pela intuição. E muitas vezes, o egoísmo tende a encorajar e justificar a selvageria, pois uma pessoa é conduzida pelo caminho errado por sua própria razão, se esse for o caminho que ela gosta! Você muitas vezes chega à conclusão que deseja alcançar! A razão só pode ser domada pela disciplina, pela aplicação sistemática do jugo da compaixão, da calma, da tolerância e da resistência (Dhaya, Shantham, Kshama, Sahana). Treine-a para caminhar tranquilamente ao longo de pequenos trechos de estrada e depois que você estiver confiante de sua docilidade, você pode levá-la ao longo do tortuoso caminho sêxtuplo das tentações - luxúria, raiva, cobiça, ilusão, orgulho e ciúme. (Discurso Divino, 12 de abril de 1959)



Sathya Sai Baba





Fonte: http://www.sathyasai.org.br
Fonte da Gravura: Pinturas de Freydoun Rassouli
http://www.rassouli.com/

quinta-feira, 30 de março de 2017

PERISPÍRITO - DEGENERAÇÃO POR DESEQUILÍBRIOS


O perispírito se dilata ou se contrai, transforma-se; presta-se a todas as metamorfoses, segundo a vontade que age sobre ele. (Allan Kardec)

A forma humana é a linha anatômica que delineia nosso corpo espiritual. Porém, sendo a composição do perispírito tão flexível e maleável, este pode refletir as emoções que se demoram no espírito por meio de relevantes modificações em sua estrutura.

Ensinam os espíritos que, quanto mais evoluído o ser, tanto mais se acentuam em seus traços fisionômicos os sinais de beleza e harmonia. Também esclarecem que, em sentido oposto, quando desequilibrado, ou sob a ação de outros fatores menos felizes, pode o espírito chegar a perder sua forma normal. São os casos de DEGENERAÇÃO, que podem atingir os graus de ovoidização ou zoantropia, por exemplo. A bibliografia espírita está cheia desses casos.

No livro “Obsessão-Desobsessão”, de Suely C. Schubert, podemos colher seguras orientações sobre as razões que levam à degeneração. Vejamos exemplos: “A transubstanciação do corpo espiritual num corpo ovóide pode ocorrer nos seguintes casos:

- O homem selvagem quando retorna, após a morte do corpo denso, ao plano espiritual, sente-se atemorizado diante do desconhecido. Sendo primitivo, não dispõe de conhecimentos espirituais e só tem condições de pensar em termos de vida tribal a que se acostumou. Diz-nos André Luiz que a própria vastidão cósmica o assusta, bem como a visão de espíritos, mesmo os bons e sábios, infunde-lhe grande temor. Dentro do estágio evolutivo que lhe é próprio, crê-se à frente de deuses e, por isso, refugia-se na choça que lhe serviu de moradia terrestre. Anseia por retomar à taba onde vivera e ao convívio dos seus e alimenta-se das vibrações dos que lhe são afins. Nestas condições estabelece-se nele o monoideísmo, isto é, ideia fixa, abstraindo-se de tudo o mais. O pensamento que lhe flui da mente permanece em circuito, continuamente. É o monoideísmo auto-hipnotizante. Não havendo outros estímulos, os órgãos do corpo espiritual se retraem ou se atrofiam, tal como ocorre aos órgãos do corpo físico que, paralisados, atrofiam-se. Aos poucos, esses órgãos do perispírito voltam-se, instintivamente, para a sede do governo mental, onde se localizam, ocultos e definhados, no fulcro dos pensamentos em circuito fechado sobre si mesmos, quais implementos potenciais do germe vivo entre as paredes do ovo. Diz-se então que o desencarnado perdeu o seu corpo espiritual, transubstanciando-se num corpo ovóide. (citando André Luiz, em "Evolução em Dois Mundos”, cap. 12) A forma ovóide guarda consigo todos os órgãos de exteriorização da alma, tanto nos planos espirituais quanto nos terrestres, tal qual o ovo ou a semente, que trazem em si a ave ou a árvore do futuro.

- Desencarnados, em profundo desequilíbrio, aspirando a vingar-se ou portadores de vicioso apego, que se envolvem e influenciam aqueles que lhe são objeto de perseguição ou atenção. Auto-hipnotizam-se com as próprias ideias, que se repetem indefinidamente. É o monoideísmo auto-hipnotizante. Em consequência, os órgãos perispiríticos se atraem por falta de função, assemelhando-se então a ovóides vinculados às próprias vítimas que, de modo geral, lhes aceitam mecanicamente a influenciação, por trazerem fatores predisponentes, quais sejam a culpa, o remorso, o ódio, o egoísmo que externam em vibrações incessantes, sob o comando da mente. Configura-se neste caso, a parasitose espiritual. O hóspede (o obsessor) passa a viver no clima pessoal do hospedeiro (o obsidiado). Essa situação pode prolongar-se até mesmo após a morte física da vítima, dependendo da gravidade das dívidas e natureza dos compromissos existentes entre ambos.

- Os grandes criminosos, os pervertidos, os trânsfugas (desertores) do dever, ao desencarnarem, ver-se-ão atormentados pela visão repetida e constante dos próprios crimes, vícios ou delitos, em alucinações que os tornam dementados. Os clichês mentais que exteriorizam, infindáveis vezes, tornam-lhes o fluxo do pensamento vicioso, resultando no monoideísmo auto-hipnotizante. E tal como nos casos anteriores, perdem os órgãos do corpo espiritual, transubstanciando-se em ovóides.

Os ovóides retornarão à forma normal. Através da bênção da reencarnação, irão assimilando os recursos orgânicos maternos e, como explica André Luiz, as leis da reencarnação operam em alguns dias todas as ocorrências de sua evolução nos reinos inferiores da natureza.

Necessário, pois, se faz não esquecer que o retorno à forma humana é a tendência natural naqueles que por seus desequilíbrios tiveram a degeneração de seu perispírito.”

Em "A Alma é Imortal", Gabriel Delanne explica: “Regra geral, predomina no corpo fluídico a forma humana, à qual ele naturalmente retorna, quando haja sido deformado pela vontade do espírito.”

Também Kardec, em "O Livro dos Médiuns", esclarece: “Os espíritos podem tornar-se visíveis sob outra aparência, além da forma humana? - A forma humana é a normal do espírito. O espírito pode variar a aparência, mas é sempre o tipo humano.’’



João Sérgio Sell




Fonte: do livro "Perispírito"
Fonte da Gravura: http://espacoseiva.blogspot.com.br/




Sugestões de leitura:

- Libertação, André Luiz
- Evolução em Dois Mundos, André Luiz
- Às Margens do Rio Sagrado, Edgar Armond
- A Alma Imortal, Gabriel Delanne
- O Livro dos Médiuns, Allan Kardec
- Diálogo com as Sombras, Hermínio Miranda
- Estudando a Mediunidade, Martins Peralva
- Obsessão e Desobsessão, Suely Caldas Shubert

A ALQUIMIA ESPIRITUAL


Criou-se o hábito de separar o plano físico do plano espiritual; mas a verdade é que não existe ruptura de um para o outro: só há uma passagem progressiva do plano físico ao plano etérico e, além dele, aos planos astral, mental, causal, búdico e átmico. Esta passagem do plano físico aos planos sutis faz-se, no homem, por intermédio de centros e de órgãos que são, de algum modo, prolongamentos dos centros e dos órgãos físicos. Pode-se considerar estes centros (o plexo solar, o centro Hara, a aura, os chacras) como transformadores que nos permitem viver harmoniosamente, e simultaneamente, no plano físico e nos planos psíquico e espiritual, pois há um contínuo vaivém entre eles. E é isto, verdadeiramente, a alquimia espiritual: a transformação progressiva da matéria física, densa, opaca, em matéria fluídica, etérica, espiritual; e, inversamente, a difusão desta matéria espiritual no corpo físico, que então é vivificado, regenerado.




Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: https://www.pinterest.com/pin/406872147564454271/

quarta-feira, 29 de março de 2017

NO FUNDO, TODOS ANSEIAM POR LIBERTAÇÃO


Não me diga que está completamente satisfeito com a ilusão dos prazeres mundanos e não se importa com bem-aventurança e paz! Confie em Mim, sua natureza básica abomina essa rotina maçante e aborrecida de comer, beber e dormir, e está buscando sinceramente algo que sabe que perdeu, que é contentamento(Shanthi). No fundo, todos anseiam por libertação da escravidão do trivial e temporário, e isso está disponível em apenas uma loja – na da contemplação do Eu Superior, que é a fonte de tudo o que é visto! Por mais alto que um pássaro possa subir, mais cedo ou mais tarde, ele procura pousar em um topo de árvore para desfrutar da quietude. Assim também virá um dia quando até os mais arrogantes, os mais obstinados, os mais incrédulos e até os que afirmam que não há alegria ou paz na contemplação do Senhor, terão de orar: "Oh Senhor, concede-me Paz, concede-me consolação, força e alegria!"(Discurso Divino, 7 de fevereiro de 1959)




Sathya Sai Baba




Fonte: www.sathyasai.org.br
Fonte da Gravura: pixabay.com - CC0 Creative Commons - Public Domain

UMA NOVA CONSCIÊNCIA PARA UMA MUDANÇA


A pessoa tem que ser uma luz para si mesma; esta é a lei. Não existe outra lei. Todas as outras leis foram feitas pelo pensamento e assim são fragmentárias e contraditórias. Ser uma luz para si mesmo não é acompanhar a luz do outro, embora razoável, lógico, histórico e embora convincente. Você não pode ser uma luz para si mesmo se está nas sombras escuras da autoridade, do dogma, da conclusão.

Uma nova consciência e uma moralidade totalmente nova são necessárias para produzir uma mudança radical na presente estrutura cultural e social. Isto é óbvio, embora a esquerda e a direita e o revolucionário pareçam desconsiderar isto. Qualquer dogma, qualquer fórmula, qualquer ideologia é parte da velha consciência; eles são os produtos do pensamento cuja atividade é a fragmentação – a esquerda, a direita, o centro. Esta atividade inevitavelmente leva ao derramamento de sangue da direita ou da esquerda, ou ao totalitarismo. É isto que está acontecendo a nossa volta. A pessoa vê a necessidade de mudança social, econômica e moral, mas a resposta é da velha consciência, sendo o pensamento o principal ator. A desordem, a confusão e a miséria em que os seres humanos entraram estão dentro da área da velha consciência e, sem mudar isto profundamente, toda atividade humana – política, econômica ou religiosa – apenas nos trará a destruição de cada um e da terra. Isto é muito óbvio para o sensato.




J. Krishnamurti





Fonte: J. Krishnamurti Online
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: http://thequotes.in

terça-feira, 28 de março de 2017

A FILOSOFIA DO AIKIDÔ


A Voz da Paz pode ressoar como um Trovão que arranca os Seres Humanos da sua Apatia


Nota Editorial de 2016: Reproduzimos a seguir alguns pensamentos do livro “A Arte da Paz”, de Morihei Ueshiba (1883-1969), o fundador do Aikidô. O livro foi publicado por Edições Coisas de Ler, em Lisboa, 2005, e tem 95 páginas. Os números das páginas estão ao final de cada citação, entre parênteses.

A identidade interna do Aikidô com muitos aspectos da filosofia esotérica clássica é fácil de perceber quando lemos estes axiomas. Um Mestre de Sabedoria escreveu: “Esforcem-se em direção à Luz, todos vocês, bravos guerreiros da Verdade, mas não deixem que o egoísmo penetre em seu meio”. [1]

As metáforas militares fazem parte da tradição espiritual de quase todas as nações: o Novo Testamento cristão e o Bhagavad Gita hindu são dois exemplos entre muitos. O aforismo 103 de “O Dhammapada” afirma: “Melhor que um homem que vence em batalhas mil vezes mil homens, é aquele que vence a si mesmo. Ele é, na realidade, o maior dos guerreiros.” 

Morihei Ueshiba ensina o mesmo princípio da sabedoria universal.

(Carlos Cardoso Aveline)



* Acalenta e aperfeiçoa o espírito guerreiro enquanto serves o mundo; ilumina o Caminho de acordo com a tua luz interior. (p. 42)

* O Caminho da Paz é muito vasto, refletindo o grande desenho dos mundos ocultos e visíveis. Um guerreiro é um santuário vivo do divino que serve esse grandioso desígnio. (p. 43)

* O teu espírito deverá estar em harmonia com o funcionamento do universo; o teu corpo deve estar em consonância com o movimento do universo; corpo e espírito devem ser um só, unidos com a atividade do universo. (p. 43)

* A Arte da Paz é o princípio da não resistência. Por ser não resistente é vitoriosa desde o início. Aqueles com intenções malévolas ou maus pensamentos são vencidos. A Arte da Paz é invencível porque não colide com nada. (p. 53)

* Não há disputas na Arte da Paz. Um verdadeiro guerreiro é invencível porque ele ou ela não disputa nada. Derrotar significa derrotar o espírito do conflito que abrigamos dentro de nós. (p. 53)

* Transcende os limites da vida e da morte, e então conseguirás fazer calmamente o teu caminho através de qualquer crise com que sejas confrontado. (p. 69)

* O teu coração está cheio de sementes férteis à espera de desabrocharem. Tal como uma flor de lótus floresce para desabrochar de forma esplêndida, também a interação faz com que a flor do espírito desabroche e dê frutos. (p. 28)

* Estuda os ensinamentos do pinheiro, do bambu, dos rebentos das ameixeiras. O pinheiro é verde, tem raízes firmes e veneráveis. O bambu é sólido, resistente, inquebrável. Os rebentos das ameixeiras são cheirosos e elegantes. (p. 29)

* Mantém sempre o teu espírito luminoso e claro como o vasto céu, o pico mais elevado e o oceano mais profundo, vazio de quaisquer pensamentos limitadores. (p. 29)

* Quando te começares a preocupar com o “bem” e o “mal” dos teus companheiros, estás a abrir uma porta no teu coração para que a malícia possa entrar. Testar, criticar e competir com os outros enfraquece-te e derrota-te. (p. 31)

* A Arte da Paz não é fácil. É uma luta até ao fim, o desfazer de desejos malévolos e de toda a falsidade. De vez em quando a voz da paz ressoa como um trovão fazendo sair os seres humanos da sua apatia. (p. 33)

* Encara qualquer desafio que esteja à tua frente. Quando um ataque aparece à tua frente, utiliza o princípio da “lua refletida na água”. A lua parece estar realmente presente, mas se tocares a água, não estará lá nada. Também o teu oponente não encontrará nada sólido para atacar. Tal como a luz da lua, envolve o teu oponente física e espiritualmente, até não haver separação entre vós. (p. 69)

* Os ataques podem vir de qualquer direção – de cima, do meio, de baixo; da frente, de trás, da esquerda, da direita. Mantém-te concentrado e serás intocável. (p. 70)

* Sê grato mesmo pelos reveses e pelas dificuldades. Lidar com os obstáculos é uma parte essencial do treino da Arte da Paz. (p. 70)

* A única cura para o materialismo é a limpeza dos seis sentidos (olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo e espírito). Se os sentidos estiverem embaçados, a percepção fica afetada. Quanto mais afetada, mais contaminados ficam os sentidos. Isto prova a desordem no mundo e esse é o pior mal de todos. Purifica o coração, liberta os seis sentidos e deixa-os funcionar sem obstrução, e todo o teu corpo e alma brilharão. (p. 37)

* Há muitos métodos para chegar ao cimo e todos eles nos levam às alturas. Não há necessidade de nos guerrearmos uns com os outros – todos somos irmãos e irmãs que deveriam fazer juntos o Caminho, mão na mão. Mantém-te no teu Caminho e nada mais importará. Quando perderes o desejo por coisas que não têm importância, serás livre. (p. 39)

* Nunca temas quem te desafia, por mais imponente que seja. Nunca desprezes quem te desafia, por mais insignificante que seja. (p. 39)

* Os mais fortes nem sempre derrotam os mais fracos. Os pequenos podem tornar-se grandes se trabalharem constantemente para isso; os fortes podem tornar-se fracos se não o fizerem. (p. 40)

* A lealdade e a devoção conduzem à bravura; a bravura ao espírito de autossacrifício. O espírito de autossacrifício cria a confiança no poder do amor. (p. 40)

* Toda a vida é uma manifestação do espírito, a manifestação do amor. E a Arte da Paz é a forma mais pura desse princípio. A um guerreiro compete pôr termo a toda a discussão e contenda. O amor universal funciona de diversas maneiras; cada manifestação deve ser livre de se expressar. A Arte da Paz é a verdadeira democracia. (p. 38)



Morihei Ueshiba




Fonte do Texto e da Gravura: Blog "Filosofia Esotérica"
http://www.filosofiaesoterica.com/a-filosofia-do-aikido/




NOTA:

[1] “Cartas dos Mestres de Sabedoria”, editadas por C. Jinarajadasa, Editora Teosófica, Brasília, 1996, 295 pp., ver Carta 20 da primeira série, p. 66.

Uma versão inicial do texto acima foi publicada na edição de janeiro de 2016 de “O Teosofista”.

SHANTI - A PAZ IMPERTUBÁVEL


A mente é o vento que nos traz o cheiro - fétido ou perfumado do mundo. Quando a mente se torna fétida, isso o deixa enojado. Quando se volta para o perfumado, você fica feliz. O vento reúne nuvens dos quatro cantos; da mesma forma, sua mente traz à sua consciência muitas decepções. É também a mesma mente que dispersa as nuvens que obscurecem ou fazem com que se sinta perdido na noite da dúvida. Controle a mente e você permanecerá imperturbável em todos os momentos. Este é o segredo para a paz imperturbável - Shanti, e esta é a educação que todos vocês devem primeiro assegurar firmemente. Para conseguir essa equanimidade, você não precisa de níveis acadêmicos elevados, mas de esforço espiritual sistemático (Sadhana). Então você será sempre feliz, seja você pobre ou rico, apreciado ou criticado, próspero ou desafortunado. Essa é uma armadura sem a qual é tolice entrar na arena da vida. (Discurso Divino, 20 de dezembro de 1958)





Sathya Sai Baba






Fonte: https://www.sathyasai.org.br/
Fonte da Gravura: tumblr.com

segunda-feira, 27 de março de 2017

O CONVITE - QUEM É OSHO ?


Osho, você pode dizer quem é você?


Sou um convite para todos aqueles que estão procurando, buscando e têm um grande anseio em seus corações para encontrar os seus lares.

Sou uma resposta para a pergunta que todos têm, mas que não podem formular, uma pergunta que é mais uma busca do que uma questão, mais uma sede do que uma indagação verbal e mental. Uma sede que a pessoa sente em cada célula e fibra de seu ser, mas que não tem como trazê-la às palavras e perguntá-la.

Sou uma resposta para essa pergunta que você não pode formular e que não pode esperar que ela possa ser respondida.

Quando digo que sou a resposta, não quero dizer que possa-lhe dar a resposta. Sim, se você estiver pronto, você pode pegá-la. Sou como um poço, pronto para que você atire o seu balde e tire água por você mesmo.

Tenho, mas não posso alcançar você sem os seus esforços.

Somente você pode me alcançar. Este é um convite estranho; ele o levará a uma longa peregrinação, e terminará somente onde você já está.

Você precisará dar muitos passos, em muitos caminhos, simplesmente para chegar a você mesmo, pois você se distanciou de você mesmo e se esqueceu completamente do caminho de volta. Sou um lembrete, uma lembrança do lar perdido.

Não existo como uma pessoa; como uma pessoa eu simplesmente aparento. Eu existo como uma presença. Desde o dia em que vim a conhecer a mim mesmo, a pessoa desapareceu; existe somente uma presença, uma presença muito viva que pode saciar a sua sede, que pode preencher o seu anseio.

Portanto, em uma palavra posso dizer que sou um convite, e é claro, apenas para aqueles que têm um profundo anseio em seus corações, que estão sentindo falta deles mesmos, uma profunda urgência, que a menos que encontrem a si mesmos, tudo o mais não tem sentido.

A menos que isso seja o seu interesse prioritário e supremo, a ponto de, se necessário, você estar mesmo disposto a perder tudo por isso, mas não pode abandoná-lo…

Existem milhares de desejos, mas no que se refere a anseio, há apenas um, o de voltar para casa, de encontrar sua realidade. E nesse próprio encontrar, você encontra tudo o que tem algum valor: bem-aventurança, verdade, êxtase.

Jesus costumava dizer: “Se você tem olhos para ver, veja; se tem ouvidos para ouvir, ouça.” É claro que ele não estava falando para os cegos e os surdos; ele estava falando para pessoas como você, talvez ele estivesse falando exatamente para você, pois você não é novo.

Você é tão antigo quanto toda a existência; você sempre esteve aqui.

Você pode ter encontrado muitos mestres, pode ter chegado perto de muitos budas, mas você estava muito envolvido em trivialidades e não estava ciente de seu anseio.

Sou um esforço para provocar o dormente em você, para despertar o que dorme. O fogo está presente, mas está queimando muito baixo, pois você nunca cuidou dele.

Meu convite é para tornar você chamejante, e a menos que você conheça uma vida que seja luminosa e chamejante, todo o seu conhecimento é apenas uma trapaça. Você está juntando-o para ajudá-lo a se esquecer de que o conhecimento real está faltando.

Mas não importa quão grande seja o seu acúmulo do outro, do objetivo, do mundo, isso não vai se tornar um substituto do seu autoconhecimento. Com o autoconhecimento, de repente desaparecem toda a escuridão e a separação em relação à existência.

Sou um convite para você dar um corajoso salto no oceano da vida. Perca-se, pois esta é a única maneira de encontrar a si mesmo.






Fonte: Biblioteca Osho Brasil
https://bibliotecaoshobrasil.wordpress.com/2010/11/03/quem-e-osho/
Fonte da Gravura: http://www.iosho.co.in/index.php/category/photos/

SABEDORIA DE PARAMAHANSA YOGANANDA


- Renuncie à escravidão dos desejos da matéria. Enquanto você não tiver estabelecido seu domínio espiritual sobre o corpo, este será seu inimigo. Lembre-se disto sempre! Não tenha outro desejo senão o de proclamar o nome do Senhor, pensar Nele e cantá-lo todo o tempo. Que alegria! Poderá o dinheiro proporcionar-nos tal alegria? Não! Essa alegria vem somente de Deus.

- O reino da minha mente está enegrecido com a ignorância. Possa eu através de constantes chuvas de diligente autodisciplina, remover do meu reinado de descaso espiritual os antigos escombros da desilusão.

- Ninguém poderá forjar o aço sem que o ferro tenha ficado incandescente. Do mesmo modo, as dificuldades da vida não são feitas para nos magoar. Todo aborrecimento e doença contém uma lição para nós. Nossas experiências dolorosas não são para nos destruir, mas sim para queimar as nossas impurezas, a fim de que a nossa volta ao Lar seja apressada. Ninguém está mais esperançoso pela nossa libertação do que Deus.

- A disciplina é a mesma, tanto para o aspirante iogue do Ocidente, como para o do Oriente. Ele deve vigiar-se para não dar uma atenção exagerada a assuntos da matéria. Se constatar que tem tempo para tudo, menos para Deus, deverá usar a vara da autodisciplina. Por que ter medo? Você só terá a lucrar. Se o próprio homem não gritar e lutar pela sua salvação, você acha que outra pessoa o fará por ele?

- Ao praticar o bem, devemos sofrer às vezes. Para encontrar Deus, precisamos estar dispostos a sofrer. O que é suportar o desconforto da carne e a disciplina da mente para ganhar o consolo eterno do Espírito? A felicidade de Cristo em Deus era tão grande que ele não se importou em sacrificar seu corpo por Ele. O propósito da vida é alcançar essa imensa felicidade, que é encontrar Deus.

- Eu vim para medir o avanço espiritual, não somente pela luz que cerca o indivíduo quando ele medita ou pelas visões que ele tem dos santos, mas pelo que ele é capaz de suportar no dia a dia. A grandeza do Cristo não era apenas que Ele podia entrar em meditação e gloriosamente realizar sua unidade com o Pai, sua absoluta unidade, mas também aquilo que Ele podia suportar.

- Yoga é definido e científico. Yoga significa união da alma com Deus, através de métodos gradativos com resultados conhecidos e específicos. Ele ergue a prática da religião acima das diferenças dogmáticas. Meu guru, Sri Yukteswar, exaltava o Yoga; ele não indicava, entretanto, que a realização divina ocorreria imediatamente. "Você deve trabalhar duro por ela", ele me contou. Eu trabalhei, e quando os resultados prometidos chegaram, eu vi que o Yoga é maravilhoso.

- Kriya Yoga é o verdadeiro "rito do fogo", muitas vezes enaltecido no Gíta. O iogue arroja seus anseios humanos numa fogueira monoteísta consagrada ao Deus incomparável. Nesta autêntica cerimônia do fogo, todos os desejos passados e presentes são o combustível consumido pelo amor divino. A Flama Última recebe em holocausto a derradeira loucura humana e o homem se vê livre de escórias. Seus ossos metafóricos despojados de toda carne sensual, seu esqueleto cármico branqueado pelos sóis sépticos da sabedoria, sem ofensas ao homem e ao Criador, ele se encontra limpo.






Fonte do Texto e da Gravura: do Blog "Sociedade dos Espíritos"
http://www.sociedadedosespiritos.com

REFLEXÕES PARA A CONSCIÊNCIA DA ALMA


Todos os eventos são parte de uma peça incrivelmente grande, com cenas e cenários. Cada um tem um papel a desempenhar. Eu preciso apenas me concentrar no meu papel e atuar da melhor forma. Todos estão sob a influência do seu próprio passado e circunstâncias atuais. As pessoas apenas desejam ser felizes e evitar sofrimento, se possível. Elas querem entender as coisas e serem entendidas. Elas querem amar e ser amadas. É isso! Deixe o show continuar. (Ken O'Donnell, How to stay happy no matter what happens, Purity, August 2015)

Eu fiz isso! Ter esse pensamento é como derramar água em tudo que foi feito. Um servidor é aquele que, inspirado por Deus, faz tudo como um instrumento. Onde houver a consciência de ser um instrumento, haverá naturalmente a consciência de humildade. Quando você se torna um instrumento humilde, a porta para a consciência do "eu" se fecha e as negatividades se despedem de sua vida.

Para onde for sua atenção é ali que a vida irá crescer. Assim você cria as circunstâncias que virão ao seu encontro. Pergunte a si mesmo: o que me esvazia e o que me preenche? Desvie a atenção das áreas que drenam seu poder. Descubra o que faz seu coração bater mais forte e coloque sua energia naquilo. Descubra seu propósito e essa será a sua paixão. Então não haverá tempo para que ervas daninhas reivindiquem sua atenção. (Dadi Janki)

Quanto valor pode ser dado a alguém que é capaz de trazer luz e leveza a um lugar ou momento ao qual outros deixaram apenas sua escuridão? Como uma coroa de jóias brilhantes, a presença e as palavras dessa pessoa são inestimáveis. Pode ser apenas um sorriso gentil de conforto ou uma atitude de interesse genuíno. Aquele que permanece radiante em espírito, enquanto outros tecem sua escuridão, é um iluminado e um iluminador. Fique atento aos momentos em que você pode iluminar. Torne esses momentos significativos!




Brahma Kumaris





Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Tumblr.com

domingo, 19 de março de 2017

A CAPTURA DAS ÉGUAS DEVORADORAS DE HOMENS (1º TRABALHO DE HÉRCULES)


A História

O Primeiro Portal estava aberto de par a par. Uma voz chegou através do Portal:

- “Hércules, meu filho, sai. Passa pelo portal e entra no Caminho. Realiza teu trabalho e volta a mim, relatando o fato”.

Com gritos de triunfo, Hércules se lançou, correndo entre os pilares do Portal com arrogante confiança e segurança de poder.

O filho de Marte, Diomedes, de ardente fama, governava na terra além do Portal e ali criava os cavalos e as éguas de guerra, nos pântanos de sua herdade (grande extensão de terra). Os cavalos eram selvagens e as éguas ferozes, e todos os homens tremiam ao ouvir seu tropel, pois eles assolavam por todas as partes da terra, produzindo grande dano, matando a todos os filhos dos homens que cruzassem seu caminho e engendrando constantemente cavalos mais selvagens e malignos.

“Captura estas éguas e detém estes atos malvados”, foi a ordem que se abateu nos ouvidos de Hércules. “Vai, liberta esta terra longínqua e os que vivem nela.”

“Abderis”, gritou Hércules, “adianta-te e ajuda-me nessa tarefa”, chamando o amigo a quem amava profundamente e que o seguia sempre em seus passos enquanto ia de um lugar para o outro. Abderis se adiantou e tomou seu lugar ao lado do amigo e com ele enfrentou a tarefa. Traçando todos os planos com cuidados, os dois seguiram os cavalos enquanto percorriam as pradarias e os pântanos dessa terra. Finalmente, Hércules conseguiu confinar as éguas selvagens dentro de um campo onde não havia mais lugar para se moverem, e ali as prendeu e as manietou. Depois, deu um grito de alegria pelo triunfo conseguido.

Tão grande foi seu deleite na proeza assim posto de manifesto que ele considerou por baixo de sua dignidade pegar as éguas ou conduzi-las no caminho para Diomedes. Chamou o seu amigo, dizendo: “Abderis, vem aqui e conduz estes cavalos através do portal”. Deu as costas e marchou orgulhosamente para diante.

Porém Abderis era débil e sentiu medo pela tarefa. Não pôde reter as éguas ou colocar nelas os arreios ou conduzi-las através do Portal, atrás das pegadas de seu amigo. As éguas se voltaram contra ele, desgarraram e o pisotearam, matando-o e depois escapando para as terras mais selvagens de Diomedes.

Mais prudente, desconsolado, humilde e desanimado, Hércules voltou à sua tarefa. Procurou de novo as éguas de lugar em lugar, deixando o seu amigo agonizante sobre a terra. Novamente prendeu os cavalos e os conduziu, ele mesmo, através do Portal. Porém Abderis jazia morto.

O Mestre tudo examinou com cuidado e enviou os cavalos a um lugar de repouso, para ali serem domados e reduzidos à sua faina (trabalho). O povo dessa terra, libertado do temor, deu as boas-vindas a quem lhes havia libertado, aclamando Hércules como salvador da Terra. Porém Abderis jazia morto.

O Mestre se voltou para Hércules e disse:

- “O primeiro trabalho está terminado; a tarefa está feita, porém mal feita. Aprende a verdadeira lição desta tarefa e depois passa a outro serviço em favor de teu próximo. Sai para a região do Segundo Portal. Encontra e faz entrar o touro sagrado ao Lugar Sagrado”.


Comentário

1. O Grande Presidente que preside a Câmara de Concílio é o ‘EU SOU’ (O Cristo Interno), a manifestação da Divina Presença no coração do ser humano.

2. O Mestre que vigia Hércules é o Mestre pessoal de cada ser humano, cuja residência no homem fica na bolsa seminal, até que ele reúna as condições necessárias para que ELE APAREÇA (“Quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece”.)

3. A Câmara de Concílio do Senhor está localizada na parte superior do ventrículo esquerdo do coração.

4. A primeira prova do candidato à Iniciação é adquirir o controle mental e o uso correto da mente. Por isso Hércules teve de começar em Áries suas tarefas.

5. As éguas devoradoras de homens que parem cavalos de guerra são os pensamentos precipitados dos Arianos (e de todos nós) que geram outros pensamentos, mantendo nossas mentes sempre ocupadas, sobrecarregando-as com “pensamentos que nascem de pensamentos, o que nos impossibilita de perceber a vida como ela realmente é”. Vivemos como que dopados com nossos próprios pensamentos e sentimos certo prazer nessa situação.

Abdéris representa a personalidades de que se serve o Iniciado incipiente para realizar as tarefas de que ele acha que não lhe dizem mais respeito, mas que estão à sua disposição e devem ser realizadas por sua personalidade, porém sempre sob a supervisão da Mente Superior. O fato de falecer pisoteada em virtude de lhe ser imputada uma tarefa para a qual não tinha condições de assumir significa uma característica da impulsividade da personalidade Ariana que sempre deve estar sob o controle total dos pensamentos do homem superior, ou seja, Hércules.

Abdéris assume uma tarefa para a qual não estava capacitado, pois o controle do pensamento é uma atividade da Alma, ou seja, Hércules, com a qual entramos em contato quando meditamos.

A morte de Abdéris (fracasso de uma personalidade) faz com que tenha ocorrido certo desperdício na execução da tarefa, pois Hércules sempre necessitará das experiências de suas vidas anteriores na execução de outras tarefas que será cumprida.

Um destaque especial na historinha acima que não deve passar despercebido pelo estudante arguto é a frase “Traçando os planos com cuidado”, que deve servir como advertência para o Iniciado, pois toda impulsividade deve ser substituída pela atitude de precaução e sensatez ao se lidar com a mente descontrolada. É da natureza do Ariano o impulso de criar, daí possuir uma mente fértil, que não o deixa um momento sequer sem uma atividade provocada por seus pensamentos.

Como Áries é um signo de fogo, seu mundo mental é constituído de labaredas que precisa dominar para realizar sua missão máxima: compreender a necessidade de três virtudes:

a) Domínio de seus impulsos (de começar, de criar e de libertar);
b) Magnanimidade; e,
c) Fé inquebrantável em si mesmo para realizar suas ideias em benefício do próximo.

Áries é o signo dos anjos caídos e da Esperança.



Jayr Miranda (Panyatara)






Fonte: do Opúsculo "Os 12 Trabalhos de Hércules Comentado por Panyatara"
Fonte da Gravura:
https://astroseestrelasdotwordpressdotcom.files.wordpress.com/2016/04/hercules-and-his-horses.jpg

OS 12 TRABALHOS DE HÉRCULES - O CAMINHO DA INICIAÇÃO


Hércules: o Herói dentro de cada um

“Hércules é o herói que alegoriza o Homem Autêntico – o Autorrealizado. Somente o Herói Solar pode realizar tal tarefa, valente e destemido, onde vive a personificação do Cristo Íntimo.”

Ao estudarmos as narrativas de Hércules e seus Doze Trabalhos, inclusive correlacionando-os com a passagem através dos Doze Signos do Zodíaco, podemos abordar a questão do ponto de vista do aspirante espiritual ou iniciado, individualmente, ou do plano da humanidade como um todo.

As provas a que Hércules se submeteu podem ser enfrentadas por milhares de indivíduos que trilham o caminho do desenvolvimento espiritual consciente e da Iniciação.

Cada um de nós é um Hércules em embrião; os trabalhos, que ontem foram de Hércules, são de toda a humanidade, ou pelo menos de todos aqueles que mantêm as rédeas de sua evolução em mãos, tendo em vista a iluminação espiritual.

Os trabalhos de Hércules demonstram o caminho que aguarda o aspirante espiritual sincero, aquele estágio do buscador espiritual inteligente, onde, tendo desenvolvido a mente e coordenado suas habilidades mentais, emocionais e físicas, esgotou os interesses no mundo fenomênico e procura expandir sua consciência. Esse estágio sempre foi expresso pelos indivíduos mais evoluídos de todos os tempos.

Enquanto escalamos a montanha da verdadeira Iniciação, vamos eliminando todo medo e aprendendo a controlar as forças inerentes à natureza humana, até que possamos nos tornar um servidor da humanidade, eliminando a competição e os objetivos egoístas.

Ao se aprofundar nos Doze Trabalhos de Hércules, torna-se claro qual deve ser a conduta de cada aspirante e iniciado no Caminho do Discipulado e da Iniciação Real. Um grande desafio é trazer, para nosso dia a dia hoje, novas maneiras de expressar e vivenciar as velhas verdades contidas nestes mitos, de forma a ajudar as velhas fórmulas para o desenvolvimento espiritual a adquirirem nova e pulsante vida para nós. Este é o desafio de sempre atualizar a luta humana para se superar a natureza animal, fazer desabrochar a natureza humana e revelar a natureza divina oculta em cada um de nós, o que está tão bem configurado nos Trabalhos de Héracles.

Os Doze Trabalhos de Hércules oferecem um quadro sintético do progresso da alma, indo da ignorância à sabedoria, do desejo material à conquista espiritual, de tal modo que o fim possa ser visualizado a partir do início, e a cooperação inteligente com o propósito da alma substitua o esforço feito às cegas.

Verifica-se que a história das dramáticas experiências desse grande e venerável Filho de Deus, Hércules ou Héracles, serviria justamente para focalizar qualquer uma das faces da vida o aspirante espiritual em seu esforço para expansão da consciência e realização espiritual.

Este tema é tão rico e profundo, que todos nós, lutando em nossa atual vida moderna, podemos aplicar a nós mesmos os testes e provas, os fracassos e as conquistas desta figura heróica que lutou valorosamente para atingir a mesma meta que nós almejamos.

Através da cuidadosa e reflexiva leitura deste mito, talvez possam ser despertados na mente do buscador espiritual um novo interesse e um impulso renovado, pois diante de um tal quadro do desenvolvimento e do destino especial do homem, ele pode querer prosseguir com redobrada coragem e determinação na Senda.

Em sua narrativa mítica, podemos acompanhar como Hércules se esforçou e desempenhou o papel de buscador espiritual. Neste Caminho, ele desembaraçou-se de certas tarefas, de natureza simbólica, e viveu certos episódios e acontecimentos que retratam, em qualquer época, a natureza do treinamento e das realizações que caracterizam o homem que se aproxima da libertação pela Senda Iniciática.

Ele representa um filho de Deus encarnado, mas ainda imperfeito, que definitivamente toma em suas mãos a natureza inferior e, voluntariamente, submete-a a disciplina que finalmente fará emergir o divino. É a partir do ser humano falível, mas que é sinceramente dedicado, inteligentemente consciente do trabalho a ser realizado, que se forma um Iniciado ou um Adepto.

Duas grandes e dramáticas histórias têm sido conservadas diante dos olhos dos homens ao longo do tempo. Nos Doze Trabalhos de Hércules, o Caminho da Iniciação é retratado e suas experiências, preparatórias e que conduzem ao grande ciclo de iniciações, podem ser reconhecidas pelo homem que sinceramente aspira a este Caminho. Na vida e obra de Jesus Cristo, radiante e perfeito Filho de Deus, o Reparador, que penetrou o véu por nós, deixando-nos o exemplo para que seguíssemos seus passos, temos retratadas as etapas do Caminho Iniciático de Libertação ou Regeneração e Reintegração, que são os episódios culminantes para os quais os Doze Trabalhos preparam o discípulo.

O oráculo falou e suas palavras ressoam através das eras: ”Homem, conhece-te a ti mesmo.”

Este conhecimento é a mais importante realização no caminho do discipulado e a recompensa de todo o trabalho de Hércules. Sem este conhecimento, não se pode avançar seguramente na Senda da Iniciação.

Somente assim, o homem pode encaminhar-se firmemente para tornar-se definitivamente autoconsciente e intencionalmente se impõe a vontade da Alma – que é essencialmente a Vontade de Deus – sobre sua natureza inferior.

Neste caminho, o indivíduo submete-se a um trabalho sobre si mesmo que demanda esforço e dedicação, pureza de coração e caridade, para que a flor da alma possa desabrochar mais rapidamente.

Simbolicamente, é uma obra onde um solvente psíquico (psique = alma) consome toda escória e deixa apenas o ouro puro. É um processo de refinamento, sublimação e de transmutação, continuamente levado adiante até finalmente se alcançar o Monte da Transfiguração e da Iluminação.

Em suma, trata-se de alquimia superior. Os Doze Trabalhos demonstram exatamente este caminho acima, onde os mistérios ocultos e as forças latentes nos seres humanos são descobertos e têm de ser utilizados de maneira divina e de acordo com o divino propósito sabiamente entendido.

Quando são utilizados desta maneira, o iniciado vê-se em sintonia com energias e poderes divinos similares, que sustentam as operações do mundo natural. Torna-se, assim, um trabalhador sob o plano de evolução e um cooperador com aquela “nuvem de testemunhas”, a Igreja Invisível do Cristo, que através do poder de sua supervisão, e do resultado de sua realização, engloba hierarquias espirituais por meio das quais a Vida Una guia a humanidade para sua gloriosa consumação.

Essa é a meta da série de Trabalhos de Hércules, e com essa meta, a humanidade como um todo alcançará sua conquista espiritual grupal através das múltiplas perfeições individuais.

Outra grande e sábia maneira de se enxergar este mito é apresentá-lo como um aspecto especial da Astrologia. Acompanhamos a história de Hércules à proporção que ele percorre os doze signos do Zodíaco. Ele expressou, uma a uma, as características de cada signo, e em cada um, ele conquistou um novo conhecimento de si mesmo, e através desse conhecimento, demonstrou o poder do signo e adquiriu os dons que o signo confere.

Em cada signo, vamos encontrá-lo superando suas próprias tendências naturais, controlando e governando seu próprio destino, e demonstrando o fato de que astros predispõem, mas não controlam. Esta visão astrológica do mito é uma apresentação sintética dos acontecimentos cósmicos que se refletem em nossa vida planetária, na vida da humanidade como um todo, e na vida do indivíduo, o qual é sempre o microcosmo do macrocosmo.

Este estudo fornece indicações claras para a compreensão dos propósitos de Deus para a evolução do mundo e do homem. Somente a consciência de que somos partes integrantes de um Todo maior e o conhecimento da divina totalidade, pode revelar o propósito mais vasto.

Hércules representou astrologicamente a história de vida de cada aspirante espiritual e iniciado, e demonstrou o papel que a unidade deve desempenhar na Obra eterna. A analogia astrológica dos Doze Trabalhos de Hércules diz respeito aos doze tipos de energias por meio dos quais a consciência da Realidade divina é obtida.

Através da superação da forma e da subjugação do homem inferior, é-nos mostrado um quadro do desenrolar da autorrealização divina. Hércules, em seu corpo físico, embaraçado e limitado pelas tendências a ele conferidas pelo signo no qual ele cumpria sua tarefa, alcançou a compreensão da sua própria divindade essencial. As provas a que Hércules voluntariamente se submeteu, e os trabalhos a que, às vezes impensadamente, atirou-se, são aqueles possíveis para muitos de nós ainda hoje. É evidente que, curiosamente, vários detalhes da sua dramática, e às vezes divertida, história dos seus esforços de ascensão podem ser aplicáveis em nossas vidas modernas.

Cada um de nós é mesmo um Hércules em embrião, deparando-nos com idênticos trabalhos; cada um de nós tem a mesma meta a conquistar e o mesmo círculo do Zodíaco a abranger.

Hércules aprende a lição de que agarrar-se a qualquer coisa do eu separado não faz parte da missão de um filho de Deus. Ele descobre que é um indivíduo, apenas para descobrir que o individualismo deve ser sabiamente sacrificado pelo bem do grupo. Ele descobre também que a ambição egoísta não tem lugar na vida do aspirante espiritual que está em busca de libertação dos ciclos recorrentes de existência e da constante crucificação na cruz da matéria.

As características do homem imerso na vida da forma e sob o domínio da matéria são o medo, o individualismo, a competição e a cobiça. Estes têm de ceder lugar à confiança espiritual, à cooperação, à consciência grupal e ao altruísmo.

Esta é a lição que Hércules traz; esta é a demonstração da vida de Deus que está sendo trazida à operação no processo criativo, e que floresce, de maneira sempre mais bela, a cada volta que a vida de Deus faz em torno do Zodíaco.

Esta é a história do Cristo cósmico, crucificado na Cruz Fixa dos céus; esta é a história do Cristo histórico, apresentada nos Evangelhos e representada, na Palestina, há dois mil anos; esta é a história do Cristo individual, crucificado na cruz da matéria e encarnado em cada ser humano. Esta é a história de nosso sistema solar, a história de nosso planeta, a história do ser humano.

Assim, ao admirarmos os estrelados céus acima de nós, temos eternamente representado para nós este drama magnífico, o qual é detalhadamente explicado ao homem pelos Doze Trabalhos de Hércules.




Fonte: Biblioteca Virtual da Antroposofia
http://www.antroposofy.com.br/
Fonte da Gravura: pixabay.com - CC0 Creative Commons - Public Domain


Indicação de leitura:
"Os Trabalhos de Hércules", de Alice Bailey