sábado, 4 de outubro de 2014

A BOA SOLIDÃO ACAUTELA O HOMEM CONTRA A VIDA SOLITÁRIA

Pesquisa realizada por John Cacioppo, cientista e professor de psicologia da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, sugere que o isolamento impacta e acelera o extermínio “prematuro” do idoso solitário. Para Cacioppo há fatores de risco em face do sentimento de solidão, dentre os quais estão a interrupção frequente do sono, elevação da pressão arterial, aumento do cortisol (hormônio do estresse), alteração do sistema imunológico e aumento da depressão. (1) Talvez realmente a solidão seja preocupante enfermidade dos dias de hoje.

As criações tecnológicas, avançando em uma velocidade vertiginosa, propõem “democratizar” as relações sociais. Tais recursos vêm disponibilizando recursos sedutores, a saber: a TV digital, os smartphones com suas múltiplas funções, os vídeos e filmes de alta definição, os notebooks, os tablets, a internet, as redes sociais, os jogos eletrônicos virtuais; eis aí uma lista mínima do que a tecnologia tem proporcionado.

Há uma respectiva quebra da necessidade de se estar fisicamente “junto”, a fim de conversar, ampliar amizade, trocar emoções. Consegue-se através do aplicativo whatsapp, por exemplo, dialogar, trocar mensagens, vídeos, fotos, de qualquer lugar, horário e distância, conectando-se todos a tudo. Viabiliza-se resgatar amizades perdidas no tempo, reencontrar familiares que a distância afastou e refazer relacionamentos que se submergiram pelos caminhos. Entretanto, paradoxalmente, a tecnologia que nos cerca externamente pouco preenche interiormente. De tal modo que não será a tecnologia que nos afastará da “má solidão”, aliás, característica dos que não vivem valores da solidariedade, da compaixão, da fraternidade.

Vive-se hoje a estranha sensação de que não se está sozinho na multidão. Indivíduos cercados por pessoas em ônibus, metrôs, aviões, estádios, localidades de trabalho, avenidas, ruas. Contudo, nessa selva de pedras existem muitos sujeitos solitários. E quanto mais são cercados de gente, de barulho, de tarefas, mais se agrava a sensação de que estão sozinhos. Parece contraditório? Será a “maligna solidão” a ausência de companhia, de pessoas à volta de certos solitários? Consistiria em estar longe das civilizações?

Mas será que toda solidão é malfazeja? Notemos a rocha que sustenta a planície costuma viver isolada e o Sol que alimenta o mundo inteiro brilha sozinho. Lord Byron dizia que "na solidão é quando estamos menos só." (2) Para certas horas a saudável solidão é para o espírito o que a dieta é para o corpo. Muitas vezes, para ouvirmos a voz sincera da consciência precisamos saber fazer silêncio em torno de nós e dentro de nós. Há momentos em que é imprescindível a busca da benéfica solidão para nos encontrarmos conosco, em um reencontro com a própria alma, de maneira tranquila e serena, sabendo que guardamos em nossa intimidade a chave para nossa ascensão espiritual. É nesses momentos de introspecção que conseguimos analisar atitudes, valores e sentimentos. Sob esse ponto de vista, a meiga solidão será oportuna companheira a ser buscada, para que possamos nos encontrar e nos conhecer.

Não esqueçamos que em nossa marcha rumo à luz imperecível cultivamos diálogos que dizem respeito somente a nós mesmos. Nada nos impede, pois, com regularidade, evadirmo-nos do mundo, buscando momentos de magna solidão, em que teremos apenas nós mesmos para viajar em torno da consciência, pois quando silencia o mundo à nossa volta conseguimos ouvir a voz da consciência e até mesmo escutar o nosso “EU” histórico. Serão esses espaços de abençoada solidão que nos consentirão reavaliar comportamentos para, nas próximas experiências, evitar que repitamos os mesmos desacertos, em análogas ocasiões. A sós, diariamente, alguns momentos para meditar a respeito do que fazemos, como fazemos, nos permitirá marchar por estradas íntimas e nos desvendar em profundidade.

Há quem use a prodigiosa solidão como tempo de inspiração, análise e programação. Quando fazemos silêncio exterior, damos vazão ao mundo interno, intenso e palpitante. Há tanta gente mergulhada em alaridos indigestos, dominada por conversas maledicentes ou pelo estrondo de risadas burlescas; há tanta gente rodeada de pessoas, mas com a alma amargurada, oprimida, oca. Lembremos que tudo tem o seu tempo determinado, conforme narra o Eclesiastes. Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar, tempo de colher, tempo de chorar e tempo de sorrir; tempo de falar e tempo de silenciar também.” (3) Então, por que temer a santa solidão? Se a vida nos oferece a bondosa solidão, saibamos abrigá-la como um tesouro. Aproveitemos cada instante para meditações. Encaremos tudo e todas as circunstâncias como ensejo de aprendizado.

Obviamente Deus nos criou para viver em sociedade. Não nos ofereceu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação humana. É natural que o “isolamento absoluto” seja contrário à lei da Natureza, até porque por instinto buscamos a sociedade e devemos concorrer para o progresso, auxiliando-nos mutuamente. Ora, completamente isolados, não dispomos de todas as faculdades. Falta-nos o contato com os outros de nós. No isolamento incondicional ficamos brutos e morremos. (4) Por essas criteriosas razões é importante caracterizar as distintas solidões – aquela que significa fuga definitiva do convício social daquela outra que nos abastece a alma a fim de que jamais constemos no rol dos seres solitários.



Notas e referências bibliográficas:

(1) Disponível em http://oglobo.globo.com/saude/solidao-aumenta-em-14-as-chances-de-idosos-morrerem-de-forma-prematura-11609030#ixzz2yAIPeewV acesso em 05/04/2014
(2) George Gordon Byron, comumente conhecido como Lord Byron; foi um escrito/poeta inglês do século XIX.
(3) Eclesiastes 3:1-8
(4) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, questões 766,767 e 768, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2000




Jorge Hessen





Fonte: http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com/
http://aluznamente.com.br/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

MEDITAÇÃO - AUTOCONHECIMENTO

Sem meditação, não existe autoconhecimento; sem autoconhecimento, não existe meditação. Então você tem que começar a saber o que você é. Você não pode ir longe sem começar perto, sem compreender o processo diário do pensamento, sentir, e ação. Em outras palavras, o pensamento tem que compreender seu próprio trabalho, e quando você vê a si mesmo funcionando, observará que o pensamento vai do conhecido para o conhecido. Você não pode pensar no desconhecido. Aquilo que você conhece não é real porque o que você conhece existe só no tempo. Para se libertar da rede do tempo é preciso interesse, não pensar a respeito do desconhecido, pois, você não pode pensar no desconhecido. As respostas para suas preces são do conhecido. Para receber o desconhecido, a própria mente deve se tornar o desconhecido. A mente é o resultado do processo de pensamento, o resultado do tempo, e este processo de pensamento deve chegar ao fim. A mente não pode pensar naquilo que é eterno, infinito; portanto, a mente deve estar livre do tempo, o processo de tempo da mente deve ser dissolvido. Só quando a mente está completamente livre do ontem, e não está usando o presente como meio para o futuro, ela é capaz de receber o eterno. Portanto, nosso interesse em meditação é conhecer a si mesmo, não só superficialmente, mas todo o conteúdo da consciência interior, oculta. Sem conhecer tudo isso e estar livre desse condicionamento você não pode ir além dos limites da mente. Por isso o processo da mente deve cessar, e para essa cessação deve haver o conhecimento de si mesmo. Portanto, meditação é o início da sabedoria, que é compreensão de sua própria mente e coração.

