A existência de outros é essencial para a mente mística e amorosa. O outro encoraja a mente a abandonar os seus padrões fixos e egocêntricos e a expandir-se para além de si mesma. Dessa forma, ampliamos nosso campo de visão do mundo e do lugar que ocupamos nele. Isto é, talvez, o que quero dizer com “uma mente católica” (mente universal, abrangente - nota deste blog): uma mente que admite abertamente o que é incapaz de descrever ou controlar. A mente católica procura intuitivamente aceitar, incluir, em vez de rejeitar, mesmo quando encontra um abismo de diferenças com o outro.
Só nos tornamos católicos no sentido pleno e integrativo através do crescimento, depois de termos passado pelas fases de cura e integração. Portanto, nenhum de nós ainda se tornou católico, nem mesmo Sua Santidade, o Papa. Sempre há um caminho a percorrer. Mas o oposto deste processo é a mente sectária que vê os outros como objetos e, através do medo e do desejo de domínio, nega-lhes a sua própria identidade. Ao longo da história, os homens cometeram esta rejeição para com os imigrantes, judeus, homossexuais e com muitas outras minorias vulneráveis e, claro, com a outra metade da humanidade, através da agressiva exclusão das mulheres.
Quando negamos e subjugamos o outro nos excluímos totalmente e, portanto, nos distanciamos do caminho da santidade. Deus é sempre Sujeito, o “grande EU SOU”. Permanece impenetrável às nossas tentativas de objetivar e manipular. Encontramos esta pura emanação do Ser no nosso silêncio mais profundo, não na ideologia ou na abstração. E encontramos isso, de várias maneiras, em cada um de nós, na beleza e maravilha da criação, no oceano do Ser, com seu sofrimento e sua alegria, no qual nós e até mesmo o Criador nadamos. Este crescimento requer profundidade e profundidade requer silêncio. Portanto, a mente católica requer contemplação. Mas pensar na contemplação como um estado de relaxamento esconde completamente o significado de abrir a mente católica como a única maneira verdadeira que temos de glorificar a Deus.
Transcrição de Carla Cooper
Fonte: Trecho do Boletim de Meditação Cristã, de Laurence Freeman (Vol. 34, No. 3, outubro de 2010, pp. 4-5).
WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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