quinta-feira, 22 de agosto de 2013

PROGRAMA PARA PERDOAR

"... Perdoai e sereis perdoados.” (Lucas – 6:37)

Esforce-se para impedir que a ofensa se converta em mágoa.

Silencie o sucesso infeliz em que se viu envolvido.

Acautele-se, face aos comentários que lhe tragam os maledicentes e os levianos.

Reflita, maduramente, valorizando o ensejo e retirando proveito da lição que o alcança em forma de sofrimento.

Se você é inocente, exulte. Se é culpado, tranquilize-se diante do pagamento.

Não fique remoendo, mentalmente, o acontecido.

Pense na hipótese de o seu agressor estar enfermo.

A posição da vítima é sempre melhor.

Enseje ao desafeto oportunidade para a reparação e o retorno.

Se tudo estiver, aparentemente, contra você, fiscalizado por uns, perseguido por outros, mantenha inalterada sua confiança em Deus, que tudo sabe.

Desgraça verdadeira é perseguir, inquietar, comprazer-se na dor alheia, envenenar-se com o azedume e a cólera.

Perdoando, você estará sempre em paz, podendo auferir mais tarde as vantagens de haver sido enganado, perseguido ou ultrajado, com o espírito livre de outros débitos, de que, então, se encontrará liberado.



Marco Prisco / Divaldo Pereira Franco



Fonte: do livro "Momentos de Decisão"
www.caminhosluz.com.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

O QUE MORRE NO AMOR É A IDEIA DE UM EGO

Perguntaram a Osho:

Por que parece que a gente está morrendo quando está amando? Apaixonar-se é um desejo suicida ou apenas um instinto autodestrutivo como a marcha dos lemingues para o mar ou o voo da mariposa para uma chama? Isso é bizarro.

O amor é morte, mas aquele que morre no amor jamais existiu realmente. O que morre é o eu irreal, é a ideia de um ego.

Portanto, o amor é morte, é suicida, é perigoso. É por isso que milhões de pessoas decidiram contra o amor; elas vivem uma vida sem amor e decidiram em favor do ego — MAS O EGO É FALSO. E você pode se apegar ao falso e o falso jamais se tornará real. Assim, a vida de um egoísta sempre permanece na insegurança. Como se pode tornar algo irreal real? Ele está sempre desaparecendo e você precisa se apegar a ele e com constância criá-lo repetidamente. Trata-se de uma autodecepção, e isso cria infelicidade.

A infelicidade é função do irreal. O real é bem-aventurança — satchitanand. A verdade é bem-aventurança e consciência. Sat significa verdade, chit significa consciência e anand significa bem-aventurança. Estas três coisas são as qualidades da verdade. Ela é assim, alerta e bem-aventurada.

A irrealidade é infelicidade. O inferno é aquilo que não existe, mas que você cria; e o paraíso é aquilo que existe, mas que você não aceita. O paraíso está onde você realmente está, mas você não é corajoso o suficiente para penetrar nele. E o inferno é a sua criação privada, mas, devido a ser sua criação, você se apega a ela.

O ser humano jamais deixou Deus. Ele vive em Deus, porém, ainda assim, sofre, pois ele cria um pequeno inferno à volta de si. O céu não precisa ser criado — ele já está presente e você precisa relaxar e desfrutá-lo. O inferno precisa ser criado.

Leve a vida num estado de ânimo relaxado. Não há necessidade de criar, proteger ou se apegar a coisa alguma. Aquilo que é permanecerá, esteja você se apegando ou não a ele, e aquilo que não é não pode permanecer, esteja você se apegando ou não a ele. Aquilo que não é não é, e aquilo que é é.



Osho, em "Vá Com Calma - Discursos Sobre o Zen-Budismo"



Fonte: www.palavrasdeosho.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

ESTRESSE E DEPRESSÃO - ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SEGUNDO A PSICOLOGIA ESPÍRITA

A Psicologia Espírita compreende a saúde mental a partir de um paradigma Holístico (ou seja, globalizante, amplo e sintetizador) bio-psico-sócio-espiritual (ou seja, que engloba as variáveis biológicas, psíquicas, sociais e espirituais, em seu conceito de ser humano integral). Sua intervenção se dá tanto em nível “curativo” (não no sentido médico ou psiquiátrico ortodoxo de “curar doenças mentais”, mas sim de melhorar a qualidade de vida psicossocial e ético-espiritual) quanto preventivo, e engloba também a atenção na relação ecológica entre o homem, a natureza e o ambiente. Essa resenha objetiva mostrar como esse modelo pode ser útil para nos ajudar a lidar melhor com dois grandes males modernos: o estresse e a depressão.

Inúmeras pesquisas sugerem existir relação entre Estresse e Depressão, e embora historicamente ambos acompanhem o homem desde o seu surgimento no mundo, é nos últimos tempos que a civilização mais tem se submetido a situações estressoras, criando uma sociedade altamente depressiva. Corroborando essa hipótese, observamos que os Estados Unidos perdem cento e cinquenta bilhões de dólares anualmente, com problemas acarretados pelo estresse, refletindo diminuição da produtividade, incidência maior de doenças, perdas por morte, incapacidade, e acidentes de trabalho. Nos países em desenvolvimento como o Brasil, a Argentina, e no continente africano a situação é ainda pior, devido a diversos estressores sociais como a instabilidade sócio-econômica, insegurança empregatícia e pública, corrupção, inflação, crises de abastecimento etc. Nas grandes metrópoles, milhões de pessoas vivem juntas, submetidas aos atritos de todas as disparidades anti-sociais, sob exigências do tempo, transporte, meio ambiente, e pressões de toda espécie (Fajardo, 1997).

O estresse, em si, não é “bom” nem “mau”. Um certo nível de estresse é normal, e ajuda o indivíduo a enfrentar os desafios da vida. Porém, muito estresse faz com que o corpo e a mente reajam de forma desagradável, perturbando a homeostase (ou seja, perturbando o equilíbrio de funcionamento psicossomático, e portanto, do próprio perispírito).

Sabemos que existe uma dialética entre o individual e o coletivo, que caminham lado a lado na história da humanidade. Assim, se por um lado, como vimos, existe uma série de fatores coletivos e sociais que determinam situações de estresse, por outro lado, é a atitude individual de cada um, constituindo a coletividade, que incrementa os estressores sociais.

Pesquisas mostram que a personalidade predisposta ao estresse caracteriza-se especialmente pela (1) destacada ambição social e financeira, (2) exibicionismo, (3) liderança, (4) auto-exigência e perfeccionismo, (5) competitividade, (6) dificuldade em relaxar, (7) responsabilidade e pontualidade extremadas, (8) gosto por desafios e situações novas etc. (Fajardo, 1997).

Esse perfil geral de personalidade é típico do materialista cético apegado a valores externos, mas não só dele. Na verdade, algumas dessas qualidades (não todas), quando presentes em moderação, e alicerçadas em consistentes parâmetros pessoais de ética e moral construtiva, resultam em pessoas produtivas, otimistas e eficazes.

O que ocorre, porém, na maioria dos casos, é o contrário. O ser humano ainda se deixa corromper pelos exageros do egoísmo, fonte maior de inúmeras misérias, segundo Allan Kardec. Como disse Kardec, em suas Obras Póstumas, como “cada um pensa em si, antes de pensar nos outros, e quer a sua própria satisfação antes de tudo, cada um procura, naturalmente, se proporcionar essa satisfação, a qualquer preço, e sacrifica, sem escrúpulos, os interesses de outrem, desde as menores coisas até as maiores, na ordem moral como na ordem material; daí todos os antagonismos sociais, todas as lutas, todos os conflitos e todas as misérias, porque cada um quer despojar o seu vizinho”. Levando-se, em conta, que em maior ou menor grau, todos expressamos tal conduta, daí resulta, pela atitude conjunta de todos, a configuração de nossa cultura depressiva, estressada e ansiosa, expressa nos moldes da sociedade capitalista de consumo predominante.

A depressão, por sua vez, é um efeito definido pela sensação de tristeza, perda da esperança e desânimo, estando frequentemente associada a sintomas autônomos, como distúrbios que afetam o sono, perda do interesse nos prazeres usuais, distúrbios do apetite e dificuldade de concentração. Apenas um especialista (médico, psiquiatra, psicólogo clínico etc.) pode realizar um diagnóstico preciso de depressão.

Quando o organismo é continuamente sobrecarregado por tensões, a reação de estresse será seguida por depressão na esfera psíquica e na física por queda da resistência imunológica, dando origem à invasão microbiana, virótica, ou mesmo, ao acometimento de doenças auto-imunes, onde o organismo passa a atacar a si próprio.

Isso nos torna diretamente responsáveis pelo nosso próprio bem-estar. Alimentação inadequada (provocando azia, gastrite, diarréia, prisão de ventre etc.), atividades físicas desequilibradas, repouso insuficiente, cigarro e bebida, são todos estressores potenciais, segundo dados de pesquisas recentes, que também relacionam o binômio estresse-obesidade. O estudo do perispírito colabora para explicar como a inadequada atuação sobre a matéria biológica afeta a saúde da mente e do espírito e vice-versa.

A Psicologia, o Espiritismo e a ciência, como um todo, mostram que a solução se encontra na transformação de nós mesmos, em todos os níveis, inclusive no ético-moral. Há a necessidade de determinação vital para a modificação de hábitos, acrescentando vida aos nossos dias. A chamada Reforma Íntima deve se fazer acompanhar por um processo contínuo de Autoconhecimento (ver questão 919, em O Livro dos Espíritos). Quando uma pessoa não conseguir isso sozinha, ela não deve deixar de procurar a ajuda de amigos e parentes, de um terapeuta especialista, e de Deus.

Em relação ao estresse e a depressão, pesquisas mostram que as técnicas de psicoterapia em grupo e programas educacionais conseguem as maiores taxas de sucesso, seguidas pela Acupuntura e as técnicas variadas de relaxamento (massagem bioenergética, Yoga etc.), e depois pela medicação alopática. As técnicas de auto-ajuda com áudio e vídeo alcançam menos resultados, mas combinações das várias técnicas citadas conseguem resultados ainda melhores, pois uma técnica potencializa a outra. Psicoterapia Individual também tem alta taxa percentual de sucesso. Exercícios físicos, cultivo do bom-humor e reeducação alimentar possuem comprovadamente, efeitos terapêuticos contra o estresse e a depressão, especialmente quando presentes em contexto interdisciplinar com as terapias psicológicas citadas. Nesse caso, abre-se espaço de atuação para outros profissionais como fisioterapeutas, professores de educação física, nutricionistas e médicos naturalistas trabalharem em conjunto.

Quanto à dimensão espiritual, estudos embasados em pesquisas experimentais mostram que ao se buscar a verticalidade do relacionamento com a Providência (Deus), o estresse é modificado e administrado dentro dos parâmetros de máxima saúde e capacidade reprodutiva (Fajardo, 1997). O interessante é que esse fato é observado tanto por pesquisadores de orientação espírita, quando por pesquisadores não-espíritas. A pesquisa em ciência espírita conclui, portanto, que um serviço de orientação espiritual - coligado aos trabalhos terapêuticos citados nas pesquisas realizadas - é um procedimento complementar útil à manutenção da saúde integral do corpo, da mente e do espírito.



Adalberto Ricardo Pessoa*



Referência Bibliográfica Complementar:

- Fajardo, Augusto e cols. Qualidade de vida com saúde total. Vila Prudente: Editora Health Ltda, 1997. (Pág. 403: artigo “Como enfrentar o estresse” do Dr. Irineu César Silveira dos Reis).


*Psicólogo Clínico e Analista Junguiano e Transpessoal formado pela USP, Membro da Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas (ABRAPE)


Fonte: Jornal O Semeador – maio/2002
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

BASES ESPÍRITAS NA PSICOLOGIA

A psicologia, sem sombras de dúvidas, sofre grande impulso científico com o advento dos trabalhos de Freud, logo seguindo-se Jung com maior riqueza científica.

No final do século XIX e início deste (séc. XX), era voz corrente entre os estudiosos e laboradores da psicologia que, se abandonássemos as ideias freudianas, inapelavelmente cairíamos em Jung, porquanto, nesta época, os descortinadores dos véus da alma mostravam-se, com certa eficiência, dentro das razões científicas. Entretanto, novas escolas e modificações nos conceitos dos criadores da psicologia profunda muito deve a Jung, não só pela retomada das ideias freudianas onde ele parou, mas, principalmente, pelo enriquecimento de conceitos e hipóteses de trabalho. Jung divergiu de Adler, também seu contemporâneo, por este ter tomado rumos que se afastavam da psicanálise – em reentronizando o EU, fez uma espécie de volta da psicologia à superfície do psiquismo, valorizando, quase com exclusividade, a zona consciente, sem a devida penetração na energética de profundidade como exigência de uma época. Jung, ao contrário, ofereceu bons mergulhos no inconsciente criando muitas luzes, mas, mesmo assim, deu violentas paradas por faltarem lastros científicos de elementos outros que tinha receio de admitir oficialmente – a imortalidade do inconsciente (Espírito) e o processo renovador das reencarnações.

Todas essas discussões mostravam as fraquezas da psicologia profunda diante das estruturas de suas hipóteses. Os mais atilados de antanho e dos nossos dias, não combatem a ideia do inconsciente, pois reconhecem as autenticidades desse bloco de energias que carregamos; discutes-se, sim, principalmente nos dias atuais, a origem da zona inconsciente e sua estruturação.

Se Adler fez um retorno à zona consciente, Jung mergulha no estofo do bloco anímico. Freud fica numa posição intermediária com o mérito de ter sido o responsável pela abertura dos véus da alma. Foram, justamente, essas três escolas que possibilitaram os sentimentos onde o movimento psicanalítico tomava assento. Em seu movimento inicial, na Europa, houve muitas discussões, especulações, desconfianças, confianças excessivas, de modo a redundar num mar de hipóteses e interpretações; mas, com o tempo, se foi fixando e tomando um sentido baseado nas escolas que lhe modelaram os fundamentos.

Freud foi o pioneiro pela descoberta das atividades do inconsciente (a ideia do inconsciente é bem mais antiga); por ser mais um pesquisador deu pouca atenção à terapêutica nestes arraiais em que os médicos procuravam arrecadar novos conceitos. Tanto assim que Alexander, uma das grandes estrelas da psiquiatria, disse: "Essa tradição de pesquisa talvez seja uma das razões pelas quais o método de tratamento psicanalítico mudou muito pouco desde sua origem". Acrescentamos: o método, com sua evolução natural dentro dos conceitos psicológicos, seria mais um método antropológico do que terapêutico; método que buscará, nas novas aquisições por virem, a descoberta do próprio Espírito.

Jung, ao mergulhar no psiquismo, define o inconsciente coletivo, seus arquétipos e símbolos, faltando-lhe homologar o lastro imenso do pretérito, resultado de autênticas vivências sempre reedificadas pelo mecanismo reencarnatório. A estrutura do inconsciente, apresentada por Jung em 1902, foi o resultado de um estudo atento e bem penetrante sobre o desenvolvimento anímico de uma sonâmbula. Jung percebeu a existência dos mecanismos do inconsciente, mas esbarrou no processo de imortalidade. Isolando esta proposta, além da difícil aceitação pelo meio científico, criou, com sua enciclopédica cultura, uma psicologia de difícil entendimento. Em 1916, fez novo retoque sobre a conceituação do inconsciente e nos dá uma palavra final sobre o assunto, em 1928, assim mesmo afirmando que cabe ao futuro uma melhor avaliação de sua energética. Entretanto, deixou bem demarcado que a mente possui legados de conteúdos históricos, verdadeiras moldagens arcaicas que se tornam presentes na zona consciente, por diversos motivos, principalmente os de caráter emocional. Muitos quadros clínicos da psiquiatria, lastreados em exaltação emocional manifesta, podem remover para a zona periférica do psiquismo (zona consciente) aqueles blocos de energias internas como se fora uma drenagem.

Tudo isso vem mostrar uma verdade psicológica que só poderá ser entendida com a ideia de perenidade do inconsciente; o que vale dizer, de imortalidade. Inconsciente imortal, com seus conteúdos históricos, só poderá ser compreendido como o Espírito perene, lastreado nas experiências reencarnatórias. Dentro do pensamento espírito (imortalidade, reencarnação, comunicações entre Espíritos) melhor compreenderemos a abertura freudiana e a construção junguiana, apesar das suas ainda limitadas proposições.

Até hoje os psicologistas não conseguem bem entender Jung sobre os arquétipos, a ponto de Ramon Sarró dizer que os arquétipos não podem ser "a decantação de vivências de nossos antepassados pré-históricos. Serão produtos das atividades da imaginação? Mas, que é a imaginação? Mas, qualquer que seja o pensamento sobre os arquétipos a realidade dos mesmos não pode ser negada". A personalidade Maná, abordada por Jung, com suas estruturas arquetípicas, mostra a importância desses fatos psicológicos. Personalidade Maná – ser pleno de qualidades ocultas – em termos junguianos é merecedora de análise: "Reconheço que em mim atua um fator psíquico que se oculta diante de minha vontade consciente. Inspira-me ideias extraordinárias, ao lado de produzir afetos e caprichos em minha natureza. Sinto-me importante diante desses fatos e o que considero pior, estou atado a esses fatos de modo a admirá-los". Muitos consideram e traduzem essa confissão como típica de um temperamento artístico e mesmo filosófico. Acentua ainda Jung: "A personalidade Maná é dominante no inconsciente coletivo, é o arquétipo do homem poderoso em forma de herói, mago, santo, curandeiro, dono de homens e Espíritos, amigo de Deus".

Não podemos deixar de ver e sentir o tácito reconhecimento de Jung dos processos espirituais na psicologia, embora tendo de contorná-los e aproximá-los da ciência de seu tempo. Basta, para isso, analisar a essência da Doutrina Espírita.

Foram as expansões dos arquétipos que propiciaram a Jung a construção de interessantes explicações de muitos fenômenos psicopatológicos, incluindo as neuroses, afastando-se das ideias freudianas que tudo localizavam na infância. Ampliando os conceitos das neuroses chega a admitir uma espécie de amestralidade dos arquétipos neste contexto, coisa, aliás, que ficou muito a desejar. Tudo isso porque o método psicanalítico e os de psicanálise conduzem ao conhecimento das estruturas psíquicas, jamais a um vibrante método de analises do psiquismo como métodos de pesquisa antropológica. É bem verdade que diante de um melhor conhecimento poderemos ter melhores possibilidades de tratamento. A sondagem em uma boa trilha pode levar ao tratamento, mas ela, por si só, não é método terapêutico.

Se atentarmos para os arquétipos, a personalidade Maná, o relacionamento com as neuroses e tantas outras explosões do inconsciente na zona consciente, anotadas por Jung, quer as de caráter hígido e as conotações patológicas, chegamos à conclusão de quanto os conceitos da Doutrina Espírita asseguram melhor compreensão e avaliação da zona inconsciente que, em última análise, representa o Espírito.

Os arquétipos junguianos, nas malhas estruturais do inconsciente coletivo, só podem mostrar, autêntico sentido, se dermos a eles a natural formação arquimilenar ao lado da constante construção maturativa nas experiências das etapas reencarnatórias. Quando Ramon Sarró conclama que o arquétipo não pode ser a decantação de vivências de nossos antepassados pré-históricos e que somente a imaginação poderá assim concebê-los, é por ter ficado num grande impasse ao perceber, no arquétipo, a história da humanidade. Podemos mesmo afirmar: os arquétipos são as construções adquiridas nas imensas etapas reencarnatórias, às expensas das diversas personalidades corpóreas que vamos desfilando pela vida afora.

Por tudo, achamos que Jung foi um dos grandes missionários da psicologia: muito fez e mostrou, tentou muitas vezes aproximar-se da metafísica, naquilo que a ciência do seu tempo podia suportar. Se hoje retomarmos à psicologia de Jung e conceituamos as zonas do psiquismo, colocando os arquétipos sob forma de núcleos em potenciação e os situando numa zona específica denominada de inconsciente passado, e admitindo a esses núcleos um constante burilamento e crescimento diante das experiências milenares das reencarnações, cremos que melhor atenderemos à psicologia. Diante da imortalidade do inconsciente ou zona espiritual e da comunicabilidade dos Espíritos em face dos fenômenos mediúnicos com suas múltiplas facetas, melhor entenderemos os complexos afetivos e a personalidade Maná tão bem equacionados por Jung. Com isso, poderemos ajudar a construção da psicologia com as exigências próprias de cada época, compreendendo os lidadores e construtores onde os lugares de Freud e Jung já estão reservados.

A Doutrina Espírita, perante as aquisições e pesquisas dos dias atuais, lastreada nas experiências de todas as épocas, possui condições de oferecer ao homem aturdido de nossos tempos um caminho bem autêntico, sem afastá-lo de suas verdades científicas. A Doutrina Espírita se faz, por excelência, dinâmica, acompanhando o pensamento humano, dando-lhe, entretanto, lógica e fé raciocinada como elementos indispensáveis para o surgimento do homem novo. O homem novo, que nada mais seria do que a velha estrutura, mais bem burilada e temperada nos contratempos e gratificações psicológicas, em novos corpos, mais ágeis, exigindo, principalmente das estruturas espirituais, temas da evolução, o esclarecimento das estruturas espirituais.



Dr. Jorge Andrea



Fonte: do livro "Enfoques científicos na Doutrina Espírita"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

CONSCIENTIZAÇÃO PASSIVA

Na conscientização não existe se tornar, não existe fim a ser alcançado. Há silenciosa observação sem escolha e condenação, daí vem a compreensão. Neste processo quando pensamento e sentimento se revelam, o que só é possível quando não existe aquisição nem aceitação, então vem uma conscientização extensiva, todos os níveis ocultos e sua significação se revelam. Esta conscientização revela aquele vazio criativo que não pode ser imaginado ou formulado. Esta conscientização extensiva e o vazio criativo são um processo total e não são estágios diferentes. Quando você observa silenciosamente um problema sem condenação, justificação, vem aí a consciência passiva. Nessa consciência passiva há elevada sensibilidade, na qual está a mais alta forma do pensar negativo. Quando a mente está formulando, produzindo, não pode haver criação. Só quando a mente está quieta e vazia, quando não está criando um problema, nessa passividade alertada há criação. A criação só pode ocorrer na negação, que não é o oposto do positivo. Ser nada não é a antítese de ser alguma coisa. Um problema surge apenas quando existe busca por resultado. Quando a busca por resultado cessa, só então não existe problema.



J. Krishnamurti



Fonte: http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

ANSIEDADE, PSICOLOGIA E ESPIRITISMO

1) O que é a ansiedade?

Ansiedade é um intenso mal-estar físico e psíquico, acompanhado de aflição e agonia. Figuradamente, desejo veemente e impaciente.  

2) Como é definida pela Psicologia?

Na Psicologia, a ansiedade pode variar de simples apreensão aos ataques de fobias, melancolia e pânico. Pode-se dizer que é um estado de agitação motora e excitação intelectual, provocado por sentimentos de natureza penosa, que se revela por movimentos desordenados, mas pouco variados, indicando medo, angústia, desespero, pavor etc. (1)

3) Qual a contribuição de Freud?

Na concepção de Freud, a ansiedade é uma espécie de “sistema de alarme”, que nos previne do perigo quando certas ideias estão a ponto de alcançar a expressão consciente. Freud estabeleceu três tipos de ansiedade: moral, real e neurótica. A ansiedade moral decorre da censura do superego; a ansiedade real, pela percepção de um perigo que de fato existe; a ansiedade neurótica, expressa-se pelas fobias, medo persistente e irracional. (2)

4) Quais são os sintomas da ansiedade?

Fisicamente, palpitações, rigidez do tórax, suor, sequidão da boca, aumento da vontade de defecar ou urinar, dores de cabeça, tonturas. Psicologicamente, sentimentos de medo, pânico e tendências para temas de desgraças dominando os seus pensamentos. (3, p. 13)

5) O que é o transtorno de ansiedade?

“Um estado de ansiedade e apreensão contínua e irracional, algumas vezes desencadeando um medo agudo que chega ao pânico, acompanhado por sintomas de perturbação autônoma; com efeitos secundários em outras funções mentais como a concentração, a atenção, a memória e o raciocínio”. (3, p. 13) Há cinco tipos: transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de pânico, transtorno de pânico com agorafobia, fobia social e fobia simples.

6) Quais são as causas dos transtornos de ansiedade?

De uma lista de aproximadamente 40 itens (como pontuação de 0 a 100), tais como, casamento, férias, natal, ou seja, como passamos o nosso dia a dia, a morte do cônjuge recebeu 100, o divórcio, 73, a separação conjugal, 65, a aposentadoria, 45. (3, p. 25)

7) Qual o objetivo de Elaine Sheehan, em seu livro Ansiedade, Fobias e Síndrome de Pânico?

O seu objetivo é ajudar os indivíduos a manterem a ansiedade sob controle, uma vez que ela, em pequenas doses, é bastante útil. Para tanto, fala-nos sobre o relaxamento, as visualizações criativas, a reeducação do pensamento, a programação Neurolinguística, a hipnose etc.

8) Onde encontrar subsídios, na Doutrina Espírita, para o problema a ansiedade?

A codificação espírita, como um todo, é um convite à paz e à harmonia interior, antídotos da ansiedade. Especificamente, o capítulo V (Bem-Aventurados os Aflitos), de O Evangelho Segundo o Espiritismo, oferece-nos grandes subsídios para o tratamento da ansiedade, pois fala-nos das causas e da justiça das aflições, o que estimula o equilíbrio do nosso pensamento.

9) Que tipo de orientações o Espírito Emmanuel nos traz?   

Ele nos diz que as ansiedades armam muitos crimes e jamais edificam algo de útil na Terra. Se o homem nascesse para andar ansioso, seria dizer que veio ao mundo, não na categoria de trabalhador em tarefa santificante, mas por desesperado sem remissão. Muitas ocasiões incitam-nos à ansiedade, porém pensemos com Pedro: “Lança as inquietudes sobre as tuas esperanças em Nosso Pai Celestial, porque o Divino Amor cogita do bem-estar de todos nós”. (4, cap. 8)

10) O que um Centro Espírita pode nos oferecer para ajudar a cura da ansiedade?

O Centro Espírita é a Universidade da alma. Nele, podemos encontrar auxílio para qualquer tipo de dor. Suponha que a ansiedade seja acompanhada por influência de Espíritos imperfeitos. Nesse caso, o diálogo com essas entidades pode afastá-las do nosso convívio e nos dar calma para o nosso dia a dia. As palestras evangélicas, os passes, os cursos de Espiritismo são outros tantos alimentos para modificar os nossos reflexos condicionados infelizes.


(1) GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.].

(2) SOUZA, Irene Sales de (org.). Dicionário de Psicologia Prática. Rio de Janeiro: Esparsa, s.d.p.

(3) SHEEHAN, Elaine. Ansiedade, Fobias e Síndrome do Pânico: Esclarecendo as suas Dúvidas. Tradução de ZLF Assessoria Editorial. São Paulo: Ágora, 2000. (Guias Ágora)

(4) XAVIER, F. C. Pão Nosso, pelo Espírito Emmanuel. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977.



Sérgio Biagi Gregório



Fonte: https://sites.google.com/site/aprofundamentodoutrinario/ansiedade-psicologia-e-espiritismo
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

MORADOR INTERNO

O Senhor é o Morador Interno de todos os seres e é Onipresente. Ele é a alma em cada ser. Ele está em você tanto quanto Ele está em todos os outros. Ele não está presente mais em uma pessoa rica ou é maior em uma pessoa gorda. Sua centelha ilumina a caverna do coração, de cada um. O Sol brilha igualmente sobre todos; Sua Graça cai igualmente sobre todos. Você constrói obstáculos que impedem os raios de Sua Graça de tocar e aquecer seu coração. Não culpe a Deus por sua ignorância ou loucura ou perversidade. Assim como água subterrânea jorra efusivamente quando se perfura um buraco até certa profundidade, pela repetição constante do Nome do Senhor, toque a fonte da Divindade e um dia ela brotará em abundância, dando-lhe interminável alegria.



Sathya Sai Baba



Fonte: www.sathyasai.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

terça-feira, 20 de agosto de 2013

ANGÚSTIA DE SOLIDÃO

(...) A obtenção da maturidade afetiva representa um passo importante para o homem, porque, na realidade, ela lhe oferece a chave para resolver o problema central da vida humana, ou seja, o problema da solidão e da incomunicabilidade. 

Podemos dizer que a razão fundamental da infelicidade humana é a angústia da solidão, pois o homem é, por natureza, feito para viver em sociedade, relacionado com seus semelhantes, e é levado, por uma força inata e instintiva, a superar a barreira do seu "eu" separado, para unir-se a qualquer um outro. 

O drama do homem é aquele de ter o dever de desenvolver a sua individualidade, de alcançar a consciência do "eu" e, ao mesmo tempo, de poder sentir, justamente por meio deste seu "eu", a Unidade com os outros seres humanos. 

É um aparente conflito, um dualismo angustioso que só pode ser solucionado por meio do tempo. 

De fato, o amor faz superar a barreira do "eu" e cria as pontes para que seja possível alcançar os outros indivíduos e conhecê-los intimamente. 



Dra. Angela Maria La Sala Bata



Fonte: do livro "Maturidade Psicológica"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

SENTIDO DA VIDA

A ideia de que a vida não tem sentido se os desejos não forem satisfeitos é resultado de um pensamento estreito. É um sinal de que só se pensa em si, com uma ideia bem estreita sobre si mesmo. Mesmo quando a vida parece sem sentido porque nossos desejos particulares não foram satisfeitos, ainda temos possibilidades ilimitadas. Podemos ver que é assim porque nossa vida alcança muito além de onde nos encontramos a qualquer momento.

Nossa vida é vasta. Ela não termina nos limites daquilo que pessoalmente vivenciamos. Não é algo concreto ou delimitado. Não acho que seja válido encarar nossa vida como estando limitada a nós mesmos — como se a vida humana alcançasse apenas até onde vai nosso próprio corpo. Em vez disso, podemos ver que a vida se estende por todas as direções, como uma rede. Jogamos a rede e ela vai se expandindo. Exatamente assim, nossa vida se estende para tocar muitas outras vidas. Nossa vida pode alcançar adiante e se tornar uma parte constante da vida de todos.

Acredito que nossa vida pode parecer sem sentido apenas quando pensamos nela de modo limitado, como sendo apenas aquilo que está diretamente ligado a nós.

Pessoalmente, se eu fosse encarar minha própria vida assim, ela seria totalmente sem sentido. Carregando esse nome, escapando do Tibete, todos os esforços feitos desde então — dificilmente valeria a pena tanta confusão por causa de uma pessoa apenas: eu! Mas quando vejo minha vida como algo expansivo, e vejo que posso trazer alguma felicidade e alegria nem que seja para apenas uma pessoa, então sei que minha vida realmente tem significado.



Orgyen Trinle Dorje, o 17º Karmapa

“The Heart is Noble”, cap. 2



Fonte: http://darma.info/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A VIDA É UMA OPORTUNIDADE

A vida é uma oportunidade, uma oportunidade para você se realizar.

Você pode perdê-la, muitos a perdem - são raras as pessoas que a aproveitam. Essas poucas pessoas são aquelas que entram em seu próprio mundo interior.

Viver preocupado com dinheiro, poder e prestígio é um grande desperdício.

O principal interesse de uma pessoa deveria ser a resposta a "Quem sou eu?".

Não fique satisfeito enquanto não souber isso.

Tome uma decisão importante no fundo de seu ser: "Tenho de descobrir isso", porque essa decisão se torna uma semente.



Osho, em "Meditações Para o Dia"



Fonte: www.palavrasdeosho.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

DOENÇAS DO CORPO, REFLEXÕES DA ALMA

As enfermidades, principalmente aquelas denominadas de psicossomáticas ou psicofisiológicas, são comprovadamente originárias dos fatores psíquicos.

Existe um grupo de doenças que desconhecemos as suas inter-relações psíquicas e, por isso, pensamos que se desenvolvem exclusivamente nas estruturas físicas. Entretanto, com as aquisições e observações da psicopatologia, podemos asseverar a intervenção dos fatores internos ou psicogênicos em todas as atividades do organismo físico. Os casos de certas lesões anatômicas e tumores diversos, também estariam ligados à energética do psiquismo de profundidade. Seriam os reflexos das deficiências internas periferia corpórea.

Com isso percebe-se a importância do estado psicológico do indivíduo em face da doença. O estado de ânimo de cada ser influenciará grandemente no desenvolvimento da doença, como, também, no processo da cura. Muitos pacientes de bom estado de ânimo, alegres e otimistas, têm mais probabilidade de encurtarem os períodos de doença do que os tristes e pessimistas com pouco desejo de viver. Daí não ser conveniente analisar uma determinada doença sem ajuizar as reações psicológicas de quem a padece.

O grande componente das doenças está relacionado mais diretamente às distonias do Espírito, por isso denominadas como doenças psicossomáticas. Esclareça-se que o psiquismo profundo ou da zona Inconsciente, para grande parte dos estudiosos do assunto é considerado como consequência da zona Consciente, portanto o resultado do trabalho dos neurônios. Para nós representa a própria zona Espiritual, de arquitetura energética específica, a transcender na imortalidade a faixa de mortalidade do corpo físico.

As doenças psicossomáticas poderão estar ligadas à pele (urticária, prurido, acnes); aos músculos (dores na nuca, nas costas), cujas contraturas produzem comumente dor de cabeça; ao aparelho respiratório (crises asmáticas, rinite alérgicas, hiperventilação pulmonar); ao aparelho circulatório (taquicardia, extrassístoles, hipertensão com oscilação, enxaqueca); ao aparelho digestivo (vômitos, dores gástricas, colites, constipação crônica); ao aparelho urinário (variações do volume de urina); até mesmo ao mecanismo endócrino (certas doenças da tireóide).

Por tudo, vê-se a importância desses mecanismos espirituais (psicogênicos) em desague na organização física, representando uma tela de escoamento e consequente equilíbrio de forças.



Dr. Jorge Andrea



Fonte: do livro “Psicologia Espírita”
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

POR QUE TANTAS PESSOAS AMAM COISAS EM VEZ DE PESSOAS?

Ouvi contar...

O dr. Ahrams foi chamado à loja de Mulla Nasruddin, onde Nasruddin jazia inconsciente. Dr. Abrams cuidou dele por um longo tempo e, finalmente, conseguiu revivê-lo.

“Como você conseguiu beber aquilo, Nasruddin? Você não viu o rótulo na garrafa? Estava escrito ‘veneno’!”

“Vi, doutor”, respondeu Nasruddin, “mas eu não acre­ditei.”

“Por que não?”, perguntou o dr. Abrams.

Nasruddin respondeu: “Porque sempre que acredito em alguém sou enganado”.

Pouco a pouco, as pessoas aprendem a não acreditar, a não confiar, a permanecerem cronicamente em dúvida. E isso ocorre tão vagarosamente, em doses tão pequenas, que você nunca está alerta para o que está acontecendo com você. Quando vê, é tarde demais.

É isso o que as pessoas chamam de experiência. Diz-se que uma pessoa é experiente quando ela perdeu contato com o coração. Dizem então: “Esse é um homem muito experiente, muito esperto, muito astuto; ninguém pode enganá-lo”.

Talvez ninguém possa enganá-lo, mas ele enganou a si mesmo. Ele perdeu tudo aquilo que era valioso; ele perdeu tudo.

Então, um fenômeno muito peculiar acontece: não se pode amar pessoas, porque pessoas podem enganar. Começa-se a amar coisas, então. Como há uma grande necessidade de amar, as pessoas vão buscando substitutos: alguém ama a sua casa, alguém ama o seu carro, alguém ama as suas roupas, alguém ama o seu dinheiro...

É claro, a casa não pode enganá-lo, o amor não corre risco. Você pode amar o carro - um carro é mais confiável do que uma pessoa real. Você pode amar o dinheiro - o dinheiro é uma coisa morta, está sempre sob seu controle. Por que tantas pessoas amam coisas em vez de pessoas? E até mesmo quando, às vezes, amam uma pessoa, elas tentam reduzir a pessoa a uma coisa.

Se você ama uma mulher, você está, de imediato, pronto para reduzi-la tornando-a sua esposa. Você está pronto para reduzi-la a determinado papel: o papel de esposa, mais previsível do que a realidade de uma amada.

Se você ama um homem, você está pronta para possuí-lo como uma coi­sa. Você quer que ele seja seu marido, porque um amante é mais líquido, nunca se sabe... Um marido parece algo mais sólido. Pelo menos, existe a lei, existe o tribunal, existe a polícia, existe o Estado, que dão certa solidez ao marido. Um amante parece ser como um sonho: não tão substancial.

Assim que as pessoas se apaixonam, elas estão prontas para o casamento - tal é o medo do amor. E seja quem for que amemos, começamos a tentar controlar. Esse é o conflito que permanece entre esposas e maridos, mães e filhos, irmãos e irmãs, amigos - quem vai possuir quem? Isso significa: quem vai definir quem, quem vai reduzir quem a uma coisa? Quem será o senhor e quem será o escravo?

Mulla Nasruddin sentou-se, resmungando, para beber; e um amigo lhe disse: “Você parece mal hoje, Mulla. O que houve?”

Nasruddin disse: “Meu psicanalista disse que estou amando o meu guarda-chuva e que essa é a fonte dos meus problemas”.

“Amando seu guarda-chuva?!”

“É. Isso não é ridículo? Ora, eu gosto dele, eu respeito o meu guarda-chuva, gosto da companhia dele. Mas... amor?”

Mas o que mais é amor? Se você aprecia a companhia do seu guarda-chuva, se você o respeita, se você gosta do seu guarda-chuva, o que mais é amor?

Amor é respeito, um tremendo respeito; amor é um gostar profundo; e amor é pura alegria com a presença daquele que você ama. O que mais é amor? Mas as pessoas amam coisas - uma necessidade profunda é, de alguma forma, preenchida por substitutos.

Lembre-se: a primeira calamidade é a pessoa tornar-se orientada-pela-cabeça. A segunda calamidade é a pessoa começar a substituir a necessidade de amor por coisas. Então, você está perdido, perdido na terra desértica. Então, você nunca alcançará o oceano. Então, você simplesmente se dissipará e evaporará. Então, sua vida toda será um puro desperdício.

No momento em que você toma conhecimento de que é isso o que está acontecendo, mude o fluxo: faça todos os esforços para contatar novamente o coração. É isso o que os bauls chamam de amor - refazer o contato com o coração para desfazer o que foi feito a você pela sociedade.



Osho, em "Vida, Amor e Riso"



Fonte: www.palavrasdeosho.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sábado, 17 de agosto de 2013

POR QUE ENTRAMOS EM DEPRESSÃO?

Por que ficamos deprimidos? Eis uma pergunta que pacientes, parentes e outras pessoas fazem ao psiquiatra.

Os pacientes com depressão anseiam pela cura. A melhor maneira de ajudá-los é com apoio e compreensão. Exigir que reajam costuma aumentar-lhes o sofrimento. 

A resposta da medicina não satisfaz a todos, porque se limita a uma visão biológica, psicológica e social. Para que fosse plenamente satisfatória, precisaria contemplar também a visão espiritual.

A resposta do espiritismo é mais ampla, porque, além de acatar os resultados das pesquisas científicas conduzidas com rigor e seriedade, abrange a dimensão espiritual.

Podemos afirmar que as depressões são causadas ou desencadeadas pelas seguintes razões:

- Situações estressantes e perdas diversas. Quando ocorre a perda de um ente querido por desencarnação, separação, mudança de cidade; rompimento de relações afetivas; prejuízos materiais, perda de emprego; violência, humilhações; situações estressantes no trabalho ou em casa; algumas doenças, como câncer; alguns medicamentos etc.

- Traumas  e outras vivências. Quando o espírito é portador de traumas sofridos em existências passadas ou na atual, ou no mundo espiritual inferior; consciência de culpa por erros praticados no passado; rejeição pela vida ou especificamente pela encarnação atual.

- Obsessão. Inúmeros casos resultam de influência de espíritos inferiores, que projetam pensamentos negativos, ideias de suicídio e sentimentos de tristeza na mente da pessoa, desencadeando o estado depressivo.

- Expiações e provas. Muitos espíritos, quando estão planejando a reencarnação, no mundo espiritual, escolhem um corpo com predisposição para depressão, a fim de poderem resgatar débitos de existências anteriores através desta doença. Para atingir esse objetivo, pedem a oportunidade de renascer numa família em que a doença é muito frequente, seguramente por transmissão genética.

Os espíritos que fazem essa escolha, quase sempre, são os que cometeram injustiças contra o próximo, levando-os à depressão e, muitas vezes, ao suicídio. Dessa forma, resolvem resgatar com a mesma moeda, ou seja, com a mesma doença.

É importante ressaltar que a depressão causada por obsessão constitui também expiação ou prova, como ensina Allan Kardec: "A obsessão, como as enfermidades e todas as tribulações da vida, deve ser considerada como prova ou espiação e como tal aceita." ("O Evangelho segundo o Espiritismo", capítulo, 28, item 81).

Fica evidente que a depressão é problema complexo, sobretudo quando examinada com a visão espiritual. 

Com essa compreensão, não é difícil entender que o tratamento ideal para a depressão deve incluir, além dos recursos psiquiátricos e psicoterapêuticos, a assistência espiritual.



Umberto Ferreira



Fonte: "Revista Espírita Allan Kardec"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

ALÉM DA INTELIGÊNCIA

Sua inteligência mundana não consegue entender os caminhos de Deus. Ele não pode ser reconhecido por mera astúcia, que é o que a sua inteligência é principalmente. Você pode se beneficiar de Deus, mas não pode explicá-Lo. Você pode se beneficiar de eletricidade e usá-la de mil maneiras, mas não pode explorar e explicar seu mistério. Como e porque ela funciona de uma maneira particular e não de qualquer outra forma, está além de seu alcance. Suas explicações são apenas suposições, tentativas para vestir sua ignorância com expressões pomposas. O erro é: você dá ao cérebro mais valor do que ele merece. Para-thathwa (Verdade Suprema) está além do alcance do cérebro; você não pode levantar uma pedra enquanto permanece sobre ela! Permanecendo em Maya (ilusão), você não pode descartá-la.



Sathya Sai Baba



Fonte: www.sathyasai.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

OSTENTAÇÃO E DESAPEGO

Vivemos uma época de celebridades, apelos fáceis à riqueza, ao consumismo, às paixões avassaladoras. Transitamos aturdidos por um mundo em que o destaque vai para aquele que mais tem.

E a todo instante os comerciais de televisão, os anúncios nas revistas e jornais, os outdoors clamam: Compre mais. Ostente mais. Tenha mais e melhores coisas.

É um mundo em que luxo, beleza física, ostentação e vaidade ganharam tal espaço que dominam os julgamentos.

Tornamo-nos, enfim, escravos dos objetos. Objetos de desejo que dominam nosso imaginário, que impregnam nossa vida, que consomem nossos recursos monetários.

E como reagimos? Será que estamos fazendo algo – na prática – para combater esse estado de coisas?

No entanto, está nos desejos a grande fonte de nossa tragédia humana. Se superarmos a vontade de ter coisas, já caminhamos muitos passos na estrada do progresso moral.

Experimente olhar as vitrines de um shopping. Olhe bem para os sapatos, roupas, joias, chocolates, bolsas, enfeites, perfumes.

Por um momento apenas, não se deixe seduzir. Tente ver tudo isso apenas como são: objetos.

E diga para si mesmo: Não tenho isso, mas ainda assim eu sou feliz. Não dependo de nada disso para estar contente.

Lembre-se: é por desejar tais coisas, sem poder tê-las, que muitos optam pelo crime. Apossam-se de coisas que não são suas, seduzidos pelo brilho passageiro das coisas materiais.

Deixam para trás gente sofrendo, pessoas que trabalharam arduamente para economizar...

Deixam atrás de si frustração, infelicidade, revolta.

Mas, há também os que se fixam em pessoas. Veem os outros como algo a ser possuído, guardado, trancado, não compartilhado.

Esses se escravizam aos parceiros, filhos, amigos e parentes. Exigem exclusividade, geram crises e conflitos.

Manifestam, a toda hora, possessividade e insegurança. Extravasam egoísmo e não permitem ao outro se expressar ou ser amado por outras pessoas.

É, mais uma vez, o desejo norteando a vida, reduzindo as pessoas a tiranos, enfeiando as almas.

Há, por fim, os que se deixam apegar doentiamente às situações.

Um cargo, um status, uma profissão, um relacionamento, um talento que traz destaque. É o suficiente para se deixarem arrastar pelo transitório.

Esses amam o brilho, o aplauso ou o que consideram fama, poder, glória.

Para eles, é difícil despedir-se desse momento em que deixam de ser pessoas comuns e passam a ser notados, comentados, invejados.

Qual o segredo para libertar-se de tudo isso? A palavra é desapego. Mas... Como alcançá-lo neste mundo?

Pela lembrança constante de que todas as coisas são passageiras nesta vida. Ou seja: para evitar o sofrimento, a receita é a superação dos desejos.

Na prática, funciona assim: pense que as situações passam, os objetos quebram, as roupas e sapatos se gastam.

Até mesmo as pessoas passam, pois elas viajam, se separam de nós, morrem...

E devemos estar preparados para essas eventualidades. É a dinâmica da vida.

Pensando dessa forma, aos poucos, a criatura promove uma autoeducação que a ensina a buscar sempre o melhor, mas sem gerar qualquer apego egoísta.

Ou seja, amar sem exigir nada em troca.




Fonte: Redação do Momento Espírita 
Disponível no livro Momento Espírita, v. 6, ed. Fep.  
http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=1520&stat=0
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

FIXAÇÃO NO PASSADO

O depressivo, em regra, é alguém que traz a mente fixada no passado triste e sombrio, comprazendo-se em recordar as experiências menos felizes, as situações que mais o afligiram. Mas, na hipótese de você estar com depressão, pergunto-lhe: por que se fixará somente no lado pior, aquele que o descontentou? Por que a eleição da amargura, em detrimento dos júbilos?

Ninguém, no mundo, que passe incólume às experiências alegres como às tristes. (Joanna de Ângelis)

Assim, alma irmã, na hipótese de estar enferma, procure se libertar da amargura, da queixa e do pessimismo, recordando as horas boas e revivendo-as, o que lhe dará estímulo e forças para prosseguir.

Fixar-se no passado é desperdício da oportunidade presente, com comprometimento do futuro.

O homem é as suas memórias, o somatório das experiências que se lhe armazenam no inconsciente, estabelecendo as linhas do seu comportamento moral, social, educacional. 

Essas memórias constituem-lhe o que convém e o que não é lícito realizar. Concorrem para a libertação ou a submissão aos códigos estabelecidos, que propõem o correto e o errado, o moral, o legal, o conveniente e o prejudicial. (Joanna de Ângelis)



Izaias Claro


Fonte: do livro "Depressão – Causas, Consequências e Tratamento”, Ed. O Clarim, 1998
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

CRISES E PROBLEMAS

Provavelmente você estará atravessando longa faixa de provações em que o ânimo quase que se lhe abate.

Crises e problemas apareceram.

Entretanto, paz e liberdade, esperança e alegria dependem de sua própria atitude.

Se veio a colher ofensa ou menosprezo, você mesmo pode ser o perdão e a tolerância doando aos agressores o passaporte para o conhecimento deles próprios.

Se dificuldades lhe contrariaram expectativa de auto-realização, nesse ou naquele sentido, a sua paciência lhe fará ver os pontos fracos que precisa anular, a fim de atingir a concretização dos seus planos em momento mais oportuno.

Se alguém lhe impôs decepções, o seu entendimento fraterno observará que isso é uma bênção da vida, imunizando-lhe o espírito contra a aquisição de pesados e amargos compromissos futuros.

Se experimenta obstáculos na própria sustentação, o seu devotamento ao trabalho lhe conferirá melhoria de competência e a melhoria de competência lhe alteará o nível de compensação e recursos.

Se você está doente, é a sua serenidade com a sua cooperação que se fará base essencial de auxílio aos médicos e companheiros que lhe promovem a cura.

Se sofre a incompreensão de pessoas queridas, é a sua bondade com o seu desprendimento que se lhe transformará em arrimo para que os entes amados retornem ao mundo efetivos.

Evite as complicações de rebeldia e inconformidade, ódio e inveja, egoísmo e desespero que apenas engrossarão o seu somatório de angústia.

Mudanças, aflições, anseios, lutas, desilusões e conflitos sempre existiram no caminho da evolução; por isso mesmo, o mais importante não é aquilo que aconteça e sim o seu modo de reagir.



ANDRÉ LUIZ/ FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER



Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

APASCENTAR O BOI - UMA ALEGORIA ZEN


Apascentar o boi é um símbolo antigo na história do Zen. Há dez figuras na China; a décima figura causou grande controvérsia. Gostaria que você entendesse essas dez figuras.

As dez figuras são imensamente bonitas. Na primeira, o boi está perdido. O homem a quem o boi pertence está apenas parado, olhando em volta na mata densa e não consegue ver para onde o boi foi. Ele está simplesmente desnorteado, confuso. Está ficando tarde, o sol está se pondo; logo será noite e, então, entrar naquela floresta fechada para procurar o boi vai ficar cada vez mais difícil.

Na segunda figura, ele encontra as pegadas do boi. Ele se sente um pouco mais feliz; quem sabe haja uma possibilidade de encontrar o boi - ele achou as pegadas. Ele as segue.

Na terceira figura, ele vê a parte de trás do boi na mata densa. É difícil enxergar, mas ele consegue imaginar que é a parte traseira do seu boi.

Na quarta, ele chegou até o boi; ele pode ver o boi agora, o corpo dele inteiro. Ele se alegra.

Na quinta figura, ele pega o boi pelos chifres. É uma grande luta levá-lo de volta para casa, mas ele vence.

Na sexta figura, ele está montado no boi, voltando para casa. Essas são belas figuras!

Na sétima figura, o boi está amarrado em seu lugar.

Na oitava figura, o homem está tão contente que começa a tocar flauta.

A nona figura é uma moldura vazia - não há nada pintado ali.

Na décima figura, que é a causa de uma grande controvérsia, o homem está indo, com uma garrafa de vinho, em direção ao mercado, quase bêbado. Dá para perceber, ele nem consegue andar. Essa décima figura causou uma grande controvérsia que se estendeu por dois mil anos.

Uma seita, que é a maior seita mahayana, acredita que a nona seja a última figura. Ela representa a não-mente; você atingiu o objetivo. O boi é o seu eu mais interior que você tinha perdido, e a série inteira de figuras é a busca do seu eu interior. Você encontrou o eu na nona figura. O silêncio e a paz são imensos. É o nirvana, é a não-mente.

Além da nona... as pessoas que dizem que esse é o fim da jornada acham que alguém acrescentou a décima figura, que parece ser absolutamente irrelevante. Mas as pessoas que pertencem a uma pequena seita zen acreditam na décima figura também. Elas dizem que, quando alguém se tornou iluminado, esse não é o final. Esse é o ponto mais elevado da consciência, é o maior feito, mas é preciso voltar para o mundo humano, ao mundo comum.

É preciso voltar a fazer parte da humanidade maior. Somente então ele pode partilhar, somente então ele pode despertar os outros para a busca.

E certamente quando ele chega de tal altura, ele está absolutamente inebriado de êxtase. A garrafa de vinho não é de um vinho comum. Ela simboliza um estado de êxtase.

Quando as figuras foram levadas para o Japão, há uns mil e duzentos ou mil e trezentos anos, só chegaram nove. A décima causava certo incômodo; ela foi deixada na China.

Eu fiquei perplexo quando olhei pela primeira vez as figuras japonesas. Elas pareciam estar completas. Uma vez que tenha alcançado o nirvana, o que mais pode haver? E então eu descobri dez figuras num velho livro chinês.

Fiquei imensamente feliz pelo fato de que alguém, dois mil anos atrás, tinha tido a percepção de que um buda não é um buda se ele não puder voltar à humanidade comum, se ele não puder tornar-se de novo simples, inocente, levando seu nirvana, levando seu êxtase numa garrafa de vinho, completamente inebriado com o divino, mas ainda se dirigindo ao mercado.

Pude perceber que quem quer que tenha pintado a décima figura estava certo. Até a nona, é apenas lógico. Além da nona, a décima, é uma grande compreensão.

A meu ver, até a nona o homem é apenas um buda; com a décima ele também se torna um Zorba. E este tem sido meu tema constante: tenho insistido em dizer que a décima figura é autêntica e, se ela não existisse, eu iria pintá-la. Sem ela, acabar no nada dá uma impressão um pouco triste, parece um pouco sério, parece vazio.

Todo esse esforço para se encontrar, meditar, ir além da mente, compreender seu ser e terminar no deserto do nada... não, deve haver alguma coisa mais para isso, alguma coisa além disso, onde as flores desabrochem, onde as canções surjam, onde a dança seja possível novamente - num nível completamente diferente, é claro.

Essas figuras que representam o apascentar do boi mostraram-se tremendamente significativas para a explicação do caminho inteiro, passo a passo.



Osho, em "Zen: Sua História e Seus Ensinamentos"



Fonte das Imagens: Biblioteca Fuzku Tenri da Tenri University (Japão), publicados em "Zen: Sua História e Seus Ensinamentos", editora Cultrix, 2012
Fonte do Texto e da Gravura: http://www.palavrasdeosho.com/