domingo, 22 de junho de 2025

A HARMONIA COMO IDEAL


Aprendei a harmonizar-vos com as forças e as entidades espirituais que povoam o espaço infinito, pois será assim que recebereis as bênçãos que a vida perfeita traz: a luz, a alegria, a paz, o amor. Quando souberdes entrar em harmonia com o Universo, desprender-se-ão de vós ondas de uma tal intensidade, que arrastareis convosco todas as criaturas que encontrardes. Tornar-vos-eis uma força benéfica portadora de todos os presentes do Céu. Só pela vida harmoniosa se consegue praticar o bem, iluminar os seres, e deveis preparar-vos para isso desde já, adotando a harmonia como ideal.


Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
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CRESCER NA COMPAIXÃO PELA HUMANIDADE


Alguém sem compaixão não merece ser chamado "humano". O que faz alguém ser humano é sua capacidade de sentir e praticar a compaixão. O sentimento de verdadeira compaixão leva sempre a uma atitude de assumir, como seu, o sofrimento de quem sofre, de quem precisa de ajuda, de compreensão, de amor solidário.

Entre as parábolas de Jesus, duas merecem ser lembradas e vividas por quem se diz cristão, por quem se diz humano: A parábola do "bom samaritano" (Lc 10,25-37) e a parábola do "filho pródigo" (Lc 15,11-32). Ao contrário do sacerdote e do levita, que viram aquele homem agonizando à beira da estrada, mas seguiram seu caminho, o samaritano teve compaixão do ferido, interrompeu sua viagem, cuidou dele, levou-o para uma hospedagem e pediu que cuidassem dele até sua volta. Compaixão ativa. O pai da parábola do filho pródigo - que deixou a casa paterna, que gastou tudo numa vida dissoluta -, quando viu o filho ainda longe, cansado, sofrido, humilhado, correu ao encontro dele, abraçou-o e beijou-o, organizou uma grande festa para celebrar a volta do filho ingrato. Compaixão ativa.

Talvez como poucas vezes na história da humanidade, sentir compaixão é, hoje, para muitos, fraqueza, ingenuidade, "coisa de gente sem noção". A violência a que assistimos todos os dias - assassinatos a sangue frio, guerras que destroem países inteiros, migrações forçadas - é o doloroso fruto podre de corações endurecidos e mentes sem compaixão. Aqui recordo a palavra do Papa Francisco: "O mundo em que vivemos, mundo ferido, perigoso, violento, que sobrevive entre guerras, desequilíbrios socioeconômicos, consumismo e uso anti-humano da tecnologia, é um mundo sem coração! Peço ao Senhor que o mundo recupere o que é o mais importante e o mais necessário: o coração! Peçamos que também o nosso coração conserve e recupere sempre a capacidade de ter compaixão!

Repito: o que faz alguém ser humano é sua capacidade de sentir e praticar a compaixão, fruto bom de árvore boa que tem num coração solidário a sua selva, sua força, seu constante crescimento. Crescer sempre em compaixão é o sinal distintivo de quem se diz humano, de quem se diz cristão.


Attilio Ignacio Hartmann, SJ



Fonte: Boletim "Espiritualidade de Ação", ano 107, junho de 2025
Edições Loyola - livrariareus@loyola.com.br
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quarta-feira, 4 de junho de 2025

AMOR E SABEDORIA


O amor dilata a consciência e a sabedoria ilumina-a. Na tela da vossa consciência, uma imagem pode ser grande mas pouco nítida, ou então ser precisa mas pequenina. No primeiro caso, isso acontece porque não soubestes trabalhar com a sabedoria, e no segundo porque não soubestes trabalhar com o amor. A sabedoria e o amor devem ser empregues igualmente, para que a vossa consciência seja ampla e clara. Se há tantas pessoas com um campo de consciência limitado, é porque não se interessam por ninguém, não gostam de ninguém. A sua consciência nem sequer se afasta uns centímetros do seu crânio. Elas repetem: «Eu, eu, eu...».

A consciência de quem ama, pelo contrário, dilata-se, vai à procura das pessoas para andar à sua volta, para ficar perto delas, tocá-las, abraçá-las. Reparai: as pessoas que têm amor nunca ficam paradas, vão constantemente procurar as outras, ocupam-se dos seus assuntos. Mas a consciência pode alargar-se sem ter clareza: as imagens do amor são pouco nítidas, não vos dão orientações precisas sobre a conduta a seguir. É por isso que o amor não chega, é necessário que a sabedoria se associe a ele.


Omraam Mikhaël Aïvanhov


Fonte: www.prosveta.com
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MEDITAÇÃO: CRENÇAS EM FATOS E TEORIAS EM EXPERIÊNCIAS


Num livro antigo dos hindus, o Bhagavad-Gitâ, encontram-se estas palavras significativas:  "O Eu é o amigo do eu, naquele em que o eu é conquistado pelo Eu; mas para quem está longe do Eu, o seu próprio eu é hostil como um inimigo.” (Bhagavad Gitâ, VI, 6)

São Paulo diz praticamente a mesma coisa, no seu grito desesperado:  "Pois eu sei que em mim, ou seja, na minha carne, não habita o bem; porque o querer está presente em mim, mas não descubro como fazer o que é bem... Deleito-me na lei de Deus, segundo o homem interior, mas sinto nos meus membros outra lei rebelando-se à lei da minha mente e que me torna cativo da lei do pecado que está nos meus membros. Infeliz homem eu sou! Quem me livrará (o Eu real) deste corpo que me acarreta a morte?” (Rm 7, 18.22-24)


A meditação transforma as nossas crenças em fatos comprovados e as nossas teorias em experiências vividas.

A declaração de São Paulo (supra citada) permanece um conceito e uma possibilidade até que, pela meditação, a vida de Cristo é evocada e se torna o fator dominante na vida diária.

Falamos de nós como sendo divinos e como sendo filhos de Deus. Conhecemos os que demonstraram a sua divindade ao mundo e que se mantêm na primeira fila da realização humana. Testemunhamos faculdades para além do nosso alcance. Somos conscientes, em nós, dos esforços que nos impeliram para o saber e de incitações internas que forçaram a humanidade a subir a escala da evolução até o grau atual dos que chamamos homens educados. Um impulso conduziu-nos da condição pré-histórica às condições da nossa civilização moderna. Acima de tudo, estamos conscientes dos que possuem ou pretendem possuir uma visão das coisas celestiais que aspiramos compartilhar, e que atestam que há um caminho direto até o centro da Realidade Divina, caminho que nos pedem para seguir também. Dizem-nos que é possível ter uma experiência direta e a nota característica do nosso tempo moderno pode-se resumir nestas palavras "da autoridade para a experiência".

Como podemos saber? Como ter esta experiência direta, livre da intromissão de qualquer intermediário? A resposta é que há um método que foi seguido por milhares de seres, e um processo científico que foi formulado e seguido pelos pensadores de todos os tempos e por meio dos quais se tornaram conhecedores.

(...)

Assim, ver-se-á que os apelos feitos para a meditação são muito elevados e que o peso do testemunho dos místicos e iniciados de todos os tempos pode corroborá-los. O fato de que outros tenham atingido o fim pode encorajar-nos e interessar-nos, mas não faz mais, a não ser que tomemos alguma atitude efetiva.

Que há uma técnica e uma ciência de união, baseada na correta manipulação e uso do corpo mental, pode ser profundamente verdade, mas este conhecimento não serve a nenhum propósito a menos que cada pensador educado enfrente a questão. Deve tomar uma decisão acerca dos valores implicados e empreender a demonstração do fato do mental, a sua relação nas duas direções (com a alma de um lado e do outro com o meio exterior) e finalmente manifestar a sua capacidade de empregar a mente à vontade, conforme escolher. Isto implica o desenvolvimento do mental numa síntese, ou senso comum, e o governo do seu emprego em relação ao mundo da vida terrestre, das emoções e do pensamento. Envolve também a sua orientação à vontade para o mundo da alma e a sua capacidade de agir como intermediário entre a alma e o cérebro físico. A primeira relação é desenvolvida e alimentada através de métodos sadios, de treinamento e de educação exotérica; a segunda é tornada possível pela meditação, uma forma superior do processo educativo.



Alice A. Bailey




Fonte: do livro "Do Intelecto à Intuição"
1a. Ed. em português, pp. 61-62.70
Fundação Cultural Avatar - FCA, Niterói/RJ
Fundação Educacional e Editorial Universalista - FEEU, Porto Alegre/RS
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/meditar-lago-humor-4882027/

segunda-feira, 2 de junho de 2025

FÉ - MEDITAÇÃO - TRADIÇÃO


Quando a força da fé é liberada dentro de nós, ela nos leva a vivenciar a realidade além das palavras, além das imagens e dos pensamentos. Descobrimos então que os filtros das metáforas, por mais úteis e necessárias que sejam no nível do conhecimento, também devem ser removidos para que a fé cresça.

Como questão universal do homem, ou crescemos na fé ou ela murcha e morre. A fé contém o anseio eterno que todos temos de ver a realidade como ela é. “Irmãos e irmãs”, disse São João, “não sabemos como somos, mas sabemos que quando Cristo nos aparecer, seremos semelhantes a Ele, porque o veremos como Ele realmente é. Assim como Ele é puro, todos os que entendem esta esperança serão purificados” (1 João 3:2-3). Ver a Deus é tornar-se semelhante a Ele. A pureza é a condição para alcançar esta visão. Na religião onde a fé se restringe a crenças ou rituais, significa acrescentar mais filtros, interpondo assim um maior número de camadas intermediárias. Porém, no coração de toda religião está o conhecimento místico indestrutível de que na pureza última do espírito se alcança a visão total da realidade, sem filtros ou camadas intermediárias. A maioria de nós não alcançará esta visão completa, mas a intuição de que isso acontece faz parte da natureza profunda da fé.

