Uma pessoa não pode desdobrar-se verdadeiramente se não aprendeu a desapegar-se… até ao último: a morte. Quantas pessoas não há que, como nunca aprenderam a desapegar-se, não conseguem, nem mesmo no momento da morte, desligar-se do corpo físico! Existem laços poderosos que as retêm. Enquanto estavam vivas, só pensavam nas questões materiais, no dinheiro, nos prazeres; então, como é que elas podem aceitar abandonar tudo isso? Assim, durante muito tempo, ficam vagueando em redor do corpo, pelos lugares onde viveram, perto dos seres que conheceram, e sofrem terrivelmente, até que servidores de Deus venham ajudá-las a libertarem-se. Outras, pelo contrário, deixam de imediato o corpo físico, como quem despe a camisa, tranquilamente, numa alegria maravilhosa. Por esta razão é que nas Escolas Iniciáticas sempre se ensinou os discípulos a cultivarem o desapego.
«Então - direis vós -, para nos desapegarmos temos de nos afastar do mundo, temos de deixar de nos dar com os humanos?» Não. Certos ascetas, certos eremitas, que compreenderam assim o desapego, fecharam-se num buraco, numa gruta de montanha… Eles pensavam que se tinham desapegado realmente, mas o seu desapego era apenas exterior. Na maior solidão, de repente eram assaltados por toda a espécie de desejo e cobiças. Graças à sua solidão, o "Diabo" podia visitá-los à vontade! A literatura está cheia de histórias que contam as tentações dos santos, dos eremitas… Não, não se trata de abandonar tudo, mas sim de compreender que o verdadeiro desapego é interior e que só a pureza pode conduzir-nos a ele.
Omraam Mikhaël Aïvanhov
Fonte: Publicações Maitreya, Porto, Portugal
https://publicacoesmaitreya.pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal
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