sexta-feira, 11 de julho de 2014

CARNE - LADO ESPIRITUAL DA QUESTÃO (ANDRÉ LUIZ - EMMANUEL - RAMATIS)

Para ajudar a compor o discernimento de cada um, repassamos uma coletânea de conceituados espíritos (Emmanuel, Ramatis, André Luiz) sobre "o lado de lá" da questão alimentícia, e como os amparadores relatam nossa "opção alimentar". Ainda não é para a compreensão e prática de todos da Terra. Mas já dá para, praticando ou não, pelo menos os espiritualistas, sensitivos, médiuns, projetores e estudiosos terem, no mínimo, ciência.

"Deus não condena suas criaturas, nem as pune por seguirem diretrizes tradicionais e que lhes parecem mais certas. A culpa começa exatamente onde também começa a consciência, quando já pode distinguir o justo do injusto e o certo e errado." (Ramatis)

Cremos desnecessário falarmos dos nutrientes provenientes da alimentação carnívora, pois que a natureza oferece uma alimentação de melhor qualidade, sem que seja necessário cometermos tantos abusos contra animais indefesos.

É tão importante a maneira como nos alimentamos que, André Luiz, no livro "Missionários da Luz", descreve várias situações sobre a alimentação, seus excessos e qualidade. Encontramos no cap. 3, "anomalia no aparelho digestivo" (em médium tentando receber mensagem espiritual), assim descrito:

"... O estômago dilatara-se-lhe horrivelmente e os intestinos pareciam sofrer estranhas alterações. Presenciava não o trabalho de um aparelho digestivo usual, mas sim de um vasto alambique, cheio de pasta de carne e caldos gordurosos, cheirando a vinagre de condimentação ativa. Em grande zona do ventre superlotado de alimentação, viam-se muitos parasitas conhecidos, mas, além deles, divisava outros corpúsculos semelhantes a lesmas voracíssimas, que se agrupavam em grandes colônias, desde os músculos e as fibras do estômago até a válvula ileocecal. Semelhantes parasitos atacavam os sucos nutritivos, com assombroso potencial de destruição."

Alias, é bom mostrarmos alguns trechos do livro "Missionários da Luz", ditado por André Luiz, e psicografado por Chico Xavier, (sobre atividades espirituais na Terra, vistas pelo ponto de vista dos amparadores) pois elas nos mostrarão um lado da história que talvez bem poucos tenham conhecimento...

Diz o instrutor Alexandre, no cap. 4, p. 41, evocando a sua última existência física:

"A pretexto de buscar recursos protéicos, exterminávamos frangos e carneiros, leitões e cabritos incontáveis. Sugávamos os tecidos musculares, roíamos os ossos. Não contentes em matar os pobres seres que nos pediam roteiros de progresso e valores educativos, para melhor atenderem a Obra do Pai, dilatávamos os requintes da exploração milenária e infligíamos a muitos deles determinadas moléstias para que nos servissem ao paladar, com a máxima eficiência. O suíno comum era localizado por nós, em regime de ceva, e o pobre animal muita vez, à custa de resíduos, devia criar para nosso uso certas reservas de gordura, até que os prostrasse, de todo, ao peso de banhas doentias e abundantes. Colocávamos gansos nas engordadeiras para que hipertrofiassem o fígado, de modo a obtermos pastas substanciosas destinadas a quitutes que ficaram famosos, despreocupados das faltas cometidas com a supostas vantagens de enriquecer os valores culinários. Em nada nos doía o quadro comovente das vacas-mãe, em direção ao matadouro, para que nossas panelas transpirassem agradavelmente. Encarecíamos, com toda a responsabilidade da Ciência, a necessidade de proteínas e gorduras diversas, mas esquecíamos de que a nossa inteligência, tão fértil na descoberta de comodidade e conforto, teria recursos de encontrar novos elementos protéicos ao organismo, sem recorrer à indústria da morte. Esquecíamos de que o aumento dos laticínios, para enriquecimento da alimentação, constitui elevada tarefa, porque tempos virão, para a humanidade terrestre, em que o estábulo, como o lar, será também sagrado."

Adiante, na p. 42 da mesma obra:

"Os seres inferiores e necessitados do planeta não nos encaram como superiores generosos e inteligentes, mas como verdugos cruéis. Confiam na tempestade furiosa que perturba as forças da natureza, mas fogem, desesperados, à aproximação do homem de qualquer condição, excetuando-se os animais domésticos que, por confiar em nossas palavras e atitudes, aceitam o cutelo no matadouro, quase sempre com lágrimas de aflição, incapazes de discernir com o raciocínio embrionário onde começa a nossa perversidade e onde termina a nossa compreensão."

Na p. 135, encontramos um quadro "Dantesco", diante do quadro estarrecedor do matadouro, onde se processava a matança dos bovinos, o autor descreve a turba de espíritos famintos que, em lastimáveis condições, se atiravam desesperados aos borbotões de sangue vivo, tentando obter o tônus vital que lhes favorecesse um contato mais nítido com o mundo físico. Diz André Luiz, reproduzindo a palavra do mentor:

"Estes infelizes irmãos que não nos podem ver, pela deplorável situação de embrutecimento e inferioridade, estão sugando as forças do plasma sanguíneo dos animais. São famintos que causam piedade."

A cena identifica mais uma das funestas realidades que se produzem devido a matança do animal, pois as almas ainda escravas das sensações inferiores que perambulam no espaço sem objetivos superiores, encontram nos lugares onde se derrama em profusão o sangue do animal os meios de que precisam para consolidar as perseguições e incentivar o desregramentos humano. O autor em questão transcreve, em seguida, novo dialogo com o seu interlocutor desencarnado na p. 136:

"Por que tamanha sensação de pavor, meu amigo? Saia de si mesmo, quebre a concha da interpretação pessoal e venha para o campo largo da justificativa. Não visitávamos nós ambos, na esfera da Crosta, os açougues mais diversos? Lembro-me de que em meu antigo lar terrestre havia sempre grande contentamento familiar pela matança dos porcos. A carcaça de carne e gordura significava abundância da cozinha e conforto do estômago. Com o mesmo direito, acercam-se os desencarnados, tão inferiores quanto já o fomos, dos animais mortos cujo sangue fumegante lhes oferece vigorosos elementos vitais."

Ficou demonstrado, nessa obra mediúnica, de confiança, que o vício da alimentação carnívora é sinal de inferioridade espiritual; a ingestão de vísceras cadavéricas e a consequente adesão ao progresso dos matadouros mantém a fonte que ainda sustenta a vitalidade dos obsessores e dos agentes das trevas sobre a humanidade terrestre. O homem paga, diariamente, com a multiplicidade de doenças, incômodos e consequências funestas em seu lar, a incúria espiritual de ainda devorar os restos mortais do animal criado por Deus e destinado a fins úteis. Sugerimos a leitura completa dessa obra que trata mais desse assunto e que não podemos transcrever aqui agora, além de outros assuntos interessantes...

Emmanuel, o mentor do médium Chico Xavier, em comunicação aludindo ao aparecimento e evolução do homem assim se manifesta:

"Os animais são os irmãos inferiores dos homens. Eles também, como nós, vem de longe, através de lutas incessantes e redentoras, e são, como nós, candidatos a uma posição brilhante na espiritualidade. Não é em vão que sofrem nas fainas benditas da dedicação e da renúncia, em favor do progresso dos homens."

Evidencia-se, portanto, através dessas declarações de espíritos credenciados no labor mediúnico espírita e de nossa confiança, que muito grave é a responsabilidade dos espíritas no tocante à alimentação carnívora. De modo algum ser-nos-á tolerada pela Lei da Vida, da qual não podemos alegar desconhecimento, qualquer desculpa posterior, que nos suavize a culpa de trucidarmos o nosso irmão menor.

É a própria bibliografia espírita, que nos notifica de tais deveres e acentua a urgente necessidade do vegetarianismo. Já dissemos antes, que a humanidade superior não aprova o macabro banquete de vísceras cadavéricas. Lembramo-nos o conceito sensato de Allan Kardec, de que "a natureza espiritual deve predominar sobre a natureza animal". E disso podemos ter a comprovação através das próprias obras mediúnicas que afirmamos serem de confiança.

O conceito ao pé da letra, de que "a carne alimenta a carne" está desmentido pelo fato de que o boi, o camelo, o cavalo e o elefante, como espécie vigorosas e duradouras, são avessos à carne e não se ressentem da falta das famosas proteínas provindas das vísceras animais. Quanto a afirmativa de que "o homem deve alimentar-se conforme reclame a sua organização", não há dúvida alguma, pois enquanto a organização bestial de um Nero pedia fartura de carne fumegante, Jesus se contentava com um bolo de mel e um pouco de caldo de cereja. Assim como não haveria nenhum proveito espiritual para Nero, se ele deixasse de comer carne, de modo algum Gandhi careceria mais do que um copo de leite de cabra, para sua alimentação...

Ramatis, por sua vez, usa seu estilo inconfundivelmente direto para nos fazer ver como nosso hábito é visto por seres dos planetas e planos que aspiramos galgar:

"... Embora os antropófagos também atendam aos "sagrados imperativos naturais da vida", nem por isso endossais os seus cruentos festins de carne humana, assim como também não vos regozijais com as suas imundícies à guisa de alimentação ou com as suas beberagens repugnantes e produtos da mastigação do milho cru! Do mesmo modo como essa nutrição canibalesca vos causa espanto e horror, também a vossa mórbida alimentação de vísceras e vitualhas sangrentas, ao molho picante, causa terrível impressão de asco às humanidades dos mundos superiores. Essas coletividades se arrepiam em face das descrições dos vossos matadouros, charqueadas, açougues e frigoríficos enodoados com o sangue dos animais e a visão patética de seus cadáveres esquartejados."

"... Entretanto, a antropofagia dos selvagens ainda é bastante inocente, em face do seu apoucado entendimento espiritual; eles devoram o seu prisioneiro de guerra, na cândida ilusão de herdar-lhe as qualidades intrépidas e o seu vigor sanguinário. Mas os civilizados, para atenderem às mesmas lautas e fervilhantes de órgãos animais, especializam-se nos caldos epicurísticos e nos requintes culinários, fazendo da necessidade do sustento uma arte enfermiça de prazer. O silvícola antes de ser moído por pancadas; depois rompe-lhe as entranhas e o devora, famélico, exclusivamente sob o imperativo natural de saciar a fome; a vítima é ingerida às pressas, cruamente, mas isso se faz distante de qualquer cálculo de prazer mórbido. O civilizado, no entanto, exige os retalhos cadavéricos do animal na forma de suculentos cozidos ou assados a fogo lento; alega a necessidade de proteína, mas atraiçoa-se pelo requinte do vinagre, da cebola e da pimenta, desculpa-se com o condicionamento biológico dos séculos em que se viciou na nutrição carnívora, mas sustenta a lúgubre indústria das vísceras e das glândulas animais enlatadas; paraninfa a arte dos cardápios da necrofagia pitoresca e promove condecorações para os "mestres-cucas" da culinária animal! ..."

Em outra questão, continua Ramatis a enfocar o lado etérico da alimentação animal:

"... A substância astral, inferior, que exsuda a carne do animal, penetra na aura dos seres humanos e lhes adensa a transparência natural, impedindo os altos vôos do espírito. Nunca havereis de solucionar problema tão importante com a doce ilusão de ignorar a realidade do equívoco da nutrição carnívora e, quiçá, tarde demais para a desejada solução."

"Expomos aquilo que deve ser meditado e avaliado com urgência, porque os tempos são chegados e não há subversão no mecanismo sideral. É mister que compreendais, com toda brevidade, que o veículo perispiritual é poderoso ímã que atrai e agrega as emanações deletérias do mundo inferior, quando persistis nas faixas vibratórias das paixões animais. É preciso que busqueis sempre o que se afina aos estados mais elevados do espírito, não vos esquecendo de que a nutrição moral também se harmoniza à estesia do paladar físico. Em verdade, enquanto os lúgubres veículos manchados de sangue percorrem as vossas ruas citadinas, para despejar o seu conteúdo sangrento nos gélidos açougues e atender às filas irritadas à procura de carne, muitas reencarnações serão ainda precisas para que a vossa humanidade se livre do deslize psíquico, que sempre há de exigir a terapia das úlceras, cirroses hepáticas, nefrites, artritismo, enfartes, diabetes, tênias, amebas e uremias!"

Aos olhos de Ramatis, o "alimento" humano se apresenta com sua verdadeira natureza animal:

"... Aqui, a designação de "dobradinha à moda da casa" apenas disfarça o repulsivo ensopado de estômago de boi; ali, os sugestivos "miúdos à milanesa" são apenas retalhos de vesículas de fígado, traindo o sabor amargo da bílis animal; acolá, os "apetitosos rins no espeto" não conseguem sublimar a sua natureza de órgãos excretores da albumina e da uréia, que ainda se estagnam sob o cutelo mortífero. Embora se queira louvar o esforço do mestre culinário, o "mocotó à européia" não passa de viscoso mingau de óleo lubrificante de boi abatido; os "frios à americana" não vão além de vitualha sangrenta, e a "feijoada completa" é apenas um nauseante charco de detritos cozidos na imundice do chouriço denegrido, dos pés, películas e retalhos arrepiantes do porco, que ainda se misturam à uréia da banha gordurosa!"

"Quantas vezes o suíno é abatido no momento exato em que as iniciou um surto patogênico, cuja virulência ainda não pode ser assinalada pelo veterinário mais competente, salvo o caso de rigorosa autópsia e meticuloso exame de laboratório! Para isso evitar, a matança de porcos exigiria, pelo menos, um veterinário para cada animal a ser sacrificado ..."

"... Quantas vezes, enquanto o cabrito doméstico lambe as mãos de seu senhor, a quem se afinizara inocentemente, recebe o infeliz animal a facada traiçoeira nas entranhas, apenas porque é véspera do "Natal de Jesus"! A vaca se lamenta e lambe o local onde matam o seu bezerro; o cordeiro chora na ocasião de morrer!"

"Só não matais o rato, o cão, o cavalo ou o papagaio, para as vossas mesas festivas, porque a carne desses seres não se acomoda ao vosso paladar afidalgado; em consequência, não é a ventura do animal o que vos importa, mas apenas a ingestão prazenteira que ele vos pode oferecer nas mesas lúgubres ..."

Ramatis compreende, entretanto, a opção alimentar dos mais ignorantes. Mas nota que o homem dito "civilizado" não raro é, injustificadamente, mais bem mais selvagem que o bruto:

"... O selvagem, embora feroz e instintivo, serve-se da carne pela necessidade exclusiva de nutrição e sem transformá-la em motivos para banquetes e libações de natureza requintada; entre os civilizados, entretanto, revivem esses mesmos apetites do selvagem mas, paradoxalmente, de modo mais exigente, servindo de pretexto para noitadas de prazer ..."

"É evidente que se deve desculpar o bugre ignorante, que ainda se subjuga à nutrição carnívora e perverte o seu paladar, porque a sua alma atrasada ignora a soma de raciocínios admiráveis que ao civilizado já é dado movimentar na esfera científica, artística, religiosa e moral. Enquanto os banquetes pantagruélicos dos Césares romanos marcam a decadência de uma civilização, a figura de Gandhi, sustentado a leite de cabra, é sempre um estímulo para composição de um mundo melhor ..."

Por fim, Ramatis não defende mudanças radicais. Compreendendo a natureza do homem, propõe a conscientização, e uma gradual tentativa de mudança, a todos exequível:

"... Não sugerimos a violência orgânica para aqueles que ainda não suportariam essa modificação drástica; para esses, aconselhamos gradativamente adaptações do regime da carne de suíno para o da de boi, do de boi para o de ave, e do de ave para o de peixe e mariscos. ... Mas é claro que tudo isso pede por começar e, se desde já não efetuardes o esforço inicial que alhures tereis de enfrentar, é óbvio que hão de persistir tanto esse tão alegado condicionamento biológico como a natural dificuldade para uma adaptação mais rápida."

"Mas é inútil procurardes subterfúgios para justificar a vossa alimentação primitiva e que já é inadequada à nova índole espiritual; é tempo de vos asseardes, a fim de que possais adotar novo padrão alimentício. Inegavelmente, o êxito não será alcançado do modo por que fazeis a substituição do combustível de vossos veículos; antes de tudo, a vossa alma terá que participar vigorosamente de um exercício, para que primeiramente elimine da mente o desejo de comer carne ..."

"... há mais invigilância mental do que condicionamento biológico, de vossa parte, no tocante à alimentação carnívora, e isso podeis verificar pela contradição do vosso gosto e paladar, que se pervertem sob a falsa imaginação. ... Enquanto vos deixardes comandar discricionariamente por essa vontade débil e pela imaginação deformada, ou inconsciência imaginativa, sereis sempre as vítimas dos vícios tolos do mundo e da alimentação perniciosa da carne."

"... A culpa começa exatamente onde também começa a consciência quando já pode distinguir o justo do injusto e o certo e errado."

Afirma o professor Radoux, o cientista de Lausanne:

"É um preconceito acreditar que a carne nutre a carne. O regime da carne e do sangue é, pelo contrário, nocivo à beleza das formas, ao viço da tez, à frescura da pele, ao aveludado e brilho dos cabelos. Os comedores de carne são mais acessíveis que os vegetarianos às influências epidêmicas e contagiosas; os miasmas mórbidos e o vírus encontram um terreno maravilhosamente preparado para o seu desenvolvimento nos corpos saturados de humores e de substâncias mal elaboradas, nocivas ou já meio fermentadas e em decomposição."

No livro "Desdobramento", de Eurípedes Barsanulfo, Ismael Alonso e Miguel de Alcântara, encontramos informações sobre o prejuízo da alimentação carnívora. Eis o que nos informam os Espíritos:

"... insistimos ainda sobre o prejuízo do alimento carnívoro. Todos devem encarar essas tarefas sem se valerem da alimentação de carne de qualquer espécie, porque os seus fluidos, impregnados no organismo, são completamente contrários à ação dos fluidos dispensados nas correntes eletromagnéticas, onde as pessoas sentadas à volta de uma mesa se dão as mãos para praticar um tratamento à distância em prol de uma criatura que sofre. Há de estar-se bem preparado, além de moralmente, também fisicamente, porque o fluido ectoplásmico gerado pela carne é bastante pesado, e na medida em que a pessoa dele portadora recebe o fluido mais leve a circular pela corrente, ela sente um choque e passa mal. Pessoas desmaiam, vomitam, porque, repetimos, não estão de fato preparadas para o trabalho. A carne leva um fluido pesadíssimo, emanando um fluido ectoplásmico, como insistimos em repetir, que atrapalha bastante as pessoas. Observe-se uma pessoa que come a carne e ver-se-á como ela tem mais sono, mais vontade de repousar, enquanto o vegetariano consegue ficar por mais tempo acordado, sem sentir o peso do estômago."

Eurípedes Kühl que escreveu o livro "Animais - nossos irmãos", menciona:

"... Os milhões de animais que são mortos, quase sempre de forma brutal, fornecem energias protéicas ao homem, mas esse mesmo homem resgata essa crueldade nos campos de batalha, na matança repulsiva das guerras intermináveis. Tal perdurará até que a Humanidade transforme seus hábitos alimentares e suas estruturas sociais, empregando recursos materiais não em arsenais bélicos, mas nas lavouras, eliminando de vez o fabrico de armas, os matadouros e a alimentação carnívora."

No caso dos médiuns, o que deve ser considerado e respeitado é o efeito negativo que a carne produz no corpo e, por reverberação fluídica, no Espírito. Tal afirmação ficará melhor compreendida, ouvidas, em resumo, as palavras do Espírito Lancellin em "Iniciação - Viagem Astral", cap. "Valores Imortais":

"... Ao serem mortos os animais (no caso, bois) têm o fluido do plasma sanguíneo sugado por espíritos-vampiros, com habilidade espetacular. Tais vampiros fazem fila, um líder na frente, para sorver tal energia. Com o magnetismo inferior dos animais fortalecem seus baixos instintos, retribuindo fluidos pesados em infeliz reciprocidade; assim, carne e ossos do animal ficam impregnados dessa fluidificação negativa, a qual será transmitida aos homens que deles se alimentam."

Conclui alertando:

"... Os espíritas se livram desse magnetismo inferior com os recursos dos passes, da água fluidificada e, por vezes, de prolongadas leituras espirituais; os evangélicos e também alguns católicos se libertam dele nos ambientes das igrejas, mas sempre fica alguma coisa para se transformar em doenças perigosas ..."






Fonte: Grupo Voadores
voadores@yahoogrupos.com.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quinta-feira, 10 de julho de 2014

CONSCIÊNCIA E CENTRAMENTO

Primeiro é preciso entender o que significa consciência. Você está andando na rua. Está consciente de muitas coisas — das lojas, das pessoas que passam por você, do tráfego, de tudo. Está ciente de muitas coisas, menos de uma — você mesmo. Você está andando na rua, consciente de muitas coisas e esquecido de si mesmo! Essa consciência do eu George Gurdjiefif chamou de “lembrança de si mesmo”. Ele dizia: “Constantemente, onde quer que você esteja, lembre-se de si mesmo.”

Não importa o que esteja fazendo, nunca deixe de fazer outra coisa interiormente: ficar consciente do que estiver fazendo. Você está comendo — fique consciente de si mesmo. Está caminhando — fique consciente de si mesmo. Está ouvindo, está falando — fique consciente de si mesmo. Quando estiver com raiva, fique consciente de que está com raiva. Essa lembrança constante de si mesmo cria uma energia sutil, uma energia muito sutil dentro de você. Você começa a ser um ser cristalizado.

Na maior parte do tempo, você é só um saco vazio! Nenhuma cristalização, nenhum centro de verdade — só liquidez, só uma combinação ao acaso de muitas coisas sem nenhum centro. Uma multidão, em constante mudança, mas sem ninguém que a comande. A consciência é o que faz de você o comandante do navio — e quando eu digo comandante não quero dizer alguém que detenha o comando. Quero dizer uma presença — uma presença contínua. Sempre que estiver fazendo alguma coisa, ou não estiver fazendo nada, uma coisa tem de ser constante na sua consciência: que você é.

O simples sentimento de si mesmo, e de que esse si mesmo é, cria um centro — um centro de calma, um centro de silêncio, um centro de comando interior. Trata-se de um poder interior. E quando eu digo “poder interior” quero dizer literalmente isso. É por isso que Buda fala do “fogo da consciência” — ela é um fogo. Se começar a ficar consciente, você começará a sentir uma energia nova em você, um fogo, uma vida nova. E, por causa dessa vida nova, desse poder, dessa energia, muitas coisas que dominavam você se dissipam. Você não tem de lutar contra elas.

Você tem de lutar contra a sua raiva, contra a sua ganância, contra o sexo, porque você é fraco. Portanto, na verdade, a ganância, a raiva, o sexo não são o problema, a fraqueza é o problema. Quando você começar a ficar mais forte interiormente, com um sentimento de presença interior — de que você é —, suas energias ficam concentradas, cristalizadas num único ponto, e nasce um eu. Veja, não nasce um ego, nasce um eu. O ego é um sentido falso de eu. Mesmo sem ter um eu, você continua acreditando que você é um eu — que na verdade é o ego. Ego significa falso eu — você não é um eu, embora acredite que seja.

Maulungputra, um buscador da verdade, veio até Buda, que lhe perguntou: — O que você procura? Maulungputra disse: — Procuro por mim mesmo. Ajude-me! Buda lhe pediu para prometer que faria tudo o que fosse sugerido. Maulungputra começou a soluçar e disse: — Como posso prometer? Eu não sou, não sou ainda, como posso prometer? Não sei o que vou fazer amanhã; não tenho nenhum eu que possa prometer, por isso não peça o impossível. Eu vou tentar. Isso é tudo o que eu posso dizer: vou tentar. Mas não posso prometer que farei tudo o que você disser, pois quem fará isso? Estou em busca daquilo que pode prometer e pode cumprir uma promessa. Não sou ainda. Buda respondeu: — Maulungputra, fiz essa pergunta a você para ouvir isso. Se tivesse prometido, eu o poria daqui para fora. Tivesse você dito: “Prometo que farei” e eu teria descoberto que você não busca de fato a si mesmo, pois o buscador tem de saber que ele ainda não é. Do contrário, qual seria o propósito da busca? Se você já fosse, não haveria necessidade. Você não é! E se a pessoa consegue sentir isso, o ego evapora.

O ego é uma noção falsa de algo que ainda nem sequer existe. “Eu” significa um centro que pode prometer. Esse centro é criado pelo ser que está continuamente alerta, constantemente consciente. Tenha consciência de que você está fazendo algo — de que está sentado, de que agora você vai dormir, de que o sono está chegando, que você está caindo no sono. Tente ficar consciente o tempo todo e então você começará a sentir que nasce dentro de você um centro; as coisas começaram a se cristalizar, ocorre um centramento. Tudo passa a se relacionar com esse centro.





Osho






Fonte: em "Consciência: A Chave Para Viver em Equilíbrio"
http://www.palavrasdeosho.com/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A SINFONIA DA VIDA

Tudo é música na natureza: os rios que correm, as fontes que jorram, a chuva que cai, o rugir das torrentes, o movimento ininterrupto dos oceanos e dos mares, o soprar do vento, o sussurro das folhas nas árvores, os sons dos insetos, o canto das aves… E foi essa música que, desde a origem, despertou e alimentou o sentido musical no homem, foi ela que o incitou a exprimir-se ele próprio por um instrumento ou pelo canto, a evocar os momentos importantes da sua vida, a expressar o seu amor, as suas alegrias, as suas dores. Pela música, ele traduz também as suas aspirações místicas, canta o seu louvor ao Criador e, quando nós escutamos essa música, sentimos que ela desperta na nossa alma a lembrança de uma pátria celeste, a nostalgia de um paraíso perdido. O efeito é imediato. Instantaneamente, nós lembramo-nos de que viemos do Céu e ao Céu retornaremos… E um dia, quando a consciência superior despertar no homem, quando ele tiver desenvolvido possibilidades de percepção mais sutis, começará a ouvir a sinfonia grandiosa que ecoa através dos espaços, pois cada ser criado, das pedras às estrelas, emite vibrações que se propagam como ondas sonoras. Então, ele compreenderá o sentido da vida.





Omraam Mikhaël Aïvanhov






Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

SONO E SONHOS (ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ANTROPOSÓFICAS)

(...) Um estado intermediário entre a vigília e o sono — eis o que é sonho.

O que as vivências oníricas oferecem a uma observação sensata é o multifário entretecimento de um mundo de imagens, o qual, no entanto, também abriga algo de normas e leis. Emersão e imersão, muitas vezes em sequências desordenadas, é o que à primeira vista esse mundo parece revelar. Em sua vida onírica o homem está desligado da lei da consciência de vigília, que o acorrenta à percepção dos sentidos e às normas de seu juízo. Não obstante, o sonho possui algo das misteriosas leis que são estimulantes e atraentes para o pressentimento humano, sendo a causa mais profunda do fato de se gostar de comparar sempre com o "sonhar" aquele admirável jogo de fantasia subjacente à sensibilidade artística. Basta lembrarmos alguns sonhos característicos para ver corroborada esta afirmação.

Uma pessoa sonha, por exemplo, estar rechaçando um cão que investe contra ela. Uma vez desperta, ela verifica que estava inconscientemente afastando de si uma parte do cobertor que se posicionara de modo não-habitual junto a seu corpo e, portanto, causara seu desconforto. O que, nesse caso, a vida onírica provoca a partir do fato sensorialmente perceptível? O que os sentidos perceberiam no estado de vigília a vida do sono deixa, de início, repousar inteiramente no inconsciente. Contudo esta retém algo essencial, ou seja, o fato de o homem querer afastar algo de si. Em torno disso, tece um processo metafórico. As imagens, como tais, são ecos da vida diurna desperta. A maneira como são extraídas dela possui algo de arbitrário. Cada qual tem a sensação de que o sonho, na mesma circunstância, poderia simular-lhe também outras imagens; porém a sensação de que a pessoa tem de afastar algo seria expressa simbolicamente. O sonho cria símbolos; ele é um simbolizador.

Também processos interiores podem transformar-se em tais sonhos simbólicos. Uma pessoa sonha que um incêndio crepita a seu lado; ela vê as labaredas no sonho. Desperta e sente que se cobriu demais, tendo ficado com calor. A sensação de calor excessivo se expressa simbolicamente na imagem.

Vivências muito dramáticas podem desenrolar-se no sonho. Alguém sonha, por exemplo, que está na beira de um precipício. Vê uma criança aproximar-se correndo. O sonho o faz vivenciar todos os tormentos causados pela ideia de uma possível desatenção da criança, ocasionando sua queda no abismo. Ele a vê cair e ouve o baque surdo do corpo no fundo. Desperta e verifica que um objeto pendurado na parede do quarto se desprendeu, provocando um ruído surdo ao cair. Esse simples incidente é expresso pela vida onírica num processo que se desenrola em imagens emocionantes. Por ora não é preciso ficar refletindo sobre como, neste último exemplo, o instante do choque de um objeto pode ter-se desdobrado numa série de fatos, parecendo estender-se por um certo lapso de tempo; basta considerar como o sonho transforma em imagem o que seria oferecido pela percepção sensorial desperta.

Vê-se, pois, que tão logo se interrompe a atividade dos sentidos, vigora no homem um elemento criador. Trata-se do mesmo elemento criador que também está presente no sono totalmente livre de sonhos, representando o oposto do estado anímico de vigília.

Para que se introduza esse sono sem sonhos, o corpo astral precisa ter-se retirado dos corpos físico e etérico. Durante o sonho, ele está separado do corpo físico na medida em que não possui mais ligação com seus órgãos sensoriais, mantendo, porém, ainda certa ligação com o corpo etérico. O fato de os processos do corpo astral poderem ser observados pictoricamente resulta dessa sua ligação com o corpo etérico. No momento em que cessa também essa ligação, as imagens submergem nas trevas da inconsciência, advindo o sono sem sonhos. O caráter arbitrário e frequentemente absurdo das imagens oníricas deve-se ao fato de o corpo astral, por causa de sua separação dos órgãos sensoriais do corpo físico, não ser capaz de relacionar suas imagens com os corretos objetos e ocorrências do mundo exterior.

Especialmente esclarecedora para esse caso é a observação de um sonho em que o eu, por assim dizer, se desagrega — quando alguém, por exemplo, sonha que é aluno e não sabe responder a uma pergunta do professor, ao passo que imediatamente depois o próprio professor a responde. Não podendo utilizar, durante o sonho, os órgãos perceptivos de seu corpo físico, ele não consegue relacionar ambos os processos consigo próprio, com a mesma pessoa. Portanto, também para reconhecer a si próprio como um eu permanente o homem precisa, de início, estar equipado com órgãos perceptivos exteriores. Só tendo adquirido a faculdade de tornar-se consciente de seu eu, por outros meios que não tais órgãos perceptivos, é que o homem poderia perceber, além de seu corpo físico, também o eu perene. A consciência supra-sensível deve adquirir tais faculdades... (...)





Rudolf Steiner






Fonte: do livro "A Ciência Oculta", 4ª ed.
Sociedade Antroposófica
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

DIVINDADE - CORAÇÃO

Experimente o estado divino ao ser inocente de qualquer coisa inútil. Torne-se aquele que desconhece o desperdício, porque a força do desperdício algumas vezes termina com a consciência da verdade e da precisão. Seja inocente de qualquer desperdício de tempo, respiração, palavras e atos. Assim você naturalmente experimentará um estado divino de ser e proporcionará aos outros essa experiência também.

O coração é como uma flor - se não for aberto, não pode liberar sua fragrância ao mundo. A fragrância do coração é composta pelas qualidades e virtudes do nosso espírito. Porém, em um mundo que machuca, a maioria de nós aprendeu a fechar o coração. Abrir o coração hoje parece exigir tremenda coragem. É uma coragem que só vem quando nos damos conta de que ninguém pode nos ferir, independente do que digam ou façam. É uma coragem que vem da realização de que somos seres conscientes, inabaláveis e naturalmente virtuosos.





Brahma Kumaris





Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

VIVA AS QUATRO ESTAÇÕES EM UM DIA

Não é essencial que haja uma constante renovação, um renascimento? Se o presente está sobrecarregado com a experiência de ontem, não pode haver renovação. Renovação não é a ação de nascer e morrer; ela existe além dos opostos; só a liberdade da memória acumulada traz renovação, e não existe compreensão salvo no presente. A mente só pode compreender o presente se ela não comparar, julgar; o desejo de alterar ou condenar o presente sem compreendê-lo dá continuidade ao passado. Apenas compreendendo o reflexo do passado no espelho do presente sem distorção, existe renovação. Se você viveu uma experiência integralmente, completamente, não descobriu que ela não deixou traços? Apenas as experiências incompletas deixam sua marca, dando continuidade à memória auto-identificada. Nós consideramos o presente como um meio para um fim, assim o presente perde sua imensa significação. O presente é o eterno. Mas como pode uma mente que é composta, reunida, compreender aquilo que não é reunido, que está além de todos os valores, o eterno? Quando cada experiência surgir, viva-a tão completa e profundamente quanto possível; reflita sobre ela, sinta-a extensiva e intensamente; esteja cônscio de sua dor e prazer, de seus julgamentos e identificações. Só quando a experiência é completada há renovação. Devemos ser capazes de viver as quatro estações em um dia; estar agudamente consciente, experimentar, compreender e ficar livre das acumulações de cada dia.






J. Krishnamurti






Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quarta-feira, 9 de julho de 2014

COMPAIXÃO - DEUS

Deus remove a tristeza daquele que remove a tristeza dos outros. Compaixão é a raiz da bondade. Da compaixão surge o cuidado. Uma pessoa compassiva não suporta ver os outros sofrerem. Assim como a mãe esquece de si para cuidar de seus filhos, uma pessoa com compaixão serve com o coração esquecendo suas próprias questões. Torne sua atividade tão maravilhosa e útil ao mundo que a atenção de Deus se volte para você.

Quando nos conectamos com Deus nos sentimos não apenas leves mas com profunda compaixão e entendimento. Há uma mudança na atitude e visão em relação aos outros. É por isso que quando pessoas com comportamento muito violento se referem a Deus, Alá ou Pai, podemos inferir que elas estão distantes de Deus. Aquele que é Puro não pode ser violento, não pode dar tristeza. É no silêncio que podemos ter um encontro com o Ser Benevolente. Assim nossa consciência é elevada e nos tornamos compassivos e reconciliadores.






Brahma Kumaris






Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO SER HUMANO (OS CORPOS)

O estudo comparativo dos elementos constitutivos do ser humano, através dos variados sistemas espiritualistas antigos e modernos, quer das Filosofias, quer das Religiões, é, em verdade, difícil, complexo e confuso.

No entanto, um estudo profundo leva à conclusão que as suas dissemelhanças são mais aparentes do que reais. Todas elas são alimentadas pela mesma raiz comum, muito embora a terminologia difira de escola para escola, e o número de elementos anímicos varie de sistema para sistemas. No fundo de todos os sistemas, mesmo aparentemente divergentes, há, em, geral, uma perfeita correlação de ideias-bases; uma certa unidade na diversidade, ainda que os ternos variem qualitativa e quantitativamente nos diversos sistemas espiritualistas.

Um conjunto de circunstâncias de tempo e de lugar tem determinado a confusão que lavra ainda no estudo e classificação dos corpos psíquicos do complexo humano.

A diversidade que se encontra no número dos elementos psíquicos, relativos à constituição humana, nas diferentes religiões, e sistemas filosóficos espiritualistas, quer antigos, quer modernos, têm, talvez, duas origens: teórica e experimental. 

Algumas escolas filosóficas criaram as suas classificação como produto de meras especulações, acomodando-se às necessidades das manifestações do dinâmico psiquismo humano. Foi assim que se criou, como necessidade imperiosa, independentemente de toda a experimentação, a teoria do mediador plástico, como intermediário indispensável entre os dois elementos irredutíveis - o espírito e o corpo físico. E assim ficou transformado o binário no ternário clássico, por necessidade teórica, que o método experimental veio confirmar mais tarde plenamente, comprovando a existência do perispírito, elemento intermediário do ternário espírita.

Percorrendo os diagramas androgônicos dos tradicionalismo secretistas e iniciáticos do esoterismo arcaico e dos sistemas herméticos, filosóficos e religiosos de todas as épocas, encontra-se nitidamente vincada e diferenciada a função do mediador plástico como intermediário entre o espírito e o corpo físico, entre o pensamento e a ação, através duma sinonímia variada e, por vezes, confusa: 

mano-maya-kosha (Vedanta);
Kama-rupa (Budismo esotérico);
baodhas (Zend Avesta);
Kha (Egito);
rouach (Cabala hebraica);
ímago (Tradicionalismo latino);
eidôlon (Tradicionalismo grego);
Khi (Tradicionalismo chinês);
carne sutil da alma (Pitágoras);
corpo sutil e etéreo (Aristóteles);
astroeidê (Néo-platônicos da Escola de Alexandria);
evestrum (Paracelso);
corpo fluídico (Leibnitz);
duplo (Lepage Renour);
alma (Dr. H. Baraduc);
aerossoma (Neognósticos);
corpo astral (Hermetistas e Alquimistas);
perispírito (Allan Kardec-Espiritismo).

S. Paulo, (I Tes. v, 23), um dos mais lídimos representantes do Cristianismo, considera o homem constituído por um ternário - corpo, alma, espírito - exercendo a alma a função de mediador plástico. Muitos representantes, dos mais ilustres da Primitividade cristã, entre outros: - Atanásio, Basílio, Fulgêncio e Aenóbio admitem também o ternário humano - espírito (pneuma), uma alma fluídica, mediador plástico, (psique), e um corpo carnal (soma).

O Catolicismo romano restringe-se ao binário - corpo carnal e espírito - empregando sinonimicamente os termos espírito e alma - sem todavia explicar como é exercida a ação do espírito sobre o organismo material.

“A existência deste mediador plástico - segundo C. Lancelin - foi outrora ensinada nas criptas sagradas da Índia e do Egito, fazendo parte do ensino dos Grandes Mistérios, constituindo uma das principais revelações comunicadas aos iniciados. Por este motivo reveste nomes variados. Na época atual denomina-se comumente - corpo astral, perispírito ou aerossoma. Os três princípios constitutivos do ternário humano (corpo físico, perispírito e espírito), embora de composição diferente e oposta, interpenetram-se da mais íntima maneira”.

“O homem - diz Elifas Levi, La clef des grands mystéres - é um ser inteligente e corporal, feito à imagem de Deus e do Universo - uno em essência, triplo em substância, imortal e mortal, possuindo um corpo material e um mediador plástico. É luz, em parte volátil (fluindo magnético) e em parte fixa (corpo fluídico ou aromal). O mediador plástico é formado de luz astral e transmite ao corpo humano uma dupla imantação. Portanto, agindo sobre esta luz pela sua volição, pode dissolvê-la ou coagulá-la, projetá-la ou atraí-la. É o espelho da imaginação e do sonho. Rege o sistema nervoso e assim produz os movimentos do corpo. Esta luz pode dilatar-se indefinidamente e comunicar a sua imagem a distâncias consideráveis. Imanizando os corpos submetidos à sua ação, atrai-os para si, contraindo-se. Pode tomar todas as formas evocadas pelo pensamento, e, nas coagulações passageiras da sua parte irradiante, aparecer à vista e até oferecer uma certa resistência ao contacto e a distância”.

“O magnetismo humano é a ação dum mediador plástico sobre um outro para dissolvê-lo ou coagulá-lo. Aumentando a elasticidade da luz vital e a sua força de fixação, poderemos enviá-la aos lugares mais distantes e retirá-la carregada de imagens. E nesta luz que se gravam e concentram as formas, é por ela que vemos os reflexos dos mundos supra-sensíveis. A hipnose favorece este fenômeno, o que se produz coagulando mais intensamente a parte fixa do mediador plástico. Esta luz é o agente eficiente das formas e da vida, porque é simultaneamente - movimento e calor. Quando chega a fixar-se e a polarizar-se em volta dum centro, produz uma entidade vivente, atraindo as substâncias plásticas necessárias para aperfeiçoá-la e conservá-la. Esta substância plástica, formada, em última análise, de terra e água, foi com razão chamada “barro” na Bíblia. Porém, esta luz não é o espírito mas somente o instrumento do espírito. Não é também o corpo do protoplastes como supunham os teurgos da Escola de Alexandria, mas sim a primeira manifestação física do sopro divino. Deus criou-a para toda a eternidade e o homem, à imagem de Deus, modificou-a e parece multiplicá-la. Alguns fantasmas fluídicos a que os antigos davam nomes diversos: - larvas, lemures, empusas, e a Cabala designava por elementares, evocados por vezes, na Grécia, são apenas coagulações da luz vital de duração transitória, espécies de miragens anímicas, emanações imperfeitas da vida humana”. Assim se expressa, sobre o mediador plástico, Elias Levi, criptônimo do Abade Afonso Luís Constant, discípulo de Fourier e de H. Wronski, e um dos mais modernos ilustres representantes dos Cabalistas modernos.

Ouçamos, agora, Charles Henry, matemático e psicólogo consagrado, professor da Sarbona, antigo diretor do Laboratório da Fisiologia das Sensações (Matin, de 2 de Agosto, de 1925): “O corpo - como está comprovado - é animado duma força irradiante, como vossa lâmpada, como vosso calorífero. Calculemos esta radiação, devida ao calor, aos elementos eletromagnéticos, à atração do nosso globo... Mas se fizermos estes cálculos conscienciosamente, vamos encontrar uma surpresa angustiosa, uma incógnita, uma força que não é de natureza conhecida. Refazei vossa experiência dez vezes, cem vezes, calculai durante noites inteiras, encontrareis essa potência atuando, inscrevendo-se, manifestando-se, mas sem ser possível captá-la, idealmente fluídica, desafiando todas as balanças, todos os microscópios, mas irradiando continuamente com uma constância obsidente”.

“Para Rutot e M. Schaerer (La Métagnomia - Bulletin du Conseil de Recherches Métapsychiques de Belgique, no 1, 1926) todo indivíduo, desde o nascimento até a morte, emite uma radiação vibratória de frequência determinada que lhe é própria. Como é submetido a múltiplas ações de diversa natureza, estas excitações determinam diversos estados de alma, provocando contínuas radiações energéticas da mesma frequência, mas de intensidade e amplitude variáveis proporcionando o grau das sensações, das excitações e das emanações sentidas”.

Vamos ainda servir-nos da autoridade do eminente antropólogo belga, A. Rutot, membro da Academia Rala da Bélgica, e do biologista M. Scherer.

“A projeção radiante dum pensamento ou de uma ação psíquica determinada através do meio especial que nos propomos denominar, de acordo com certos autores - atmosfera energética humana -, é animada duma velocidade de translação da ordem da luz ou da telegrafia sem fio, isto é, quase instantânea.

Esta velocidade extraordinária de transmissão do pensamento não é mais uma simples hipótese, não é simplesmente comprovada pelo conhecimento dos fatos, certamente prováveis, de telepatia e das manifestações de ordem espírita, porque três psiquistas eminentes: o Dr. Youriévitch, M. du Boourg de Bozas, engenheiro francês e, M. Grunwald, engenheiro alemão, têm realizado, cada um deles, uma série de experiências, donde resulta que as vibrações de energia psíquica têm comprimentos de ondas e velocidades de frequência tais que se colocam na série ultra-violeta, depois dos raios X e dos raios gama do rádio. Os raios de ordem psíquica são, pois, dotados duma penetração extraordinária, atravessando, sem dificuldades, uma forte espessura de folhas de chumbo para descarregar em um eletroscópio. Estas propriedades têm-lhe feito atribuir, pelo Dr. Youriétch, o nome de raios “Y”, e chega a crer-se que, sob o intenso bombardeamento dos raios psíquicos, os corpos, mesmo os reputados impenetráveis, são, não só atravessados, mais ainda as suas moléculas parecem, às vezes, desagregarem-se a ponto de produzirem, em certos casos, uma espécie de desmaterialização momentânea dos corpos sólidos. Concebe-se assim que, em presença dum agente animado de tal potência de translação e de penetração, a dispersão duma ação psico-física na atmosfera energética humana seja ultra-rápida e que os fenômenos de convergência com outras ações, que daí resultam, possam passar-se num tempo muito rápido, tornando-se assim um tempo de natureza especial que denominaremos tempo qualificativo energético, muito diferente do exigido para as relações materiais ordinárias, E assim se pode explicar que, passando-se um fato, por exemplo, na América, possa ser percebido quase simultaneamente na Europa por um cérebro vibrando unissonamente com a frequência dos raios psíquicos projetados em todos os sentidos pelo acontecimento realizado em país longínquo”.

Dentro do Espiritismo, esta teoria tem a sua confirmação em várias ordens de fenômenos supranormais, tais como: a Telepatia, a Telestesia, a Clarividência etc.

Para C. Lancelin, integrado nas correntes tradicionalistas do Iniciatismo oriental e do Hermetismo ocidental, o homem é fundamentalmente constituído pelo ternário: 1) o espírito (emanação direta da Divindade); 2) a alma (múltipla pela sua organização e funções, formada por éteres diferenciados e por fluidos astrais, sendo, pela sua dupla polarização, o intermediário plástico, entre o corpo físico e o espírito); 3) o organismo material (único elemento conhecido e estudado pela ciência oficial).

A Sabedoria antiga, essencialmente iniciática e secretista, metodologicamente sintética e analógica, considerava o ternário como Lei universal em que envolvia o próprio Deus através do macrocosmos e do microcosmos, fazendo desdobrar a Vida, no seu mais alto significado espiritual, nas suas múltiplas manifestações e em toda a sua linha evolutiva nos três planos cósmicos: divino, astral e físico.

É esta também a orientação do Espiritismo na sua concepção trinitária do homem integral e do Universo: o espírito em relação com o plano divino; o perispírito em relação com o plano astral; finalmente, o corpo carnal em relação com o plano físico planetário.

Há uma confusão e certas nebulosidades, ainda que só aparentes, para todos aqueles que se iniciam no estudo dos elementos constitutivos do homem integral, quer visíveis, quer invisíveis aos nosso limitados sentidos, sendo as divergências, de escola para escola, de religião para religião. Uns admitindo somente o corpo físico, como os materialistas; outros admitindo o binário - alma ou espírito e o corpo - , não confundindo as funções do espírito com as da alma, agora empregando estes dois termos indistintamente, sinonimicamente; outros admitindo o ternário clássico - espírito, perispírito ou corpo astral e o corpo físico - como sucede no Espiritismo e num grande número de Escolas ocultistas e herméticas ocidentais. 

A escola vedantina, um dos sistemas filosóficos mais profundo do oriente, só admite o quinquenário, mas o seu terceiro elemento anímico - manomoyakosha - é na realidade constituído pelos corpos astral e mental, e se não incluía na sua classificação o atma, o elemento superior espiritual, é porque considera o espírito como a essência íntima da vida, animando todo o Universo, numa alta concepção panvitalista. 

De fato, a vedanta é setenária. O iniciatismo egípcio, quer nos Mistérios Tebanos, quer nos Mistérios Menfíticos, o Zend Avesta, a Cabala hebraica, os arcaicos sistemas espiritualistas industânicos, os antigo centros iniciáticos greco-romanos, perfilham o setenário humano. O mesmo sucede com as correntes neo-espiritualistas contemporâneas: a Teosofia, o Rosacrucianismo, a Antroposofia, o Martinismo etc.

Existem alguns sistemas ocultistas ocidentais, que vão mais além ainda, admitindo o nonário. Stanislas de Guaita, um dos mais eruditos e profundos ocultistas contemporâneo, tentou uma classificação baseada no setenário a fim de unificar os ensinos da Cabala com o Ocultismo oriental e ocidental: 1) o espírito puro, 2) a alma inteligente e espiritual, 3) a alma passional, lógica e compreensiva, 4) a alma instintiva e impulsiva, 5) o corpo astral, 6) o corpo fosforescente (vitalidade), 7) o corpo material (sarcossoma).

As investigações realizadas por sábios orientalistas contemporâneos, de F. Lenormant a G. Maspero, do Marquês S. Ives Alveydre a Fabre d’Olivet, de H. P. Blavatsky a Annie Besant, levantam a ponta do véu dessa ciência misterial, cultivada fervorosamente nos centros iniciáticos do oriente, fonte germinal das ciências, das filosofias e das religiões.

A composição setenária do homem constitui uma das bases fundamentais de todo o esoterismo do Oriente e da Grécia Antiga. Este setenário representava apenas um desdobramento do ternário clássico. Este resultado foi obtido pelo método experimental a que não seriam estranhos os processos hipnomagnéticos e a clarividência que os antigos hierofantes sabiam aplicar maravilhosamente pelo amplo conhecimento das forças latentes do homem e no manejo das forças ocultas da Natureza, em parte inacessíveis aos modernos ocultistas.

Ainda que distanciados pelo tempo e integrados num novo ciclo de civilização, os contemporâneos chegaram a resultados aproximadamente iguais ao estudo da alma humana, seguindo processos análogos. As dessemelhanças, mais aparentes do que reais, quer entre os antigos, quer entre os outros, explicam-se pela manifesta impossibilidade de poderem dispor de passivos em igualdade de condições, e na variabilidade do poder magnético de experimentador para experimentador, e ainda no grau de acuidade dos clarividentes.

A diversidade no mínimo dos elementos anímicos obtidos experimentalmente, podendo ir de três a nove, é sempre redutíveis ao ternário clássico, categorizando-os, sem nada perderem na sua diferenciação, na três classes fundamentais: 

1) elementos superiores espiritual (relativos ao espírito);
2) elementos intermediários funcionando como mediador plástico (relativos à alma ou perispírito);
3) elementos inferiores (relativos ao corpo físico).

Dum modo geral, a fim de metodizar o estudo dos elementos constitutivos do ser humano através das variadas correntes espiritualistas tradicionais e contemporâneas, devemos agrupá-la em duas categorias: a primeira admitindo o ternário; a segunda baseada no setenário.

O ternário impõe-se pela sua clareza e simplicidade, tornando-se mais compreensível e demonstrável nos campos da observação e da experimentação, satisfazendo amplamente o conhecimento do mecanismo dum grande número de fenômenos anímicos e espíritas.

O setenário humano é, evidentemente, muito mais complexo, constituindo um sistema mais completo e perfeito, correspondendo a um desdobramento do ternário nos seus elementos diferenciados, à experimentação direta nos moldes do método positivo, o setenário dá uma explicação mais pormenorizada e minuciosa duma categoria de fenômenos transcendentes, numa correlação lógica de Deus, do Universo e da Humanidade, dentro duma unidade harmônica da origem e finalidade cósmica. O setenário estabelece fecundas hipóteses de trabalho para a aplicação da origem e finalidade da Vida no rotativismo dos ciclos reencarnacionistas através da pluralidade das existências (Palingenesia).

O estudo da trajetória das almas, desde a desencarnação terrestre às novas reencarnações, é mais completo e compreensível à face do setenário humano, sobretudo tomadas em consideração às teorias dos germes (átomos) permanentes de vida para vida. Pelo menos, é uma aliciante e fecunda hipótese de trabalho, abrangendo toda a vida póstuma da alma humana.

Sem pretender fazer a análise comparada das variadas correntes neo-espiritualistas que adotam o setenário, devemos, no entanto, mencionar, pelas condições especiais que revestem: a Teosofia e o Rosacrucianismo. A Teosofia é talvez, a mais lídima representante do tradicionalismo oriental, radicada no Budismo esotérico; o Rosacrucianismo é o fiel representante do tradicionalismo ocidental, radicando no Hermetismo e no Cristianismo esotérico. Um estudo profundo e uma rigorosa análise comparada levam à conclusão de que são reais representantes, patenteando palpáveis paralelismo e unidade de vista na interpretação e resolução dos problemas transcendentes ligados à misteriosa Vida universal na sua origem e finalidade. O seu estudo é de importância capital para todos aqueles que pretendam compreender, pelo menos, à face duma interessante hipótese de trabalho, os pormenores da evolução desde os tempos mais recuados, e a mecânica reencarnacionista, expressa na pluralidade das vidas sucessivas e alternantes, do mundo para mundo.

Só o conceito setenário pode dar integral explicação das modalidades porque vai passando a alma do desencarnado, através dos níveis dos Mundos supra-sensíveis e supra-terrestre, nas suas oscilações rítmicas de subida e descida, numa íntima correlação com os seus corpos anímicos até uma nova reencarnação terrestre. Nesta complexa trajetória só prevalece a tríada divina que constitui a individualidade humana, enquanto o que o quaternário inferior representativo da personalidade, efêmera e transitória, desaparece para dar lugar a melhores e mais perfeitos veículos ao serviço da traída espiritual, a fim de melhor poder dinamizar o potencial divino no ciclo dos seus sucessivos renascimentos, indispensáveis a toda a evolução anímica.

Em conclusão: Para o estudo da alma humana post-mortem, e para melhor compreensão da sua evolução póstuma através dos diferentes planos cósmicos até a sua nova reencarnação terrestre, seria conveniente decompor o setenário num ternário conjugado com um quartenário. O ternário seria constituído pela tríada superior da natureza espiritual, permanente, realizando a verdadeira individualidade - o ego (*). Os restantes quatro elementos inferiores, traduzidos na personalidade, modificáveis e substituídos de reencarnação para reencarnação, estes expresses nos elementos intermediários anímicos mais grosseiros e pelo corpo físico (corpos: somático ou carnal, vital, astral e mental inferior ou concreto).

Admitindo esta mecânica progressiva, poderíamos, talvez, formular o seguinte postulado: A evolução humana é diretamente proporcional à sucessiva perfectibilidade dos corpos inferiores que constituem a personalidade, variáveis de vida para vida, de reencarnação para reencarnação, sob a superior orientação e comando da individualidade, expressa na tríada divina e espiritual - o ego (*).





Antônio J. Freire





(*) Ego aqui se refere à verdadeira individualidade, nosso ser íntimo. Não se refere ao ego associado ao egoísmo, à algo inferior ou imperfeito. Enfim, são terminologias, e devemos saber o real significado dentro de cada contexto ou escola de pensamento, para evitar a confusão. (Minha nota)





Fonte: do livro "Da Alma Humana", FEB
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

terça-feira, 8 de julho de 2014

A EVOLUÇÃO DA FORMA

Toda forma que vês tem seu arquétipo no mundo sem-lugar. Se a forma se desvanece, não importa, permanece o original.

As belas figuras que viste, as sábias palavras que escutaste, não te entristeças se pereceram.

Enquanto a fonte é abundante, o rio dá água sem cessar. Por que te lamentas se nenhum dos dois se detém?

A alma é a fonte. Enquanto a fonte jorra, correm os rios. Tira da cabeça todo o pesar e sorve aos borbotões a água deste rio. Que a água não seca, ela não tem fim.

Desde que chegaste ao mundo do ser, uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.

Primeiro, foste mineral; depois, te tornaste planta, e mais tarde, animal. 

Como pode ser isto segredo para ti?

Finalmente foste feito homem, com conhecimento, razão e fé. Contempla teu corpo - um punhado de pó; vê quão perfeito se tornou!

Quando tiveres cumprido tua jornada, decerto hás de regressar como anjo; depois disso, terás terminado de vez com a Terra, e tua estação há de ser o céu.

Passa de novo pela vida angelical, entra naquele oceano, e que tua gota se torne mar, cem vezes maior que o Mar de Oman.

Abandona este filho que chamas corpo e diz sempre "Um" com toda a alma. 

Se teu corpo envelhece, que importa? Ainda é fresca tua alma.






Jalal Ud-Din Rumi






Fonte: do livro "Poemas Místicos", 
do poeta sufi/muçulmano, Jalal Ud-Din Rumi, Ed. Attar
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

A MENTE DESPRENDIDA

A transformação do mundo é produzida pela transformação da pessoa, pois o ego é o produto e uma parte do processo total da existência humana. Para se transformar, o autoconhecimento é essencial; sem saber o que você é, não há base para o pensar correto, e sem conhecer a si mesmo, não pode haver transformação. A pessoa deve se conhecer como ela é, não como quer ser, o que é meramente um ideal e, portanto, fictício, irreal; apenas o que existe pode ser transformado, não o que você queria que existisse. Para se conhecer como se é, é preciso extraordinária vigilância da mente, porque o que é está constantemente passando por transformação, mudança; e para acompanhar isto calmamente a mente não pode estar presa a nenhum dogma particular ou crença, a nenhum padrão de ação particular. Se você quiser acompanhar alguma coisa, não é bom estar preso. Para conhecer a si mesmo, deve haver a conscientização, a vigilância da mente, em que há liberdade de todas as crenças, de toda idealização porque crenças e ideais apenas colorem, pervertendo a verdadeira percepção. Se você quer saber o que você é, não pode imaginar ou ter fé em alguma coisa que você não é. Se eu sou ganancioso, invejoso, violento, apenas tendo um ideal de não-violência, de não-ganância, é de pouco valor. A compreensão do que você é, o que quer que seja – feio ou bonito, mau ou pernicioso – a compreensão do que você é, sem distorção, é o início da virtude. Virtude é essencial pois ela confere liberdade.






J. Krishnamurti






Fonte: The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

UMA TOMADA DE CONSCIÊNCIA (Saindo da pieguice religiosa, da caridade interesseira, da crença simplória e das falações emotivas)

O apego ao contingente, ao imediato, apaga na consciência dos nossos dias o senso de responsabilidade espiritual. Nem mesmo a ronda constante da morte consegue arrancar o homem atual da embriaguez do presente. O problema do espírito e da imortalidade só se aviva quando ligado diretamente a questões de interesse pessoal.

O católico, o protestante, o espírita se equivalem nesse sentido. Todos buscam os caminhos do espírito para a solução de questões imediatistas ou para garantirem a si mesmos uma situação melhor depois da morte. A maioria absoluta dos espiritualistas está sempre disposta a investir (este é o termo exato) em obras assistenciais, mas revela o maior desinteresse pelas obras culturais.

Apegam-se os religiosos de todos os matizes à tábua de salvação da caridade material, aplicando grandes doações em hospitais, orfanatos e creches, mas esquecendo-se dos interesses básicos da cultura. Garantem os juros da caridade no após-morte, mas contraem pesadas dívidas no tocante à divulgação, sustentação e defesa de princípios fundamentais da renovação da cultura planetária.

A imprensa, a literatura, o ensaio, o estudo, a fixação das linhas mestras da nova cultura terrena ficam ao deus-dará. Falta uma tomada de consciência, particularmente no meio espírita, da responsabilidade de todos na construção e na elaboração da Nova Era, que é trabalho dos homens na Terra.

Ninguém ou quase ninguém compreende que sem uma estruturação cultural elevada, sem estudos aprofundados no plano cultural, que revelem as novas dimensões do mundo e do homem na perspectiva espírita, o Espiritismo não passará de uma seita religiosa de fundo egoísta, buscando a salvação pessoal de seus adeptos, precisamente aquilo que Kardec lutou para evitar.

A finalidade do Espiritismo, como Kardec acentuou, não é a salvação individual, mas a transformação total do mundo, num vasto processo de redenção coletiva. Proporcionar aos jovens uma formação cultural apoiada numa positiva e completa base espiritual, que mostre a insensatez das concepções materialistas e pragmatistas, dando-lhes a firmeza necessária na sustentação e defesa dos princípios doutrinários, não é só caridade, mas também a realização efetiva dos objetivos superiores do Espiritismo nesta fase de transição.

Sem esse trabalho não poderemos avançar com segurança e eficácia na direção da Era do Espírito. Temos de dar às novas gerações a possibilidade de afirmarem, diante do desenvolvimento das Ciências e do avanço geral da Cultura, como disse Denis Bradley: "Eu não creio, eu sei!" Porque é pelo saber, e não pela crença, pela fé racional e não pela fé cega, pelo conhecimento e não pelas teorias indemonstráveis que o Espiritismo, como revelação espiritual, terá de modelar a nova realidade terrena, apoiado na confirmação científica, pela pesquisa, dos seus postulados fundamentais. A revelação humana confirma e comprova a revelação divina.

Esse é o problema que ninguém parece compreender. Todos sonham com o momento em que a Ciência deverá proclamar a realidade do espírito. Mas essa proclamação jamais será feita, se a Ciência Espírita não atingir a maioridade, não se confirmar por si mesma, podendo enfrentar virilmente, no plano da inteligência e da cultura, a visão materialista do mundo e a concepção materialista do homem.

Por isso precisamos de Universidades Espíritas, de Institutos de Cultura Espírita dotados de recursos para uma produção cultural digna de respeito, de Laboratórios de Pesquisa Psíquica estruturados com aparelhagem eficiente e orientados por metodologia segura, planejada e testada por especialistas de verdade, capazes de dominar o seu campo de trabalho e de enfrentar com provas irrefutáveis os sofismas dos negadores sistemáticos. É uma batalha que se trava, o bom combate de que falava o Apóstolo Paulo, agora desenvolvido com todos os recursos da tecnologia.

Chega de pieguice religiosa, de palestras sem fim sobre a fraternidade impossível no meio de lobos vestidos de ovelhas. Chega de caridade interesseira, de imprensa condicionada à crença simplória, de falações emotivas que não passam de formas de chantagem emocional.

Precisamos da Religião viril que remodela o homem e o mundo na base da verdade comprovada. Da caridade real que não se traduz em esmolas, mas na efetivação da fraternidade humana oriunda do conhecimento de nossa constituição orgânica e espiritual comuns, ou seja, da inelutável igualdade humana. De exposições sábias e profundas dos problemas do espírito, nascidas da reflexão madura e do estudo metódico e profundo.

Temos de acordar os dorminhocos da preguiça mental e convocar a todos para as trincheiras da guerra incruenta da sabedoria contra a ignorância, da realidade contra a ilusão, da verdade contra a mentira. Sem essa revolução em nossos processos não chegaremos ao mundo melhor que já está batendo, impaciente, às nossas portas.

Não façamos do Espiritismo uma ciência de gigantes em mãos de pigmeus. Ele nos oferece uma concepção realista do mundo e uma visão viril do homem. Arquivemos para sempre as pregações de sacristão, os cursinhos de miniaturas de anjos, à semelhança das miniaturas japonesas de árvores.

Enfrentemos os problemas doutrinários na perspectiva exata da liberdade e da responsabilidade de seres imortais. Reconheçamos a fragilidade humana, mas não nos esqueçamos da força e do poder do espírito encerrado no corpo. Não encaremos a vida cobertos de cinzas medievais. Não façamos da existência um muro de lamentações.

Somos artesãos, artistas, operários, construtores do mundo e temos de construí-lo segundo o modelo dos mundos superiores que se destaquem nas constelações. Estudemos a doutrina aprofundando-lhe os princípios. Remontemos o nosso pensamento às lições viris do Cristo, restabelecendo na Terra as dimensões perdidas do seu Evangelho. Essa é a nossa tarefa.





José Herculano Pires





Fonte: ADDE - Associação de Divulgação da Doutrina Espírita
www.adde.com.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal