terça-feira, 9 de julho de 2013

A TRADIÇÃO TAMBÉM É UMA TRAIÇÃO

Jesus nasceu judeu: os judeus não o aceitaram. Buda nasceu hindu: os hindus não o aceitaram. É assim que sempre foi. Por quê? Porque sempre que um homem como Jesus ou Buda nasce, ele é tanta rebelião que tudo que está estabelecido é abalado.

Um homem comum vive no passado - e para o homem comum o passado é mais importante, porque o passado já está estabelecido, enraizado. Ele tem muita coisa do passado em jogo, tem muito investimento no passado. Por exemplo, se de repente vou até você e lhe digo que o modo como você está rezando é errado, e você esteve rezando desse modo por cinquenta anos - agora há muito em jogo. Acreditar em mim será acreditar que seus cinquenta anos foram inúteis. Acreditar em mim será desacreditar cinquenta anos da sua vida; acreditar em mim será acreditar que você esteve sendo um tolo durante cinquenta anos. Isso é demais! Você lutará, você se defenderá.

E quando se trata de toda uma raça... Por milhares de anos aquele povo esteve fazendo certas coisas e, então, vem um Jesus e bota tudo de cabeça para baixo! Tudo vira um caos novamente. Ele dissolve tudo que estava estabelecido, arranca tudo o que se pensava ser muito significativo, cria uma confusão. Mas ele não podia deixar de fazê-lo, porque ele trazia agora a coisa certa. Mas durante séculos você esteve acreditando que outra coisa era o certo. O que escolher — Jesus ou seu longo passado? O que escolher — Jesus ou a tradição?

Você sabe de onde vem a palavra “tradição”? Ela vem da mesma raiz que a palavra inglesa "trade" (comércio). Ela também vem da mesma raiz que a palavra "traitor" (traidor). A tradição é uma marca, é um negócio - e a tradição também é uma traição.

A tradição crê em certas coisas que não são verdadeiras — a tradição é uma traidora da verdade. Assim, sempre que chega a verdade, há conflito.



Osho, em "Palavras de Fogo: Reflexões Sobre Jesus de Nazaré"


Fonte: http://www.palavrasdeosho.com/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

NOÉ - DILÚVIO - ARCA (UMA VIVÊNCIA INTERIOR)


Um aspecto pouco lembrado quando estudamos a Torá (Pentateuco) é que o povo judeu foi subjugado mais de uma vez por outras nações (Assíria, Babilônia, Egito etc.). É compreensível, portanto, que no cativeiro o povo judeu teve contato com o folclore e tradições desses outros povos e, num processo muito natural, acabou incorporando elementos estrangeiros ao seu.

A Gênese, por exemplo, é visivelmente uma interpretação ou visão da Saga de Gilgamesh (Babilônia). Sabemos que grandes enchentes e catástrofes ocorreram (como sempre ocorrem) em vários pontos do planeta. Praticamente todas as culturas antigas falam de uma grande cheia e, a partir desse fato, surgiram muitas histórias, narrações e mitos simbólicos.

Tendo em vista a degradação moral, mental e espiritual dos povos daquela época por um lado, e a ocorrência de uma grande enchente (ou várias enchentes) por outro lado, a associação tomou um sentido moral e teológico. Assim, em todas as tradições e mitos o homem era purificado de sua degeneração, colhendo dos males que ele mesmo plantou, pela ação dos elementos, no caso em questão, a água. Esta assume uma qualidade de purificadora e restauradora.

Mas o mais importante em todas as narrativas e mitos simbólicos é que acabam por esclarecer, mostrar e exemplificar os diversos aspectos da caminhada evolutiva humana. A lenda ou narrativa do "dilúvio", nos mostra, claramente, dentre inúmeras interpretações e ensinamentos válidos, duas lições: a primeira delas é que a natureza (o Criador) sempre preserva a criação, ou o melhor da criação, sob todas as circunstâncias. A segunda lição que podemos tomar é que quando momentos caóticos ("diluvianos") acontecem na vida humana, precisamos nos "salvar" construindo uma "arca", ou seja, um espaço interior para análise, reflexão e novos rumos na vida. O mesmo acontece com a humanidade como um todo.

Portanto, os relatos das Sagradas Escrituras, de todos os povos, nunca devem ser tomados literalmente, pois geralmente são atemporais e muito pouco se referem a fatos históricos reais. O valor está nas entrelinhas, na interpretação correta dos códigos simbólicos sempre a nos indicar e sugerir um esclarecimento atual, pessoal ou coletivo.




Prof. Hermes Edgar Machado Junior (Issarrar Ben Kanaan)




Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

domingo, 7 de julho de 2013

A FUNÇÃO DO CARMA

“Os pecados de alguns homens são notórios e levam a juízo, ao passo que os de outros, só mais tarde se manifestam.” (Paulo – I Timóteo, 5:24)

Errar não compensa. Acontece que a ignorância, indubitavelmente, favorece o erro e, para que ela desapareça do mundo, teremos muito “pano para manga”. O maior ideal nosso deve ser a busca da instrução por todos os meios e a procura da educação por todos os métodos.

Só os Espíritos superiores não erram, mercê de seu saber especulado na Terra. Eles já percorreram todos os caminhos e palmilharam todos os roteiros, reunindo, aqui e ali, as experiências necessárias para atingir o grau evolutivo que conquistaram. A idade deles é avançada, no campo do saber universal. Mas em se tratando dos homens na Terra, ainda existe muita estrada para percorrer e, nessas estreitas vias, é errando que se aprende, é aprendendo que se ilumina para a libertação espiritual.

Nós só erramos por ignorância. Uns são menos culpados, por lhes faltarem os primeiros albores da compreensão, que é a teoria. Outros têm maior culpa, pois conhecem a teoria, ignorando apenas a prática e, por isso, não encontram forças para colocar em função o que realmente sabem. São mais culpados, mas em parte, são também ignorantes.

Um estudante de medicina – a não ser os que cursam os últimos anos – conhece a arte de curar, puramente na teoria, ignorando a prática, que é outra dimensão do conhecimento. Somente quando começa a viver o drama do clínico abalizado é que a ignorância começa a desaparecer da sua contextura intelectual.

Portanto, há dois tipos de saber que livram o ser da força do carma: o teórico e o prático. Enquanto os dois não se unirem, a alma ainda sofrerá, debatendo-se nos difíceis caminhos do mundo à procura da perfeição. Quando o Espírito é portador destas duas linhas de entendimento, começa a libertar-se, tornando-se Espírito puro, Senhor do carma e do destino.

Todavia, não há benção especial para nenhum filho de Deus. Todos têm as mesmas oportunidades, no vasto campo evolutivo da vida. As diferenças que se encontram nas almas, são os diferentes estados evolutivos de cada uma, pois é da lei que na recua perante o progresso.

Queiramos ou não, estamos andando para a frente. Nós não percebemos, com a sensibilidade que temos, a vertiginosa velocidade da Terra em torno do Sol, e o movimento de “pião” em torno de si mesma. Ainda assim, ela gira, obedecendo às leis mecânicas que muitas vezes escapam à compreensão humana, por ser oriunda de Deus, que labora na natureza para a perfeição da iluminação dos Espíritos. A nossa consciência dos mecanismos das leis quase não existe, por nos faltar qualidades. A evolução, porém, vai nos conferindo, paulatinamente, meios de observação, e aí nos compete sentir os princípios da verdade maior, e sustentar uma fé mais pura, que possa encarar todos os raciocínios, frente a frente, no dizer de Allan Kardec.

Todos nós somos devedores. Isso é notório, mas nem todos pagamos ou recebemos dívidas na mesma época. Uns já liquidaram, outros estão pagando agora e outros ainda irão saldar depois, mas todos passam pelos mesmos processos da contabilidade divina, métodos estatuídos por Deus, para a evolução das criaturas.

Há almas que erram a vida toda na carne, sem serem chamadas em juízo na Terra, no céu ou em si mesmas. E é esse caso que suscita, em muitos, a revolta pela vida ou contra Deus, revolta cujo móvel único é a ignorância. Aquele que pensa ludibriar a lei, que aparentemente está sendo protegido pela sorte, é o mais desfavorecido, por não possuir evolução bastante para suportar os contrastes nos campos operacionais da consciência. São, na verdade, crianças, razão por que a Inteligência Divina não lhes colocou fardos pesados nos ombros, pelo fato de serem frágeis. No tempo certo, a lei da reencarnação tomará conta das suas artimanhas e selecionará todos os seus problemas, trazendo-os ao envelope do corpo quantas vezes forem necessárias.

As faltas dos Espíritos que são logo corrigidas é por tratar-se de almas com as medidas cheias de iniquidades, almas mais velhas, cujo início de resgate já começou a operar, e todo erro sempre lhes traz consequências desastrosas. Esses Espíritos estão sendo chamados para o arrependimento de tudo o que fizeram e encontrando oportunidades para se desfazerem do mal que causaram aos  outros.

A prática do mal, durante muito tempo, encheu a taça do coração, levedou a massa divina do Espírito e perturbou, por completo, as fibras mais íntimas da alma. Essa, estando prejudicada, interessa-se por desfazer tudo isso, nas condições oferecidas pelo carma. Esses Espíritos são chamados para saldarem as dívidas no banco universal da consciência divina, em completa associação com a própria consciência.

Sejamos complacentes para com os que erram, tolerantes para com aqueles que nos ofendem e sejamos persistentes no bem. Não vamos nos perturbar com as vantagens e desvantagens dos outros, pois cada um tem o seu dia, a sua oportunidade.



Miramez/João Nunes Maia



Fonte: do livro “O Reino de Deus”, Ed. Fonte Viva
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal


sábado, 6 de julho de 2013

A DOR EM NOSSAS VIDAS

Você já parou para pensar na razão da existência da dor, do sofrimento, em nossas vidas?

Talvez num daqueles momentos de extrema angústia, em que o coração parece apertar forte, você tenha pensado em Deus, na vida, e gritado intimamente: por quê?!

Os benfeitores espirituais vem nos esclarecer que a dor é uma lei de equilíbrio e educação.

Léon Denis, reconhecido escritor francês, em sua obra “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, esclarece que o gênio não é somente o resultado de trabalhos seculares; é também a apoteose, a coroação de sofrimento.

De Homero a Dante, a Camões, a Tasso, a Milton, todos os grandes homens, como eles, têm sofrido. A dor fez-lhes vibrar a alma, inspirou-lhes a nobreza dos sentimentos, a intensidade da emoção que souberam traduzir com os acentos do gênio, e que os imortalizou.

É na dor que mais sobressaem os cânticos da alma.

Quando ela atinge as profundezas do ser, faz de lá saírem os gritos sinceros, os poderosos apelos que comovem e arrastam as multidões.

Dá-se o mesmo com todos os heróis, com todas as pessoas de grande caráter, com os corações generosos, com os espíritos mais eminentes. Sua elevação mede-se pela soma dos sofrimentos que passaram.

Ante a dor e a morte, a alma do herói e do mártir revela-se em sua beleza comovedora, em sua grandeza trágica que toca, às vezes, o sublime, e o inunda de uma luz inapagável.

A história do mundo não é outra coisa mais que a sagração do espírito pela dor. Sem ela, não pode haver virtude completa, nem glória imperecível.

Se, nas horas da provação, soubéssemos observar o trabalho interno, a ação misteriosa da dor em nós, em nosso “eu”, em nossa consciência, compreenderíamos melhor sua obra sublime de educação e aperfeiçoamento.

A dor é um dos meios de que Deus se utiliza para nos chamar a Si e, ao mesmo tempo, nos tornar mais rapidamente acessíveis à felicidade espiritual, única duradoura. É, pois, realmente pelo amor que nos tem que Deus envia o sofrimento.

Fere-nos, corrige-nos como a mãe corrige o filho para educá-lo e melhorá-lo; trabalha incessantemente para tornar dóceis, para purificar e embelezar nossas almas, porque elas não podem ser completamente felizes, senão na medida correspondente às suas perfeições.

A todos aqueles que perguntam: para que serve a dor? A sabedoria divina responde: para polir a pedra, esculpir o mármore, fundir o vidro, martelar o ferro. 

A dor física é, em geral, um aviso da natureza, que procura preservar-nos dos excessos. Sem ela, abusaríamos de nossos órgãos até o ponto de os destruirmos antes do tempo. Quando um mal perigoso se vai insinuando em nós, que aconteceria se não lhes sentíssemos logo os efeitos desagradáveis? Ele nos invadiria cada vez mais, terminando por secar em nós as fontes de vida.

É assim que, em nosso mundo, para o nosso crescimento, a dor ainda se faz necessária.



