sexta-feira, 22 de maio de 2020

JOHN MAIN E A MEDITAÇÃO CRISTÃ


Dom John Main, OSB, beneditino, fundou em Montreal uma comunidade de monges e leigos que tenta introduzir a prática da oração contemplativa na vida agitada moderna. Juntando ensinamentos orientais à tradição dos padres e mães do deserto, torna-se um dos maiores mestres espirituais através da Meditação Cristã. Em suas palestras descreve sua própria caminhada espiritual e mostra que o caminho da Meditação é o caminho aberto a todos.

Trabalhando no Serviço Colonial da Malásia, ficou profundamente impressionado com a paz que um swami indiano transmitia. Perguntando qual o segredo, o swami o convidou a visitá-lo para lhe passar o segredo da Meditação. Para swami, o objetivo da meditação era o processo de chegar a despertar a consciência da realidade do Espírito do universo, que vive em nossos corações que contém tudo, todas as obras, todos os perfumes, sabores e desejos. Envolve o universo inteiro e, no silêncio, ama a todos.

Meditar é simples... só é preciso meditar. Para meditar é preciso se concentrar, tornar-se silencioso. Para chegar à quietude, utilizamos uma palavra que chamamos de mantra. Precisamos repetir continuamente esta palavra com fidelidade e amor. Nisso somente consiste a meditação.

Retornado ao seu trabalho em Dublin, antes do advento da meditação transcendental, John não encontrou ninguém que soubesse algo sobre meditação, como se entende agora. John torna-se monge pensando de estruturar sua vida sobre este tipo de meditação, mas seu mestre de noviciado o obrigou a seguir o método inaciano.

Mais tarde, o monge beneditino, considera este período da sua vida como um grande dom de Deus, pois o obrigou a desapegar-se do próprio centro de sua vida. Em lugar disso aprendeu a edificar a sua vida sobre o próprio Deus.

Reitor do Colégio de Santo Anselmo, em Washington, encontra os mestres de oração dos antigos Padres do Deserto, através de Cassiano citado por São Bento, para quem quiser subir os degraus mais altos da oração (contemplação). Com espanto leu o que Cassiano diz a respeito de usar uma frase curta para chegar à tranquilidade necessária à oração: a mente expulsa e reprime assim a rica e ampla matéria de todo pensamento e limita-se à "POBREZA DE UM ÚNICO VERSÍCULO".

A leitura de Cassiano lembra a mantra do swami, reconduz à mais rica tradição contemplativa cristã e mostra como a riqueza das tradições orientais e ocidentais surgem da mesma fonte.

A história de João Cassiano e seu amigo Germano tem relevância impressionante para o mundo contemporâneo. Como estes dois jovens, hoje, milhares de ocidentais voltam-se para o Oriente à procura de misticismo, eles queriam apenas aprender a orar e sofriam, inquietos, à procura de um mestre. No Egito encontram o abade Isaac, a quem lhe pedem lhes ensinasse o caminho da oração de Jesus. A sabedoria do mestre vinha de longa fidelidade à oração e às vigílias. João Cassiano e Germano sabiam que É PRECISO ORAR SEMPRE SEM CESSAR! ORAR É TUDO! O ESPÍRITO QUE RESSUSCITA OS MORTOS VIVE EM NÓS E DARÁ VIDA NOVA AOS NOSSOS CORPOS MORTAIS!

Os dois amigos insistem com o santo abade de lhes ensinar o como chegar à oração de Jesus. A resposta é a humildade, o desapego de si mesmos. O grande perigo da oração é reduzir Deus à nossa própria medida para com ele dialogar, fazendo dele um ombro confortável, um ídolo. Para Cassiano o caminho "católico" da oração é aquele sem imagens, que se restringe à repetição de um único versículo, a oração do pobre. Em toda oração o agente principal é o próprio Deus. Ele nos envia o Espírito do seu Filho que geme com suspiros inenarráveis e repete: Aba Pater! (Paizinho)

Dentro da "tradição católica de Cassiano" a oração cristã consiste essencialmente em deixar que o murmúrio da oração de Jesus possa surgir e se enraizar em nosso coração. O Abade Isaac recomenda o versículo (mantra) "Senhor, vem em meu auxílio", que São Bento coloca no início de cada hora litúrgica.

Cassiano assim fala a respeito da mantra: "Esta mantra deve estar sempre no seu coração. Ao adormecer seja repetido esse versículo até que, moldado por esta palavra, habitue-se a repeti-la durante o sono". Ao despertar para um novo dia, a mantra "antecipa todos os seus "pensamentos" e, no decorrer do dia deverá cantar incessantemente no fundo de seu coração". Cada um de nós é chamado a descobrir em seu coração a oração de Jesus e que sejamos arraigados e fundados no Amor.

Palavras do swami a John Main

"Meditar somente quando vier aqui é frivolidade. Meditar uma vez por dia é leviandade. Se você é sério e você quiser enraizar a mantra em seu coração, deve meditar logo ao acordar de manhã, durante meia hora, e o mesmo no fim do dia. Durante a meditação não deve haver na sua mente nem pensamento nem palavras, nem imaginações. O único som será o som da sua mantra da sua palavra. A mantra é um som harmônico; quando ecoa dentro de nós, começamos a desenvolver uma ressonância que nos conduz à totalidade do nosso próprio ser... Começamos a experimentar a profunda unidade que todos nós possuímos em nosso ser. Então o som harmônico faz surgir uma ressonância entre nós e todas as criaturas, toda a criação, e uma unidade entre nós e nosso Criador."



Fonte: www.oraetlabora.com.br/meditacao/arquivo22.htm
Fonte da Gravura: Grev Kafi (the pseudonym of two symbolist painters, Evdokia Fidel'skaya and Grigoriy Kabachnyi, a married couple, that work in co-authorship)
http://www.grevkafi.org

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