Se você acompanhou esta investigação sobre o que é meditação, e compreendeu todo o processo de pensar, vai descobrir que a mente está completamente imóvel. Nessa total imobilidade da mente, não existe vigia, nem observador, e, portanto, nem experimentador; não há uma entidade que está acumulando experiência, o que é a atividade da mente egocêntrica. Não diga “Isso é ‘samadhi’”, o que é tolice, pois você simplesmente leu sobre isto num livro e não descobriu por si mesmo. Existe uma vasta diferença entre a palavra e a coisa. A palavra não é a coisa; a palavra porta não é a porta. Assim, meditar é purificar a mente de sua atividade egocêntrica. E se você chegou tão longe na meditação, descobrirá que existe silêncio, um vazio total. A mente não está contaminada pela sociedade; não está mais sujeita a nenhuma influência, à pressão de nenhum desejo. Ela está completamente sozinha, e estando sozinha, intocada, é inocente. Então existe a possibilidade para aquilo que é infinito, eterno, surgir. A totalidade deste processo é meditação.

Para compreender a totalidade deste problema da influência, a influência da experiência, a influência do conhecimento, de motivos internos e externos, para descobrir o que é verdadeiro e o que é falso e ver a verdade no chamado falso – tudo isso requer tremendo "insight", uma profunda compreensão interior das coisas como elas são, não é? Todo este processo é, certamente, o caminho da meditação. A meditação é essencial à vida, à nossa existência diária, como a beleza é essencial. A percepção da beleza, a sensibilidade às coisas, às feias bem como às belas, é essencial para ver uma bela árvore, um lindo céu ao anoitecer, ver o vasto horizonte onde as nuvens se reúnem no pôr-do-sol. Tudo isto é necessário, a percepção da beleza e a compreensão do caminho da meditação, pois tudo isso é vida, como também é você ir ao escritório, as discussões, misérias, o esforço perpétuo, angústia, os medos profundos, amor e o sofrimento da fome. Ora, a compreensão deste processo total da existência – as influências, os sofrimentos, o esforço diário, a perspectiva autoritária, as ações políticas e assim por diante – tudo isto é vida, e o processo de compreender isto tudo, e libertar a mente, é meditação. Se a pessoa realmente compreende esta vida então há sempre um processo meditativo, sempre um processo de contemplação, mas não a respeito de alguma coisa. Estar consciente de todo este processo da existência, observá-lo, entrar nele desapaixonadamente, e se libertar dele, é meditação.

Uma mente imóvel não está buscando experiência de espécie alguma. E se ela não está buscando e, portanto, está completamente imóvel, sem nenhum movimento do passado e, portanto, livre do conhecido, então você descobrirá, se chegou a este ponto, que existe um movimento do desconhecido que não é reconhecido, que não é traduzível, que não pode ser posto em palavras; então você descobrirá que existe um movimento que é da imensidão. Esse movimento está no infinito porque aí não existe tempo, nem espaço, nem alguma coisa para experimentar, nem alguma coisa a ganhar, a conseguir. Tal mente conhece o que é criação – não a criação do pintor, do poeta, daquele que verbaliza, mas aquela criação que não tem motivo, que não tem expressão. Essa criação é amor e morte. A totalidade desta coisa do início ao fim é o caminho da meditação. Um homem que medite deve conhecer a si mesmo. Sem conhecer a si mesmo, você não pode ir muito longe. Por mais que você possa tentar ir longe, só pode ir até o alcance de sua própria projeção; e sua projeção está muito próxima, está muito perto, e não o leva a lugar algum. Meditação é esse processo de assentar a fundação instantaneamente, imediatamente, e trazer naturalmente, sem nenhum esforço, esse estado de imobilidade. E só então há uma mente que está fora do tempo, fora da experiência, e fora do conhecimento.

Nós vamos falar sobre uma coisa que necessita de uma mente que possa penetrar muito profundamente. Devemos começar muito perto, pois não podemos ir muito longe se não soubermos como começar muito perto, se não soubermos como dar o primeiro passo. O florescimento da meditação é bondade, e a generosidade do coração é o início da meditação. Nós falamos sobre muitas coisas relacionadas com vida, autoridade, ambição, medo, ganância, inveja, morte, tempo; falamos sobre muitas coisas. Se você observar, se examinar isto, se você ouviu corretamente, estas são as fundações de uma mente capaz de meditar. Você não pode meditar se é ambicioso, pode brincar com a ideia da meditação. Se sua mente é dominada pela autoridade, limitada pela tradição, aceitando, seguindo, você nunca saberá o que é meditar na sua extraordinária beleza. É a busca de sua própria realização através do tempo que impede a generosidade. E você precisa de uma mente generosa, não só uma mente ampla, uma mente cheia de espaço, mas também um coração que dá sem pensamento, sem um motivo, e que não procura nenhum prêmio em retribuição. Mas para dar o pouco que se tenha ou o muito que se tenha, essa qualidade da espontaneidade de saída, sem nenhuma restrição, sem nenhuma recusa, é necessária. Não pode haver meditação sem generosidade, sem bondade que é estar liberto do orgulho, nunca subir a escada do sucesso, nunca saber o que é ser famoso; o que significa morrer para o que quer que se tenha conseguido, todo minuto do dia. Apenas em tal solo fértil essa bondade pode crescer, pode florescer. E meditação é o florescimento da bondade.



J. Krishnamurti





Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal


ESQUECIMENTO DAS VIDAS PASSADAS E PROGRESSO ESPIRITUAL

Filhos, o esquecimento do passado, nas experiências infelizes que vivenciastes, é que vos torna viável o progresso espiritual.

Quem não olvidasse o mal de que tenha sido vítima ou verdugo, estacionaria indefinidamente na revolta e no ódio, na amargura e na falta de indulgência.

A amnésia temporária, com relação ao que fostes e ao que fizestes no passado, de certa forma vos enseja o crescimento íntimo num tempo relativamente mais curto do que levaríeis para concretizá-lo, caso tivésseis que conviver com as lembranças negativas que a Lei vos manda esquecer.

Assim sendo, não vasculheis os arquivos da mente, com o propósito de trazer ao presente o que deve permanecer sepultado no pretérito. Preocupai-vos com a construção do futuro, estudando as características de vossa personalidade, para melhor avaliação do caminho percorrido, valendo-vos tão somente das tendências e dos hábitos que relevais em vossa existência de agora.

Em contato com os outros, notadamente com aqueles de vossa convivência mais estreita, os vossos reais valores vêm à tona, possibilitando-vos a identificação clara dos pontos vulneráveis da personalidade, sobre as quais devereis concentrar os vossos esforços de corrigenda.

Os companheiros com os quais vos compromissastes mais seriamente acionam em vós os mecanismos psicológicos a fornecer-vos exata noção dos vossos desacertos de antanho, sem que, para tanto, tenhais necessidade de provocar o despertar de vossas reminiscências.

Na vivência espírita do Evangelho, a chamada terapia de vidas passadas acontece naturalmente, sem que se vos torne indispensável a revelação, em detalhes, do que vos precipitou a queda.

Quando um quadro infeccioso se instala no corpo, o médico não espera que se lhe detecte o órgão de origem, para combatê-lo através da prescrição de antibióticos.

A prática cotidiana do Bem se vos assemelha, para a consciência enferma, a antibiótico de última geração e de largo espectro que, embora sem correto diagnóstico do vosso quadro clínico, combate com eficiência a causa de vossos males.




Dr. Adolfo Bezerra de Menezes / Carlos A. Baccelli





Fonte: do livro "A Coragem da Fé", item 39
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

AS EMOÇÕES E O CORPO

O seu corpo não é simplesmente físico. Muitas coisas penetraram nos seus músculos, na estrutura do seu corpo, por meio da repressão. Se reprimir a raiva, o veneno vai para o seu corpo. Vai para os músculos, vai para o sangue. Quando você reprime alguma coisa, isso deixa de ser apenas um fenômeno mental e passa a ser físico também — porque, na verdade, você não está dividido. Você não é corpo “e” mente; você é "corpomente", psicossomático. Você é as duas coisas ao mesmo tempo. Portanto, qualquer coisa impingida ao corpo afeta a mente e qualquer coisa impingida à mente afeta o corpo. Corpo e mente são dois aspectos da mesma entidade.

Por exemplo, quando fica com raiva, o que acontece com o corpo? Sempre que você fica com raiva, alguns venenos são liberados no seu sangue. Sem esses venenos você não enlouqueceria a ponto de ficar encolerizado. Você tem certas glândulas no corpo e essas glândulas liberam determinadas substâncias químicas. Ora, isso é científico, não é só filosofia. O seu sangue fica envenenado. É por isso que, se tomado de raiva, você pode fazer coisas que normalmente não faria. Quando está com raiva, você consegue empurrar uma grande rocha — o que não conseguiria normalmente. Você mal consegue acreditar depois, ao ver que conseguiu empurrar a rocha, atirá-la longe ou erguê-la. Quando volta ao normal, você não consegue mais erguê-la, porque já não é mais o mesmo. Certas substâncias químicas estavam circulando na corrente sanguínea, você vivia um estado de emergência; toda a sua energia foi canalizada para a ação.

Mas, quando um animal fica enraivecido, ele simplesmente fica enraivecido. Ele não tem nenhuma moralidade quanto a isso, nada lhe foi ensinado a respeito; ele simplesmente fica enraivecido e a raiva é expressada. Quando você fica com raiva, a sua raiva é parecida com a de qualquer animal, mas então existe a sociedade, a moralidade, a etiqueta e milhares de outras coisas. Você abafa a raiva. Tem de mostrar que não está com raiva, tem de sorrir um sorriso falso. Você força um sorriso e abafa a raiva. O que acontece com o seu corpo? O corpo está pronto para brigar — ou brigar ou tugir do perigo, ou enfrentá-lo ou fugir dele. O corpo está pronto para fazer alguma coisa — a raiva é só a prontidão para fazer alguma coisa. O corpo ia ser violento, agressivo.

Se você pudesse ser violento e agressivo, então a energia seria extravasada. Mas você não pode — não é conveniente, por isso você a abafa. Então o que acontecerá com todos esses músculos que estavam prontos para ser agressivos? Eles ficarão atrofiados. A energia os está pressionando para serem agressivos e você está fazendo uma pressão contrária para que não sejam. Haverá um conflito. Nos seus músculos, no seu sangue, nos tecidos do seu corpo haverá um conflito. Eles estão prontos para expressar algo e você os pressiona para que não se expressem. Você está reprimindo os seus músculos. Então o corpo fica atrofiado. Isso acontece com todas as emoções, dia após dia, durante anos. Então o corpo fica todo atrofiado. Todos os nervos ficam atrofiados; deixam de fluir, não são mais caldais, não estão mais vivos. Eles ficam mortos, foram envenenados e ficaram todos emaranhados. Não são mais naturais.

Olhe qualquer animal e veja a graça do corpo dele. O que acontece ao corpo humano? Por que não é tão gracioso? Todo animal é gracioso — por que o corpo humano não é? O que lhe aconteceu? Você tem feito algo a ele. Você o tem destroçado, e a espontaneidade natural do seu fluxo já não existe mais. Ele ficou estagnado. Em todas as partes do seu corpo existe veneno. Em todos os músculos do seu corpo existe raiva reprimida, sexualidade reprimida, ganância reprimida, ciúme, ódio. Tudo é reprimido ali. Seu corpo está realmente doente.

Os psicólogos dizem que criamos uma armadura em torno do corpo e essa armadura é o problema. Se lhe permitem expressão total quando está com raiva, o que você faz? Quando está com raiva, você começa a ranger os dentes; você quer fazer alguma coisa com as unhas e com as mãos, porque é desse modo que a sua herança animal expressa a raiva. Você quer fazer alguma coisa com as mãos, destruir algo. Se não faz nada com os dedos, eles ficam atrofiados; perdem a graça, a beleza. Não serão mais membros vivos. E o veneno fica represado ali, por isso, quando você dá a mão a alguém, não acontece um toque de verdade, não existe vida, as suas mãos estão mortas.

Você consegue sentir isso. Toque a mão de uma criança pequena: há uma diferença sutil. Se a criança não quer dar a mão a você, ela não força; se retrai. Não dará a você uma mão morta, simplesmente tirará a mão. Mas, se ela quer lhe dar a mão, você sente como se a mão dela estivesse derretendo na sua. O calor, o fluxo — como se a criança toda estivesse vindo para a sua mão. Com o próprio toque ela expressa todo o amor que é possível expressar.

Mas a mesma criança, ao crescer, dará a mão como se ela fosse apenas um instrumento morto. Ela não acompanha esse movimento, ela não flui por meio dele. Isso acontece porque existem bloqueios. A raiva está bloqueada, e, de fato, antes que a mão possa ganhar vida novamente para expressar amor, ela terá de passar por uma verdadeira agonia, terá de passar por uma expressão profunda da raiva. Se a raiva não for extravasada, ela bloqueará a sua energia, não deixando o amor fluir.

Todo o seu corpo ficou bloqueado, não só as mãos. Por isso você pode abraçar alguém, pode aproximar alguém do seu peito, mas isso não significa que esteja aproximando essa pessoa do seu coração. São duas coisas diferentes. Você pode aproximar alguém do seu peito — esse é um fenômeno físico. Mas, se você tem uma armadura em torno do coração, tem um bloqueio emocional, então a pessoa continuará tão distante quanto antes; nenhuma intimidade é possível. Mas, se realmente trouxer a pessoa para perto de você, sem que exista nenhuma armadura, nenhum muro entre você e ela, então o seu coração se derreterá no coração dela. Haverá uma fusão, uma comunhão.

Quando o seu corpo voltar a ser receptivo e não houver nenhum bloqueio, nenhum veneno em torno dele, você estará sempre envolvido por um sentimento sutil de alegria. Seja o que for que esteja fazendo ou deixando de fazer, o seu corpo sempre estará envolto numa sutil vibração de alegria. Na realidade, a alegria só significa que o seu corpo é uma sinfonia, nada mais — que ele está num ritmo musical, só isso. Alegria não é prazer; o prazer sempre deriva de outra coisa. A alegria é simplesmente ser você mesmo — estar vivo, absolutamente vibrante, vital. O sentimento de que há uma música sutil em torno do seu corpo e dentro dele, uma sinfonia — isso é alegria. Você fica alegre quando o seu corpo está fluindo, quando ele é como o fluxo de um rio.



Osho




Fonte: “Saúde Emocional: Transforme o Medo, a Raiva e o Ciúme em Energia Criativa”
http://www.palavrasdeosho.com/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

TEMPOS DE DESCARTE

Nossos dias parecem feitos de momentos instantâneos. As coisas se transformam, as necessidades se sucedem e se modificam, fazendo com que tudo pareça volátil e fugaz.

Por vezes, nos parece que a própria vida é nada mais do que uma leve impressão e que nada vale um grande investimento, pois não há o que sobreviva ao descarte e a se tornar obsoleto.

Talvez por isso alguns de nós imaginamos que nossos relacionamentos também são descartáveis e fugazes, nesses dias em que vivemos.

Acabamos aceitando a ideia infeliz de que qualquer esforço de investimento nas pessoas parece algo inútil, uma verdadeira perda de tempo, pois logo essas serão, ou poderão ser substituídas.

Logo, é natural que nossos relacionamentos não suportem as primeiras rusgas, não sobrevivam aos primeiros embates, não ultrapassem os primeiros enfrentamentos.

Os investimentos da paciência, da consideração, do carinho, perdem sentido, nesse insistente descarte de tudo e de todos.

A amizade logo se desfaz, o relacionamento não cria raízes, os laços não se apertam e os nós se desfazem ao menor esforço.

Tudo isso porque esquecemos de que, muito embora o mundo esteja veloz, a comunicação seja instantânea, e a tecnologia se renove rapidamente, nossa mente e nosso coração são os mesmos de sempre.

Nossas necessidades emocionais em nada mudaram com a tecnologia.

A construção de nossos sentimentos ainda se faz gradual e lentamente, como há cem, quinhentos ou mil anos atrás.

Aprender a amar, cultivar uma amizade, aprender a querer bem, tudo se faz em velocidades medievais, poderíamos dizer.

Nada disso mudou no século XXI. O mundo externo se transformou por completo. Nossas necessidades e capacidades de amar são as mesmas.

Assim, cada vez mais se torna importante que resgatemos o tempo a dedicar aos nossos amores.

Nenhum casamento se fortalecerá sem o investimento de ambos.

Porém, se entre nossas prioridades não há tempo e investimento suficiente para que a vida seja compartilhada, natural que a relação feneça.

Se em nossos dias não há prioridade e tempo para os amigos, como manter as amizades?

Ninguém pode esquecer que a amizade se consolida lentamente, como quem cozinha no fogo brando, através da conversa solta e fraterna, da visita despretensiosa que estreita laços, ou do telefonema sem hora marcada mas que aconchega o ouvido.

Serão esses investimentos lentos, graduais, que serão efetivos, pois que criarão raízes profundas no coração.

Somente dessa forma nossos laços conseguirão vencer o tempo e a distância, a ponto de nos acompanhar para além desta vida, pois que permanecerão no coração.

O mais, o que efetivamente é descartável ou volátil, isso ficará, se perderá no tempo, ganhará esquecimento.

Entretanto, que nunca aquilo que pertença ao coração ganhe a falsa impressão de também ser descartável.

Porque, um dia, ao se perder tudo, inevitável fator da vida, permanecerá em nós somente aquilo que agasalharmos na mente e no coração.

Pensemos nisso.





Fonte: Redação do Momento Espírita
http://www.momento.com.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

O AMOR COMO CAMINHO

No presente, as pessoas desconsideram os valores morais e não têm gratidão para com aqueles que os ajudaram em momentos de necessidade. Na verdade, muitos jovens levam uma vida miserável; eles não têm qualquer consideração por seus amigos e parentes e não hesitam em fazer-lhes mal. Homens e mulheres jovens instruídos não se comportam como seres humanos cultos. 

Qual é o valor de uma educação que não permite que você faça seu dever para com seu cônjuge e filhos? 

O primeiro requisito para corrigir esses males é a eliminação das más características internas. Você deve voltar para o caminho da moralidade e da conduta correta, temer o pecado e amar a Deus. 

Pessoas que parecem ser piedosas e que parecem amar a Deus sem boas qualidades genuínas, e que apresentam um comportamento hipócrita, estão viciando a atmosfera em toda parte; estão promovendo desordem e confusão. 

Todos devem, portanto, começar a se livrar das características ruins e implantar qualidades Divinas. 

Com o amor como o seu caminho, alcance o Divino interior.




Sathya Sai Baba





Fonte: http://www.sathyasai.org.br/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

UMA FUGA MARAVILHOSA

Qual é o ímpeto por trás da busca por Deus, e essa busca é real? Para a maioria de nós, é uma fuga da realidade. Então, temos que estar bem esclarecidos em nós mesmos se esta busca por Deus é uma fuga, ou se é uma busca da verdade em todas as coisas – verdade em nossas relações, verdade nos valores das coisas, verdade nas ideias. Se estamos procurando Deus simplesmente porque estamos cansados deste mundo e de suas misérias, então é uma fuga. Então, nós criamos Deus, e, portanto, não é Deus. O Deus dos templos, dos livros, não é Deus, obviamente – é uma fuga maravilhosa. Mas se tentarmos encontrar a verdade, não em um exclusivo conjunto de ações, mas em todas as nossas ações, ideias e relações, se buscarmos a correta avaliação de alimento, vestuário e abrigo, então porque nossa mente é capaz de clareza e compreensão, quando buscarmos a realidade nós a encontraremos. Não será, então, uma fuga. Mas se estivermos confusos em relação às coisas do mundo – alimento, vestuário, abrigo, relação e ideias – como podemos encontrar a realidade? Podemos apenas inventar a realidade. Então, Deus, verdade, ou realidade, não é para ser conhecida por uma mente que está confusa, condicionada, limitada. Como pode tal mente pensar em realidade ou Deus? Ela tem que primeiro se descondicionar. Tem que libertar a si mesma de suas próprias limitações, e só então ela pode saber o que é Deus, obviamente não antes. Realidade é o desconhecido, e isso que é conhecido não é o real.





J. Krishnamurti






Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

POSICIONAMENTOS - SIGNIFICADOS - JULGAMENTOS

Perante os destinos de certos seres humanos, somos tentados a dizer que tais existências não têm sentido. Seres que tinham possibilidades de aprender, de compreender, de fazer qualquer coisa de útil, mas que, aparentemente, não aprenderam nada, não compreenderam nada, não fizeram nada a não ser asneiras! Será que valeu a pena eles viverem?...

Pois bem, esse é um raciocínio muito mau. A existência atual de um ser é apenas um elo de uma longa cadeia. Para se compreender o que um homem ou uma mulher vive numa das suas encarnações não se deve considerar essa encarnação isoladamente, mas sim ligá-la a todas as suas encarnações passadas, ao longo de séculos e milênios, e, ao mesmo tempo, saber que essa existência prosseguirá no futuro.

As pessoas enganam-se sempre acerca do significado a dar ao presente, se não o posicionarem nessa continuidade que vai de um passado longínquo a um futuro ainda mais longínquo. Quando não se sabe que sentido dar à vida das pessoas, não se deve dizer que ela não tem sentido algum, e, sejam quem forem os seres, é um assunto sobre o qual não se tem o direito de emitir juízos.

Todas as vidas têm um sentido e, mais do que pronunciar-se sobre a vida dos outros, cada um deve procurar dar cada vez mais sentido à sua própria vida para preparar o seu futuro.




Omraam Mikhaël Aïvanhov





Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

NÃO TENTE FORÇAR DEUS SOBRE NINGUÉM

Pergunta a Osho: Osho, para seguir Jesus, é preciso uma profunda confiança, entrega e amor, mas atualmente um profundo ceticismo prevalece por todo o mundo. Qual é a saída?

Isso vem de Swami Yoga Chinmaya. Pense sobre você mesmo. Há um profundo ceticismo dentro de você? Esta é a pergunta a ser feita. “Um profundo ceticismo prevalece por todo o mundo.” Quem é você para ficar preocupado com todo o mundo? Este é o modo de escapar do verdadeiro problema. O ceticismo está profundamente dentro, o bichinho da dúvida existe no seu coração, mas você o projeta; você o vê na tela do mundo todo.

Humm? “O mundo é cético... qual é o jeito de sair disso?” Ora, você está transferindo o problema. Olhe para dentro de você mesmo. Se há dúvida, então descubra-a. Então, algo pode ser feito. O mundo não o ouvirá, e não há nenhuma necessidade, porque, se eles estão felizes no ceticismo deles, eles têm esse direito. Quem é você?

Nunca pense em termos missionários; estas são as pessoas mais perigosas. Elas estão sempre salvando o mundo e, se o mundo não quer ser salvo, ainda assim elas continuam tentando. Elas dizem: “Mesmo que você não queira, nós o salvaremos”. Mas por que o incômodo? Se alguém está feliz — comendo, bebendo, desfrutando a vida — e não está de modo algum interessado em Deus... e daí? Qual é o mérito de forçá-lo? Quem é você? Deixe-o chegar a sua própria compreensão. Um dia ele chegará. Mas as pessoas ficam muito preocupadas: como salvar os outros? Salve a si mesmo! Se você puder, salve-se - porque isso também é muito difícil, um trabalho quase impossível.

Este é um truque da mente: o problema está dentro - a mente o projeta do lado de fora. Então, você não fica preocupado com ele; então, você não fica preocupado com a sua própria angústia. Então, você se torna interessado no mundo todo e neste caminho você adia sua própria transformação.

Eu insisto sempre e novamente, que você deve se interessar por si mesmo. Eu não estou aqui para fazer missionários. Os missionários são as pessoas mais daninhas. Nunca seja um missionário; esse é um trabalho muito sujo. Não tente mudar ninguém. Basta você mudar a si mesmo.

E acontece... quando você muda, muitos vêm compartilhar da sua luz. Compartilhe - mas não tente salvar. Muitos serão salvos daquele modo. Se você tentar salvá-los, poderá afogá-los antes que eles mesmos se afoguem.

Não tente forçar Deus sobre ninguém. Se eles duvidam, está perfeitamente bem. Se Deus permite-lhes duvidar, deve haver alguma razão nisto. Eles precisam disso, esse é o treinamento deles: e todo mundo tem que passar por isso.

O mundo tem sido sempre cético. Quantas pessoas se juntaram ao redor de Buda? Não foi o mundo todo. Quantas pessoas se juntaram ao redor de Jesus? Não foi o mundo todo, só uma minoria muito pequena — as pessoas podem ser contadas nos dedos. O mundo todo jamais se preocupou com essas coisas?

E ninguém tem a autoridade para forçar algo sobre qualquer pessoa. Nem mesmo sobre seu próprio filho! Nem mesmo sobre sua própria esposa! Guarde para si mesmo o que quer que você sinta ser a meta para sua vida. Nunca force isso sobre ninguém mais. Isto é violência, pura violência.

Se você quer meditar, medite. Mas isto é um problema: se o marido quer meditar, tenta obrigar a esposa a meditar também; se a esposa não quer meditar, ela obriga o marido a não meditar também. Vocês não podem permitir às pessoas suas próprias almas? Não podem deixá-las ter seu próprio modo?

A isto eu chamo de atitude religiosa: permitir liberdade. Um homem religioso sempre permitirá liberdade a todo mundo. Mesmo que você queira ser ateu. Este é o seu modo, perfeitamente bom para você. Você se move através dele, porque cada um que chegou a Deus veio através do ateísmo. O deserto do ateísmo tem de ser cruzado: faz parte do crescimento.

O mundo sempre permanecerá cético, na dúvida. Somente alguns atingem a confiança. Apresse-se, para que você possa atingi-la.




Osho





Fonte: "Palavras de Fogo: Reflexões Sobre Jesus de Nazaré"
http://www.palavrasdeosho.com/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

SIMBOLOGIA ESOTÉRICA (como entendida pela ROSACRUZ - MAÇONARIA - MARTINISMO e outras)

O símbolo é a representação visível de uma coisa oculta.

A primeira função do símbolo é a de oportunizar uma aventura do espírito, inclinando-o, à exploração, à busca, à pesquisa. Uma segunda função é pedagógica e terapêutica, pois o símbolo comunica ao homem que ele não está isolado, nem perdido na vastidão do mundo. A terceira e última função do símbolo, para mim, é a de unificação, pois ele condensa a experiência total do homem (religiosa, cósmica, social, psíquica) nos níveis da inconsciência e da consciência.

O homem vive num mundo de símbolos e esses vivem nele. O homem se cerca de símbolos no afã de atender a sua necessidade de busca de uma explicação para pontos ignorados.

A maçonaria elegeu os símbolos como objetos de estudo do maçom que, com projetos pessoais de aperfeiçoamento moral e espiritual, com vontade e consciência, quer aproximar-se da verdade plena, espiritualizando a vida.

Assim foi a origem dos três pontos maçônicos (.'.), os quais surgiram na Espanha por volta de 1509 para fim de que ninguém viesse a compreender as trocas de cartas, bilhetes ou mensagens escritas entre os antigos maçons. Eles criaram uma simbologia própria onde substituindo a parte suprimida, cortavam vocábulos entre uma consoante e uma vogal e acresciam a elas três pontos na forma de um triângulo equilátero. Foi utilizada pela primeira vez, segundo Nicola Aslan, em 12 de agosto de 1774 na França, em uma correspondência do Grande Oriente da França comunicando a mudança de endereço. Também os três pontos possuem um significado que pode ser descrito dentre vários outras maneiras, como sendo Sabedoria, Força e Beleza, atributos de Deus.

O simbologismo é exigência do método iniciático maçônico, método que não propõe a verdade, mas sugere estudo, busca pesquisa, como dever individual dos homens. Nada, em maçonaria, em decorrência do método, favorece as verdades fechadas, dogmáticas, discriminatórias, intolerantes.

Então o simbolismo maçônico não é, pois, o conhecimento passivo da quantidade, da forma e das interpretações alheias dos símbolos. O simbolismo maçônico é o obreiro já convertido no significado que ele conseguiu atribuir ao símbolo, a busca do sentido do símbolo e a correspondente mudança da vida. E se o obreiro conseguir sentir a sua infinitude, em elevado grau de espiritualidade da vida, viverá um simbolismo tão espontâneo e pessoal, que todas as palavras do mundo não poderão descrever a experiência.

O simbolismo é como livros que nos fazem viajar em um espaço sem tempo.

Cumpre, então, ao maçom reinterpretar os símbolos sem o sentimento de traição ao passado, pois, se seu dever é vivenciar o simbolismo, todo momento presente solicita uma intensidade diferente, uma revisita, com interesses distintos, numa outra atualidade.

É com isso que a cada sessão por mais igual que ele possa ser, sempre somará ao nosso conteúdo, por mais estudados que sejamos, novos conhecimentos. Isso é como uma grande árvore centenária que sempre está no mesmo lugar, num mesmo solo, mas consegue que cada momento seja diferente, consegue retirar nutrientes onde antes não conseguia e os transfere para novas folhas em galhos velhos.




Marcus Rodrigo Lawder





Fonte:
- Revista "O Prumo"
- "História da Maçonaria", de Nicola Aslan

Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

APEGO AO EGO

Suponha que sonhe que esteja sendo mordido por uma cobra, e esteja sofrendo de dor, gritando e desesperadamente procurando remédio. Nessas circunstâncias, mesmo que fosse mordido por uma cobra, você tomaria um remédio para remover o veneno? Não, não tomaria porque isso aconteceu em seu sonho. Talvez você até se esqueça da dor assim que acordar, não é? 

Da mesma forma, hoje você está dormindo o sono profundo da ignorância e dos apegos mundanos e, portanto, submete-se a um enorme sofrimento. O mundo é efêmero e cheio de miséria. Você sofre apenas por causa da ignorância e do apego ao corpo. No momento em que for despertado do sono, seus problemas serão resolvidos. 

Toda e qualquer pessoa que aspira a levar uma vida feliz deve reduzir o apego ao corpo. Você desenvolve ego por causa de sua posição, associações, força física ou riqueza. 

Se você quiser desfrutar de felicidade, não dê qualquer espaço ao ego.




Sathya Sai Baba





Fonte: http://www.sathyasai.org.br/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

SUGESTÕES DA PAZ

Aceita, na Terra, a existência que a Divina Sabedoria te confiou, mantendo-te na atitude do cultivador que se consagra sinceramente ao trato de solo que lhe cabe lavrar.

Quando e quanto se te faça possível, auxilia aos companheiros de experiência, sem absorver-lhes as responsabilidades.

Se alguns daqueles que te compartilham a paisagem se mostrarem desinteressados, quanto as obrigações que lhes competem ou se desorganizarem as tarefas que lhes dizem respeito, ajuda-os no reajuste desejável, sem tisnar-lhes o livre arbítrio, mas não te lamentes se não conseguires fazer isso, de vez que todos responderemos pelos nossos próprios encargos.

Ama aos familiares e aos entes queridos sem vinculá-los a qualquer exigência e sejamos agradecidos aos que nos estendam compreensão e bondade.

Não aspires a retificar apressadamente os outros, quando os consideres errados, segundo os teus pontos de vista, porque também nós, quando em erro, nem sempre admitimos corrigendas imediatas.

Quando ofensas te espancarem o coração, esquece todo mal, recordando quantas vezes teremos ferido impensadamente aos outros e não conserves mágoas que te envenenariam a vida.

Não imponhas o teu ideal de felicidade àqueles que estimas, de vez que a felicidade das criaturas varia sempre conforme o degrau evolutivo em que se encontrem.

Diante de opiniões alheias, respeita no próximo o direito de emiti-las conquanto nem sempre te sintas no dever de adotá-las, reconhecendo que os pensamentos de nossos vizinhos podem ser diferentes dos nossos.

Em matéria de fé, procura acatar o modo pelo qual esse ou aquele irmão se coloca à busca de Deus, porque, se para cada cidade terrestre dispomos de trilhas numerosas, imagina quantas vias de acesso existirão para o acesso aos Lugares Divinos.

Administra com equilíbrio e abnegação os bens materiais e espirituais que a Eterna Bondade te situou nas mãos, entretanto, não olvides que a tua permanência na Terra guarda por objetivo essencial, acima de tudo, ensinar-te a ser um Espírito Sublimado para a Verdadeira Vida, além da morte, e que, um dia, partirás do mundo, carregando contigo unicamente os valores que houverdes entesourado dentro de ti.

Quanto puderes, como puderes e onde puderes, guardando a consciência tranquila, trabalha servindo sempre. Assim agindo, ainda que não percebas, desde agora, estarás, imperturbavelmente, nos domínios da paz.




Emmanuel / Francisco Cândido Xavier





Fonte: do livro "BUSCA E ACHARÁS"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

ACENDENDO A CHAMA DA AUTOCONSCIÊNCIA

Se você acha difícil estar consciente, então experimente anotar cada pensamento e sentimento que surge ao longo do dia; anote suas reações de inveja, ciúme, vaidade, sensualidade, as intenções por trás de suas palavras, e assim por diante. Se você anotar estas coisas quando puder, e a noite antes de dormir examinar tudo que escreveu durante o dia, estudar e examinar sem julgamento, sem condenação, começará a descobrir as causas ocultas de seus pensamentos e sentimentos, desejos e palavras. Ora, o importante nisto é estudar com livre inteligência o que você anotou, e ao estudar você ficará consciente de seu próprio estado. Na chama da autoconsciência, do autoconhecimento, as causas do conflito são descobertas e consumidas. Você deveria continuar anotando seus pensamentos e sentimentos, intenções e reações, não uma vez ou duas, mas durante um considerável número de dias até ser capaz de estar consciente deles instantaneamente. Meditação não é apenas constante autoconsciência, mas constante abandono do ego. A partir do pensamento correto há meditação, da qual vem a tranquilidade da sabedoria; e nessa serenidade o mais elevado se realiza. Anotar o que se pensa e sente, os desejos e reações, gera uma consciência interna, a cooperação do inconsciente com o consciente, e isto leva à integração e compreensão.




J. Krishnamurti





Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte: Acervo de autoria pessoal

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

ACEITAÇÃO - DETERMINAÇÃO

Planejar é positivo, mas se preocupar com o futuro devido a dúvidas é negativo. O princípio dos quatro "As"- Admitir, Aceitar, Adotar e Agir - nos ajuda a ser positivos. Tudo que acontece é para o bem. Aceitação total nos deixa livre para agir efetivamente. Quando uma situação é aceita como sendo parte da vida, não há conflito nem chance para que sentimentos negativos eclodam.

Determinação significa eliminar a dúvida. Com base no meu discernimento, todos os dias de manhã, elevo minha consciência acima de todas as coisas que estão acontecendo em minha vida. A partir desse estado mental procuro nutrir, com confiança e entusiasmo, os meus pensamentos. Ao retomar a meta, a determinação ganha força e velocidade.




Brahma Kumaris





Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

terça-feira, 30 de setembro de 2014

UM LUGAR NO "OUTRO LADO"

Quereis saber para onde ireis quando deixardes a Terra? É simples: sereis naturalmente atraídos pelas regiões para as quais, ao longo da vossa existência, dirigistes os vossos desejos. Se usastes as vossas energias para pedir a inteligência, o amor, a beleza, e para os realizar nesta vida, podeis estar absolutamente certos de que nenhuma força poderá impedir-vos de ir encontrá-los nessas regiões a que o vosso coração aspira.

Aqueles que se recusam a aceitar que existe vida depois da morte e permitem a si próprios toda a espécie de transgressões para satisfazer os seus desejos não têm a menor ideia dos sofrimentos que os esperam no além. Ao passo que aqueles que procuram sintonizar-se diariamente com as leis divinas entram em relação com os espíritos da luz e esses espíritos vêm instalar-se neles: como eles os atraíram, esses espíritos criam uma associação com eles. Mais tarde, quando eles deixarem a Terra, quando o seu corpo físico se desagregar e todas as partículas que o compõem forem integrar-se de novo nos quatro elementos, eles encontrar-se-ão no outro mundo em companhia dos espíritos que atraíram. 

Assim, sem o saber, sem conhecer ainda todos os amigos que dela farão parte, cada um de vós está a trabalhar para formar a sociedade em que viverá no além. 

É esta a explicação para aquilo a que as religiões chamaram o Inferno e o Paraíso.




Omraam Mikhaël Aïvanhov





Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A MENTE EM ESTADO DE CRIAÇÃO

Meditação é o esvaziamento da mente de todas as coisas que a mente acumulou. Se você fizer isso – talvez não faça, mas não importa, apenas ouça – descobrirá que existe um extraordinário espaço na mente, e esse espaço é liberdade. Então você deve demandar liberdade desde o início, e não apenas esperar tê-la no final. Você deve buscar o significado de liberdade em seu trabalho, em suas relações, em tudo que você faz. Então você descobrirá que meditação é criação. Criação é uma palavra que todos usamos muito fluentemente, muito facilmente. Um pintor põe algumas cores numa tela e fica tremendamente excitado com isto. É sua realização, o meio pelo qual ele se expressa; é a mercadoria dele com a qual ganha dinheiro ou reputação e ele chama isso “criação”! Todo escritor “cria” e existem escolas de escrita “criativa”, mas nada disso tem a ver com criação. É tudo a resposta condicionada da mente que vive numa sociedade particular. A criação de que falo é uma coisa inteiramente diferente. É uma mente que está no estado de criação. Ela pode ou não expressar esse estado. A expressão tem muito pouco valor. Esse estado de criação não tem causa e, portanto, a mente nesse estado está a cada momento morrendo e vivendo e amando e existindo. A totalidade disto é meditação.





J. Krishnamurti





Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

TENDÊNCIA A PROJETAR-SE NO FUTURO

Quando já não conseguem suportar o seu presente, os humanos têm tendência para se projetar no futuro. Mas não ganham nada com isso, pois mais cedo ou mais tarde são obrigados a render-se à evidência: esse futuro em que eles julgavam poder refugiar-se não tem qualquer fundamento sólido, e então o que eles descobrem é o vazio e a angústia. Mais do que sonhar com o futuro, eles devem começar por viver bem o dia de hoje, em que têm tantas coisas para saborear, para ver, para apreciar, para pensar! Mas, para viverem bem hoje, eles têm de aprender a já não se deixar arrastar pela sucessão dos acontecimentos e dos estados interiores que esses acontecimentos criam. Que façam uma pausa! Vós direis que a vida é um fluxo ininterrupto impossível de parar. É verdade, mas nesse fluir do tempo vós podeis encontrar uma maneira de vos deterdes para pôr um pouco de ordem em vós mesmos, para vos sintonizardes com ritmos mais harmoniosos. E é aí que se descobre até que ponto a meditação é uma prática necessária. Meditar é reter a marcha precipitada do tempo a fim de introduzir em si um ritmo, uma paz, uma luz, que deixarão a sua marca ainda por muito tempo.




Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sábado, 27 de setembro de 2014

BENÇÃO - COOPERAÇÃO - TOLERÂNCIA

A tolerância é a força interna que nos capacita a enfrentar e transformar mal-entendidos e dificuldades. Ela acalma os sentimentos exaltados dos outros. Se insultada, não deixa o mais leve sinal de aborrecimento. Conhecimento e insight, automaticamente, levantam o escudo protetor da tolerância. Uma pessoa tolerante é como uma árvore com abundância de frutos. Mesmo quando golpeada com varas e pedras, continua a dar seus frutos em retorno.

A verdadeira cooperação é resultado de um trabalho interno de cada integrante numa tarefa. Significa ir além das restrições do ‘meu’ ou do ‘seu’ jeito. Surge da união das especialidades de cada um e prol de um objetivo maior. Cooperar numa hora de necessidade é um grande ato de doação.”

Que vocês tenham pensamentos puros e positivos para os outros e assim transformem o negativo em positivo. Para permanecer poderosos, lembre-se de duas coisas: pensamentos puros para o eu e pensamentos positivos para os outros. Se vocês não têm pensamentos positivos para si então vocês não podem ter pensamentos positivos em relação aos outros. No momento atual prestem atenção a estes dois aspectos porque as pessoas não estão entendendo através de palavras. Procurem dar a elas as vibrações dos seus pensamentos puros e positivos e elas mudarão.




Brahma Kumaris





Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

CONSTÂNCIA NA PRÁTICA ESPIRITUAL

O primeiro pré-requisito para uma vida espiritual é a fé. Sua fé deve resistir à zombaria do ignorante, à crítica do mundano, e aos risos do vulgar. Quando alguém o ridiculariza, pergunte a si mesmo: "Eles estão ridicularizando meu corpo? Bem, isso é bom, pois preciso escapar desse apego ao corpo de qualquer maneira. Eles estão ridicularizando o Atma? Isso é impossível, pois o Atma está além de palavras ou pensamentos, não afetado por elogio ou culpa." Segundo: Não se preocupe com altos e baixos, perda ou ganho, ou alegria ou tristeza. Você mesmo cria os altos e baixos, portanto, você pode também endireitá-los. Você anseia por uma coisa e, quando consegue, você chama isso de alegria; quando não consegue, chama de tristeza. Elimine o desejo e não haverá mais oscilação de alegria à tristeza. Terceiro: Pondere e convença-se da verdade de que Tudo é Divino (Sarvam Brahmamayam). Quarto e último: Seja sempre constante na prática espiritual até chegar ao objetivo.





Sathya Sai Baba





Fonte: http://www.sathyasai.org.br/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

APENAS NA SOLIDÃO EXISTE INOCÊNCIA (SOLIDÃO E ISOLAMENTO)

A maioria de nós nunca está só. Você pode se retirar para as montanhas e viver recluso, mas quando está fisicamente por sua conta, terá com você todas as suas ideias, suas experiências, suas tradições, seu conhecimento do que aconteceu. O monge cristão na cela do monastério não está sozinho, está com seu conceito de Jesus, com sua teologia, com as crenças e dogmas de seu condicionamento particular. Do mesmo modo, o “sannyasi” na Índia que se retira do mundo e vive isolado não está só, pois ele também vive com suas memórias. Estou falando de uma solidão em que a mente está totalmente livre do passado, e apenas tal mente é virtuosa, pois apenas nesta solidão existe inocência. Talvez você vá dizer “Isso é pedir muito. Não se pode viver assim neste mundo caótico, onde é preciso ir ao escritório todo dia, ganhar o sustento, manter filhos, aturar a reclamação da esposa ou do marido, e todo o resto”. Mas penso que o que está sendo dito se relaciona diretamente com vida diária e ação; de outro modo, não tem absolutamente valor. Veja, desta solidão vem uma virtude que é viril e que traz um extraordinário senso de pureza e gentileza. Não importa se a pessoa comete erros; isso é de muito pouca importância. O que importa é ter este sentimento de estar completamente só, não contaminado, porque apenas tal mente pode conhecer ou estar consciente daquilo que está além da palavra, além do nome, além de todas as projeções da imaginação.

Um dos fatores do sofrimento é o extraordinário isolamento do homem. Você pode ter companheiros, pode ter deuses, pode ter muito conhecimento, você pode ser extraordinariamente ativo socialmente, fazer fofocas intermináveis sobre política – e muitos políticos fazem fofoca de qualquer jeito – e este isolamento permanece. Assim, o homem procura descobrir significado na vida e inventa um significado, um propósito. Mas o isolamento ainda permanece. Então, pode você olhar para ele sem comparação, apenas vê-lo como ele é, sem tentar correr dele, sem tentar encobri-lo, ou fugir dele? Então você verá que o isolamento se torna algo inteiramente diferente. Nós não estamos sós. Somos o resultado de milhares de influências, milhares de condicionamentos, heranças psicológicas, propaganda, cultura. Não estamos sós e, por isso, somos seres humanos de segunda mão. Quando se está só, totalmente só, não pertencendo a nenhuma família, embora você possa ter uma, nem pertencendo a qualquer nação, qualquer cultura, a qualquer compromisso particular, existe o sentimento de ser um estranho, estranho a toda forma de pensamento, ação, família, nação. E apenas aquele que está completamente só é inocente. É esta inocência que liberta a mente do sofrimento.

Apenas quando a mente é capaz de largar todas as influências, todas as interferências, de ficar completamente sozinha, existe criatividade. No mundo, mais e mais técnicas são desenvolvidas – a técnica de como influenciar pessoas pela propaganda, pela compulsão, pela imitação. Há inumeráveis livros escritos sobre como fazer uma coisa, como pensar eficientemente, como construir uma casa, como montar uma máquina; assim, gradualmente estamos perdendo a iniciativa, a iniciativa de pensarmos alguma coisa original por nós mesmos. Em nossa educação, em nossa relação com o governo, através de vários meios, estamos sendo influenciados a nos conformar, a imitar. E quando permitimos que uma influência nos induza a uma atitude ou ação particular, naturalmente criamos resistência a outras influências. Nesse próprio processo de criar uma resistência a outra influência, não estamos sucumbindo a ela negativamente? A mente não deveria estar sempre em revolta de modo a compreender as influências que estão sempre impingindo, interferindo, controlando, moldando? Um dos fatores da mente medíocre não é que ela está sempre amedrontada e, estando em estado de confusão, ela quer ordem, quer consistência, quer uma forma, um molde com o qual ela possa ser guiada e controlada? E, contudo, estas formas, estas várias influências criam contradições no indivíduo, criam confusão no individuo. Qualquer escolha entre influências é certamente ainda um estado de mediocridade. Não deve a mente ter a capacidade de sondar – não de imitar, não de ser moldada e estar sem medo? Não deveria tal mente ser só e, consequentemente, criativa? Essa criatividade não é sua ou minha, ela é anônima.





J. Krishnamurti





Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A QUESTÃO DA SEXUALIDADE

A questão da sexualidade só pode ser verdadeiramente resolvida em função de cada pessoa. Querer, invocando razões morais, impor regras idênticas a todos não é razoável, pois a mesma disciplina que conduzirá uns para um verdadeiro desenvolvimento espiritual pode levar outros à histeria, à neurose. Os humanos não têm todas as mesmas necessidades e quem não tem em conta esta realidade expõe-se ou a pregar no deserto ou a infligir-lhes tormentos inúteis. Isso não quer dizer, evidentemente, que eles não devem fazer esforços. Pelo contrário, cada um, no nível em que se encontra, deve esforçar-se por controlar a força sexual, a fim de viver o seu amor de uma maneira mais poética, mais espiritual. O ato do amor, em si, não é bom nem mau, será o que vós fizerdes dele. Se trabalhardes sobre vós mesmos para vos purificardes, para serdes mais luminosos, mais nobres, esse ato será fonte de todas as bênçãos para vós e para aquele ou aquela com quem vos unis. O amor verdadeiro deve fortalecer e fazer crescer o ser que amais. Quando o virdes crescer interiormente graças ao vosso amor, sabereis o que é a verdadeira alegria.




Omraam Mikhaël Aïvanhov





Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

CAUSAS ATUAIS DAS AFLIÇÕES

De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se o preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida.

Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são consequência natural do caráter e do proceder dos que os suportam. Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! Quantos se arruínam por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos! Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma! Quantas dissensões e funestas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos suscetibilidade! Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero! Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências! Por fraqueza, ou indiferença, deixaram que neles se desenvolvessem os germens do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que produzem a secura do coração; depois, mais tarde, quando colhem o que semearam, admiram-se e se afligem da falta de deferência com que são tratados e da ingratidão deles.

Interroguem friamente suas consciências todos os que são feridos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida; remontem passo a passo à origem dos males que os torturam e verifiquem se, as mais das vezes, não poderão dizer: "Se eu houvesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante condição."

A quem, então, há de o homem responsabilizar por todas essas aflições, senão a si mesmo? 

O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria.

Os males dessa natureza fornecem, indubitavelmente, um notável contingente ao cômputo das vicissitudes da vida. O homem as evitará quando trabalhar por se melhorar moralmente, tanto quanto intelectualmente.

A lei humana atinge certas faltas e as pune. Pode, então, o condenado reconhecer que sofre a consequência do que fez. Mas a lei não atinge, nem pode atingir todas as faltas; incide especialmente sobre as que trazem prejuízo à sociedade e não sobre as que só prejudicam os que as cometem. Deus, porém, quer que todas as suas criaturas progridam e, portanto, não deixa impune qualquer desvio do caminho reto. Não há falta alguma, por mais leve que seja, nenhuma infração da sua lei, que não acarrete forçosas e inevitáveis consequências, mais ou menos deploráveis. Daí se segue que, nas pequenas coisas, como nas grandes, o homem é sempre punido (educado/corrigido - obs. minha) por aquilo em que pecou. Os sofrimentos que decorrem do pecado são-lhe uma advertência de que procedeu mal. Dão-lhe experiência, fazem-lhe sentir a diferença existente entre o bem e o mal e a necessidade de se melhorar para, de futuro, evitar o que lhe originou uma fonte de amarguras; sem o que, motivo não haveria para que se emendasse. Confiante na impunidade, retardaria seu avanço e, consequentemente, a sua felicidade futura.

Entretanto, a experiência, algumas vezes, chega um pouco tarde; e quando a vida já foi desperdiçada e turbada; quando as forças já estão gastas e sem remédio o mal, põe-se então o homem a dizer: "Se no começo dos meus dias eu soubera o que sei hoje, quantos passos em falso teria evitado! Se houvesse de recomeçar, conduzir-me-ia de outra maneira. No entanto, já não há mais tempo!" Como o obreiro preguiçoso, que diz: "Perdi o meu dia", também ele diz: "Perdi a minha vida". Contudo, assim como para o obreiro o Sol se levanta no dia seguinte, permitindo-lhe neste reparar o tempo perdido, também para o homem, após a noite do túmulo, brilhará o Sol de uma nova vida, em que lhe será possível aproveitar a experiência do passado e suas boas resoluções para o futuro.




Allan Kardec





Fonte: do livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo", 
FEB, Cap. 5, itens 4 e 5
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal