domingo, 10 de abril de 2016

OS VERDADEIROS OBJETIVOS DO MOVIMENTO (MOVIMENTO ESOTÉRICO MODERNO)

O Foco Central de um Projeto de Longo Prazo

O movimento esotérico moderno foi fundado em Nova Iorque em 1875. Os seus dois principais fundadores são Helena Blavatsky e Henry Olcott. A real importância de William Q. Judge, que participou da fundação, só ficou clara posteriormente.

Os objetivos declarados deste movimento, em sua formulação mais conhecida, são os seguintes:


1) Formar o núcleo de uma Fraternidade Universal da Humanidade, sem distinção de raça, credo, sexo, casta ou cor;

2) O estudo de religiões, filosofias e ciências antigas e modernas, e a demonstração da importância de tal estudo;

3) A investigação das leis inexplicadas da Natureza e dos poderes psíquicos latentes no homem. [1]


Com poucas variações, os três objetivos descritos acima são adotados pelas várias linhas de trabalho teosófico existentes hoje no mundo. No entanto, as metas são complexas e abrangentes. Elas transcendem as palavras e podem ser expressadas de diversas formas. Em um texto de outubro de 1886 que também é conhecido como “O Programa Original da Sociedade Teosófica”, H.P. Blavatsky incluiu informação valiosa que até hoje nem todos conhecem.

Ao narrar os objetivos do movimento no momento da sua fundação, ela escreveu que as crenças cegas religiosas devem ser desmascaradas, e que as energias sutis da vida, positivas e negativas, precisam ser descritas e identificadas para que as ilusões sejam destruídas.

Do ponto de vista prático, essa tarefa cria um dilema. É preciso achar um modo de promover a fraternidade universal e ao mesmo tempo combater o fanatismo e a hipocrisia das principais religiões. Será possível fazer isso sem parecer intolerantes?

A vida tem mostrado que essa tarefa é inevitável, mas apresenta obstáculos. Alguns ainda pensam que a prática da fraternidade proíbe o estudante de fazer críticas. Essa é uma perigosa ilusão. Cabe combinar, isso sim, uma mente aberta com uma firmeza de princípios. A prática da amabilidade não autoriza ninguém a omitir-se diante do erro e da fraude.

Descrevendo em 1886 os objetivos do movimento, H. P. Blavatsky escreveu:

“Enviada aos Estados Unidos da América em 1873 com o  propósito de organizar um grupo de trabalhadores em um plano psíquico, dois anos mais tarde a autora do presente texto recebeu ordens do seu Mestre e Instrutor para formar o núcleo de uma Sociedade cujos objetivos foram genericamente definidos como segue:


1) Fraternidade Universal;

2) Nenhuma distinção deveria ser feita pelos membros entre raças, credos ou posições sociais, mas cada membro deveria ser julgado e tratado apenas em função dos seus méritos pessoais;

3) Estudar as filosofias do Oriente - especialmente as da Índia, e apresentá-las gradualmente ao público em várias obras que devem interpretar as religiões exotéricas à luz dos ensinamentos esotéricos;

4) Fazer oposição de todas as formas possíveis ao materialismo e ao dogmatismo teológico, demonstrando a existência de forças ocultas na Natureza, desconhecidas pela Ciência, e a presença de poderes psíquicos e espirituais no Homem; e tentar, ao mesmo tempo, ampliar os pontos de vista dos espíritas mostrando a eles que há outras, muitas outras forças em ação na produção de fenômenos psíquicos além dos ‘Espíritos’ dos mortos. As superstições deveriam ser denunciadas e evitadas; e as forças ocultas, benéficas e maléficas - que sempre nos rodeiam e manifestam suas presenças de vários modos, deveriam ser demonstradas da melhor maneira possível.”

E Blavatsky prosseguiu:

“Esse era o programa de ação em suas linhas gerais. Não foi dito aos dois principais fundadores o que eles tinham de fazer, como eles tinham que provocar e acelerar o crescimento da Sociedade e os resultados desejados; eles tampouco receberam quaisquer ideias definidas com relação à organização externa - tudo isso foi deixado inteiramente a cargo deles. Assim, como a abaixo-assinada não tinha capacidade para a formação e a administração mecânicas de uma Sociedade, a sua direção foi deixada nas mãos do coronel H.S. Olcott, escolhido naquela ocasião pelos fundadores e membros iniciais como Presidente vitalício. Mas ao mesmo tempo que não foi dito aos dois fundadores o que eles tinham que fazer, eles foram claramente instruídos sobre o que eles jamais deveriam fazer, o que eles tinham que evitar, e o que a Sociedade nunca deveria se tornar. Organizações de Igrejas, seitas Cristãs ou espíritas foram mostradas como futuros contrastes à nossa Sociedade.”

E para esclarecer ainda mais, Blavatsky enumerou dois pontos:

“1) Os Fundadores tinham que exercer toda a sua influência para fazer oposição a egoísmo de qualquer tipo, insistindo em sentimentos sinceros e fraternos entre os membros - pelo menos externamente; trabalhando para que o Movimento produzisse um sentimento de unidade e harmonia, apesar da grande diversidade de crenças; esperando e exigindo dos Membros uma grande tolerância mútua e compaixão de cada um pelos defeitos do outro; ajuda mútua na pesquisa de verdades em qualquer área de conhecimento, moral ou física, e mesmo na vida diária.

2) Eles tinham que se opor da maneira mais intensa possível a qualquer coisa que se aproximasse de fé dogmática e fanatismo - a crença na infalibilidade dos Mestres, ou mesmo na mera existência dos nossos Mestres invisíveis, devia ser combatida desde o início. Por outro lado, como era exigido um grande respeito pelas opiniões pessoais e crenças de todos os membros, qualquer membro que criticasse a fé ou a crença de outro membro, ferindo seus sentimentos ou mostrando uma autoafirmação repreensível, não solicitada (conselhos mútuos amigáveis eram um dever, a menos que recusados) - tal membro sofreria expulsão. Tinha que ser encorajado o maior espírito de livre pesquisa, sem que fossem colocados impedimentos por ninguém e por coisa alguma.” [2]


O Paradoxo da Fraternidade

Pesquisa é fundamental em teosofia. Acreditar sem fundamento em alguma coisa é nocivo.

Uma grande diferença entre uma igreja e uma escola filosófica é que para a igreja o mais importante é a crença, e o debate é algo que atrapalha a fé cega; enquanto que para uma escola de filosofia a atividade principal é a pesquisa, e nela o debate honesto, impessoal, respeitoso, é bem-vindo e até indispensável.

O movimento teosófico deve evitar uma aparência de tolerância em que não haja direito a debate ou sinceridade, supostamente para não ferir os sentimentos daqueles que alimentam uma fé cega ou uma rotina mental.

A abertura de horizontes é saudável,  mas a “tolerância” em relação a quebra de princípios éticos é inaceitável por um motivo muito prático: produz maus frutos.

Deve haver firmeza na ética e uma flexibilidade na forma de pensar. Devemos ter um pensamento universal, capaz de fazer a síntese entre diferentes tradições, sem aceitar ausência de honestidade. E precisamos critério e sabedoria para administrar diariamente esse aparente paradoxo.

A universalidade das religiões significa que diferentes tradições se encontram em “algum lugar”. E o “lugar” em que as diferentes religiões se encontram tem que ser o respeito pela verdade.

As árvores se conhecem pelos frutos, e os frutos das religiões e das filosofias são, naturalmente, as ações práticas dos seus estudantes ou seguidores. Uma bela “filosofia”, sem belas ações, é apenas uma forma de encobrir o fracasso. Daí a centralidade da ética.

Há um contraste aparente entre a universalidade que abrange as diferentes tradições e a promoção de uma ética vivida de fato na vida diária. Esta última pode ser vista como rigidez, por pessoas sem princípios. E a contradição provoca  dificuldades. O paradoxo produz testes e provações indispensáveis para que o aprendizado seja real.

São muitas as lições que surgem, na medida em que se tenta alcançar na prática diária os objetivos centrais do movimento inaugurado em 1875 em Nova Iorque. O lento progresso nesta direção abre pouco a pouco uma página nova na evolução da humanidade.



NOTAS:

[1] Texto traduzido da contracapa  do livreto “Work for Theosophy - Articles by William Q. Judge”,   The Theosophy Company, Los Angeles, Califórnia, EUA, 48 pp. Todas as publicações da Loja Unida de Teosofistas adotam essa formulação dos objetivos.

[2] Do livreto “Theosophical Objects, Program and Organization”, H.P. Blavatsky, The Theosophy Company, Los Angeles, Califórnia, EUA, 38 pp., ver pp. 16-18. Essa é a primeira parte do documento. O texto também foi publicado sob o título de “The Original Programme of the Theosophical Society” na revista mensal “The Theosophist”, Adyar, Madras, Índia, edição de agosto de 1931, ver pp. 561-564 para os trechos traduzidos aqui.




Carlos Cardoso Aveline






Fonte: http://www.helenablavatsky.net/2016/04/os-verdadeiros-objetivos-do-movimento.html
Fonte da Gravura: Helena P. Blavatsky e Henry S. Olcott, na década de 1880
http://www.helenablavatsky.net/2016/04/os-verdadeiros-objetivos-do-movimento.html

sábado, 9 de abril de 2016

DESERTO DA ALMA - AS SITUAÇÕES DIFÍCEIS DA VIDA

De alguém que não se deixa abater, sejam quais forem as dificuldades que tenha de ultrapassar, pode-se dizer que irá muito longe. Vós perguntais: «Nunca se deixar abater? Como é isso possível?» Com a boa vontade. Sim, a boa vontade, pois a vontade só por si não basta. Não basta cerrar os dentes ou os punhos perante as dificuldades e dizer: «Eu vou aguentar!», pois não é garantido que se consiga ser mais forte do que os acontecimentos, e fica-se esgotado.

Aquilo a que eu chamo boa vontade é uma vontade sustentada por um intelecto que procura compreender os acontecimentos e tirar deles uma lição, e por um coração sempre aberto aos outros. Esta boa vontade é também uma forma de paciência. Nada a desencoraja. Por isso, a paciência é uma qualidade que deve acompanhar todas as outras: é preciso ser sábio e paciente, ser generoso e paciente, ser forte e paciente, senão todas essas qualidades que são a sabedoria, a generosidade, a força, etc., perdem rapidamente o seu poder.

Em que é que devemos alicerçar a nossa esperança? Na certeza de que o futuro pode sempre ser melhor. Mesmo que o presente não seja famoso, os poderes da vida e do bem são tais que podem sempre vencer o mal, desde que decidais associar-vos a eles.

Alguém dirá: «Mas que esperança posso eu ter? Todas as minhas iniciativas falham, não tenho qualquer futuro!» Evidentemente, isso depende daquilo a que chamais o vosso futuro. Se só perspetivais esse futuro como sucesso material, social, ou como um romance de amor digno dos contos de fadas, talvez o vosso futuro esteja realmente tapado. Mas o vosso verdadeiro futuro, o vosso futuro de filhos e filhas de Deus, está escancarado diante de vós. Os dias são diferentes uns dos outros. Hoje não vistes o sol? Amanhã ele voltará a brilhar. Nada está definitivamente fechado para aqueles que sabem onde alicerçar a sua esperança.

Pode acontecer a cada um sentir-se interiormente como se atravessasse um deserto: já nem tem gosto nem desejo pelo que quer que seja, tudo para ele se torna enfadonho, estranho, vazio. Este estado é o mais grave em que um ser humano pode cair. O mais grave não é ter insucessos, ficar doente, arruinado, é já não ter amor, entusiasmo, fé, é perder o sentido da vida. Por isso, há que preparar em si próprio os elementos que serão necessários para sair incólume desse deserto da alma.

Cada dificuldade tem uma solução particular. Essa solução pode ser a luz, ou a vontade, ou a humildade, ou a pureza, ou o amor... Por isso, esforçai-vos por não descurar nenhum destes poderes, nenhuma destas forças, para não ficardes completamente sem recursos quando vem a provação. Mesmo que hoje vos pareça que nada vos falta, isso não justifica que não trabalheis para adquirir os elementos que – podeis estar certos! – um dia vos serão necessários.




Omraam Mikhaël Aïvanhov






Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

REFLEXÕES PARA A CONSCIÊNCIA DA ALMA

Nesse momento, o serviço mais essencial que podemos fazer para a humanidade é espalhar vibrações de paz. À medida que o medo e a animosidade abastecem os cenários ao redor do mundo, nossas vibrações - que emergem de pensamentos e votos pacíficos podem funcionar como tranquilizantes que acalmam a atmosfera. Assim como pensamentos tóxicos de ódio e revanche tem moldado as crises, pensamentos de paz mundial nos levarão em direção à resoluções mais calmas das situações.

Ser sábio sobre o significado da palavra agora é a arte de ver que cada momento tem seu valor próprio, mesmo que a experiência de tal momento não esteja conectada com qualquer uma de nossas ambições, metas ou preocupações mentais. O significado do tempo dos relógios não é nada quando comparado com a experiência de não sentir o tempo, de estar completamente presente e imerso na tarefa que está sendo realizada. (Mike George, From now to eternity, Purity, February, 2007)

Tolerância significa aceitar as diferenças e mudar com graça. É uma aceitação intencional das coisas como são. É ficar calmo em meio às pessoas e situações que possamos não concordar. É manter nossa dignidade e equilíbrio interior enquanto passando pelo teste de resistência. Tolerância não é aprovar o comportamento e abordagem dos outros. É uma forma de mostrar respeito pela humanidade essencial de cada pessoa.

Para muitos de nós, tolerância pode parecer ser uma arma para os fracos. Mas tolerância, de fato, é o contrário do comportamento submisso. É uma virtude que independe de medo e aprovação, é um ato de grande coragem! Uma pessoa tolerante sabe que o silêncio muitas vezes pode ser mais poderoso do que a fala e então ela usa o comedimento para se conduzir através da situação. Ela sabe que através do silêncio muitas coisas complexas são resolvidas por si mesmas, não precisam do nosso impulso de reagir ou interferir.

Atualmente precisamos mudar a tendência de ter cabeças quentes e corações frios em relação às situações externas. Não importa o que aconteça, precisamos manter o coração aquecido com amor e compaixão e a cabeça fria com paz. Essa atitude ajudará a manter corpo e alma saudáveis. E uma boa vibração para o mundo será criada. (Sister Jayanti)




Brahma Kumaris





Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sexta-feira, 8 de abril de 2016

A MEDITAÇÃO, O SILÊNCIO E O SAGRADO

Há silêncio entre duas notas; há silêncio entre dois pensamentos, entre dois movimentos; há o silêncio entre duas guerras; há silêncio entre marido e mulher antes que comecem a brigar. Não estamos falando dessa qualidade de silêncio, porque eles são temporários, desaparecem. Estamos falando de um silêncio que não é produzido pelo pensamento, que não é cultivável, que só chega quando você tiver compreendido todo o movimento da existência. Nisso há silêncio, não há pergunta e resposta, não há desafio. Não há busca, tudo terminou. Nesse silêncio há um grande sentido de espaço e beleza e um extraordinário sentido de energia. Então chega aquilo que é eternamente, intemporalmente sagrado, que não é o produto da civilização, o produto do pensamento. É esse o movimento integral da meditação. (This Light in Oneself, p. 44)

Para descobrir o que é a meditação, a beleza disso, não a palavra – a palavra significa ponderar, pensar, recordar – então para descobrir o que é meditação devemos abordá-la negativamente. Ou seja, descobrir o que não é. Entendem? A maior parte de nós é tão positiva, e pensamos que a meditação é algo que temos que fazer, praticar, mas se podemos abordá-la com inteligência, não com o desejo, mas com a inteligência, que é ver o que ela não é. Então vamos fazer isso juntos? Ver o que ela não é. (The Beauty of Death as Part of Life)

O silêncio da mente chega naturalmente – por favor ouçam isto – chega naturalmente, facilmente, sem qualquer esforço se você souber observar, olhar. Quando você observar uma nuvem, olhe para ela sem a palavra e portanto sem o pensamento, olhe para ela sem a divisão como observador. Então há uma consciência e uma atenção no próprio ato de olhar: não a determinação de estar atento, mas olhar com atenção, mesmo que esse olhar possa durar apenas um segundo, um minuto – isso é suficiente. Não seja ganancioso, não diga “Tenho que ter isso durante todo o dia”. Olhar sem o observador significa olhar sem o espaço entre o observador e a coisa observada, o que não significa identificar-se com a coisa que é olhada.

Portanto quando se consegue olhar para uma árvore, para uma nuvem, para a luz sobre a água, sem o observador, e também – o que é muito mais difícil, o que precisa de uma maior atenção – se você conseguir olhar para si mesmo sem a imagem, sem qualquer conclusão, porque a imagem, a conclusão, a opinião, o juízo, a bondade e a maldade, estão centrados em torno do observador, então você descobrirá que a mente, o cérebro, se torna extraordinariamente tranquilo. E essa tranquilidade não é uma coisa a ser cultivada; ela pode acontecer, ela acontece sim, se você estiver atento, se você for capaz de observar o tempo todo, observar os seus gestos, as suas palavras, os seus sentimentos, os movimentos do seu rosto e tudo o mais. (Beyond Violence, p. 131)




J. Krishnamurti





Fonte: http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura:
http://www.taringa.net/posts/ciencia-educacion/16865761/Jiddu-Krishnamurti.html
http://fightlosofia.com/krishnamurti-en-imagenes-krishnamurti-in-pictures/

COMUNIDADE HUMANA

Aqueles que estão tentando construir a comunidade humana sobre uma fundação de riqueza (dhana), a estão construindo sobre a areia; aqueles que procuram construir sobre a rocha da retidão (dharma) são os sábios. Cada pessoa consome quantidades específicas de alimentos e muitos até mesmo calculam as calorias consumidas e queimadas. Basta pensar por um momento: você já calculou o que tem dado de volta à sociedade que o ajuda a viver e desfrutar o mundo? Você deve transformar o alimento em serviço para o bem-estar da sociedade. Mera alimentação e cuidados com o corpo são inúteis, pois o corpo é apenas um contêiner. Quando a centelha da Divindade deixa o corpo, ele torna-se um cadáver. Ninguém manterá o cadáver nem mesmo por mais que algumas horas. As pessoas evitarão a visão e o cheiro de um cadáver; é repugnante. Nunca seja seu próprio inimigo nem um fardo para ninguém. (Divino Discurso, 03 de fevereiro de 1964)




Sathya Sai Baba





Fonte: http://www.sathyasai.org.br/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

SANTA SARA - A FILHA DE JESUS CRISTO E MARIA MADALENA

Contam as antigas lendas francesas relacionadas à descendência de Jesus Cristo e Maria Madalena que durante a perseguição aos cristãos primitivos ocorrida nos anos seguintes à crucificação, alguns dos discípulos do Grande Kabir e pessoas próximas ao Divino Casal fugiram da Judeia em um barco e chegaram à costa sul da Gália, atual França.

Na embarcação usada para a fuga pelo mar Mediterrâneo estavam os irmãos Lázaro, Maria Madalena e Marta, juntamente com a mãe dos apóstolos João e Tiago, chamada Maria Salomé, acompanhados ainda por Maria de Cleofas, a tia de Jesus, e Maximin d’Aix, um dos setenta e dois discípulos de Jesus Cristo e famoso evangelizador da região de Aix-en-Provence.

Além de todos eles, participava desta jornada uma jovem de pele morena, supostamente vinda do Alto Egito para servir à tia de Jesus como aia. Seu nome era Sara, quem atualmente vem sendo identificada na literatura sobre a descendência familiar de Jesus Cristo como sendo sua filha com Maria Madalena.

Esta tradição ressurgiu com força na década de 1980, graças à obra O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, dos escritores Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln. Nos últimos anos, as teorias sobre os frutos da união matrimonial celebrada entre Jesus e sua principal discípula vêm ganhando cada vez mais força no imaginário popular graças à publicação de novos romances históricos baseados nas ideias que acabaram sendo popularizadas pelo escritor Dan Brown.

Alguns autores mais recentes que aproveitam o sucesso do bestseller O Código Da Vinci e a ideia que identifica o Santo Graal com o Sangue Real dos herdeiros do Salvador e sua esposa redimida sugerem que Santa Sara, a menina egípcia que acompanhou os familiares e discípulos de Jesus Cristo na embarcação rumo às terras francesas, era na verdade a filha do divino casal da Galileia.

Este é o caso do livro The Woman with the Alabaster Jar: Mary Magdalen and the Holy Grail (A Mulher com o Vaso de Alabastro: Maria Madalena e o Santo Graal), escrito por Margaret Starbird e publicado em 1993, contendo a ideia de que Santa Sara é a filha de Jesus e Madalena, e que este fato seria a autêntica fonte da lenda associada com a mística de Saintes-Maries-de-la-Mer.

Como já mencionamos acima, a tradição local afirma que a cidade de Saintes-Maries-de-la-Mer foi o porto onde os familiares e discípulos de Jesus desembarcaram de sua fuga pelo Mediterrâneo. No barco estavam as chamadas Três Marias, Maria Madalena, Maria Salomé e Maria de Cleofas, as três mulheres que primeiro testemunharam a tumba vazia de Jesus, e cujas relíquias são o foco de devoção de peregrinos.

Assim que Jesus foi crucificado, as Três Marias e sua comitiva teriam partido da cidade egípcia de Alexandria acompanhadas de seu tio, José de Arimateia. As lendas francesas sustentam que a embarcação chegou ao território que hoje corresponde ao sul da França, onde havia uma fortaleza chamada Oppidum-Ra. O local passou logo a ser conhecido como Notre-Dame-de-Ratis, pois Ra se tornou Ratis (que em latim significa algo como “navegar”), para mais tarde tornar-se Notre-Dame-de-la-Mer, e no século XIX, Saintes-Maries-de-la-Mer.

Margaret Starbird afirma que o nome Sara significa “princesa” em hebraico, um forte indicativo de que ela seria a descendente esquecida do “sang réal”, o sangue real do Rei dos Judeus. O esquecimento de Sara teria sido consequência da supressão que o Catolicismo Romano realizou sobre a veneração e a devoção ao Sagrado Feminino, resultando num desequilíbrio espiritual da doutrina cristã.

Para a autora, o Cristianismo Primitivo incluía a celebração do chamado Hierosgamos, que significa “casamento sagrado”, a união sexual divina e divinizante, o mesmo Sacramento da Câmara Nupcial dos antigos gnósticos, e o Grande Arcano dos gnósticos contemporâneos, tal como foi ensinado por Samael Aun Weor em sua extensa obra.

Esta celebração oferecia um modelo arquetípico do noivo (Jesus Cristo) e da noiva (Maria Madalena), ensinando a metafísica da união do Espírito Puro (Real Ser Interior) com a Alma Arrependida (que vai sendo liberta dos Eus Psicológicos), e a ciência da união sexual entre homem e mulher. Este último corresponde à mescla inteligente do erótico com o sagrado, um ato religioso capaz de converter seus adeptos em deuses, ou seja, de levá-los à união com a Divindade para conhecer seus Mistérios.

Este modelo de unidade conciliadora da dualidade acabou sendo perdido logo nos primeiros séculos do Cristianismo, uma verdadeira tragédia espiritual que acabou excluindo as lideranças femininas, o que era muito comum no tempo dos primeiros discípulos de Jesus. A autora insiste que tal parceria sagrada é universal e apenas reflete aquela existente em outras regiões do planeta, em contextos religiosos muito anteriores ao daquele em que se formou a religião do Cristo.

Nos dias atuais, para o bem da retomada do equilíbrio de gêneros na religiosidade cristã e a revisão da importância da sexualidade para uma espiritualidade conciliadora do humano com o divino, Santa Sara converteu-se em um instrumento de oposição aos velhos padrões autoritários e de rigidez hierárquica, onde o masculino impera à força e às cegas sobre o feminino por puro medo de perder seu poder e de ser tragado pela sensualidade que secretamente deseja.

E para o esoterismo gnóstico, Santa Sara representa o fruto maravilhoso deste casamento divino que acontece no interior de cada discípulo que celebra o Hierosgamos, que recebe o Sacramento da Câmara Nupcial, e que opera com o Grande Arcano ensinado pelo Gnosticismo nos dias atuais. Este fruto é a alma cristificada, livre de toda amarra psicológica, das ilusões e dos apegos, pronta para experimentar a GNOSIS e com ela a VERDADE.




Publicado por Giordano Cimadon na Sociedade Gnóstica Internacional (SGI)



Fonte do Texto e da Gravura: http://www.sgi.org.br/

domingo, 3 de abril de 2016

A RETIDÃO É A DIVINDADE INTERIOR (DHARMA - ATMA)

Com esforços diligentes, sucesso pode ser alcançado. Mesmo uma formiga pode percorrer quilômetros movendo-se continuamente. No entanto, mesmo Garuda (a águia celeste) não pode elevar-se dois pés se não tiver vontade de voar. Da mesma forma, sem bons pensamentos e boas ações baseadas neles, não se pode realizar qualquer coisa boa. A criança Dhruva conseguiu o que desejava, apesar de muitos obstáculos difíceis, por causa de sua firme determinação e austeridades espirituais. Por seus pensamentos sublimes, alcançou o status de uma estrela no céu. Da mesma forma, qualquer pessoa, independentemente de idade ou habilidades, com fé e determinação, pode realizar o que quiser. Em todo campo, ação inabalável (sadhana) é essencial. Além disso, você deve controlar seu temperamento. O Sábio Durvasa, apesar de sua penitência não tinha paz porque não podia controlar seu temperamento. Juntamente com a paz, a qualidade de paciência (Kshama) é essencial. Perdão é verdade, é Dharma, é a essência do Veda, é não-violência e a melhor austeridade (Yajna). (Discurso Divino, 05 de julho de 1996)

Dharma e Jnana (retidão e sabedoria espiritual) são dois olhos dados a você para descobrir sua singularidade e sua Divindade inata. Dharma indica o caminho correto que cada indivíduo, grupo ou sociedade devem seguir. Dharma destrói aquele que o infringe e defende aquele que o protege. O edifício do Dharma é erguido sobre o fundamento da Verdade. Nyaya (justiça) é um atributo essencial do Dharma. Uma sociedade, uma nação ou um indivíduo brilham com glória somente quando aderem à justiça, adquirem riqueza pelo trabalho na agricultura, nos negócios ou em qualquer outra profissão, e adquirem mérito e graça divina, aderindo à moralidade (neethi) e retidão (Dharma). Embora o Dharma conduza à ação correta, é necessário também adquirir Jnana. Todos os sofrimentos e problemas na vida surgem do senso de dualidade. Uma vez que o sentimento de "eu" e "meu" seja eliminado, a consciência da Divindade que permeia tudo pode ser percebida. (Discurso Divino, 19 de janeiro de 1984)

Dharma, quando desposa a grande alma chamada Verdade (Sathya), gerará os filhos Seriedade (Shraddha), Compaixão (Daya), Paz (Shanti), Prosperidade (Pushti), Contentamento (Santushti), Progresso (Vriddhi), Modéstia (Lajja), Honra (Gouravam) e Libertação (Mukthi). Examine-se cuidadosamente se você é da linhagem acima, do Dharma, ou da de Ignorância (Mithya) e Iniquidade (Adharma). Quando você assiduamente praticar Dharma, a Divindade dentro de você se manifestará espontaneamente. Não limite o Dharma a meras palavras. Você é a própria personificação da retidão. Mas você não será digno dessa denominação se não levar uma vida de Dharma. Todos devem perceber que alcançar a unidade com a Divindade é o objetivo da vida humana. Por isso, é seu dever primário desenvolver fé no Divino. Com fé, você levará uma vida dedicada a Dharma, Sathya e Neethi (Retidão, Verdade e Justiça) e alcançará o objetivo do seu nascimento. (Discurso Divino, 19 de janeiro de 1984)

Retidão (Dharma) é eterna, é igual para todos em todos os lugares. Ela expressa o significado da Divindade interior de uma pessoa (Atma). O local de nascimento da retidão (Dharma) é o seu coração. O que emana do coração como uma ideia pura, quando traduzida em ação é chamada de Dharma. Se isso tiver que ser explicado de uma forma que todos possam entender, você pode dizer: "Faça aos outros o que você quer que lhe façam"! Dharma também consiste em evitar ações que possam ferir os outros. Se alguém faz coisas que lhe causam felicidade, então você, por sua vez, deve fazer coisas que causarão felicidade aos outros. Quando reconhecemos que certos atos que os outros fazem causam dificuldades, e quando também fazemos as mesmas ações, isso claramente é adharma (ausência de retidão)! Às vezes, e em algumas circunstâncias, um indivíduo que comete um erro deve ser avisado de forma muito clara que ele fez algo de errado, para que ele melhore. (Chuvas de verão em Brindavan, 1973, Capítulo 23)





Sathya Sai Baba





Fonte: http://www.sathyasai.org.br/
Fonte da Gravura: Tumblr.com

sábado, 2 de abril de 2016

REFLEXÕES PARA A CONSCIÊNCIA DA ALMA

A principal razão de um obstáculo é o conflito de sentimentos. Nosso estado de espírito se eleva ou cai a partir de duas coisas: sentimentos e intenções. Para mantermos o alto-astral, precisamos ter mais sentimentos de: (1) bondade; (2) amorosidade e cooperação; (3) coragem e entusiasmo; (4) consciência de alma; (5) pertencimento. Todos esses sentimentos podem ser chamados de bons votos. Quando temos bons votos em relação a nós e aos outros, nos sentimos mais próximos de todos. Como consequência disso, obstáculos e conflitos terminam.

Honestidade existe quando não há contradições nos pensamentos, palavras ou ações. Os pensamentos serão limpos. As palavras, ao refletirem a clareza da mente, serão preenchidas com o poder da verdade. O mérito será visível nas ações. Ter uma forma internamente e outra externamente cria barreiras, impede a proximidade nos relacionamentos, quebra o amor. É a honestidade genuína, cultivada dentro de você, que tocará a todos.

Encontre um lugar quieto e relaxe. Sente-se em uma cadeira. Mantenha seus olhos abertos e gentilmente repouse o olhar em um ponto à frente. Afaste sua atenção dos sons externos e observe seus pensamentos. Não tente parar de pensar. Não julgue, apenas observe. Assim os pensamentos desaceleram e você fica mais tranquilo. Crie um pensamento sobre você como: “Eu sou pacífico.” Segure essa afirmação na tela da mente. Visualize-se sendo pacífico. Não lute com outros pensamentos ou memórias que possam distraí-lo. Deixe-os passar e volte ao pensamento que você criou. Agora pense no Oceano de Paz, Deus. Receba Dele todas as virtudes. Permaneça estável por alguns minutos e retorne às suas atividades. (BK Vishnu Khemani)

Os pensamentos têm grande poder. Eles são como sementes que você planta na mente. Quanto mais você mantém um pensamento, mais poder ele terá. Pensamentos positivos dão energia e força. Pensamentos negativos roubam poder e nos fazem sentir cansados. Somos positivos por natureza. Negatividade é resultado de um pensamento falho. Você pode mudar se quiser. Você não pode controlar os outros e as situações, mas você pode controlar o que está acontecendo dentro de você. Leva tempo para transformar esses padrões de pensamento. Seja paciente consigo. Comece com um pensamento: Hoje! (BK Prashant)




Brahma Kumaris





Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sexta-feira, 1 de abril de 2016

JUNG - O EGO E A SOMBRA

“Qualquer árvore que queira tocar os céus precisa ter raízes tão profundas a ponto de tocar os infernos.” – Carl Jung


O Arquétipo Sombra consiste no lado obscuro da Psique, onde estão contidos nossos instintos primitivos. É a origem de tudo aquilo que há de melhor e pior na raça humana.

Para que o sujeito seja inserido na comunidade, é necessário que ele passe pelo processo de domesticação com relação aos ímpetos contidos na sombra.

Quando a pessoa consegue suprimir o aspecto animal de seu estado natural, ela pode se tornar “civilizada”, mas esta repressão só pode ser executada através das capacidades motivadoras da espontaneidade, da criatividade, das emoções e das intuições.

Podemos afirmar que uma vida privada de sua sombra se transforma numa vida sem brilho. Não há como fugir de sua sombra.

A Sombra é um Arquétipo de muito valor, pois ela detém a capacidade de reter e afirmar ideias ou imagens que trazem vantagens para a vida do indivíduo.

A regência de uma vida saudável gira sempre em torno do equilíbrio. O Ego e a Sombra devem trabalhar em perfeita harmonia. Quando o Ego e a Sombra se harmonizam, a pessoa começa a se sentir cheia de vida e energia para prosseguir em sua caminhada. Assim, o Ego deixa de obstruir a Sombra e passa a canalizá-la. A Consciência se expande trazendo vitalidade à atividade mental.

É possível observarmos que as pessoas criativas são consideradas “esquisitas”. Há certa verdade no relacionamento entre o gênio e a loucura.

O conteúdo da Sombra presente nas pessoas criativas de vez em quando podem se sobressair ao Ego, fazendo com que essas pessoas pareçam num certo momento, insanas.

Quando o indivíduo traz em si um desequilíbrio, a sombra se aproveita dessa fragilidade. Um grande exemplo que pode ser citado é de um alcoolista compulsivo que com o tempo consegue vencer seu hábito e dominar o vício. A partir do momento em que o mesmo se encontra “curado”, os motivos que desencadearam o vício são forçados a recolher-se para o inconsciente, aguardando uma oportunidade para se expressar. O sujeito então, ao se deparar com uma situação traumática e conflituosa com a qual ele não pode lidar, a Sombra se manifesta com extrema força, originando dessa forma aquilo que denominamos recaída.

A Sombra é dotada de um intenso poder de resistência, pois ela nunca é vencida. No entanto, essa persistência é eficaz, tanto para a promoção do mal quanto para o bem.

Segundo o pensamento de Carl G. Jung (1875 -1961), dentro de cada um de nós há um outro que não conhecemos.

Todos os seres humanos tem seu lado obscuro. Se tudo correr bem é melhor nem conhecer.

Nós precisamos entender melhor a natureza humana, porque o único perigo real é o próprio homem.

A partir desse pensamento quero propor aqui o raciocínio de que a vida é um ciclo de energia onde eu mesmo sou o equilíbrio entre o medo e a coragem, a pergunta e a resposta, a alegria e a tristeza, a luz e a sombra. Somente pelo equilíbrio entre as grandes extremidades será possível compreender a Fé e a Razão.

Equilíbrio é saber até onde posso chegar e até onde vai o meu limite. Equilibrar-se implica em autoconhecimento.

Torna-se expressamente impossível alcançar o ponto de equilíbrio sem passar pela estrada do conhecimento de si mesmo.

O homem planeja, estuda e arquiteta planos mirabolantes para combater o seu inimigo, porém é quase incapaz de elaborar uma estratégia para conhecer a si mesmo.

É preciso compreender a máxima expressão de que o meu maior inimigo sou eu mesmo.

Tudo depende do Equilíbrio!



Evandro Rodrigo Tropéia





Fonte do Texto e da Gravura:
http://www.antroposofy.com.br/forum/jung-o-ego-e-a-sombra/
http://refletindo-sobre-o-ser.blogspot.com.br/2016/03/o-ego-e-sombra.html?spref=fb

terça-feira, 29 de março de 2016

PERCEBER A BONDADE

A Bíblia diz que, quando nosso tempo vier, seremos julgados não apenas por nossas palavras e ações, mas também pela maneira como percebemos a realidade. Então, precisamos perguntar a nós mesmos: Quando percebemos alguma coisa, o fazemos com gentileza e amor?

Tenho certeza de que a maioria de nós já notou que, quando alguém que simplesmente não gostamos, ou que nos incomoda de alguma forma, faz algo, tudo que essa pessoa faz é errado em nossa tela mental. O que ela diz, o que faz, como age, como se veste: em resumo, seja o que for que pertença aos nossos sentidos será distorcido, não necessariamente por causa dela, mas devido a nossa percepção, devido ao nosso julgamento.

Todos nós enxergamos através das lentes de nossos preconceitos. Duas pessoas testemunhando o mesmo acidente de carro, frequentemente o verão de forma completamente diferente. Nosso meio ambiente, nossos amigos, a cultura na qual vivemos, tudo predetermina as coisas que julgamos e como as julgaremos.

Peça ao Criador que o ajude a enxergar e a ouvir os outros com um coração puro e a perceber a vida com gentileza. Ao fazê-lo, você se abrirá para uma realidade muito mais livre e muito mais bonita do que você jamais poderia imaginar.




Karen Berg





Fonte: Centro de Cabala
www.kabbalah.com
Fonte da Gravura: Tumblr.com

segunda-feira, 28 de março de 2016

POLARIDADES - PRINCÍPIOS DO UNIVERSO

O universo é obra dos dois grandes Princípios masculino e feminino, o Espírito cósmico e a Alma universal, que se unem para criar. Aquilo a que nós chamamos o espírito (masculino) e a alma (feminino) são emanações desses dois Princípios criadores. Por isso, tal como eles, nós somos criadores pelo nosso espírito e pela nossa alma. Mas esse poder de criar nós só podemos exercê-lo se, pela nossa consciência, formos capazes de nos elevar sempre mais alto, até às regiões onde só reina a luz. As atividades espirituais que fazem de nós criadores verdadeiros são a oração, a meditação, a contemplação e a identificação. No desejo de nos unirmos de novo à Alma universal e de penetrarmos nela, nessa luz que é a matéria da criação, pelo nosso espírito nós fertilizamo-la. E a nossa alma, que então recebe os germes do Espírito cósmico, começa a gerar filhos divinos: a inspiração, a paz, a alegria, atos de nobreza e de amor.




Omraam Mikhaël Aïvanhov





Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Tumblr.com

DEPENDÊNCIA E APEGO À CRIAÇÃO (PRAKRITI)

O jivi (eu individual), acreditando que está desconectado do todo, do Universal, está sujeito ao desejo e desespero, amor e ódio, tristeza e alegria, e é atraído pelo mundo de nome e forma. Tal pessoa é caracterizada como 'encarcerada', e precisa urgentemente de libertação. Para ser liberado, você deve desistir da dependência e do apego à criação (prakriti). O cego não pode ser salvo por cegos. Como pode uma pessoa que é tão impotente quanto a outra, remover sua pobreza, sofrimento e dor? O pobre aborda o rico; o deficiente visual busca a orientação daqueles que podem ver. Igualmente, aquele que está atrelado e cego pelas dualidades da criação deve refugiar-se no tesouro inesgotável de compaixão, poder e sabedoria, ou seja, a Alma Divina (Atma). Então, você se livrará da miséria e do sofrimento, e desfrutará da riqueza da bem-aventurança espiritual (Ananda). (Sutra Vahini, capítulo 6)




Sathya Sai Baba





Fonte: http://www.sathyasai.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

REFLEXÕES PARA A CONSCIÊNCIA DA ALMA

Um bom meditador é aquele que tem uma ligação mental com o eu interior e a Alma Suprema, Deus, que é a fonte de toda a bondade. Isto, junto com o entendimento das leis de ação e reação que regem o comportamento humano, significa que a pessoa não tem de renunciar ou deixar a sociedade para atingir a iluminação. Pelo contrário, uma pessoa com iluminação espiritual vai interagir com a sociedade de forma compreensiva e generosa a fim de servi-la e elevá-la.

Uma pessoa se torna elevada não pela renúncia das responsabilidades ou deveres, mas pela renúncia das negatividades ao desempenhar seu papel na sociedade. Um bom meditador não tenta escapar das obrigações sociais, mas sim purifica essas funções, tornando-as cheias de luz, amor, paz e felicidade. O estado de autoconsciência e a comunicação com Deus injetam uma riqueza sutil nos nossos padrões de vida.

Há aqueles que precisam de um local tranquilo na natureza ou de um templo para contemplar coisas mais profundas. Há outros que ficam presos na areia movediça de seus problemas e acreditam que aqueles que deixam a sociedade para assumir um estilo de vida espiritual são santos. No entanto, a santidade e a virtude são qualidades obtidas nas próprias situações da vida e não ao fugir delas. O estado elevado de espírito não é meramente uma questão de pensamentos elevados para o benefício de si mesmo e do mundo, mas ações elevadas também.

Apreciar é aceitar tudo que vem e vai. É ver o que há de benéfico naquilo que parece sem razão e propósito. Apreciar é olhar com muita, muita humildade o que há de virtuoso nas pessoas e nas situações. Apreciar é não ser taxativo. Essa pessoa é assim, aquela pessoa é assado. A apreciação, além de não discriminar, não julga.

Quando pensamentos e sentimentos ficam tranquilos como as águas de um lago, eu posso ver através das profundezas. Na quietude, há um fim do pensar e o começo do “ver” o fundo de mim. Apenas então consigo acessar o poder da minha sabedoria, o poder do meu coração amoroso, o poder da minha verdade, para criar o modo que eu viverei minha vida. Que hoje eu fortaleça a qualidade da minha vida ao acessar a profundeza de mim mesmo.




Brahma Kumaris






Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

domingo, 27 de março de 2016

A PÁSCOA COMO RENASCIMENTO INTERIOR

Um Processo Circular de Renovação da Vida 


A  ressurreição que a Páscoa cristã comemora anualmente está ao alcance de cada ser humano o tempo todo.

O triste velho cristianismo do dogma, da culpa e da intolerância dará lugar durante o século 21 a uma nova espiritualidade inter-religiosa, filosófica, otimista e voltada para o futuro.

A tradição cristã - assim como outras religiões - pode e deve passar por uma morte e um renascimento. A disciplina espiritual é dura e inevitável para quem quiser trilhar o caminho místico. Mas ela não é feita de tristeza ou dogmatismo, e sim de liberdade interior, responsabilidade própria e contentamento.  

A própria base da tradição cristã é pagã, panteísta e ecológica. As principais datas do calendário cristão são adaptações de festividades não-cristãs dedicadas à celebração do Sol e dos ciclos naturais.
        
A Páscoa, por exemplo, é comemorada no equinócio da primavera, no hemisfério norte, e no equinócio do outono, no hemisfério sul. Nesta época do ano, a noite e o dia têm exatamente a mesma duração. A partir da Páscoa, o equilíbrio entre a luz e a sombra é rompido a favor da luz solar, no hemisfério norte. Por isso, tradicionalmente, a Páscoa é vista como o anúncio de um novo começo e como algo que abre espaço para o ressurgimento da vida em todas as dimensões da natureza. 

Até o século 19, ainda era costume em certas regiões da Europa sair para a natureza na madrugada do dia da Páscoa e assistir ao nascimento do Sol. Havia a convicção de que o astro-rei dançava de alegria nesse dia, logo acima da linha do horizonte, comemorando o novo período anual de predomínio da luz.
        
Nos países do hemisfério sul, onde a celebração da Páscoa marca o equinócio de outono, o momento anuncia a caminhada em direção ao inverno. Neste caso, o renascimento da Páscoa não é um processo físico ou externo. É interior, espiritual. Exige renúncia e aceitação.    

No final do ano, o Natal é outro evento pagão de que o cristianismo se apropriou. O nascimento de Jesus é comemorado durante o solstício de inverno do hemisfério norte, o auge da estação fria, a época do ano em que a noite é mais longa. Daí a neve de algodão nos presépios, enquanto no hemisfério sul ocorre o auge do verão.

É a partir do solstício de inverno (20-25 de dezembro) que a luz já não perde mais energia no ciclo anual do hemisfério norte, e volta pouco a pouco a recuperar sua intensidade.   
        
Na Roma pagã, 25 de dezembro era comemorado como “dia de nascimento do sol invencível”. Foi só em meados do século 4 da era cristã que a data foi adotada pelos cristãos para celebrar o nascimento de Jesus, “o sol da justiça”.
        
Assim,  o cristianismo é filho e herdeiro das antigas tradições religiosas de comunhão com a natureza e com os astros no céu. Isso explica por que o livro Eclesiástico (43: 1-9), na Bíblia de Jerusalém, celebra o Sol e a Lua deste modo:
        
“Orgulho das alturas, firmamento de claridade, assim aparece o céu em seu espetáculo de glória. O Sol, em espetáculo, proclama ao surgir: ‘Como é admirável a obra do Altíssimo!’ Ao meio-dia ele seca a terra: quem pode resistir ao seu calor? Atiça-se a fornalha para produzir calor, o Sol queima três vezes mais as montanhas; soprando vapores quentes, dardejando seus raios, deslumbra os olhos. Grande é o Senhor que o fez, e com sua palavra apressa o seu curso. Também a Lua, sempre exata a mostrar os tempos, é sinal eterno. É a lua que marca as festas, astro que decresce depois de sua cheia. É dela que o mês tira o seu nome; ela cresce espantosamente em sua evolução, insígnia das milícias celestes brilhando no firmamento do céu.”

Embora Francisco de Assis seja famoso por sua visão universal e panteísta da natureza, muito antes dele o livro Eclesiástico, do autor judeu Joshua Ben Sirá, já exaltava o relâmpago, a neve, as nuvens, os pássaros, as montanhas, o vento, o deserto, e os encarava todos como aspectos externos do processo divino universal.

Para a filosofia esotérica, a transformação de inteligências cósmicas em figuras humanas e personalizadas é um processo de produção de metáforas e imagens simbólicas. O universo ilimitado é um ecossistema inteligente. A Páscoa simboliza, portanto, o renascimento espiritual de todos os seres como parte do ciclo anual e natural da vida. 

Para quem vive no hemisfério sul, o equinócio da primavera e o renascimento físico ocorrem longe da Páscoa, em torno de 23 de setembro. Nesta época do ano todas as formas de vida voltam gradualmente a níveis mais intensos de atividade.

A Páscoa Cristã do hemisfério Sul ocorre no outono e é simétrica à Páscoa primaveril do hemisfério Norte. No Sul, a Páscoa prepara e anuncia o inverno externo, produzindo igualmente uma purificação interior. Quando a vida começa a se retirar do plano físico, ela floresce melhor no plano espiritual.

Antes do renascimento interior, deve haver a morte, a perda, a renúncia, a austeridade, “tapah”, em sânscrito. Quarenta dias antes da Páscoa, no auge das dificuldades e do frio no hemisfério norte, começam a quaresma e o jejum. A palavra “carnaval” vem do latim medieval carnelevarium, que significa “afastar a carne”, abster-se de comer carne.

Para alguns, jejum talvez seja uma penitência e um castigo. Na verdade, comer menos e purificar-se como preparação para um novo ciclo nada tem a ver com culpa, castigo ou infelicidade. A prática moderada de jejum é recomendável para a manutenção da saúde. Não é uma prática exclusivamente cristã. As mais diferentes tradições religiosas incluem o jejum entre as suas formas de disciplina, e um Mestre dos Himalaias escreveu:

“Jejum , meditação, castidade em pensamento, palavra e ação; silêncio durante certos períodos de tempo para permitir que a própria natureza fale a quem se aproxime dela em busca de informação; domínio das paixões e impulsos animais; completa ausência de egoísmo nas intenções, e o uso de certo incenso e certas fumigações com objetivos fisiológicos, têm sido apontados como instrumentos desde a época de Platão e Jâmblico, no Ocidente, e desde os tempos ainda mais remotos de nossos Rishis hindus.” [1]

O processo de purificação interior que prepara um Renascimento não é necessariamente fácil. Um famoso trecho da Bíblia ilustra a necessidade de coragem. O Novo Testamento conta que certo dia, quando já faltava pouco para a Páscoa judaica, Jesus foi até Jerusalém. Chegando ao templo, viu vendedores de bois, ovelhas, pombas e diversos cambistas comodamente sentados e tratando de ganhar dinheiro. Armado de um chicote, Jesus expulsou-os do templo. (João,  2: 13-22)

Uma primeira conclusão a tirar do episódio é que a Páscoa não deve ser excessivamente explorada como evento comercial. Não há nada de errado em comprar e vender. O que se deve evitar é a confusão entre o que é comercial e o que é sagrado.

A ideia de comércio nesse trecho é também simbólica. Ela se refere a toda busca de lucro ou vantagem pessoal à custa de outrem. O templo é a própria consciência de cada indivíduo. Os “mercadores” a serem “expulsos” são a cobiça, o medo e ambição egoísta. 

A verdadeira Páscoa ocorre no mundo da alma, e para vivê-la é preciso deixar de lado a avidez por ganhos pessoais, materiais ou sutis. A Páscoa celebra o renascimento interior que vem depois de o eu pessoal tomar a decisão de deixar de comportar-se como se fosse o centro único do universo. Isso ocorre porque ele descobriu a bênção eterna que há além das ilusões pessoais de curto prazo.

Em toda caminhada espiritual há resistências a vencer. Por isso, no episódio da expulsão do templo, os vendedores discutem com Jesus e o mestre faz um desafio que antecipa o futuro:

“Destruam esse templo e o levantarei em três dias.”

O Evangelho acrescenta que Jesus não está falando do templo externo, mas do seu próprio corpo.

O corpo físico humano é um santuário, e deve ser respeitado. Nele mora um espírito divino, uma alma imortal. Esse templo pode ser destruído, porque a morte é uma necessidade; mas ressurgirá - porque a cada morte corresponde um renascimento. Como Pitágoras e a sabedoria do Oriente, a filosofia esotérica ensina que a reencarnação é uma lei.

A linguagem do Novo Testamento é simbólica: nem tudo pode ser dito abertamente a qualquer momento. É preciso ter cuidado com as palavras. Jesus falava ao povo contando histórias que possuem vários níveis de significado, e um dia explicou aos seus discípulos mais próximos:

“A vocês foi dado o mistério do reino de Deus; aos de fora, porém, tudo é dito em parábolas para que, vendo, não percebam, e, ouvindo, não entendam.” (Marcos, 4: 11-12)

Existe portanto no ensinamento de Jesus um aspecto esotérico (interno) e outro exotérico (externo), “para os de fora”. Uma condição central para ter acesso ao aspecto interno do ensinamento é a prática das suas lições na vida diária.

“Todo aquele que ouve estas minhas palavras e as põe em prática será comparado a um homem sensato que construiu sua casa sobre rocha”, disse ele ao povo. “Caiu a chuva, vieram as enxurradas sopraram os ventos e deram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava alicerçada na rocha.” (Mateus, 7: 24-27)

As escrituras sagradas das diferentes tradições são coleções de mitos e parábolas que devem ser interpretados. Funcionam como grandes redes atiradas pelos pescadores de almas ao mar aberto da humanidade. Esta “pesca” traz para os círculos internos aqueles que têm discernimento maduro e tentam continuamente praticar o que aprendem, de modo gradual, mas crescente.

Tais aprendizes vivem em harmonia com o ensinamento, e por isso vão adquirindo “olhos para ver” e “ouvidos para ouvir”. Aos poucos, a sabedoria espiritual forma uma espécie de templo na mente do discípulo. Esse santuário interior deve ser protegido das oscilações de curto prazo.

O fato de que Jesus usava alegorias indica uma chave para que os Evangelhos possam ser lidos corretamente. E a própria narrativa da vida de Jesus é uma parábola. Os Evangelhos foram montados com base em ensinamentos e narrativas de religiões e tradições mais antigas que o cristianismo, inclusive o hinduísmo e o budismo. [2]

O nascimento do Mestre, a traição que sofreu por parte de alguém muito próximo e que o levou à morte, a sua ressurreição, e até a promessa de uma “segunda vinda”, são, todos, pontos que coincidem com uma lenda egípcia muito mais antiga que os evangelhos cristãos - a lenda de Osíris. E há outros elementos que o cristianismo adotou da tradição do Egito, como veremos.

O costume de falar por parábolas está presente nas antigas escolas de mistérios. No Ocidente, era uma característica central do ensinamento de Pitágoras, 500 anos antes da era chamada cristã. O cristianismo romano alimentou-se abertamente do mundo grego. O próprio sacrifício de Sócrates, que viveu de 470 a 399 antes da era cristã, já foi comparado à lenda evangélica da morte de Jesus pelo pensador brasileiro Alceu Amoroso Lima. [3]

Helena P. Blavatsky explicou:

“Cada atitude do Jesus do Novo Testamento, cada palavra atribuída a ele, e cada fato relacionado a ele durante os três anos da missão que afirma-se que ele cumpriu, estão baseados no Ciclo da Iniciação, um ciclo fundado na Precessão dos Equinócios e nos Signos do Zodíaco.” [4]

O próprio Ciclo da Iniciação é mencionado na lenda dos evangelhos quando Jesus se refere ao “caminho estreito e difícil que só uns poucos encontram”. (Mateus, 7: 13-14)

Em “Ísis Sem Véu”, H.P.B. escreveu:

“Era a doutrina da Índia antiga que Jesus estava pregando, quando recomendava a completa renúncia ao mundo e às suas futilidades, para buscar o reino dos céus, Nirvana…”. [5]

Jesus ensinava sobre a ressurreição e a descrevia como algo que estará ao alcance - algum dia - de todos aqueles que percorrerem o “caminho estreito”. Mas o que é, exatamente, ressurreição?

Há vários níveis de resposta para esta pergunta.

Por um lado, a grande ressurreição constitui um projeto de longo prazo. Ela é a libertação espiritual completa, a iluminação definitiva, alcançada apenas por grandes sábios depois de percorrerem, como Jesus, “todo o ciclo da iniciação”, um processo que envolve repetidas encarnações.

Por outro lado, existe também uma modalidade de ressurreição que está apenas um passo à nossa frente. Podemos vivê-la em pequena escala e no estágio de desenvolvimento em que estamos. Esse é um detalhe decisivo. Toda longa caminhada deve começar com um primeiro e pequeno gesto feito exatamente onde o indivíduo está.

O primeiro passo só depende de cada um, e cada passo é sempre o primeiro da extensa caminhada. O longo ciclo das iniciações é vivido em pequena escala no dia-a-dia, porque o microcosmo reflete o macrocosmo. O Sistema solar está presente em cada átomo. O caminho do autoconhecimento encontra o seu resumo fiel num dia de 24 horas e numa semana de sete dias. O descanso da noite - e o final da semana - são como a ressurreição.

A celebração da Páscoa - um costume seguramente pré-judaico e inter-religioso - constitui uma prova viva de que a evolução da alma se dá em comunhão com o ciclo anual do Sol, e de que coincide com o ciclo das grandes iniciações da filosofia oriental.

Os ovos de Páscoa são herança dos festivais pagãos da primavera do hemisfério norte. Eles simbolizam o renascimento da vida em toda sua variedade. Já a presença do coelho nesse “festival de renascimento” pertence à cultura egípcia. A lebre era símbolo da fertilidade e representava a periodicidade dos ciclos naturais da vida. Segundo a tradição, o coelho escondia ovos de Páscoa para as crianças procurarem.

As crianças estão ligadas à Páscoa porque são símbolos indiscutíveis do recomeço da vida. Internamente todo ser humano é como uma criança até o final da sua existência, porque há nele algo que está sempre renascendo. Quando o indivíduo passa a ser consciente disso, ele vive mais diretamente a primavera permanente que se oculta em cada uma das quatro estações do ano. E isso não é tudo. Ele também vive com mais eficiência o ciclo maior das quatro idades de uma vida completa.

O outono simboliza a maturidade. O inverno é a velhice. A primavera é a infância, e o verão, a juventude. As quatro idades são igualmente importantes. Não basta ser como crianças para ter acesso ao reino dos céus, isto é, à consciência nirvânica. Para alcançar a iluminação, é preciso viver simultaneamente as quatro estações do ano a cada dia.

Deve-se combinar a confiança e a capacidade de aprender, características da primavera, com a força e a coragem do verão, que corresponde à juventude. A maturidade do outono está associada à sabedoria e à humilde renúncia que são típicas do inverno. O ciclo inteiro é sagrado, e cada Páscoa celebra o seu conjunto.




Carlos Cardoso Aveline





NOTAS:

[1] “Cartas dos Mahatmas Para A. P. Sinnett”, Ed. Teosófica, Brasília, 2001, edição em dois volumes, Carta 20, volume I, p. 135.

[2] Para ver uma demonstração do caráter lendário dos Evangelhos cristãos, examine o longo trecho da obra “Ísis Sem Véu” em que Helena Blavatsky faz um estudo comparado das narrativas sobre as vidas de Krishna, Buddha e Jesus. (“Ísis Sem Véu”, H.P.B., Editora Pensamento, SP, edição em quatro volumes, ver volume IV, pp. 165-170, e também p. 179, entre outras.)

[3] Platão, “Apologia de Sócrates”, introdução de Alceu Amoroso Lima, Edições de Ouro, RJ, 16a. edição, 138 páginas.

[4] “Reply to the Mistaken Conceptions of the Abbé Roca Concerning My Observations on Christian Esotericism”, texto incluído em “Collected Writings”, Helena P. Blavatsky, edição em 15 volumes. Ver volume IX, TPH, Índia, 1962, 488 pp., página 225, nota ao pé de página.

[5] “Isis Unveiled”, Helena P. Blavatsky, Theosophy Company, Los Angeles, vol. II, p. 286.





Fonte: http://www.vislumbresdaoutramargem.com/2008/03/pscoa-como-renascimento-interior.html