quarta-feira, 18 de agosto de 2021

A TRANSFORMAÇÃO QUE VEM COM A MEDITAÇÃO


A meditação constante, todos os dias de sua vida, é como abrir um caminho na realidade. Uma vez que conhecemos nosso lugar, começamos a ver tudo de maneira diferente sob uma nova luz, porque começamos a ser quem realmente somos. E ao nos transformarmos em quem somos, podemos ver tudo como é.

A verdadeira maravilha da meditação é que também começamos a ver Deus como Deus. Portanto, a meditação é uma forma de estabilidade. Aprendemos, tanto com a prática quanto com a experiência, a estar alicerçados em nosso eu essencial. Aprendemos que estar enraizado em nosso ser essencial é estar enraizado em Deus, o autor e Princípio de toda a realidade. E não é nada pequeno entrar na realidade, transformar-nos em seres realmente reais, porque nesta experiência nos libertamos de todas as imagens que nos invadem constantemente. Não temos que ser a imagem de outra pessoa, mas apenas a pessoa que somos.

A meditação é praticada na solidão, que é a ótima maneira de aprender a se relacionar. A razão deste paradoxo é que, tendo contactado a nossa própria realidade, temos a confiança existencial para estar com os outros, para os encontrar no seu nível real. Então, o elemento solitário da meditação é misteriosamente o antídoto para o abandono. Ter contatado o acordo com a nossa própria realidade permite-nos deixar de nos sentir ameaçados ao nos oferecermos aos outros. Estamos fazendo que o amor busque a realidade do outro. Na experiência de encontrar a realidade do outro, descobrimos nossa existência enriquecida e aprofundada.


Dom John Main, OSB



Fonte: Do livro "O Coração da Criação", Canterbury Press, 2007
Traduzido (ao espanhol) por Lucía Gayón, para a disseminação gratuita da Meditação Cristã
Via: FIQUE EM SEU AMOR - Coordenadora: Lucía Gayón
www.permanecerensuamor.com
permanerensuamor@gmail.com
Ixtapa, México
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

O HOMEM DE DESEJO E O HOMEM DA TORRENTE


[...] A partir do momento em que um homem te diz: "Eis o livro sagrado, eis o único, o verdadeiro livro; eis o Credo que se faz mister saber, vinde ao Meu Templo…", esteja certo de que tens diante de ti um homem que o orgulho, o erro ou, ainda mais frequentemente, o interesse, fazem falar. Não discuta, fuja, fuja aterrorizado!

A partir do momento que em tuas pesquisas teus olhos caem sobre um livro intitulado Críticas de tal religião, exposição de tal doutrina, ensaio sobre a evolução dos dogmas etc., não o abras, foge, foge desgostoso.

Mais ainda, quando tua razão se mostra inquieta, levanta objeções sobre a antinomia da Fé e da Ciência, afasta esse fantasma, reencontra o bom cantinho, a natureza, o mundo vivente, harmonioso; foge da tua razão! foge dos demônios que deixaste penetrar em ti. Porque não são os homens, nem os livros, nem tua Ciência que irão te fornecer a solução do problema; nem o saber, nem a paz.

É certo que se pode escrever volumes sobre volumes sem esgotar a história das loucuras, das crueldades humanas. É certo que houve segredos, conchavos, autos-de-fé, predicações e ritos desde a aurora dos tempos até nossos dias. Mas de que serviram todos esses atos, que adiantaria para ti estudá-los? Que ganharíamos com isto?

[...] Há duas categorias de seres humanos, apenas duas. Temos, de um lado, aquele que ainda possui, desenvolvido, o estado de espírito original de seus primeiros dias e que chamaremos o espírito religioso: esse ímpeto de amor que ele havia potencialmente engendrado. Ele pode pertencer a não importa que seita, confissão ou sociedade; ele busca, deseja a felicidade para si e para os outros; ama e gostaria de ser amado. Essa emoção que o emudece diante do belo, empurra-o para o bem, é um movimento irreversível espontâneo, diante do qual ele esquece inteiramente de si. Amo, desejo, quero compreender (isto é, tomar em mim, reunir à unidade em mim). Busco por detrás do objeto da ideia sua tradução em minha língua pessoal, seu eco em meu coração, seu parentesco com aquele desconhecido que persigo por todo o Universo, sob todos os fenômenos.

[...] Aqueles que mantiveram em si esse fogo divino - por menos numerosos que sejam em alguma família, em algum lugar que o destino os tenha colocado, pessoas importantes no mundo ou simples camponeses, sacerdotes ou soldados - fazem parte do mesmo grupo.

Através do espaço, ignorando inclusive suas existências, eles estão unidos em um mesmo ideal. Nenhuma seita os prende, e nenhuma raça, nenhuma profissão interpõe barreira entre eles.

Esse estado de espírito não se limita a ser um sentimento improdutivo. Os que o possuem agem; seus atos são simultâneos, intercambiáveis e fecundos. Do sentimento nasce o saber, o conhecimento real, o discernimento dos espíritos (discernir os espíritos é reconhecer em cada indivíduo seu mandato, seu nome, a função para a qual ele foi criado e ajudá-lo no cumprimento de sua obra). Sua vida é caridosa por seu exemplo. O caminho se revela diante deles e eles podem indicá-lo aos outros. Esse caminho é a renúncia ao "Eu", o abandono ao espírito, o caminho da Cruz.

Mas não se trata aí de uma religião, menos ainda de uma ciência ou filosofia. A religião formula seu Deus, seu Credo. É Manu, Jeová ou o Sol. Ela cria ritos, castas, sanções, constroem templos e celas. Ela entra no mundo para a conquista desse mundo. O espírito religioso não formula nada, não limita nada, conhecedor que é da fragilidade de sua razão, da mobilidade da sua imaginação. Ele encontra o UM presente tanto na floresta quanto na cidade. Ele não materializa o espírito nas palavras ou em pedras; ao contrário, ele transmuta a matéria em espírito, sabendo que dessas pedras Deus pode fazer nascer os Filhos de Abraão. Ele faz sacrifício em todos os Templos e mesmo em lugares públicos. Fato capital que diferencia o espírito religioso do espírito do mundo, seja em meio aos acadêmicos ou às Igrejas; é que o espírito religioso é um sentimento e em nada revela ostentação. É um amor, é o Amor, enquanto que o espírito do mundo é científico, repousa sobre a experiência, sobre o raciocínio, recusando qualquer elemento emotivo.

Os que compõem esta segunda classe da humanidade são as pessoas práticas positivas: homens de negócio, de ação, os struggle for life, que observam, classificam, pensam tudo e buscam tirar o melhor partido possível de tudo o que os cerca para a ampliação do seu Eu. Eles podem atingir, no homem de ciência, no homem de estado, uma grandeza considerável, elevar-se a alturas metafísicas que, à primeira vista, se confundem com o espírito religioso, mas que dele diferem inteiramente pelo fato de partirem da sensação, atribuindo ao mundo exterior uma importância primordial; apoiam-se na razão, na lógica, como meio, e têm um único objetivo: o desenvolvimento do seu Eu ao máximo de suas possibilidades, mesmo que às expensas de outrem. É o Ser racional que não abre nele os diques do amor, a não ser que esteja seguro de auferir daí um proveito imediato ou futuro.

[...] É assim que a humanidade se encontra dividida em duas categorias de seres que, mesmo falando a mesma linguagem, mesmo que intimamente misturados em sua vida cotidiana e sob o verniz da mais perfeita cortesia, são e permanecerão eternamente inimigos. É exatamente quando têm o ar de estarem no mais perfeito acordo, é quando pronunciam as mesmas frases, que estão mais distanciados do coração.

Em todos os países, em todas as raças e religiões, pode-se encontrar uns - em pequeno número - e outros em massa, porque o egoísmo, a luta pela vida, reinam na humanidade. Mas essa grande massa que se inclina diante da ciência, diante da razão, a última deusa, não tem o poder que se poderia supor. Interesses, ambições, crenças, fazem de cada um o inimigo daquele que deveria ser seu companheiro de armas na batalha contra os defensores do espírito. Os homens de ação, de luta, destroem incessantemente pela própria prática de seus princípios, essas nações que eles construíram pela conquista, cercadas de fronteiras, de leis, nações sempre perturbadas por trustes, greves, guerras, revoluções, até o ponto em que não restem senão as agulhas das coníferas.

Entre eles, semeados pelo mundo, estão os outros, aqueles que chamamos "homens de espírito religioso". Artesãos, camponeses, padres ou soldados, pouco importa, são os justos de que fala o Zohar, aqueles dos quais basta um para salvar uma cidade. São os operários do Senhor, os sustentáculos do Mundo. [...]

É a estes "homens dotados" que falamos, que lembramos a frase de Lao-Tsé: "Retornai à simplicidade primitiva", e o ensinamento do Cristo: "Se não vos tornardes crianças, não conhecereis o Reino de Deus".

Porque na simplicidade primitiva o homem possuía esse poder de amor que engendra o homem de desejo, depois o Homem-Espírito. A porta superior do seu coração se abre: o Espírito penetra nele, ele se torna UNO nesse espírito com o Senhor. Ele tem toda liberdade, todos os poderes, como disse o apóstolo Paulo: "O Senhor é espírito; lá onde está o espírito, está também a liberdade". Aí se encontra o único problema que se coloca e que se faz mister resolver; é o único caminho a seguir; é a boa nova (Evangelho) que, de idade em idade, sob formas diversas, os anjos vêm repetir, da qual eles testemunham por vezes ao custo de sua vida, sempre ao custo da sua paz e da sua felicidade, quando não se elevam a esta suprema santidade que Nosso Senhor Jesus Cristo foi o único a atingir, nas alturas da sua Cruz.



Marc Haven (Dr. Emmanuel Lalande)



Fonte: HERMANUBIS - MARTINISTA http://www.hermanubis.com.br/artigos/BR/1234562021OHomemdeDesejoeoHomemdaTorrente.htm
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

DESAFIOS DA EXISTÊNCIA HUMANA


O curso da existência humana é assinalado pelas conquistas do dia a dia.

A busca do que se denomina felicidade é, sem dúvida, a que todos aspiramos.

A multiplicidade de roteiros, seja do ponto de vista ético, seja do sociológico e comportamental, nem sempre permite as escolhas corretas para o êxito.

Por mais bem desenhada que seja a jornada, no entanto, ela é constituída de surpresas perturbadores que exigem cuidados especiais, nem sempre utilizados no momento adequado.

É por essa razão que em existências róseas, perfumadas pelas bênçãos, de um instante para outro altera-se a paisagem com insucessos inesperados, situações asfixiantes, problemas na área da saúde e do comportamento.

Não preparados para tais acontecimentos, o indivíduo que supunha jamais terminarem as opções formosas entrega-se à rebeldia, ao desespero, quando não às fugas psicológicas perigosas, usando drogas perversas e deixando-se arrastar pelo pessimismo, tombando em efeitos mais danosos.

No sentido oposto, em pessoas que nasceram em redutos de abandono, sofreram na infância e na juventude, de repente surgem-lhes oportunidades saudáveis e compensadoras, transformando dificuldades em conquistas valiosas, e sofrimento em paz.

Naturalmente que uma transformação de tal natureza exige conduta muito segura, a fim de converter incertezas em segurança, podendo contribuir para o próprio e o progresso da sociedade.

Eis por que se cunhou o conceito: Não há felicidade que sempre dure, nem desgraça que um dia não se acabe.

Infelizmente, a escala de valores que se apresenta em toda parte é portadora de ambições desmedidas, interesses pelo prazer veloz a qualquer preço, não se oferecendo lucidez para a conduta responsável e a busca da vivência equilibrada e honesta.

A cada instante o carro da morte conduz milhares de viajantes liberados do corpo, e os que sobrevivem pensam na imortalidade do corpo, acreditando-se invulneráveis à desencarnação.

Esse ledo engano contribui para que as desgraças sejam mais recordadas que as bênçãos, e os sentimentos vis predominem no cardápio das aspirações.

Desse modo, torna-se indispensável que, seja qual for a situação em que cada um se encontre, haja a reflexão em torno da impermanência do corpo, da rapidez com que se passa a existência e amealhe-se valores morais, mediante comportamentos compensadores pelo amor e pela fraternidade.

A existência física é, quase sempre, aquilo que se faça dela.

Começa agora a tua reflexão e pensa no amanhã, apoiando-te nos exemplos de mulheres e homens valorosos que se tornaram modelo de felicidade, por haverem construído um mundo melhor para todos.

Alegra-te com a tua existência e torna-a melhor a cada dia, valorizando os bons e os maus momentos da evolução.


Divaldo Pereira Franco



Fonte: Artigo publicado no jornal "A Tarde", coluna Opinião, em 8.7.2021.
Via: http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=687
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A DIVINA FORMA HUMANA


Podemos aqui descobrir a fonte natural de todas aquelas representações antropomórficas das quais o mundo está cheio. Se os escultores representam todas as virtudes terrestres e celestes, sob formas humanas, seja masculina ou feminina; se os poetas personificam todos os deuses e deusas do Empíreo, além de todos os poderes da natureza e dos elementos; se sectos religiosos enchem seus templos com estátuas humanas, o princípio de origem destas práticas não é, de forma alguma uma ilusão, assim como são os efeitos.

A forma humana primitiva deve, de fato, mostrar-se e reinar em todas as regiões. O Homem, sendo a imagem e extrato do centro generativo de tudo o que é, sua forma é o lugar onde todos os poderes de cada região vinham exercitar e manifestar suas ações; em uma palavra, era o ponto de correspondência para todas as propriedades e virtudes. Assim, toda representação que o Homem faz de si mesmo, reproduz apenas a figura daquilo que poderia e deveria ser, recolocando-o, figurativamente, numa posição (medida) na qual ele não está.

Vamos observar, que quando os sábios comparam o corpo humano com o dos animais, o que chamam de anatomia comparativa, nosso corpo real não entra nesta comparação anatômica, o que de fato nos ensina que somos como outros animais. Seria melhor que comparassem nosso corpo superior, que não é animal, com nosso próprio corpo animal, se quisessem obter nossa verídica anatomia comparativa; não é suficiente observar coisas em sua similitudes, é essencial observá-las também em suas diferenças.

Da comparação de nossa forma atual com a primitiva, podemos obter resultados úteis sobre a questão de nosso destino original; mas na falta desta importante comparação, que de fato estaria ao alcance de poucos, devemos ao menos extrair indícios luminosos sobre nosso estado anterior, das maravilhosas obras que ainda produzimos através de nossos órgãos corporais; coisas que apesar de nossa condição de queda e dos meios artificiais aos quais estamos restritos, devem abrir nossos olhos às maravilhas naturais que poderíamos ter engendrado se tivéssemos preservado os direitos pertencentes a nossa forma primitiva.


Imagens religiosas e suas origens

O abuso do antropomorfismo religioso que encheu os templos com imagens humanas rapidamente se transformou em objetos de adoração e idolatria pelo simples fato de ter surgido do exato movimento do coração de Deus para a restauração da humanidade, no momento de nossa queda, quando este coração divino se tornou Homem Espírito.

Como o pacto da restauração é implantado em todos os homens através de sucessivas gerações, eles estão sempre prontos a vê-lo germinar e a olhar os ídolos humanos como a expressão e o cumprimento deste pacto ou a necessidade que tanto sentem de cumpri-lo, embora isto seja desordenado. Além do mais, os homens estão sempre prontos a formar para si próprios, tanto interna como externamente, modelos perceptíveis de acordo com a obra a ser realizada por eles.

Assim, a necessidade de ter um Homem-Deus por perto e a prontidão em acreditar segundo seu desejo, tem sido a origem dos ídolos humanos e sua adoração. Depois disso, ficou fácil operar, através da fraude, sobre a fraqueza e a ignorância a fim de propagar a superstição, seja de forma absurda ou até criminosa; é sempre necessário, até mesmo neste caso, excluir a origem espiritual ativa do antropomorfismo, como mostramos acima.



Louis-Claude de Saint-Martin – O Filósofo desconhecido



Fonte:HERMANUBIS
http://www.hermanubis.com.br/artigos/BR/ARBRADivinaFormaHumana.htm
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/rosto-de-sol-arte-sol-1436096/

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

ACEITAÇÃO - CRISES


Uma das lições mais difíceis que precisamos aprender durante nossa vida é a aceitação.

O que quer que estejamos vivendo, por mais doloroso que seja, será mais facilmente suportado se conseguirmos aceitá-lo com todo o nosso coração.

Mas, chegar a este estágio, não é algo que aconteça repentinamente, ou sem alguma resistência de nossa parte. Ao contrário, quando um acontecimento nos causa grande sofrimento, tendemos a rejeitá-lo com todas as forças e a sermos invadidos pelos sentimentos de inconformismo e revolta.

Somente quando conseguimos alcançar um estado de consciência no qual percebemos de modo claro que todas as situações que vivenciamos são providenciadas pela existência, porque constituem lições essenciais ao nosso crescimento interior, é que o processo da aceitação começa a se tornar natural.

Até que isto aconteça, experimentamos inúmeras crises que, em sua maioria, tornam ainda mais duras as provas que temos de enfrentar.

A maturidade e a sabedoria trazem consigo o precioso dom da aceitação.

A partir do momento em que a desenvolvemos, a vida se torna um caminhar mais tranquilo, onde vamos enxergando em cada fato uma lição a ser aprendida.

Quanto mais cedo chegarmos a este entendimento, maiores serão as chances de nos libertarmos da angustia e do inconformismo.

Qualquer situação em que você esteja, é uma situação dada por Deus - não a rejeite.. É uma oportunidade, uma ocasião para crescer. Se você escapa da oportunidade, você não crescerá.

As pessoas que vão para as cavernas do Himalaia e começam a viver lá, tornam-se muito ligados às cavernas, permanecem não crescidas. Eles permanecem infantis. Eles não se tornam experientes. Se você as trouxer ao mundo, elas vão ser destruídas, não serão capazes de suportar.

... Sim, é bom de vez em quando se mover para as montanhas, é bonito. Mas, tornar-se viciada, começar a pensar em renunciar ao mundo é totalmente errado - porque é nas tempestades do mundo que surge a integridade. É nos desafios do mundo que se cristalizam.

Lu-tsu disse: aceite a situação em que você está. Deve ser a situação ideal para você, por isso você está nela.

A existência cuida de você.

Ela é dada a você não sem uma razão.

Não é por acaso.

Nada é acidental.

Tudo o que você precisa é dado a você.

Se fosse a sua necessidade estar no Himalaia, você teria estado no Himalaia.

E quando surgir a necessidade, você vai achar que você quer ir para o Himalaia ou o Himalaia virá até você.

Acontece... quando o discípulo está pronto, o mestre chega.

E quando o seu silêncio interior está pronto, Deus chega.

E o que for necessário no caminho é sempre fornecido.

A existência cuida como mãe.

Então, não se preocupe.

Em vez disso, aproveite a oportunidade.

Este mundo de desafios - esta agitação constante no exterior - tem de ser usado. Você tem que ser uma testemunha disso, vê-lo. Aprenda a não ser por ele afetado. Aprenda a permanecer inalterado, tocado por ele - como uma folha de lótus na água.

E então você será grato, porque é só por estar alerta de todo o tumulto que um dia, de repente, "os deuses estão no vale." Você vê o desaparecimento do mercado, muito longe, tornando-se um eco. Esse crescimento é real.

E se você pode ser meditativo nas ocupações normais da vida, não há nada que não possa acontecer com você. A luz vai começar a circular, apenas seja vigilante.

Medite na parte da manhã e, em seguida, fique perto de seu centro.

Caminhe pelo mundo, mas mantenha-se perto do seu centro, vá lembrando-se de si mesmo.

Permaneça consciente do que você está fazendo...

E quando as coisas surgirem, aja, mas, não se identifique com a ação.

Continue a ser um espectador...

Faça o que for necessário, apenas como um reflexo.

Faça o que for necessário, mas não se torne um fazedor, não se envolva com o fazer.

