terça-feira, 8 de julho de 2014

A EVOLUÇÃO DA FORMA

Toda forma que vês tem seu arquétipo no mundo sem-lugar. Se a forma se desvanece, não importa, permanece o original.

As belas figuras que viste, as sábias palavras que escutaste, não te entristeças se pereceram.

Enquanto a fonte é abundante, o rio dá água sem cessar. Por que te lamentas se nenhum dos dois se detém?

A alma é a fonte. Enquanto a fonte jorra, correm os rios. Tira da cabeça todo o pesar e sorve aos borbotões a água deste rio. Que a água não seca, ela não tem fim.

Desde que chegaste ao mundo do ser, uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.

Primeiro, foste mineral; depois, te tornaste planta, e mais tarde, animal. 

Como pode ser isto segredo para ti?

Finalmente foste feito homem, com conhecimento, razão e fé. Contempla teu corpo - um punhado de pó; vê quão perfeito se tornou!

Quando tiveres cumprido tua jornada, decerto hás de regressar como anjo; depois disso, terás terminado de vez com a Terra, e tua estação há de ser o céu.

Passa de novo pela vida angelical, entra naquele oceano, e que tua gota se torne mar, cem vezes maior que o Mar de Oman.

Abandona este filho que chamas corpo e diz sempre "Um" com toda a alma. 

Se teu corpo envelhece, que importa? Ainda é fresca tua alma.






Jalal Ud-Din Rumi






Fonte: do livro "Poemas Místicos", 
do poeta sufi/muçulmano, Jalal Ud-Din Rumi, Ed. Attar
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

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