quarta-feira, 4 de junho de 2025

MEDITAÇÃO: CRENÇAS EM FATOS E TEORIAS EM EXPERIÊNCIAS


Num livro antigo dos hindus, o Bhagavad-Gitâ, encontram-se estas palavras significativas:  "O Eu é o amigo do eu, naquele em que o eu é conquistado pelo Eu; mas para quem está longe do Eu, o seu próprio eu é hostil como um inimigo.” (Bhagavad Gitâ, VI, 6)

São Paulo diz praticamente a mesma coisa, no seu grito desesperado:  "Pois eu sei que em mim, ou seja, na minha carne, não habita o bem; porque o querer está presente em mim, mas não descubro como fazer o que é bem... Deleito-me na lei de Deus, segundo o homem interior, mas sinto nos meus membros outra lei rebelando-se à lei da minha mente e que me torna cativo da lei do pecado que está nos meus membros. Infeliz homem eu sou! Quem me livrará (o Eu real) deste corpo que me acarreta a morte?” (Rm 7, 18.22-24)


A meditação transforma as nossas crenças em fatos comprovados e as nossas teorias em experiências vividas.

A declaração de São Paulo (supra citada) permanece um conceito e uma possibilidade até que, pela meditação, a vida de Cristo é evocada e se torna o fator dominante na vida diária.

Falamos de nós como sendo divinos e como sendo filhos de Deus. Conhecemos os que demonstraram a sua divindade ao mundo e que se mantêm na primeira fila da realização humana. Testemunhamos faculdades para além do nosso alcance. Somos conscientes, em nós, dos esforços que nos impeliram para o saber e de incitações internas que forçaram a humanidade a subir a escala da evolução até o grau atual dos que chamamos homens educados. Um impulso conduziu-nos da condição pré-histórica às condições da nossa civilização moderna. Acima de tudo, estamos conscientes dos que possuem ou pretendem possuir uma visão das coisas celestiais que aspiramos compartilhar, e que atestam que há um caminho direto até o centro da Realidade Divina, caminho que nos pedem para seguir também. Dizem-nos que é possível ter uma experiência direta e a nota característica do nosso tempo moderno pode-se resumir nestas palavras "da autoridade para a experiência".

Como podemos saber? Como ter esta experiência direta, livre da intromissão de qualquer intermediário? A resposta é que há um método que foi seguido por milhares de seres, e um processo científico que foi formulado e seguido pelos pensadores de todos os tempos e por meio dos quais se tornaram conhecedores.

(...)

Assim, ver-se-á que os apelos feitos para a meditação são muito elevados e que o peso do testemunho dos místicos e iniciados de todos os tempos pode corroborá-los. O fato de que outros tenham atingido o fim pode encorajar-nos e interessar-nos, mas não faz mais, a não ser que tomemos alguma atitude efetiva.

Que há uma técnica e uma ciência de união, baseada na correta manipulação e uso do corpo mental, pode ser profundamente verdade, mas este conhecimento não serve a nenhum propósito a menos que cada pensador educado enfrente a questão. Deve tomar uma decisão acerca dos valores implicados e empreender a demonstração do fato do mental, a sua relação nas duas direções (com a alma de um lado e do outro com o meio exterior) e finalmente manifestar a sua capacidade de empregar a mente à vontade, conforme escolher. Isto implica o desenvolvimento do mental numa síntese, ou senso comum, e o governo do seu emprego em relação ao mundo da vida terrestre, das emoções e do pensamento. Envolve também a sua orientação à vontade para o mundo da alma e a sua capacidade de agir como intermediário entre a alma e o cérebro físico. A primeira relação é desenvolvida e alimentada através de métodos sadios, de treinamento e de educação exotérica; a segunda é tornada possível pela meditação, uma forma superior do processo educativo.



Alice A. Bailey




Fonte: do livro "Do Intelecto à Intuição"
1a. Ed. em português, pp. 61-62.70
Fundação Cultural Avatar - FCA, Niterói/RJ
Fundação Educacional e Editorial Universalista - FEEU, Porto Alegre/RS
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/meditar-lago-humor-4882027/

Nenhum comentário:

Postar um comentário