Faça-o e finalize com ele, como um reflexo.



OSHO



Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quinta-feira, 29 de julho de 2021

MARTAS E MARIAS


Evangelho (Lc 10.38-42): Naquele tempo, Jesus entrou num povoado, e uma mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa. Ela tinha uma irmã, Maria, a qual se sentou aos pés do Senhor e escutava a sua palavra. Marta, porém, estava ocupada com os muitos afazeres da casa. Ela aproximou-se e disse: «Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda pois que ela venha me ajudar!». O Senhor, porém, lhe respondeu: «Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada».


[...] de que modo poderíamos conseguir que o mundo espiritual, que é a alma do Evangelho, se tornasse para nós pelo menos tão real e eficiente como o mundo material? Que exercesse um impacto veemente e decisivo sobre a nossa vida humana? Que chegasse ao ponto de nos tornar suave e leve o que hoje nos é amargo e pesado? Se tal coisa conseguíssemos, é fora de dúvida que a nossa vida se transformaria completamente; viveríamos agora mesmo o reino de Deus no meio deste “vale de lágrimas”; poderíamos exclamar com um que passou por essa gloriosa experiência: “Eu transbordo de júbilo no meio de todas as minhas tribulações”...

De que modo poderíamos conseguir essa conquista máxima da nossa vida?

Deixando de ser “Martas” e passando a ser “Marias”; deixando de andarmos solícitos e perturbados com as “muitas coisas” do plano horizontal e sentando-nos calmamente aos pés do Mestre, abismados na profunda verticalidade da “única coisa necessária”, intensamente real, unicamente real, essa que não é do tempo e do espaço, ilusórios e transitórios, mas da eternidade, e que, por isto mesmo, “não nos será tirada”...

Cruzar essa fronteira invisível, transpor esse abismo imenso, passar por essa crise redentora, saber por experiência pessoal e íntima o que é essa parte escolhida por Maria e infinitamente mais real e grandiosa que todas as muitas coisas de Marta – isto é redenção cristã, isto é iniciação espiritual, isto é entrada no reino dos céus, isto é renascimento pelo espírito, isto é procurar o reino de Deus e sua justiça, isto é, a vida eterna...

Não ter tempo ou interesse para esta única coisa necessária, esbanjar todo o tempo e todo o interesse nas muitas coisas desnecessárias – isto é suprema insipiência, isto é, horrorosa cegueira e obtusidade espiritual, isto é ser filho das trevas e dormir o sono da morte...

Tudo que temos ou julgamos ter nos será tirado amanhã – só o que somos é o que seremos para sempre, se é que o somos de Verdade, hoje mesmo.

Tudo que eu chamo meu está apenas ao redor de mim, fora de mim, longe de mim, alheio a meu verdadeiro ser; nada disto sou eu, tudo isto é apenas meu, são os pseudo-meus. Somente o meu Eu é que é realmente meu, inalienavelmente meu, eternamente meu, gloriosamente meu.

As quantidades que Marta tem são fictícias, temporárias – a qualidade que Maria é, é real, eterna.

Marta tem muitas coisas – e por isto anda inquieta e perturbada.

Maria é alguém – e por isto se queda aos pés do Mestre, calma, serena, feliz.

Quando o homem deixa de ter muitas coisas e começa a ser alguém, então vem sobre ele a grande paz, que o mundo não pode dar nem tirar.

Não adianta ter – é necessário ser...

O ser inclui o ter – mas o ter não inclui o ser.

O ser é qualidade, é causa, é verticalidade, é fonte – o ter é apenas quantidade, efeito, horizontalidade, canal.

Quem de fato é alguém por sua experiência com Deus pode serenamente perder tudo o que tem, porque sabe que não perde nada; descobriu a divina matemática de que o mais, que é ser, inclui o menos, que é ter; e, como ele possui o mais, o grande MAIS, o TODO, a Deus, não precisa preocupar-se com os pequenos menos, contidos, todos eles, nesse grande MAIS. Pode espontaneamente abrir mão de tudo quanto tem, tornar-se indigente de todas as quantidades horizontais ao redor dele, porque sabe que é milionário daquilo que é, da sublime e profunda verticalidade da qualidade dentro dele. Esse homem descobriu o reino de Deus dentro de si, e já não precisa de dar caça frenética aos pseudo-reinos do mundo fora dele, porque sabe que esses reinos estão todos radicados em Deus, no Deus dentro dele, e que, se os quisesse possuir, os teria todos em grande abundância. Esse homem aprendeu a suprema sapiência de possuir todos os efeitos na causa, e deixou de querer possuir os efeitos sem a causa. Da excelsa atalaia central da sua visão cósmica, esse homem abrange, calma e serenamente, todas as periferias dos mundos que gravitam em torna dele. Possuindo a “única coisa necessária”, abrange todas as outras coisas, e possui-as sem inquietude nem perturbação, mas com a serenidade dinâmica e a paz creadora* com que o homem espiritual penetra todas as materialidades.

Que aproveita ao homem ter algo, mesmo que seja o mundo inteiro, se não é alguém, se sofre prejuízo naquilo que ele é, sua alma? Poderá acaso o ter resgatar o ser? Poderá o menos crear* o mais? Poderão as muitas quantidades produzir a única qualidade?

Essa transformação da nossa falsa política do ter na verdadeira filosofia do ser é que no Evangelho se chama “metánoia”, que quer dizer “trans-mentalização” (metá-trans; nous-mente), geralmente traduzido por “conversão”. Quando o homem começa a compreender a suprema sabedoria de que as coisas do mundo material não são primariamente-reais, senão apenas derivadamente-reais, alo-reais, e não auto-reais, e que só o mundo espiritual é que é real em si mesmo – então passa ele pela grande “metánoia”, converte-se, transmentaliza-se, muda de mentalidade, realiza em si a misteriosa alquimia espiritual, transmudando elementos vis em elemento nobre, deixa de ser Marta e se torna Maria, para que depois possa ser Maria-Marta, um ser humano capaz de tratar das muitas coisas do mundo material sem inquietude nem perturbação e sem abandonar o seu lugar aos pés do Mestre.



Prof. Huberto Rohden


* Crear é a manifestação da Essência em forma de existência – criar é a transição de uma existência para outra existência.



Fonte: do livro "Filosofia Cósmica do Evangelho", Ed. Martin Claret
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

terça-feira, 27 de julho de 2021

PRERROGATIVAS



A existência na Terra, em si mesma, é alta concessão da Divindade, para todos que nos encontramos no afã de conseguir a libertação dos atavismos ancestrais, que nos jugulam, ainda, no primarismo da origem orgânica.

Viver, portanto, no corpo somático, dando curso ao impositivo da evolução, é bênção que não pode ser desconsiderada ou malbaratada inutilmente.

O progresso é lei irreversível, e ninguém consegue evadir-se da sua injunção.

Passo a passo, a criatura avança, conquistando o conhecimento que ajuda a discernir e aprimorando o sentimento que facilita a emoção sublimada.

Na inevitável correnteza da reencarnação, o Espírito ascende atraído pela grande luz do amor de Nosso Pai, que lhe constitui a aspiração máxima.

Esse fatalismo resulta da própria origem do ser, que se encontra ínsita no Psiquismo Divino.

Passando pelos diferentes níveis do processus, superou o entorpecimento no mineral, adquiriu a sensibilidade no vegetal, conseguiu o instinto no animal, despertando, por fim, para a razão hominal e continuando futuro afora, galgando patamares mais elevados, que culminarão na plenitude que o aguarda, quando concluídas as etapas indispensáveis que lhe cumpre vencer.

Direcionado por essa compreensão, obstáculo algum pode impedir-lhe o avanço, antes lhe constituindo desafio que o fascina e aguarda pela superação.

À medida que o Espírito desenvolve as suas aptidões, mais percebe que as dificuldades são testes de avaliação para sua capacidade solucionadora de problemas, porquanto, convidado a novos embates, mais amplia o discernimento e melhor desenvolve os recursos que lhe dormem latentes, jamais lhe constituindo impedimento à marcha.

Quem se resolve pela lamentação ante a montanha que deve galgar nunca desfruta da paisagem imensa, atraente, que se descortina do alto. Assim também, aquele que se compraz com o vale estreito perde a oportunidade de viajar pelos horizontes infinitos que deslumbram.

O estágio prolongado na planície ou a montanha depende de quem aí se instala. A vida propõe sempre a elevação, a conquista de mais felizes patamares, em intérmina luta de valorização do ser. Quem, portanto, propõe-se à libertação dos vínculos com a retaguarda, com a horizontalidade, facilmente alcança as metas plenificadoras.

O ser humano está fadado à glória estelar. No entanto, cumpre-lhe avançar sem descanso, jamais se entregando ao desânimo ou recuando ante as dificuldades. Se para, tem como objetivo recuperar as forças, a fim de dar continuidade ao programa estabelecido.

Nenhuma prerrogativa, portanto, de exceção, nesse programa iluminativo, que faculte ao indivíduo honestamente dedicado ao crescimento interior permitir-se ascensão sem as experiências nas fases iniciais do desenvolvimento que lhe cumpre conquistar.

As suas prerrogativas, aquelas que lhe dizem respeito, são assinaladas pelas lutas de superação de si mesmo, nas variadas etapas pelas quais deve passar, assinalando o caminho com as vitórias que são conseguidas,

A própria consciência do dever estabelece os limites de repouso e as diretrizes de trabalho para a empresa encetada, que não pode sofrer solução de continuidade.

Quando o Espírito descobre o real significado da existência, empenha-se na conquista de si mesmo e dos valores que proporcionam o desenvolvimento infinito, não mais se submetendo às circunstâncias limitadoras.

Certamente existem prerrogativas nem sempre levadas em conta pelo indivíduo, destacando-se a de servir sempre e sem desfalecimento, assim construindo o bem por onde passa, deixando marcas positivas das suas realizações, que equivalem a tesouros que o iluminam por dentro.

Sempre se pensa que, diante de algumas conquistas, credencia-se a merecer prestígio e consideração que, em realidade, são sinais de decadência no cumprimento dos deveres morais abraçados.

Todo aquele que aspira à felicidade labora sem descanso para consegui-la, investindo energia e capacidade intelectual para deslindar-se dos difíceis cipoais da comodidade, do prazer, da ociosidade que espera sempre poder desfrutar privilégios que não merece.

As leis da Evolução funcionam em regime de igualdade para com todos os seres do Universo, abrindo o elenco das possibilidades de triunfo para aqueles que se lhes submetem através do empenho e do interesse por consegui-lo.

Prerrogativas, pois, disputadas pelas criaturas humanas encontram-se fora dos códigos que regem a vida, propondo, em si mesma, a solidariedade que a todos deve unir, o trabalho que não cessa, a alegria de realizar-se, que significa, estímulos para novos avanços.

Uma análise profunda em torno das prerrogativas que devem assinalar o indivíduo no seu processo de crescimento espiritual deve ter em conta a honra de estar consciente das suas responsabilidade e tarefas, o júbilo de encontrar-se desperto para a realidade estrutural, que é transcendente.

Aquele que está consciente do que deve fazer e de como proceder brilha e age em consonância com o grau de entendimento, porque já não crê na sua vitória sobre as paixões dissolventes, mas sabe que o triunfo é inevitável, pois para conquistá-los é que luta.

Empenha-te na vivência da prerrogativa de que és filho de Deus, rumando para o Infinito, e segue intimorato, fazendo o melhor ao teu alcance, sem preocupar-te com os problemas do cotidiano.

Quem se não esforça para atingir o cume da subida, reclama na baixada, vencendo pela comodidade perturbadora.

Somente os heróis sobre si mesmos merecem os lauréis da paz e da plenitude – prerrogativas, estas sim, da batalha sem quartel travada nos campos da consciência.


Divaldo Pereira Franco / Joanna de Ângelis


Fonte: http://www.divaldofranco.com.br/index.php
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

IRRADIE LUZ


Cada um de nós é um irradiador ambulante.

Irradiamos principalmente pensamentos e atitudes.

Profundamente de dentro nós, irradiamos nosso estado de ser, e o estado essencial original e eterno de cada ser é pacífico e amoroso.

Nós, porém, bloqueamos e distorcemos essa energia com nossos apegos.

Os apegos transformam amor em medo, paz em raiva e, então, distorcem nossas atitudes e ações em relação aos outros.

Isso não é relaxante para nós, nem para os que estão ao nosso redor.

É por essa razão que o desapego é o segredo para viver com leveza e amor.



Brahma Kumaris



Fonte: https://www.brahmakumaris.org.br/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

segunda-feira, 26 de julho de 2021

COMPREENDENDO A ACEITAÇÃO


Primeiro tente entender o significado da expressão: "Aceitação daquilo que É". Buda sempre usa muito essa expressão. Na linguagem dele, a palavra é tathata, aceitação daquilo que é.

Toda a orientação budista consiste em viver essa palavra, em viver com essa palavra com tamanha profundidade que a palavra desaparece e você se torna a aceitação daquilo que é. Por exemplo, você fica doente. A atitude de aceitação daquilo que é consiste em aceitar a doença e dizer a si mesmo: “Tal é o caminho do corpo”, ou “É assim que as coisas são”. Não lute, não comece a travar uma batalha. Depois que aceitar, depois que deixar de reclamar e parar de brigar, a energia passa a ser uma só por dentro. A ruptura se desfaz e muita energia passa a ser liberada, pois deixa de haver conflito e a própria liberação da energia passa a ser uma força de cura. Algo está errado no corpo: relaxe, aceite isso e simplesmente diga para si mesmo, não só com palavras, mas sentindo profundamente: "Tal é a natureza das coisas". O corpo é um conjunto, muitas coisas se combinam nele. O corpo nasce e está propenso a morrer. Trata-se de um mecanismo complexo e há toda a possibilidade de uma coisa ou outra sair errada. Aceite isso e não se identifique. Quando aceita, você fica acima, você transcende. Quando luta, você desce para o mesmo nível.

Aceitação é transcendência. Quando aceita, você fica sobre uma colina e o corpo é deixado para trás. Você diz: "Sim, tal é a sua natureza. O que nasce tem de morrer e, se tem de morrer, às vezes fica doente. Não é preciso se preocupar tanto." — fale como se isso não estivesse acontecendo com você, só acontecendo no mundo das coisas.

Esta é a beleza: quando não está lutando, você transcende e deixa de ficar no mesmo nível. Essa transcendência torna-se uma força de cura. De repente o corpo começa a mudar.

O mundo das coisas é um fluxo; nada é permanente ali. Não espere permanência! Se esperar permanência neste mundo onde tudo é impermanente, você provocará inquietação. Nada pode ser para sempre neste mundo; tudo o que pertence a este mundo é momentâneo. Essa é a natureza das coisas.

Se você relutar em aceitar um fato, viverá o tempo todo na dor e no sofrimento. Se você o aceita sem nenhuma queixa – não num estado de impotência, mas de compreensão – , trata-se de aceitação daquilo que é. Dali em diante você deixa de ficar preocupado e não existe mais problema. O problema surgiu não por causa do fato, mas porque você não o aceitava da maneira como estava acontecendo. Você queria que ele seguisse os seus pensamentos.

Lembre-se, a vida não vai seguir você, você é que tem de segui-la. Com má vontade ou com alegria, a escolha é sua. Se você seguir com má vontade, sofrerá. Se segui-la com alegria, você se tornará um buda e a sua vida se tornará um êxtase.


OSHO



Fonte: do livro "Osho em Todos os Dias"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

RECONECTANDO COM NOSSO CENTRO


[...] Buscarei descobrir o que é realmente a meditação. A meditação simplesmente é uma maneira de chegar a teu centro e de permanecer em teu centro desperto, vivo e quieto. O grande problema com a vida de muitos de nós é que vivemos em um nível incrivelmente superficial. Ao meditar buscamos encontrar nosso caminho à profundidade de nosso ser.

A palavra "meditação" vem do latim "meditare" que significa "stare in medio", estar no centro. A palavra "contemplação" é o mesmo. Não significa olhar algo - nem a Deus, nem a nada mais. Contemplação significa "estar no templo" com Deus. O templo é o próprio coração, a profundidade de nosso próprio ser.

Ao meditar abandonamos os níveis superficiais de nossa vida e entramos em algo que é profundo. Ao meditar renunciamos ao que se passa, ao efêmero e entramos no que é eterno. O último objetivo da religião é re-ligar, e o re-ligar é com nosso centro. Este é o propósito de toda a religião: que nos re-liguemos ao nosso centro.

Na revelação cristã, em nosso coração, nas profundidades de nosso espírito, vive o Espírito de Deus. A verdade que descobrimos desde nossa própria experiência, e se somente a vivenciarmos, é que só há um centro e que esse centro está em todos os lugares.


Dom John Main, OSB



Fonte: do livro "Hunger for Depth and Meaning"
Via https://permanecerensuamor.com/reconectando-nuestro-centro-john-main-osb/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

segunda-feira, 22 de março de 2021

OS QUE TRABALHAM PARA A UNIDADE


O nosso espírito deve viajar para se instruir e se aperfeiçoar. Por isso, não só podemos mudar de sexo de uma existência para outra, como encarnamos em países diferentes, em meios sociais diferentes, em religiões diferentes. Então, que sentido podem ter os fanatismos, as ideias de nacionalismo, de luta de classes, de combate pela verdadeira fé? Objetivamente, nada disso assenta em qualquer base sólida. O espírito viaja pelo espaço. São os humanos que, na sua cegueira, criam artificialmente as separações entre as raças e as culturas. Mas, um dia, nada restará destes pontos de vista limitados, pois nenhum tem razão nas suas reivindicações. Só têm razão os seres que trabalham para a unidade, para a realização do Reino de Deus na Terra.



Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Tumblr.com

QUALIDADES A DESENVOLVER


A base do autorrespeito é a fé de que Deus me ama. Através desta experiência posso cultivar o amor próprio. Ao estudar as virtudes de Deus e incorporá-las em minha vida diária, a fé no meu valor inerente aumenta. Mas não é fácil ter autorrespeito porque geralmente o senso que eu tenho de mim é baseado em coisas externas como elogio e posição. A medida que esses aspectos oscilam, a auto apreciação também oscila. Um dia sentirei que sou muito bom e no dia seguinte que não tenho valor. Na verdade, autorrespeito não é o que estou fazendo na minha vida mas o grau de qualidade e virtude que eu trago em cada ato. (Dadi Janki)

Quando tenho autorrespeito eu aprecio minha própria companhia. Se me falta autorrespeito me torno extrovertido, procuro em outros o que não consigo valorizar em mim. Autorrespeito me dá poder para acomodar todas as situações, uma vez que não me deixo afetar por elas. Autorrespeito me ensina a tomar benefício das críticas. Com autorrespeito eu não preciso provar a ninguém que estou certo. Isto me torna totalmente honesto.

Generosidade é mais do que simplesmente dar. O maior ato de generosidade é ver além das fraquezas e erros dos outros, ajudando-os a reconhecer seu valor inato. Os verdadeiros generosos são aqueles que se esforçam para serem mestres de si. Eles são sempre benevolentes com aqueles que criticam ou ignoram o que é bom. Eles entendem que para haver um profundo trabalho interior é preciso alcançar a bondade. Eles têm empatia pelas pessoas porque conhecem as dificuldades enfrentadas por elas na busca do autoconhecimento. Aqueles que nunca tentaram se aprimorar tem pouca tolerância em relação aos outros. (Dadi Janki)

Autoestima é um aspecto importante para o meu bem-estar e para melhorar a qualidade da conversa comigo mesmo. Para aumentar a autoestima eu preciso: (1) reduzir as conversas negativas; (2) pensar no meu progresso espiritual e compartilhar com os outros; (3) evitar pessoas negativas que me levam para baixo; (4) dar a mim revigoramento interior através da meditação; (5) focar nas minhas qualidades e tornar-me genuíno; (6) investir tempo naquilo que me faz sentir bem. (Dr. Usha Kiran)

Inspiração é diferente de motivação. Inspiração é um pensamento, motivação é uma ação. Uma pessoa auto motivada é como um imã que atrai recursos, oportunidades e experiências porque ela coloca pensamentos, ideias e planos na prática. Para sustentar a motivação é necessário ter a capacidade de decidir com precisão. Decidir o que pensar, o que falar, o que fazer. Esse poder pode ser assimilado através da meditação e do cultivo de pensamentos de qualidade. Pensamentos de qualidade são positivos, elevados e benéficos. Eles funcionam como um tônico para manter a motivação.


Brahma Kumaris



Fonte: https://www.brahmakumaris.org.br
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/incenso-fuma%C3%A7a-amor-bondade-amorosa-2042096/

domingo, 7 de março de 2021

OS LAÇOS ESPIRITUAIS DOS RELACIONAMENTOS DE VIDAS ANTERIORES


 "É apenas uma questão de evolução até que as pessoas se lembrem de suas experiências terrestres anteriores e do que viveram nas antigas vidas terrestres e condições de existência." - Rudolf Steiner


Hoje em dia, os hereges não são tratados como eles costumavam ser. Eles não acabam sendo queimados na estaca, mas são vistos em vez disso como tolos e sonhadores cujas palavras são apenas o produto de uma imaginação caprichosa. Eles são ridicularizados e, a partir do alto tribunal de julgamento científico, eles são informados de que o que eles têm a dizer não pode ser harmonizado com a ciência genuína. Mas as pessoas que fazem tudo isso não estão conscientes de que a verdadeira e genuína ciência é precisamente o que demanda essa verdade.

E agora podemos citar centenas e centenas de verdades que nos mostram como a ciência espiritual pode iluminar a vida ao mostrar que existe um núcleo imortal nos seres humanos que transcende o portal da morte e se eleva aos mundos espirituais. Quando cumpre sua missão, retorna à existência física para reunir novas experiências que, então, são levadas pós morte para os mundos espirituais.

Veríamos como os laços estabelecidos entre uma pessoa e outra, de alma para alma em todas as áreas da vida, as atrações do coração que passam de alma para alma e das quais não há explicação, podem ser explicadas pelo fato de que eles foram formadas através de relacionamentos em vidas anteriores. Também veríamos que os laços espirituais que formamos hoje também não chegam ao fim quando a morte nos eleva da nossa existência terrena. Em vez disso, o que se move de alma para alma como um vínculo da vida é tão imortal quanto a própria alma humana; continua a viver com a alma enquanto esta passa pelo mundo espiritual, e voltará a viver em outras futuras relações terrestres e novas encarnações. É apenas uma questão de evolução até que as pessoas se lembrem de suas experiências terrestres anteriores e do que viveram nas antigas vidas terrestres e condições de existência.


Rudolf Steiner

Strasbourg, 2 de janeiro de 1910




Fonte do texto e da Gravura: Biblioteca Virtual da Antroposofia
http://www.antroposofy.com.br/
Tradução livre: Leonardo Maia

sexta-feira, 5 de março de 2021

A ILUSÃO DA SEPARATIVIDADE


Um ser humano é parte limitada, em tempo e espaço, de um todo chamado universo.

O ser humano vivência a si mesmo como algo separado do resto do universo - numa espécie de ilusão.

Ele vê seus pensamentos e sentimentos como separados do resto - um tipo de ilusão da sua consciência. 

Essa ilusão é um tipo de prisão para nós mesmos, que nos restringe aos nossos desejos pessoais e às afeições apenas às pessoas que estão mais próximas.

Nossa tarefa deve ser nos livrarmos dessa prisão ao aumentar nosso círculo de compaixão, para que ele inclua todas as pessoas e toda a natureza na sua beleza.

Ninguém conseguirá alcançar completamente esse objetivo, mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior.



Albert Einstein



Fonte não citada.
Fonte da Gravura: Tumblr.com

PENSAMENTOS ERRANTES


Os pensamentos são entidades vivas. Alguns morrem muito depressa, outros subsistem por bastante tempo. Isso depende sempre da potência com que foram formados. Há mesmo aqueles que podem manter-se durante séculos. São entidades de todas as espécies. Assim, sede prudentes, estai atentos, ligai-vos ao mundo sublime. Quem deixa a cabeça, a alma e o coração abertos a todas as entidades errantes do espaço será sua vítima. De modo inverso, quem sabe preparar-se interiormente só pode atrair influências benéficas, que virão acompanhá-lo para o inspirar e alegrar continuamente. O discípulo, que conhece estas realidades, procura rodear-se apenas de obreiros luminosos que o ajudarão no seu trabalho.



Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/homem-pensamento-pensamentos-2546791/

quinta-feira, 4 de março de 2021

A PRESENÇA DIVINA EM NOSSA VIDA


[...] À medida que a dimensão espiritual é progressivamente despertada pela prática contemplativa regular, muitas pessoas tornam-se conscientes duma Presença na sua vida. Elas dirão muitas vezes, tal como eu, que isso lhes dá uma sensação de serem guiadas e acompanhadas. Posto deste modo, pode parecer um pouco arrepiante ou fantasmagórico; mas não é assim. Não é uma entidade separada que nos informa ou manipula ou que interfere com a nossa liberdade para escolher e assumir responsabilidades. Algumas pessoas interpretam-na dessa maneira. Mas isso é habitualmente uma fantasia construída ou, em casos extremos, uma patologia mental.

Talvez a Presença a que me refiro seja mais bem entendida como uma modificação da nossa autoconsciência. (Por um lado) à medida que crescemos e nos desenvolvemos (com o passar dos anos), um sentido do “eu”... torna-se presente para nós mesmos: auto-consciente, auto-julgador, auto-observador. “Ó, por que é que eu disse aquilo? Sinto que sou um fracasso... Ou, ocasionalmente, eu sou o maior!” Esta presença para nós mesmos pode tornar-se um fardo, até mesmo uma aflição... (Por outro lado) com uma crescente consciência contemplativa, esta intensa autoconsciência é modificada. Sabemos ainda quando erramos, mas somos menos duros conosco mesmos, menos suscetíveis e auto protetores.

De onde vem esta mudança? Algumas pessoas diriam que vem de um crescente sentido da Presença de Deus. Este sentido é como os outros sentidos físicos e o sexto sentido da intuição. É inato, mas precisa de ser libertado e de crescer. A Presença de Deus não é como uma pessoa que está a mais numa sala ou como a nossa sombra. É um “Eu Sou” que não compete ou ameaça. Vem para ser entendido como aquilo que nos torna capazes de estar presentes para nós mesmos, para os outros, para o mundo – e para Deus. Este “Eu Sou” está em todo o lado. Não lhe podemos fugir; e por que é que haveríamos de querer fazê-lo? Se o tentarmos, estaremos a tentar fugir de nós próprios. [...]


Dom Laurence Freeman, OSB



Fonte: Comunidade Mundial para a Meditação Cristã (Portugal)
https://www.meditacaocrista.com/
Fonte da Gravura: Tumblr.com

terça-feira, 2 de março de 2021

REFLEXÕES SOBRE A CONSCIÊNCIA E PODER ESPIRITUAL


Poder espiritual

Da mesma forma que uma casa abandonada atrairia ladrões para saqueá-la, quando nos esquecemos do nosso lar e identidade internos, a raiva, a ganância e a arrogância entram em nós e começam a nos roubar. Olhe para a sua vida. Quando você sente qualquer forma de falta de paz, a origem é um desses ladrões. O poder que permite que você tenha vitória sobre eles é o poder espiritual. (Dadi Gulzar)

Circunstância

Circunstâncias são como objetos. Elas não são vivas, você é que dá vida a elas. O positivo é mais poderoso do que o negativo. O positivo é inato. O negativo indica que algo está faltando. Luz existe e sua ausência é a escuridão. Nunca esqueça que você pode decidir que atitude tomar. Você tem um imenso potencial positivo a ser descoberto. Esses pensamentos lhe ajudarão a enfrentar qualquer circunstância com uma perspectiva diferente. (Enrique Simó, The Gift of Peace, Brahma Kumaris Information Services, London, 2002)

Consciência da alma

Consciência da alma é um lindo estado do ser, onde o senso total de si muda de uma identidade física para uma identidade espiritual. Na consciência da alma você não mais sente que é homem ou mulher, velho ou jovem. Sua auto estima nesse estado é marcada por uma profunda experiência do seu valor intrínseco como filho de Deus.

A perda da consciência de alma coloca o bem estar nas mãos do ambiente ao nosso redor. Nos tornamos escravos das influências das pessoas e situações. Nos sentimos felizes apenas quando os eventos externos garantem isso. Por outro lado, a consciência da alma nos liberta das influências externas, nos permitindo criar bem estar independente dos acontecimentos que fogem do nosso controle. (Dadi Janki)



Fonte: Brahma Kumaris
https://www.brahmakumaris.org.br/
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/buda-est%C3%A1tua-tail%C3%A2ndia-budismo-5641534/

SILÊNCIO IMPONENTE


A linguagem é muito débil para a explicação da plenitude do mistério.

É por isso que o silêncio absoluto da meditação é muito importante.

Não tratamos de pensar em Deus, dirigir-nos a Deus ou imaginar a Deus.

Ficamos naquele silêncio imponente abertos ao silêncio eterno de Deus.

Descobrimos na meditação, pela prática e ensinamento diário da experiência, que este é o ambiente natural para todos nós.

Somos criados para isto e nosso ser prospera e se amplia naquele silêncio eterno.


Dom John Main, OSB



Fonte: do Blog “El Meditador Cristiano”
http://elmeditadorcristiano.blogspot.com/
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segunda-feira, 1 de março de 2021

FOCAR NO QUE NOS FALTA OU NO QUE TEMOS ?


Vós passeais por toda a parte com os vossos pequenos infortúnios: «Dói-me aqui, falta-me aquilo...» Por que vos focais sempre em tudo o que vos falta e nunca no que já tendes? Por que não dizeis todos os dias: «Tenho pernas, braços, boca, olhos, ouvidos. Recebo um ensinamento divino. Então, possuo o Céu e a Terra! Ah, que riqueza! A vida é bela!»? Todos os dias deveis pensar que sois um filho de Deus, uma filha de Deus, e que podeis voltar a ser o que éreis no passado longínquo, quando saístes do seio do Eterno. Perdestes esse estado ao quererdes, como o filho pródigo, fazer experiências longe da casa do vosso Pai. Mas agora podeis voltar para Ele. É isso o regresso à casa do Pai, a “reintegração dos seres”: quando o homem volta a ser todo-poderoso, senhor das forças da Natureza, e encontra finalmente a sua dignidade de herdeiro de Deus. É esta a sua verdadeira predestinação. Então, por que vos focais sempre nas pequenas coisas que vos faltam?...


Omraam Mikhaël Aïvanhov



Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Tumblr.com

QUANDO UM CEGO GUIA OUTRO CEGO


Disse Jesus: Quando um cego guia outro cego, ambos cairão na cova (texto 34, do Evangelho de Tomé).

Nos outros evangelhos aparecem as mesmas palavras em conexão com os "guias cegos" da Sinagoga de Israel.

Mas essa palavras valem também num sentido geral para cada homem, e sobretudo para os diretores espirituais.

O ego humano é um cego, não tem a vidência da Verdade libertadora. Se esse cego não se deixar guiar por um vidente, desvia do caminho certo. O guia vidente seria o Cristo Interno, a Alma; mas, se ela mesma não tem a devida experiência do seu Cristo, esse ego cego é guiado por outro ego cego.

Daí a imperiosa necessidade de despertar em si o Eu Vidente. Auto-realização é impossível sem esse auto-conhecimento.

Estamos vivendo na "era dos gurus". Por toda a parte, desde o Oriente até o Ocidente, há homens que se arvoram em mestres e congregam discípulos. Os mestres prometem e conferem "iniciação" a seus discípulos; alguns até oferecem diplomas ou certificados de iniciação. Nesse processo há dois iludidos: o iniciador e o iniciado. Nenhum homem pode iniciar outro homem; não existe alo-iniciação; só existe auto-iniciação. Jesus, o maior dos Mestres espirituais, nunca iniciou nenhum de seus discípulos, durante os três anos de sua atividade pública. Entretanto, no dia de Pentecostes, 120 dos seus discípulos se auto-iniciaram, depois de 9 dias de silêncio e meditação.

O que o Mestre pode fazer é por setas na encruzilhada, indicando o caminho certo aos iniciandos. Mas a iniciação é obra de cada iniciando iniciável. Se o Mestre não é um verdadeiro iniciado na Verdade libertadora, nem sequer pode colocar setas no caminho, porque ele mesmo ignora o caminho certo - é um guia cego guiando outro cego.

Revela grande presunção um homem querer declarar que alguém é iniciado; iniciação é um processo misterioso que ninguém conhece a não ser o próprio iniciado. Dar certificado de iniciação a alguém revela tanta ignorância quanto arrogância. É possível iniciar alguém ritualmente, mas não espiritualmente. Se um ritualmente iniciado se considera realmente iniciado, é um pobre iludido.

Uma das maiores fraudes espirituais da humanidade de hoje se chama iniciação.



Fonte: do livro "O Quinto Evangelho - A Mensagem do Cristo segundo São Tomé", texto 34, tradução e notas de Huberto Rohden, Ed. Alvorada, 5ª ed., São Paulo/SP
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/photos/b%C3%ADblia-igreja-evangelho-lecion%C3%A1rio-810341/