sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

REFLEXÕES PARA A CONSCIÊNCIA DA ALMA

O que as palavras não podem comunicar o amor pode. Amor é a única linguagem comum a todos os seres vivos na Terra, sejam humanos, animais ou outros. Ele não conhece fronteiras de raças, países, religiões ou cor. O amor é a primeira linguagem que entendemos desde o dia em que nascemos. O que é comunicado através do amor é sempre verdadeiro e puro porque ele apenas sabe dar e compartilhar. Amor é a vibração pura que flui de um ser a outro.

O amor é uma das qualidades originais da alma humana. Porém, se misturou tanto com apego, possessividade e dependência, que tais hábitos profundamente arraigados foram sendo aceitos como normais. Como resultado, o ser humano tem dificuldade de perceber a verdadeira forma de amor puro, que é incondicional. A qualidade do amor significa: eu me importo, eu compartilho e, em especial, eu liberto. O verdadeiro amor espiritual nunca gera dependência onde os outros não podem ser eles mesmos.

Amor é a grande força. Ele nos dá o poder de enfrentar, sacrificar, tolerar e superar mesmo as situações mais difíceis na vida. Com o amor vem a unidade. Esta unidade baseada no amor é impossível de ser rompida. No amor, o que há em comum vai além das diferenças. Ele torna cada um poderoso porque traz as tendências positivas, ao invés de lamentar as carências. Quando somos amorosos nossa força interior cresce. Isso nos dá o poder de esquecer, perdoar e soltar.

A forma mais pura de amor é o amor de Deus porque é incondicional e sem nenhuma expectativa. A pessoa que está imersa no Oceano do amor de Deus fica acima de todas as situações, fraquezas e dependências. É isso que a torna livre de preocupações, magoa e dependência. O amor de Deus liberta. Quando estamos imersos nesse amor experimentamos alegria supra sensorial, uma sensação de liberdade que vai além dos cinco sentidos.

O que não se pode conseguir com pressão, pode-se alcançar facilmente com paciência. Paciência traz um estado de calma interior que me ajuda a encontrar as respostas que já existem dentro de mim. Ela me dá coragem para trabalhar sobre o problema de forma leve e relaxada até que a solução seja encontrada. Mesmo nas situações mais desafiadoras, eu consigo ficar calmo quando sou paciente. Eu mantenho minha força interior que me dá coragem para encontrar a solução para todos os problemas. Paciência traz soluções fáceis.

O método para limpar a mente de negatividade é preenchê-la com positividade. Sempre que nos deparamos com inutilidade ou negatividade no eu devido às situações que enfrentamos, primeiro nos esforçamos para remover isso. Realmente trabalhamos duro para isso, mas a maior parte das vezes não conseguimos. A única maneira de remover a negatividade é preencher a mente com positividade. Quando despejamos água fresca continuamente sobre a água suja, a água fica limpa. Da mesma forma, pensamentos positivos limpam a mente de pensamentos negativos e inúteis. Para isso, eu preciso dar alimento positivo para minha mente todos os dias.

Viver com simplicidade começa com simplicidade nos pensamentos. Pensar simples não é deixar de analisar. Na verdade é pensar claro, é ser livre de pensamentos desnecessários resultantes da dúvida, medo ou preocupação. Simplicidade e clareza no pensamento são possíveis quando a mente é livre da influência do ego e desejos.




Brahma Kumaris





Fonte: www.bkumaris.org.br
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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

OS MESMOS ERROS REPETIDAMENTE

(...) O Zohar afirma algo interessante sobre as pragas que aconteceram no Egito: O Faraó parece esquecer cada praga que acontece, depois que as coisas voltam ao normal. Toda a água se transforma em sangue (primeira praga), mas assim que volta à condição de água, o Faraó esquece o que aconteceu. Os sapos (segunda praga) infestam o país, mas, assim que vão embora, o Faraó se esquece de que eles estiveram ali. E assim por diante.

Há dez pragas contadas (...). E a minha pergunta é a seguinte: Se alguém lhe desse um tapa sete vezes, você realmente não se lembraria disso?

Felizmente, o Zohar esclarece a situação: Não se tratava do Faraó esquecer. Simplesmente ele retornava à consciência que tinha antes que cada praga especifica acontecesse, um fenômeno que acontece conosco de tempos em tempos.

Vamos pensar no seguinte: Quantas vezes cometemos um erro e recebemos um "tapa" do universo de uma maneira ou de outra, e simplesmente nos esquecermos disso quando o caos desaparece? Passamos pelos mesmos cenários repetidamente e, a cada vez que a questão se repete, dizemos: ”Eu sabia que estava errado.”

A verdade é que, a não ser que encontremos um caminho livre ou nos elevemos, saindo de nossos padrões, cometeremos os mesmos erros repetidamente. Se não nos levarmos a um nível espiritual mais elevado, passaremos pelas mesmas dificuldades repetidas vezes, até que cheguemos a um lugar onde estejamos dispostos a mudar. Felizmente, nesse poderoso lugar onde estamos dispostos a ir com nossa mudança, temos ferramentas espirituais para nos ajudar a ir em frente em nosso caminho e nos tornarmos a melhor pessoa que podemos ser.



Karen Berg





Fonte: Centro de Cabala
www.kabbalah.com
Fonte da Gravura: Tumblr.com

ALCANÇANDO O SI MESMO

O homem só pode alcançar Deus, o Espírito Cósmico, se se esforçar por alcançar o espírito nele mesmo, o seu Eu superior. Assim, quando orais a Deus, na realidade é o cume do vosso ser que procurais atingir. Se conseguirdes, desencadeareis uma vibração tão pura e sutil que, ao propagar-se, ela produzirá em vós as transformações mais benéficas. E, mesmo se não obtiverdes ainda o que pedistes na vossa oração, pelo menos ganhareis alguns elementos muito preciosos. O que é que dá sentido à oração? O esforço que fazeis para atingir um cume em vós mesmos. Graças a esse esforço, movimentais lá muito longe, muito alto, uma energia que, ao vir até vós, produz vibrações de uma extrema sutileza, produz sons, perfumes, cores, e regenera todo o vosso ser.




Omraam Mikhaël Aïvanhov





Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Tumblr.com

AOS QUE NÃO TEM TEMPO

Caminhar É Mais Fácil Com Pouca Bagagem


Em meio às pressões da vida diária, podemos sentir que “não temos tempo” para o estudo e a meditação sobre os temas sagrados.

Quando tal coisa ocorre, este é um sinal seguro de que devemos rever as nossas prioridades, para não perdermos um tempo indevido com coisas de pouca importância real. Não somos imortais, e gastar tempo em excesso com temas passageiros é agir como se pensássemos que vamos viver trezentos anos.

Um velho livro de orações judaico ensina:

“Hillel disse: ‘Quem exalta seu próprio nome, perde seu nome; quem não aumenta seu conhecimento, faz com que seu conhecimento diminua; quem não busca adquirir sabedoria, desperdiça sua vida; e quem faz uso desprezível do conhecimento está jogando fora os seus poderes.’ Hillel também costumava dizer: ‘Se eu não ajo pelo meu bem, quem agirá pelo meu bem? No entanto, se eu ajo apenas pelo meu próprio bem, o que sou eu? E se não agir agora, quando?’ ” [1]

E ainda:

“… E não diga ‘quando eu tiver tempo livre irei estudar’; você pode nunca ter tempo livre.” [2]

Devemos tomar iniciativas práticas no sentido de abrir espaço na vida diária para a busca da sabedoria. O livro de orações cita estas palavras do rabino Tarphon:

“O dia é curto, o trabalho é muito, os trabalhadores são lentos, e o Mestre tem urgência.” [3]

Não há como usar bem o tempo, se não soubermos que ele é um bem precioso, ou  se não eliminarmos as prioridades de terceira e quarta  importância em nossa agenda pessoal. Este é o primeiro passo.

O filósofo romano Lúcio Sêneca escreveu que a vida não é curta, mas pode parecer que ela não é suficientemente longa, se perdermos tempo demasiado com assuntos pequenos. De fato, o segredo de uma boa e longa caminhada é não levar muita bagagem nas mãos,  mas ater-se ao fundamental.




Carlos Cardoso Aveline




Fonte do Texto e da Gravura:
Do Blog "Amazônia Teosófica"
http://amazoniateosofica.com.br/index.php/2016/10/21/aos-que-nao-tem-tempo/




NOTAS:

[1] “Union Prayer Book for Jewish Worship”, Part I, Newly Revised Edition, The Central Conference of American Rabbis, Cincinnati, USA, 1953, 396 pp., ver p. 166.

[2] “Union Prayer Book for Jewish Worship”, obra citada,  p. 168.

[3] Obra citada, p. 169.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

A MENTE CONDICIONADA NÃO É LIVRE

A mente condicionada não pode escutar; não é livre para escutar. Mas se fordes capazes de escutar de maneira total, creio se verificará então uma revolução fundamental, não produzida por nenhuma ação do “eu”, a qual por conseguinte será uma verdadeira transformação. Este é o nosso único problema: como operar uma completa transformação em nós mesmos, e não mero ajustamento a uma determinada sociedade, o que é infantil. É falta de madureza desejarmos ajustar-nos a uma determinada sociedade, porque a sociedade é criada por influências ambientes e o simples ajustar-se a um determinado modelo de sociedade não é liberdade. O que é necessário, assim me parece, é a transformação fundamental, não resultante de volição nem da ação de qualquer autoridade, mas que só vem quando compreendemos o processo total do nosso ser. Conhecer a nós mesmos, tal como somos, ver-nos tão claramente como vemos os nossos rostos num espelho, sem desfiguração, tal é o começo da Verdade. Requer isso muito percebimento, um percebimento sem escolha nenhuma. No momento em que começamos a escolher, já estamos agindo de acordo com o nosso condicionamento. Mas o saberdes que estais agindo de acordo com o vosso condicionamento e o perceberdes a verdade a esse respeito, isso já é o começo daquele percebimento em que não há escolha.





J. Krishnamurti






Fonte: do livro "Viver Sem Temor"
Editado pela Instituição Cultural Krishnamurti, Rio de Janeiro/RJ, 1959
Tradução de Hugo Veloso
Fonte da Gravura:
http://www.taringa.net/posts/ciencia-educacion/16865761/Jiddu-Krishnamurti.html
http://fightlosofia.com/krishnamurti-en-imagenes-krishnamurti-in-pictures/

REFLEXÕES PARA A CONSCIÊNCIA DA ALMA

As mentes humanas são como um oceano, ondas e ondas de pensamentos chegando incansavelmente. Mas quanto mais fundo mergulhamos no oceano, mais sentimos a quietude e o silêncio e mais descobrimos os tesouros valiosos que lá existem. Da mesma forma, é no fundo na mente que moram as virtudes da alma. Raja Yoga é a técnica de auto realização que nos ajuda a entender o eu e a trazer para a superfície as virtudes escondidas da alma em tempos de crise. Emoções de raiva são substituídas por sentimentos puros de perdão e como resultado vem a suavidade para construir pontes ao invés de muros. (BK Shankarananda, Anger management and prevention, The World Renewal, July 2014)

Quanto valor pode ser dado a alguém que é capaz de trazer luz e leveza a um lugar ou momento onde outros deixaram apenas sua escuridão? Como uma coroa de jóias brilhantes, a presença e as palavras dessa pessoa são inestimáveis. Pode ser apenas um sorriso gentil de conforto ou uma atitude de interesse genuíno. Aquele que permanece radiante em espírito, enquanto outros tecem sua escuridão, é um iluminado e um iluminador. Fique atento por tais momentos onde você pode iluminar. Torne esses momentos significativos!

Vivemos o momento em que a natureza do mundo pede por renovação. Há 5 tipos de natureza. (1) natureza do corpo; (2) natureza dos relacionamentos; (3) natureza da riqueza; (4) natureza dos 5 elementos; (5) natureza do eu. Torne-se um companheiro de Deus e você tornará sua natureza elevada em cada um desses aspectos. Quando renovamos nossa natureza, nós renovamos a natureza do mundo. (Dadi Janki)

Apreciar é aceitar tudo que vem e vai. É ver o que há de benéfico naquilo que parece sem razão e propósito. Apreciar é olhar com muita, muita humildade o que há de virtuoso nas pessoas e nas situações. Apreciar é não ser taxativo. Essa pessoa é assim, aquela pessoa é assado. A apreciação, além de não discriminar, não julga.





Brahma Kumaris






Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

VAMPIRISMO - ANTES DA AFECÇÃO HÁ O AMBIENTE

Cada um de nós é responsável pela emissão das forças que lançamos em circulação nas correntes da vida.


(...) Era o vampirismo a tese que me preocupava. Vira os mais estranhos bacilos de natureza psíquica, completamente desconhecidos na microbiologia mais avançada. (...) Entretanto, formavam também colônias densas e terríveis. Reconhecera-lhes o ataque aos elementos vitais do corpo físico, atuando com maior potencial destrutivo sobre as células mais delicadas.

Que significava aquele mundo novo? Que agentes seriam aqueles, caracterizados por indefinível e pernicioso poder? Estariam todos os homens sujeitos à sua influenciação?

(...) Sem nos referirmos aos morcegos sugadores, o vampiro, entre os homens, é o fantasma dos mortos, que se retira do sepulcro, alta noite, para alimentar-se do sangue dos vivos. Não sei quem é o autor de semelhante definição, mas, no fundo, não está errada. Apenas cumpre considerar que, entre nós, vampiro é toda entidade ociosa que se vale, indebitamente, das possibilidades alheias e, em se tratando de vampiros que visitam os encarnados, é necessário reconhecer que eles atendem aos sinistros propósitos a qual quer hora, desde que encontrem guarida no estojo de carne dos homens.

(...) Você não ignora que, no círculo das enfermidades terrestres, cada espécie de micróbio tem o seu ambiente preferido. O pneumococo aloja-se habitualmente nos pulmões; o bacilo de Eberth localiza-se nos intestinos onde produz a febre tifóide; o bacilo de Klebs-Löffler situa-se nas mucosas onde provoca a difteria. Em condições especiais do organismo, proliferam os bacilos de Hansen ou de Koch. Acredita você que semelhantes formações microscópicas se circunscrevem à carne transitória? Não sabe que o macrocosmo está repleto de surpresas em suas formas variadas? No campo infinitesimal, as revelações obedecem à mesma ordem surpreendente.

André (André Luiz), meu amigo, as doenças psíquicas são muito mais deploráveis. A patogênese da alma está dividida em quadros dolorosos. A cólera, a intemperança, os desvarios do sexo, as viciações de vários matizes, formam criações inferiores que afetam profundamente a vida íntima. Quase sempre o corpo doente assinala a mente enfermiça. A organização fisiológica, segundo conhecemos no campo de cogitações terrestres, não vai além do vaso de barro, dentro do molde preexistente do corpo espiritual. Atingido o molde em sua estrutura pelos golpes das vibrações inferiores, o vaso refletira imediatamente.

Compreendi onde o instrutor desejava chegar. Entretanto, as suas considerações relativas às novas expressões microbianas davam ensejo a certas indagações. Como encarar o problema das formações iniciais? Enquadrava-se a afecção psíquica no mesmo quadro sintomatológico que conhecera, até então, para as enfermidades orgânicas em geral? Haveria contágio de moléstias da alma? E seria razoável que assim fosse na esfera onde os fenômenos patológicos da carne não mais deveriam existir? Afirmara Virchow que o corpo humano «é um país celular, onde cada célula é um cidadão, constituindo a doença um atrito dos cidadãos, provocado pela invasão de elementos externos». De fato, a criatura humana desde o berço deve lutar contra diversas flagelações climáticas, entre venenos e bactérias de variadas origens. Como explicar, agora, o quadro novo que me defrontava os escassos conhecimentos?

(...) Recorrendo à admirável experiência de Alexandre, perguntei: (...) Como se verificam os processos mórbidos de ascendência psíquica? Não resulta a afecção do assédio de forças exteriores? Em nosso domínio, como explicar a questão? É a viciação da personalidade espiritual que produz as criações vampirísticas ou estas que avassalam a alma, impondo-lhe certas enfermidades? Nesta última hipótese, poderíamos considerar a possibilidade do contágio?

O orientador ouviu-me, atencioso, e esclareceu: Primeiramente a semeadura, depois a colheita; e, tanto as sementes de trigo como de escalracho, encontrando terra propícia, produzirão a seu modo e na mesma pauta de multiplicação. Nessa resposta da Natureza ao esforço do lavrador, temos simplesmente a lei. Você está observando o setor das larvas com justificável admiração. Não tenha dúvida. Nas moléstias da alma, como nas enfermidades do corpo físico, antes da afecção existe o ambiente. As ações produzem efeitos, os sentimentos geram criações, os pensamentos dão origem a formas e consequências de infinitas expressões. E, em virtude de cada Espírito representar um universo por si, cada um de nós é responsável pela emissão das forças que lançamos em circulação nas correntes da vida. A cólera, a desesperação, o ódio e o vício oferecem campo a perigosos germens psíquicos na esfera da alma. E, qual  acontece no terreno das enfermidades do corpo, o contágio aqui é fato consumado, desde que a imprevidência ou a necessidade de luta estabeleça ambiente propício, entre companheiros do mesmo nível. Naturalmente, no campo da matéria mais grosseira, essa lei funciona com violência, enquanto, entre nós, se desenvolve com as modificações naturais. Aliás, não pode ser de outro modo, mesmo porque você não ignora que muita gente cultiva a vocação para o abismo. Cada viciação particular da personalidade produz as formas sombrias que lhe são consequentes, e estas, como as plantas inferiores que se alastram no solo, por relaxamento do responsável, são extensivas às regiões próximas, onde não prevalece o espírito de vigilância e defesa.

(...) Sei que a sua perplexidade é enorme; no entanto, você não pode esquecer a nossa condição de velhos reincidentes no abuso da lei. Desde o primeiro dia de razão na mente humana, a ideia de Deus criou princípios religiosos, sugerindo-nos as regras de bem-viver. Contudo, à medida que se refinam conhecimentos intelectuais, parece que há menor respeito no homem para com as dádivas sagradas. (...) Seria, pois, de admirar tantas moléstias do corpo e degenerescências psíquicas? O Plano Superior jamais nega recursos aos necessitados de toda ordem e, valendo-se dos mínimos ensejos, auxilia os irmãos de humanidade na restauração de seus patrimônios, seja cooperando com a Natureza ou inspirando a descoberta de novas fontes medicamentosas e reparadoras.

Por nossa vez, em nos despojando dos fluidos mais grosseiros, através da morte física, à proporção que nos elevamos em compreensão e competência, transformamo-nos em auxiliares diretos das criaturas. Apesar disso, porém, o cipoal da ignorância é ainda muito espesso. E o vampirismo mantém considerável expressão, porque, se o Pai é sumamente misericordioso, é também infinitamente justo. Ninguém lhe confundirá os desígnios, e a morte do corpo quase sempre surpreende a alma em terrível condição parasitária. Desse modo, a promiscuidade entre os encarnados indiferentes à Lei Divina e os desencarnados que a ela têm sido indiferentes, é muito grande na crosta da Terra. Absolutamente sem preparo e tendo vivido muito mais de sensações animalizadas que de sentimentos e pensamentos puros, as criaturas humanas, além do túmulo, em muitíssimos casos prosseguem imantadas aos ambientes domésticos que lhes alimentavam o campo emocional. Dolorosa ignorância prende-lhes os corações, repletos de particularismos, encarceradas no magnetismo terrestre, enganando a si próprias e fortificando suas antigas ilusões.