Ver a realidade como ela é, ou pelo menos libertar-se progressivamente de alguns filtros, é um grande ato de fé. Expressa a verdadeira face da fé porque o nosso apego às crenças e rituais da nossa tradição proporciona-nos uma falsa segurança. E é por isso que muitas pessoas profundamente religiosas são indiferentes à meditação, pois lhes parece que com isto sairão de suas zonas de conforto e segurança e também de suas crenças e visões de mundo, sendo que estas os fazem crer diferentes e superiores aos demais.

No entanto, o caminho da fé não consiste na adesão teimosa a um ponto de vista particular, nem aos sistemas de crenças ou rituais tradicionais que o expressam. Isso seria simplesmente uma ideologia ou um tipo de sectarismo, mas isso não é fé. A fé é uma jornada de transformação que exige que avancemos, atravessemos e transcendamos os nossos quadros de crenças e práticas externas – não traindo-as ou rejeitando-as, mas também não permanecendo presos nas suas formas de expressão. São Paulo falou do caminho da salvação do princípio ao fim, na fé. A fé é, portanto, uma abertura desde o início do caminho humano. Naturalmente, precisamos de um quadro de referência religioso, de uma tradição. Se permanecermos centrados de forma estável, o processo de mudança desenrola-se e a nossa perspectiva sobre a verdade alarga-se continuamente.


Trecho de “Queridos Amigos”, de Fr. Laurence Freeman ,OSB (Boletim da Comunidade Mundial para Meditação Cristã, vol. 32, No. 3, setembro de 2008, p. 4.).


Transcrito por Carla Cooper



Fonte: WCCM Espanha - Comunidad Mundial para la Meditación Cristiana
http://wccm.es/
Traduzido por WCCM España e para o português por este blog.
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/vectors/medita%C3%A7%C3%A3o-zen-natureza-l%C3%B3tus-lago-8314420/



Para mais detalhes sobre a meditação cristã, ver:

* JOHN MAIN E A MEDITAÇÃO CRISTÃ: https://coletaneas-espirituais.blogspot.com/2020/05/john-main-e-meditacao-crista.html

DESÂNIMO E CORAGEM


Mesmo nos piores momentos de desânimo, deveis saber que esse desânimo contém os elementos que, se soubésseis aproveitá-los e utilizá-los, serviriam para recuperardes a coragem. O desânimo é um estado no qual existem forças formidáveis. Eis a prova: se ele é capaz de demolir todo um reino – vós mesmos, com todas as riquezas e possibilidades que estão acumuladas em vós, no corpo, no coração, no intelecto, na alma e no espírito –, é porque é verdadeiramente poderoso. Então, porque não experimentais apropriar-vos desse poder para o orientardes num sentido positivo? O homem não está consciente de todas as possibilidades que tem dentro de si. Mesmo quando se julga completamente extenuado, “nas lonas”, na realidade ainda lhe restam recursos formidáveis, capazes de o ajudar a continuar a sua caminhada.


Omraam Mikhaël Aïvanhov


Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/alcan%C3%A7ar-mulher-garota-pulando-1822503/

domingo, 1 de junho de 2025

JEJUM DE PREOCUPAÇÕES


Que bom jejum aquele que ajuda a nos unificar! A moderação corporal sempre é um bem e pode ser uma norma que nos guie a vida toda. Quanta falta nos faz hoje reunir os fragmentos dispersos de nossa atenção. A nossa vontade espalhada nos milhares de interesses... um pouco de atenção aqui, outro pouco ali, talvez surja algo que nos pareça atraente ou talvez algo mais atrativo ainda nos chame a atenção... no final do dia, não sabemos onde estamos ou para onde estamos indo.

Encontrar a nós mesmos, juntar as partes que deixamos ligadas aos vários desejos, voltar o rosto para o sagrado interior é a conversão que se nos apresenta todos os dias, em cada atividade. É espiritualizar as ações, ou melhor, por o espirito naquilo que fazemos. Mas isso requer atenção e presença. E que jejum se faz necessário! Assim como o encher do estômago até que a saciedade nos deixe estufado, a dispersão demasiada da atenção nos deixa adormecidos.

Poucas coisas são necessárias, repetem os santos e sábios através da história, e Jesus disse: "Não vos preocupeis por aquilo que haveis de comer, nem por aquilo que haveis de beber, nem vos atormenteis...". (Lc 12, 29) E o apóstolo recomendava: "Não vos preocupeis com coisa alguma; manifestai, porém, a Deus as vossas necessidades por meio de orações e súplicas com ação de graças. Então a paz de Deus, que supera todo o entendimento, guardará vossos corações e vossos pensamentos em Cristo Jesus." (Fl 4, 6-7)

Jejum de preocupações, abandono do modo de vida apressado que se origina no acreditar que estamos sós, sem o acompanhamento de Deus previdente e nos centrando ou retornando ao nosso centro com persistência silenciosa, é caminhar pelo deserto, convertidos e centralizados, em atenção. E isto nos permite uma oração mais profunda e uma verdadeira caridade. A caridade nascida da empatia, da compaixão, de estarmos unidos e centrados em Deus.


El Santo Nombre



Fonte: Blog El Santo Nome
https://elsantonombre.org
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/pescador-pescaria-p%C3%B4r-do-sol-calma-4175917/