Léon Denis



Fonte: Redação do Momento Espírita, com base no cap. XXVI, do livro "O problema do ser, do destino e da dor", de Léon Denis, Ed. Feb.
http://www.momento.com.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

TODO PENSAMENTO É PARCIAL

Você e eu percebemos que somos condicionados. Se você diz, como alguns fazem, que o condicionamento é inevitável, então não há problema, você é escravo, e esse é o fim. Mas se você começa a se perguntar se é realmente possível romper esta limitação, este condicionamento, então há um problema, então você terá que investigar em todo o processo do pensar, não terá? Se você simplesmente diz, “Eu devo estar consciente de meu condicionamento, devo pensar nisto, analisar a fim de compreendê-lo e destruí-lo”, então você está exercendo a força. Seu pensamento, sua análise é ainda o resultado de seu substrato, assim, através de seu pensamento você obviamente não pode romper o condicionamento do qual ele é uma parte.Apenas veja o problema primeiro, não pergunte qual é a resposta, a solução. O fato é que somos condicionados, e que todo pensamento para compreender este condicionamento será sempre parcial, portanto nunca há uma compreensão total, e só na compreensão total de todo o processo do pensar existe liberdade. A dificuldade é que estamos sempre funcionando dentro do campo da mente, que é o instrumento do pensamento, razoável ou não razoável e, como vimos, o pensamento é sempre parcial.



J. Krishnamurti



Fonte: do livroThe Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

FELICIDADE E COMPAIXÃO

“Se você quer que os outros sejam felizes, pratique compaixão. Se você quer ser feliz, pratique compaixão”. (Tenzin Gyatso, o XIV Dalai Lama, em “Meditations for Living In Balance: Daily Solutions for People Who Do Too Much”.

Junto de outros grandes ensinamentos centrais do Budismo, como o fim da ignorância e a busca da felicidade, a compaixão é um dos temas principais das mensagens do XIV Dalai Lama, Tenzin Gyatso, e como uma singela lembrança e homenagem ao aniversário dele, neste dia 6 de julho, quando completa 78 anos, um pequeno trecho de uma das palestra dele sobre esse tema está abaixo neste post. Faz parte de uma participação dele no Brasil, em Curitiba, em 1999. Lhamo Dondrub (seu nome de nascença) nasceu em 1935 na cidade de Taktser, Qinghai (Tibet/China) e foi reconhecido como o 14° Dalai Lama aos 2 anos de idade, sendo oficialmente nominado como líder do Budismo Tibetano aos 15 anos, e passou a se chamar Jetsun Jamphel Ngawang Lobsang Yeshe Tenzin Gyatso - nome que traz os significados de Grande Mestre, Glória Suave, Compassivo, Defensor da Fé e Oceano de Sabedoria. Entre os tibetanos, é conhecido também como Yeshe Norbu, ou “Jóia Realizadora”, e Kundun, “A Presença”.

Segue o trecho sobre o amor e a compaixão, com agradecimento ao site oficial do Dalai Lama no Brasil, que publica um vasto material do Dalai Lama em português:

“(…) A função do amor e da compaixão — Gostaria de explicar qual é a importância do amor e da compaixão. É importante saber o que é compaixão, algumas vezes pensamos que é pena, mas isso não é compaixão. Compaixão é o senso de preocupação, mas mais do que isso, é a noção clara de que todos os seres têm exatamente o mesmo direito à felicidade. Essa compreensão é que nos traz a compaixão.

Também um outro aspecto que costuma ser confundido com compaixão é a sensação de proximidade, de ligação que temos com amigos e parentes. Mas isso não é compaixão verdadeira, porque esse sentimento está ligado ao apego.

Muitas vezes, nosso senso de preocupação com o outro depende da atitude que ele adota. Se a pessoa age de forma negativa, nosso senso de compaixão desaparece. Mas um senso de compaixão verdadeiro é o que nos leva a ver o outro como tendo exatamente o mesmo direito que eu à felicidade. A compaixão que se assenta no apego não se sustenta. A que se baseia na compreensão da igualdade de todos os seres é desprovida de apego, e é verdadeira.

Qual é o benefício da compaixão? Ela nos traz força interior. Geralmente, temos um senso de “eu, eu, eu”. E nossa mente centra tudo em nós mesmos. Então, todas as experiências negativas, mesmo pequenas, se tornam muito dolorosas, enormes. Mas quando pensamos nos outros, nossa mente se amplia, e os nossos pequenos problemas se tornam realmente pequenos, e as coisas negativas não prejudicam nossa mente.

Alguns, quando experimentam tragédias que são involuntárias, se sentem enterrados em uma montanha de sofrimento. Mas, por outro lado, quando se pensa voluntariamente nos problemas dos outros, se procura alivia-los de seus sofrimentos, essa atitude voluntária traz uma abertura para o ser. Dessa maneira, mesmo em meio a problemas pessoais, isso traz uma base de clareza, e a pessoa será capaz de se sustentar.

Compaixão e bem-estar — Quando se pensa em compaixão por outras pessoas, alguns perguntam se isso não seria sinônimo de auto-sacrifício. Não, não é. Porque não se deve ser negligente em relação a si mesmo. E, baseado na minha própria experiência, acredito que se deve ser compassivo em benefício próprio.”


Sua Santidade o XIV Dalai Lama, Tenzin Gyatso



Fonte: Blog DHARMALOG
http://dharmalog.com/2013/07/05/a-verdadeira-compaixao-nao-e-pena-nem-apego-e-a-compreensao-da-igualdade-real-entre-todos-dalai-lama-78/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

SOLIDÃO


Inevitável é a solidão “em espírito” que em determinada fase do caminho cada discípulo experimentará, nos ensinam, praticamente, todas as tradições espirituais.

De início, será percebido como solidão, um estado não muito agradável, que causa medo, desespero e uma vontade de recuar do caminho. Porém, deve-se estar preparado para a solidão, e a preparação resume-se em amadurecimento espiritual e evolutivo. É a lei.

Quando o homem se “dissocia” de tudo o que concerne à sua personalidade, ou seja, à seus corpos físico-etérico (instintos), astral (emoções) e mental (intelecto) e centra-se na Alma (Individualidade ou Eu Superior), produz-se uma separação temporária e uma sensação de “abandono” e solidão.

Ultrapassando a fase do “abandono” vem a conscientização de que A SOLIDÃO REAL É ATIVA, CONSTRUTIVA, RADIANTE, pois ela age exatamente quando a personalidade (instinto, emoção e intelecto) se cala. E é a partir de então que, juntamente ao silêncio verdadeiro, somos conduzidos à revelação do mundo da Alma e ao despertar da consciência superior. Assim se processa porque a mensagem é melhor transmitida no silêncio verdadeiro do que na loquacidade de multidões ou sob a pressão da nossa personalidade “barulhenta”.

A experiência da solidão, de ser privado de tudo que protege, de tudo o que até então tenha sido considerado como essencial ao próprio ser, é o ápice da autorrealização. Somente quando Alma permanece só, longe dos ruídos exteriores e impermanentes, segura da divindade em si, e por isso sem qualquer reconhecimento exterior, pode o próprio centro da vida espiritual ser reconhecido como estável, eterno e produtivo.

O serviço amoroso e desinteressado, o serviço ao Plano Divino, é consequência direta e gradativa da solidão. Só servimos ao mundo quando nos “desligamos”, ou melhor, nos desapegamos do mundo impermanente.



Prof. Hermes Edgar Machado Junior (Issarrar Ben Kanaan)





Fonte da Imagem: Acervo de autoria pessoal

sexta-feira, 5 de julho de 2013

EQUILÍBRIO

Equilíbrio é a habilidade de olhar para a vida a partir de uma perspectiva clara - fazer a coisa certa no momento certo. 

Uma pessoa equilibrada será capaz de apreciar a beleza e o significado de cada situação seja ela adversa ou favorável. 

Equilíbrio é a habilidade de aprender com a situação e de prosseguir com sentimentos positivos. 

É estar sempre alerta, ser totalmente focado, e ter uma visão ampla. 

Equilíbrio vem do entendimento, humildade e tolerância. 

O mais elevado estado de equilíbrio é voar livre de tudo e, ainda assim, manter-se firmemente enraizado na realidade do mundo.



Brahma Kumaris



Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

IDEIAS - IDEAIS – ÍDOLOS



“A filosofia da classe dominante atravessa todo um tecido de vulgarizações complexas para aparecer como 'senso comum', isto é, a filosofia das massas que aceitam a moral, os costumes e o comportamento institucionalizado da sociedade em que vivem.” (A. Fiori abordando o conceito de A. Gramsci sobre hegemonia)


As ideias são as forças do Espírito (Mônada) e que encontram expressão secundária no corpo mental, ou seja, na mente humana. É a partir das ideias, do seu jogo e na sua apresentação que a humanidade desenvolve o poder de pensar e raciocinar, conquistando assim um amadurecimento e evolução no plano mental (corpo mental).

Os ideais, por sua vez, são as forças da Alma (Eu Superior) e encontram expressão secundária no plano astral ou emocional (corpo astral ou emocional).

As ideias vão gradativamente tomando “forma”, ou seja, vão se tornando ideais defendidos, vividos, debatidos, assumidos ou excluídos.

Por outro lado, os ídolos são as ideias já na forma de ideais, porém cristalizados, e tomam expressão no plano físico, na existência material.

Dependendo do grau evolutivo de cada um, o tempo para plasmar uma ideia é variável; e as consequências quando se tornam ideais e ídolos também são relativas à evolução individual e coletiva.

Porém, a problemática começa quando cada um tende a cristalizar-se num ponto de vista e a excluir os outros com discursos e veemência. Por isso temos os olhares ligados aos diversos “...ismos”, o que acalora a evolução humana; é como se fosse um “mal necessário”.

A ciência, a religião, a filosofia, a política etc., sempre citam seres e situações supostamente demonstráveis. Podem, alguns, até terem sido realidade num dado momento e contexto, mas que não são aplicáveis à experiência de cada um de nós em todas as épocas.

Confundem-se mitos e símbolos com realidade. Por isso, vemos as ideias sendo distorcidas em ideais, a partir de interesses diversos e ideologias, e consagradas e materializadas por leis, as vezes duras, mas que fogem de uma experiência individual.

Geram-se assim, multidões de seguidores de tradições impostas, sem a mínima consciência de que a maior parte das tradições, como fatias ou interpretações de algo transcendente, apenas disputam espaço e seguidores, tentando impôr comportamentos e hábitos anacrônicos. Basta olharmos as tentativas de modelos de “santos”, “heróis”, “mártires”, “nóbeis”, vestes, ritos e tradições multi milenares. Tudo se cristaliza no imaginário humano: mitos bíblicos e escrituras consideradas sagradas (de qualquer tradição), criacionismo, sociedade totêmica, imaginários, anacronismos e idiossincrasias.

Por isso, segundo a lógica de Karl Marx, foi o homem o criador de Deus, à sua própria imagem e semelhança. Creio que Marx inverteu os conceitos por usar uma visão muito limitada e baseada em experiências e conceitos de velhas e infantis tradições do mundo, ou seja, baseou-se nas superficialidades dos fatos, mas o exemplo é bem cabível nesse contexto.

É difícil a uma pessoa identificada fanaticamente e irracionalmente a algum “ismo” olhar com bons olhos a uma outra que pertença a outro “ismo”. Por isso, fala-se em tolerância. Mas o que se entende por tolerância não é uma virtude e sim uma tentativa, um pouco mais civilizada, de convivência. É como se disséssemos: eu estou certo, o outro está errado, mas eu o tolero...

Vemos que as pessoas possuem uma visão variadíssima sobre o mundo e ainda muitíssimas ideias que se transformam em ideais. As consequências dessas expressões no mundo podem ser consideradas boas ou não. Mas o que destaca-se é a falta à humanidade de uma visão evoluída e amadurecida que lhe permita a compreensão, tanto do ponto de vista individual quanto coletivo, de que tudo é relativo e fragmentado na visão imatura do ser humano. Falta-nos os olhares sobre o mundo despreocupados e isentos de interesses, e a visão de que a parte não pode opor-se ao todo; ela é apenas uma parte, e o que necessita-se é de uma harmonização e equilíbrio.

A história do mundo é baseada no aparecimento de ideias, sua aceitação ou não, sua transformação em ideais ou não, e em aproveitamento, cristalizações e ações. E a história tem nos mostrado as consequências dos ideais e das ações. Por isso, concluiu o grande filósofo Pietro Ubaldi: “Não sois ainda uma sociedade, mas apenas uma grei, um desencadeamento de forças psíquicas primordiais, explodindo confusamente.”

Muitos já sentem atualmente a necessidade de amadurecimento e conscientização, sentem a necessidade de superar-se a si mesmo e às circunstâncias. Compreendem que a conformidade, a rotina e a acomodação a velhos e desgastados (pré)conceitos religiosos e tradições são fatores tolhedores ao progresso; percebem que as ideias distorcidas e com interesses ideológicos são transformadas em ideais obtusos e engessados na sociedade.

Possamos entender que as ideias são essenciais e puras; são necessárias à evolução. Mas que possamos enxergar, também, que elas podem ser maculadas em ideais cristalizados à serviço de forças e ideologias contrárias à evolução. Os limites nem sempre são perceptíveis.

A meta é a renovação constante do ser humano, tanto como indivíduo como coletividade; não renovar-se é compactuar com uma visão obtusa e estagnada. E a ferramenta mais eficaz é a consciência, trabalho e vivência no presente; qualquer tentativa de reviver ou viver do passado nos leva, no mínimo, a um anacronismo. O mesmo se dá na tentativa de viver um futuro; desperdiça-se a maior parte do tempo e energia que poderiam estar sendo utilizados no presente para o nosso desenvolvimento e reforma íntima.

Óbvio que para a nossa evolução atual e visão há a sensação de passado e futuro; tempos históricos etc. "Houve", "há" e "haverá" é a nossa percepção (ilusória) para evoluir. Entretanto, um "futuro" melhor só existirá se trabalharmos com a consciência e missão no presente; o mesmo se dá com o chamado "conserto" do passado: só se efetiva se trabalharmos conscientemente no presente. Assim, as ferramentas únicas e infalíveis são: o serviço amoroso e desinteressado, a meditação e o estudo; tudo no "aqui e agora".




Prof. Hermes Edgar Machado Junior (Issarrar Ben Kanaan)







Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

O MEDO DA LIBERDADE

Olhe uma rosa: ela é bela, mas não existe liberdade alguma de florescer ou não florescer. Não existe problema, não existe escolha. A flor não pode dizer, "Eu não quero florescer", ou "Eu me recuso". Ela nada tem a dizer, nenhuma liberdade. É por isso que a natureza é tão silenciosa (...).

Com o surgimento do homem, pela primeira vez aparece a liberdade. O homem tem a liberdade de ser ou não ser. Por outro lado, surge a angústia, o medo de que ele possa ou não ser capaz, medo do que vai acontecer. Existe um tremor profundo. Todo momento é um momento em suspense. Nada é seguro ou certo, nada é previsível com o homem: tudo é imprevisível. 

Nós conversamos a respeito da liberdade, mas ninguém gosta de liberdade. Nós falamos sobre liberdade, mas criamos escravidão. Toda liberdade nossa é apenas uma troca de escravidão. Nós seguimos mudando de uma escravidão para outra, de um cativeiro para outro.

Ninguém gosta de liberdade porque liberdade cria medo. Com a liberdade você tem que decidir e escolher. Nós preferimos pedir a alguém ou a alguma coisa para nos dizer o que fazer – à sociedade, ao guru, às escrituras, à tradição, aos pais. Alguém deve nos dizer o que fazer: alguém deve mostrar o caminho, para que possamos seguir – mas nós não conseguimos nos mover por nós mesmos. A liberdade existe, mas existe o medo.

É por isso que existem tantas religiões. Não é por causa de Jesus, de Buda ou de Krishna. É por causa de um enraizado medo da liberdade. Você não consegue ser simplesmente um homem. Você tem que ser um hindu, um muçulmano ou um cristão. Apenas por ser um cristão, você perde a sua liberdade; sendo um hindu, você não é mais um homem – porque agora você diz, "eu seguirei uma tradição. Eu não vou caminhar no inexplorado, no desconhecido. Eu seguirei num caminho bem marcado com pegadas. Eu caminharei atrás de alguém; eu não seguirei sozinho. Eu sou um hindu, assim eu seguirei com uma multidão; eu não caminharei como um indivíduo. Se eu me mover como um indivíduo, sozinho, haverá liberdade. Então, a todo momento eu terei que decidir, eu terei que gerar a mim mesmo, a todo momento estarei criando a minha alma. E ninguém mais será responsável: somente eu serei o responsável final."

Nietzche disse ‘Deus está morto e o homem está totalmente livre.’ Se Deus está realmente morto, então o homem está totalmente livre. E o homem não tem tanto medo da morte de Deus: ele tem muito mais medo da sua liberdade. Se existe um Deus, então tudo está bem. Se não existe Deus, então você foi deixado totalmente livre – condenado a ser livre. Agora faça o que você gosta e sofra as consequências, e ninguém mais será responsável, só você. 

Erich Fromm escreveu um livro chamado "O Medo da Liberdade". Você se apaixona e começa a pensar em casamento. O amor é uma liberdade; o casamento é uma escravidão. Mas é difícil encontrar uma pessoa que se apaixona e não pense imediatamente em casamento. Existe o medo porque o amor é uma liberdade. O casamento é uma coisa segura; nele não existe medo. O casamento é uma instituição – morta; o amor é um evento – vivo. Ele se move; ele pode mudar. O casamento nunca se move, nunca muda. Por causa disso o casamento tem uma certeza, uma segurança.

O amor não tem certeza nem segurança. O amor é inseguro. A qualquer momento ele pode sumir de vista da mesma forma como apareceu do nada. A qualquer momento ele pode desaparecer! Ele é muito sobrenatural; ele não tem raízes na terra. Ele é imprevisível. Por isso, "é melhor casar. Assim, fincamos raízes. Agora esse casamento não vai evaporar no nada. Ele é uma instituição!" 

Em toda situação – exatamente como no amor –, quando encontramos liberdade, nós a transformamos em escravidão. E quanto mais cedo melhor! Assim nós podemos relaxar. Por isso, toda história de amor termina em casamento. "Eles se casaram e viveram felizes para sempre."

Ninguém está feliz, mas é bom terminar a história ali porque em seguida vai começar o inferno. Por isso toda história termina no momento mais bonito. E qual é esse momento? É quando a liberdade se torna escravidão! E isso não é apenas com o amor: isso é com tudo. Assim o casamento é uma coisa feia; é provável que venha a ser. Toda instituição tende a ser uma coisa feia porque ela é apenas um corpo morto de algo que um dia foi vivo. Mas com uma coisa viva, a incerteza provavelmente estará presente.

"Vivo" quer dizer que pode mover, pode mudar, pode ser diferente. Eu amo você; no próximo momento eu posso não amar. Mas se eu sou o seu marido, ou sua esposa, você pode ter a certeza de que no próximo momento eu também serei seu marido, ou sua esposa. Isso é uma instituição. Coisas mortas são muito permanentes; coisas vivas são momentâneas, mutáveis, estão num fluxo.

O homem tem medo de liberdade, mas a liberdade é a única coisa que faz de você um homem. Assim, nós somos suicidas – ao destruir nossa liberdade. E com essa destruição nós estamos destruindo toda nossa possibilidade de ser. Então você acha que ter é bom porque ter significa acumular coisas mortas. Você pode continuar acumulando; não existe um fim para isso. E quanto mais acumula, mais seguro você fica. 

Eu digo que agora o homem tem que caminhar conscientemente. Com isso eu quero dizer que você tem que estar consciente de sua liberdade e também consciente de seu medo da liberdade. 

Como usar essa liberdade? A religião nada mais é do que um esforço no sentido da evolução consciente, em saber como usar essa liberdade. O esforço de sua vontade agora é significativo. Qualquer coisa que você esteja fazendo não voluntariamente é apenas parte do passado na escala da evolução. O seu futuro depende de seus atos com vontade. Um ato muito simples feito com consciência, com vontade, dá a você um certo crescimento – ainda que seja um ato comum.

Por exemplo, você resolve jejuar, mas não porque você não tem comida. Você tem comida; você pode comê-la. Você tem fome; você pode comer. Você resolve jejuar: isso é um ato voluntário – um ato consciente. Nenhum animal pode fazer isso. Um animal jejua algumas vezes, quando não existe fome. Um animal terá que jejuar quando não existir alimento. Mas somente o homem pode jejuar quando existe ambos: a fome e o alimento. Isso é um ato voluntário. Você usa a sua liberdade. A fome não consegue incitar você. A fome não consegue empurrar você e o alimento não consegue puxar você.

Esse jejum é um ato de sua vontade, um ato consciente. Isso dará a você mais consciência. Você sentirá uma liberdade sutil: livre do alimento, livre da fome – na verdade, no fundo, livre do seu corpo, e ainda mais fundo, livre da natureza. A sua liberdade cresce e a sua consciência cresce. 

Na medida que sua consciência cresce, a sua liberdade cresce. Elas são correlacionadas. Seja mais livre e você será mais consciente; seja mais consciente e você será mais livre.



Osho, em "The Ultimate Alchemy"



Fonte: www.palavrasdeosho.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

MOTIVOS PARA DESCULPAR

“Eu vos digo, porém, amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, faze bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem.” Jesus – Mateus, 5:44

Em muitas ocasiões, quem imaginas te haja ferido, não tem disso a mínima ideia, de vez que terá agido sob a ação compulsiva de obsessão ou enfermidade.

Se recebeste comprovadamente uma ofensa de alguém, esse alguém terá dilapidado a tranquilidade própria, passando a carregar arrependimento e remorso, em posição de sofrimento que desconheces.

Perante os ofensores, dispõe da oportunidade de revelar compreensão e proveito, em matéria de aperfeiçoamento espiritual.

Aquele, a quem desculpas hoje uma falta cometida contra ti, será talvez, amanhã, o teu melhor defensor, se caíres em falta contra os outros.

Diante da desilusão recolhida do comportamento de alguém, coloca-te no lugar desse alguém, observando se conseguirias agir de outra forma, nas mesmas circunstâncias.

Capacitemo-nos de que condenar o companheiro que erra é agravar a infelicidade de quem já se vê suficientemente infeliz.

Revide de qualquer procedência, mesmo quando se enquiste unicamente na mágoa, não resolve problema algum.

Quem fere o próximo efetivamente não sabe o que faz, porquanto ignora as responsabilidades que assume na lei de causa e efeito.

Ressentimento não adianta de vez que todos somos espíritos eternos destinados a confraternizar-nos todos, algum dia, à frente da Bondade de Deus.

Desculpar ofensas e esquecê-las é livrar-se de perturbação e doença, permanecendo acima de qualquer sombra que se nos enderece na vida, razão por que, em nosso próprio benefício, advertiu-nos Jesus de que se deve perdoar qualquer falta não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete vezes.


Emmanuel/Francisco Cândido Xavier 



Fonte: do livro "Mais Perto"
http://www.caminhosluz.com.br/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

VERDADE SUTIL

Você tem o lampejo da compreensão, essa extraordinária rapidez do insight, quando a mente está muito quieta, quando o pensamento está ausente, quando a mente não está sobrecarregada com seu próprio ruído. Assim, a compreensão de qualquer coisa – de uma pintura moderna, de uma criança, de sua esposa, seu vizinho, ou a compreensão da verdade, que está em todas as coisas – só pode chegar quando a mente está muito quieta. Mas essa quietude não pode ser cultivada porque se você cultiva uma mente quieta, não é uma mente quieta, é uma mente morta.Quanto mais você está interessado em uma coisa, quanto maior sua intenção para compreender, mais simples, clara, livre a mente está. Então a verbalização cessa. Afinal, pensamento é palavra, e é a palavra que interfere. É a tela das palavras, que é memória, que intervém entre o desafio e a resposta. É a palavra que está respondendo ao desafio, o que nós chamamos de intelecção. Então, a mente que fica falando, fica verbalizando não pode compreender a verdade – verdade na relação, não uma verdade abstrata. Não existe verdade abstrata. Mas a verdade é muito sutil. É o sutil que é difícil de acompanhar. Isto não é abstrato. Chega tão velozmente, chega tão misteriosamente, não pode ser contido pela mente. Como um ladrão à noite, ele chega ocultamente, não quando você está preparado para recebê-lo. Sua recepção é meramente um convite de ambição. Portanto a mente que está presa na rede das palavras não pode compreender a verdade.



J. Krishnamurti



Fonte: do livro The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quinta-feira, 4 de julho de 2013

O DESAFIO DA TRANSFORMAÇÃO INTERIOR

Depois de mais de seis mil anos de história do homem na terra, muitos defendem que o mundo continua em situação de atraso. As notícias crescentes de violência, a manutenção do estado de guerras em vários pontos do planeta, a enorme desigualdade social que alimenta a miséria e a ignorância são alguns indicadores que supostamente justificariam a defesa deste ponto de vista. Como a mídia divulga preponderantemente notícias negativas, a visão global tende a direcionar exatamente para esta conclusão. Outra realidade, porém, semelhante a espiritual, acontece sem que se dê a devida promoção pública. O bem nunca esteve tão em moda. Religiões, ONG's, grupos humanitários, entre outros movimentos, esforçam-se em melhorar a condição de vida das pessoas e de si próprias. Imprescindível saber que a transformação do mundo somente ocorrerá mediante a transformação de cada um, a transformação interior.

O núcleo convergente para onde se dirigem todas as ações do Espiritismo é a transformação moral do ser humano. Transformação que necessita ser entendida como uma construção gradativa de valores, uma proposta de plenitude, um processo libertador da consciência e de formação do homem de bem. Não pode ser entendida apenas como contenção de impulsos inferiores, mas como a criação de condicionamentos novos e elevados. A reforma interior é tomar consciência do “si mesmo”, da “perfeição latente” à qual nos destinamos. É um ato de auto-educação que não ocorre sem dores, no entanto, não deve ser encarada como um martírio - que é uma forma de autopunição -, mas como um processo de conscientização. Crescer não significa sofrer como resgate; representa possibilidade de educação para propiciar a libertação. Não é a intensidade da dor que educa e sim o esforço de aprender amenizá-las. Assim, transformação interior deve ser considerada como melhoria de nós mesmos e não a anulação de uma parte de nós considerada ruim. É uma proposta de aperfeiçoamento gradativo cujo objetivo maior é a felicidade.

A transformação interior é um trabalho processual e deve ser entendida como a habilidade de lidar com as características da personalidade melhorando os traços que compõem suas formas de manifestação como caráter, temperamento, valores, vícios, hábitos e desejos. Uma ética de auto transformação implica em ter postura aprendiz, observação de si mesmo, renúncia, aceitação da sombra, auto perdão, cumplicidade com a decisão de crescer, vigilância, oração, trabalho, tolerância, amor incondicional, socialização e caridade. É comum ouvirmos no meio espírita a necessidade de “matar o homem velho”, “extinguir as sombras” ou “vencer o passado”. Tais expressões são equivocadas, pois não eliminamos nada do que fomos um dia, transformamos para melhor. Na prática, o caminho a ser seguido é o de harmonizar-se com a sombra e de conquista do passado, pois transformação interior nada mais é do que dar nova direção aos valores que já possuímos e corrigir deficiências cujas raízes ignoramos ou não temos motivação para mudar. Não pode ser entendida como a destruição de algo para a construção de algo novo, dentro de padrões preestabelecidos de fora para dentro, mas, sobretudo, como a aquisição da consciência de si para aprender a ser, a existir, a se realizar como criatura rica de sentidos e plena de utilidade a vida. Imperfeições são nosso patrimônio. Serão transformadas, jamais exterminadas.

Muitas pessoas possuem indevidamente a ideia de que a transformação interior equivale a santidade instantânea. Não é. Já está demonstrado pela ciência que a natureza não dá saltos e, portanto, devemos nos alegrar com as conquistas paulatinas e permanentes. A impossibilidade da rápida espiritualização pode descambar num outro tipo de santidade, a de adorno, da aparência, da superficialidade, o que é extremamente nocivo. A dimensão empresarial, por exemplo, viveu recentemente uma febre da mudança abrupta através da reengenharia e o resultado foi a quase extinção de muitas organizações que adotaram esta prática. A filosofia japonesa do Kaizen, ou seja, de melhorias contínuas parece ser a mais recomendável, tanto para o mundo organizacional como para o nível dos indivíduos. A proposta espírita igualmente é de aperfeiçoamento permanente e não de perfeição imediata. O objetivo é sermos melhor e não os melhores.

A escritora Louise Hay lembra apropriadamente que “quando realmente amamos, aceitamos e aprovamos a nós mesmo exatamente como somos tudo na vida funciona”. E é verdade. O primeiro passo para o auto burilamento é o desafio de encontrar-se consigo e gostar-se do jeito que é, na perspectiva de mudança continuada. Allan Kardec também advertiu que o verdadeiro espírita não é aquele que já está pronto, porém o que se esforça diariamente no domínio das suas tendências inferiores.

Deus permite um novo recomeço todos os dias, todos os instantes. Eis a grande dádiva a ser aproveitada. Se cair, levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Chico Xavier costumava dizer que “embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.” Jesus quando curava os doentes alertava que daquele momento em diante deveria se buscar a ser uma nova pessoa quando aconselhava “vai e não peques mais”.

O esforço de mudança ganha corpo a cada dia nas pessoas no mundo inteiro. É claro que passaremos por situações graves que devem ser compreendidas como sintomas do expurgo do mal em agonia. A fase de regeneração planetária, pouco a pouco, avança, enquanto a de testes e resgates declina. Um novo tempo surge. Um novo homem começa a nascer. Já vivemos timidamente a maioridades das ideias espíritas na Terra que não deve ser confundida com caracterização emblemática, mas como postura de entendimento e condução da vida. Não haverá força que consiga impedir o crescimento do homem neste planeta. A era do espírito lança seus primeiros raios no horizonte e se fará dia na consciência de todos num futuro não muito distante.


Carlos Pereira


Texto baseado no livro "Reforma Íntima Sem Martírios", de Ermance Dufaux/Wanderley Soares de Oliveira, Ed. Inede.


Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

YAMAS E NIYAMAS, A ÉTICA DO YOGA



Quando o yogi se torna qualificado, através da prática da disciplina ética, por abster-se de ações ilícitas (yama) e da auto-superação (niyama), pode (então) começar a prática de asanas e das outras técnicas. (Yoga Bhasya Varana, II:29)


Se você não tiver tempo ou disposição para agir conforme a ética do Yoga, tampouco terá tempo nem atitude para praticá-lo. Yama e niyama são os dois primeiros passos da caminhada, condição indispensável para que a prática dê resultados concretos. (Pedro Kupfer)


O fundamento do Yoga, como de toda espiritualidade autêntica, é uma ética universal. Essa prática compreende 10 grandes obrigações morais que podem ser consideradas patrimônio de todas as grandes religiões. São elas os 5 yamas e os 5 niyamas.

Yama significa controle ou domí­nio. É o pontapé inicial no caminho do Yoga. Os yamas são cinco proscrições: ahimsa, satya, asteya, brahmacharya e aparigraha, aquilo que não devemos fazer, os refreamentos ou abstinências que pretendem purificar o yogi, aniquilar a subjetividade advinda do egocentrismo e prepará-lo para os estágios seguintes da prática. Desempenham o controle dos impulsos naturais, que se manifestam através dos cinco órgãos de ação (karmendriyas): braços, pernas, boca, e órgãos sexuais e excretores. Essas normas de disciplina moral têm a finalidade de por freio ao poderoso instinto de sobrevivência e canalizá-lo para servir a um propósito superior, regulando as interações sociais do yogi, harmonizando o relacionamento dele com os outros seres. Esse controle criativo que os yogis exercem sobre as suas energias exteriorizantes resulta num excedente energético que pode então ser posto a serviço da transformação espiritual da personalidade.

Lakshman, Hanuman, Rama e Sita


Ahimsa, a não-violência, entende-se como não matar, não agredir, não ferir, nem causar nenhum tipo de dor a nenhum ser vivo. É a raiz de todas as outras normas morais.


Satya, a veracidade ou o não mentir, consiste em fazer coincidir pensamentos, palavras e ações, o que deve entender-se como evitar a falsidade em todas as suas formas.

Asteya significa não roubar, não cobiçar ou invejar bens ou conquistas de outrem. Não é apenas não roubar, mas eliminar totalmente o impulso de apoderar-se de objetos (ou ideias) alheios.

Brahmacharya, o não desvirtuamento da sexualidade (não perverter, nem degradar, exacerbar, explorar ou se submeter ao sexo) pode interpretar-se como ser coerente em sua vida relacional e sexual. A palavra Brahmacharya é composta da raiz char, que significa mover-se, e da palavra Brahma, que significa verdade essencial. Assim, podemos entender brahmacharya como um movimento em direção ao essencial. É mais usado, geralmente, em termos de abstinência sexual. Mais especificamente, brahmacharya sugere que devemos formar relacionamentos que nos façam entender as verdades mais nobres.


Aparigraha, a não possessividade ou o não cobiçar, traduz-se em generosidade e desapego (vairagya) em relação não apenas aos bens materiais, mas também às relações afetivas. O apego (raga) nos tira da sintonia necessária para praticar. Assim, os yogis são encorajados a cultivar a simplicidade voluntária, pois o excesso de bens materiais só serve para distrair a mente, sendo a renúncia (vairagya) um aspecto essencial do estilo de vida yogiko.


Radha e Krishna





















Não pode ser eficaz e verdadeira a meditação de alguém que está em dí­vida com seus semelhantes, se há alguém a quem feriu, a quem enganou, a quem furtou, a quem explorou sexualmente, a quem deseja ou desejou arrebatar algo, pois as vítimas estarão vibrando contra o pretenso meditante. À mente deste acorrerão lembranças e remorsos, que a inquietarão e frustrarão a pretensão de meditar.

Niyama, as prescrições psicofí­sicas, compreendem cinco disciplinas ou observâncias, ou seja, aquilo que devemos fazer: sauchan, santosa, tapas, svadhyaya e Ishvarapranidhana. Essas atitudes cumprem a função de domí­nio sobre os cinco órgãos de percepção (jñanendriyas): olhos, ouvidos, nariz, língua e pele. Esse controle dos sentidos aponta à organização da vida pessoal e interior do praticante, harmonizando o seu relacionamento com a vida em geral e com a Realidade transcendente.


Sauchan é a pureza ou purificação. A purificação externa inclui alimentação vegetariana, exercí­cios de purificação orgânica (como a lavagem das vias respiratórias e dos aparelhos digestivo e excretor) e manter limpo o ambiente em que se vive. Um organismo poluí­do por hábitos impróprios, como o uso de drogas (incluindo o cigarro e o álcool) ou alimentação intoxicante, gera comportamentos e condicionamentos contraproducentes para a prática do Yoga. A purificação interna inclui a eliminação das impurezas do pensamento. As técnicas mais refinadas de purificação são tattva e chitta suddhi (antar mouna).


Shiva

Santosa, o contentamento, consiste em cultivar um estado interior de permanente alegria, independentemente das circunstâncias externas, o que facilitará muito o progresso na prática. O contentamento é uma expressão da renúncia (vairagya), o sacrifí­cio voluntário das coisas que nos serão inevitavelmente arrebatadas no momento da morte. Liga-se de perto àquela atitude de indiferença que faz com que os yogis encarem com a mesma atitude um torrão de terra e uma pepita de ouro, o que permite que eles se deparem com o sucesso e o fracasso, o prazer e a dor, com a mesma equanimidade inabalável.

Tapas é disciplina, determinação, força de vontade concentrada, esforço sobre si próprio, a sobriedade e austeridade visando a queimar os desejos egocêntricos, inferiores, instintivos e naturais, eliminando moleza, debilidade, pieguice etc.
Rama abraçando Hanuman

Svadhyaya é o estudo da metafí­sica do Yoga e de si próprio; abrange não apenas o autoconhecimento, através da reflexão sobre a sabedoria das escrituras (shastras), mas também a aplicação prática desse conhecimento.

Ishvarapranidhana é a devoção, consagração, auto-entrega e submissão a Ishvara (Senhor, Deus pessoal), entendido como o arquétipo do yogi, o modelo ideal a ser seguido pelo praticante. Também significa entregar incondicionalmente as ações e seus frutos a uma vontade superior à sua própria. Pode entender-se como auto-aceitação no momento presente ou, ainda, como serviço à Humanidade.

Poucas escolas de Yoga hoje em dia, principalmente aqui no Ocidente, se dedicam a ensinar os yamas e niyamas. Entretanto, uma pequena reflexão sobre eles revela a sua importância na manutenção da “ecologia” social e individual. Através da prática desses preceitos se estabelece uma convivência pacífica, harmoniosa e feliz na sociedade. É por essa razão que o sábio Patañjali os chama sarvabhauma, supremos ou universais, pois valem para todas as pessoas e em todas as circunstâncias.





Sí­ntese por Cristiano Bezerra, baseada em textos dos livros: A Tradição do Yoga, de Georg Feuerstein, Convite à Não-violência, de José Hermógenes, e Yoga Prático, de Pedro Kupfer.



Fonte do Texto e das Gravuras: Ekadanta Yoga
http://www.ekadantayoga.com.br

quarta-feira, 3 de julho de 2013

O HOMEM E O UNIVERSO

O Purusha (o homem) é "aquele que vive em pura", que é o corpo físico. Aquele que vive no Universo, que é o Seu corpo, é Purushotthama, o Supremo. A pequena formiga rastejando sobre o pé é percebida pela consciência da pessoa; isto porque o purusha tem consciência preenchendo todo o corpo. O Purushotthama também tem consciência preenchendo e ativando Seu corpo inteiro, que é o Universo e, portanto, Ele é onisciente. A alma é o vyasthi (individual), o samashti (toda a Criação) é Deus. A melhor recompensa para o indivíduo (Purusha) é se fundir no Divino (Purushotthama). E o caminho é através do Conhecimento gerado pela ação e amor a Deus.



Sathya Sai Baba



Fonte: www.sathyasai.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

CALMA

Calma na mente traz precisão no julgamento. 

Em situações desafiadoras, eu preciso me assegurar de que minha mente esteja calma antes de tomar qualquer decisão. 

Para conseguir fazer isso eu preciso praticar o acalmar da mente de forma regular. 

E quando eu me tornar mestre nessa arte eu conseguirei tomar decisões com muito mais facilidade, mesmo diante de situações extremamente difíceis.



Brahma Kumaris



Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal