Alguém sem compaixão não merece ser chamado "humano". O que faz alguém ser humano é sua capacidade de sentir e praticar a compaixão. O sentimento de verdadeira compaixão leva sempre a uma atitude de assumir, como seu, o sofrimento de quem sofre, de quem precisa de ajuda, de compreensão, de amor solidário.
Entre as parábolas de Jesus, duas merecem ser lembradas e vividas por quem se diz cristão, por quem se diz humano: A parábola do "bom samaritano" (Lc 10,25-37) e a parábola do "filho pródigo" (Lc 15,11-32). Ao contrário do sacerdote e do levita, que viram aquele homem agonizando à beira da estrada, mas seguiram seu caminho, o samaritano teve compaixão do ferido, interrompeu sua viagem, cuidou dele, levou-o para uma hospedagem e pediu que cuidassem dele até sua volta. Compaixão ativa. O pai da parábola do filho pródigo - que deixou a casa paterna, que gastou tudo numa vida dissoluta -, quando viu o filho ainda longe, cansado, sofrido, humilhado, correu ao encontro dele, abraçou-o e beijou-o, organizou uma grande festa para celebrar a volta do filho ingrato. Compaixão ativa.
Talvez como poucas vezes na história da humanidade, sentir compaixão é, hoje, para muitos, fraqueza, ingenuidade, "coisa de gente sem noção". A violência a que assistimos todos os dias - assassinatos a sangue frio, guerras que destroem países inteiros, migrações forçadas - é o doloroso fruto podre de corações endurecidos e mentes sem compaixão. Aqui recordo a palavra do Papa Francisco: "O mundo em que vivemos, mundo ferido, perigoso, violento, que sobrevive entre guerras, desequilíbrios socioeconômicos, consumismo e uso anti-humano da tecnologia, é um mundo sem coração! Peço ao Senhor que o mundo recupere o que é o mais importante e o mais necessário: o coração! Peçamos que também o nosso coração conserve e recupere sempre a capacidade de ter compaixão!
Repito: o que faz alguém ser humano é sua capacidade de sentir e praticar a compaixão, fruto bom de árvore boa que tem num coração solidário a sua selva, sua força, seu constante crescimento. Crescer sempre em compaixão é o sinal distintivo de quem se diz humano, de quem se diz cristão.
Attilio Ignacio Hartmann, SJ
Fonte: Boletim "Espiritualidade de Ação", ano 107, junho de 2025
Edições Loyola - livrariareus@loyola.com.br
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/sentimento-amor-cora%C3%A7%C3%A3o-doa%C3%A7%C3%A3o-2446129/
Nenhum comentário:
Postar um comentário