Aos infelizes que caíram em semelhante condição de parasitismo, as larvas que você observou servem de alimento habitual. Semelhantes larvas são portadoras de vigoroso magnetismo animal. (...) Naturalmente que a fauna microbiana, em análise, não será servida em pratos; bastará ao desencarnado agarrar-se aos companheiros de ignorância, ainda encarnados, qual erva daninha aos galhos das árvores, e sugar-lhes a substância vital.

Não conseguia dissimular o assombro que me dominava. Por que tamanha estranheza? - perguntou o cuidadoso orientador - e nós outros, quando nas esferas da carne? Nossas mesas não se mantinham à custa das vísceras dos touros e das aves? A pretexto de buscar recursos proteicos, exterminávamos frangos e carneiros, leitões e cabritos incontáveis. Sugávamos os tecidos musculares, roíamos os ossos. Não contentes em matar os pobres seres que nos pediam roteiros de progresso e valores educativos, para melhor atenderem a Obra do Pai, dilatávamos os requintes da exploração e infligíamos a muitos deles determinadas moléstias para que nos servissem ao paladar, com a máxima eficiência. O suíno comum era localizado por nós, em regime de ceva, e o pobre animal, muita vez à custa de resíduos, devia criar para nosso uso certas reservas de gordura, até que se prostrasse, de todo, ao peso de banhas doentias e abundantes. Colocávamos gansos nas engordadeiras para que hipertrofiassem o fígado, de modo a obtermos pastas substanciosas destinadas a quitutes que ficaram famosos, despreocupados das faltas cometidas com a suposta vantagem de enriquecer os valores culinários. Em nada nos doía o quadro comovente das vacas-mães, em direção ao matadouro, para que nossas panelas transpirassem agradavelmente.

Encarecíamos, com toda a responsabilidade da Ciência, a necessidade de proteínas e gorduras diversas, mas esquecíamos de que a nossa inteligência, tão fértil na descoberta de comodidade e conforto, teria recursos de encontrar novos elementos e meios de incentivar os suprimentos proteicos ao organismo, sem recorrer às indústrias da morte. Esquecíamos de que o aumento dos laticínios, para enriquecimento da alimentação, constitui elevada tarefa, porque tempos virão, para a Humanidade terrestre, em que o estábulo, como o lar, será também sagrado.

(...) E a proteção das esferas mais altas? E o amparo das entidades angélicas, a amorosa defesa de nossos superiores?

André, meu caro, devemos afirmar a verdade, embora contra nós mesmos. Em todos os setores da Criação, Deus, nosso Pai, colocou os superiores e os inferiores para o trabalho de evolução, através da colaboração e do amor, da administração e da obediência. Atrever-nos-íamos a declarar, porventura, que fomos bons para os seres que nos eram inferiores? Não lhes devastávamos a vida, personificando diabólicas figuras em seus caminhos? Claro que não desejamos criar um princípio de falsa proteção aos irracionais, obrigados, como nós outros, a cooperar com a melhor parte de suas forças e possibilidades no engrandecimento e na harmonia da vida, nem sugerimos a perigosa conservação dos elementos reconhecidamente daninhos. Todavia, devemos esclarecer que, no capítulo da indiferença para com a sorte dos animais, da qual participamos no quadro das atividades humanas, nenhum de nós poderia, em sã consciência, atirar a primeira pedra. Os seres inferiores e necessitados do Planeta não nos encaram como superiores generosos e inteligentes, mas como verdugos cruéis. Confiam na tempestade furiosa que perturba as forças da Natureza, mas fogem, desesperados, à aproximação do homem de qualquer condição, excetuando-se os animais domésticos que, por confiar em nossas palavras e atitudes, aceitam o cutelo no matadouro, quase sempre com lágrimas de aflição, incapazes de discernir com o raciocínio embrionário onde começa a nossa perversidade e onde termina a nossa compreensão.

Se não protegemos nem educamos aqueles que o Pai nos confiou, como germens frágeis de racionalidade nos pesados vasos do instinto; se abusarmos largamente de sua incapacidade de defesa e conservação, como exigir o amparo de superiores benevolentes e sábios, cujas instruções mais simples são para nós difíceis de suportar, pela nossa lastimável condição de infratores da lei de auxílios mútuos?

(...) Como solucionar tão dolorosos problemas? Os problemas são nossos, não nos cabe condenar a ninguém. Abandonando as faixas de nosso primitivismo, devemos acordar a própria consciência para a responsabilidade coletiva. A missão do superior é a de amparar o inferior e educá-lo. E os nossos abusos para com a Natureza estão cristalizados em todos os países, há muitos séculos. Não podemos renovar os sistemas econômicos dos povos, dum momento para outro, nem substituir os hábitos arraigados e viciosos de alimentação imprópria, de maneira repentina. Refletem eles, igualmente, nossos erros multimilenários. Mas, na qualidade de filhos endividados para com Deus e a Natureza, devemos prosseguir no trabalho educativo, acordando os companheiros encarnados, mais experientes e esclarecidos, para a nova era em que os homens cultivarão o solo da Terra por amor e utilizar-se-ão dos animais, com espírito de respeito, educação e entendimento.

(...) Semelhante realização é de importância essencial na vida humana, porque, sem amor para com os nossos inferiores, não podemos aguardar a proteção dos superiores; sem respeito para com os outros, não devemos esperar o respeito alheio. Se temos sido vampiros insaciáveis dos seres frágeis que nos cercam, entre as formas terrenas, abusando de nosso poder racional ante a fraqueza da inteligência deles, não é demais que, por força da animalidade que conserva desveladamente, venha a cair à maioria das criaturas em situações enfermiças pelo vampirismo das entidades que lhes são afins, na esfera invisível. (...)





André Luiz / Francisco Cândido Xavier







Fonte: do livro "Missionários da Luz", cap. 4 (adaptado), FEB, Rio de Janeiro/RJ
Fonte da Gravura: http://aeje-aeje.blogspot.com.br

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

FESTIVAL DE SANKRANTI - A VISÃO PARA DEUS

O festival de Sankranti deve ser considerado como o dia em que você direciona sua visão para Deus. Sua vida pode ser comparada a um talo de cana-de-açúcar. Como a cana-de-açúcar, que é dura e tem muitos nós, a vida está cheia de dificuldades. Nunca se permita ser oprimido por dificuldades. Supere as vicissitudes da vida com paciência e desfrute a bem-aventurança doce do Divino. Assim como a cana é esmagada e seu suco convertido em açúcar mascavo para se desfrutar da doçura permanente desse açúcar, a bem-aventurança duradoura só pode ser obtida pela superação de dificuldades e tribulações. Eu me dirijo aos devotos como Bangaru (Dourados), porque os considero muito preciosos. O ouro não pode ser transformado em uma joia atraente sem a sua transformação através do processo de fusão em um cadinho e de ser golpeado na forma necessária. Desenvolva autoconfiança. Tenha fé firme em Deus. Com fé inabalável, dedique-se ao serviço a seus semelhantes e leve uma vida exemplar. (Discurso Divino, 15 de janeiro de 1992)

No Sankranti, o Deus-Sol começa a sua viagem para o norte, o Uttarayana. Ele viaja para o Himalaia no Norte, a bela morada do Senhor Shiva. O coração deve ser considerado como a morada do Senhor e a visão deve ser transformada para experimentar o Divino. O próprio coração humano simboliza o Himalaia como a morada da pureza e da paz. A viagem do Sol para o norte é um apontador para o caminho que você deve tomar para realizar Deus. Além disso, o Sol é um exemplo supremo de serviço altruísta e incansável. O mundo não pode sobreviver sem o Sol. A vida na Terra só é possível por causa do Sol. Assim, o Deus Sol ensina a cada ser a lição da humilde devoção ao dever com dedicação, sem qualquer presunção. Fazer seu dever é o maior Yoga, diz o Senhor Krishna na Gita. (Discurso Divino, 15 de janeiro de 1992)




Sathya Sai Baba





Fonte: http://www.sathyasai.org.br/
Fonte da Gravura: Tumblr.com

A TEORIA DOS SETÊNIOS – “OS CICLOS DA VIDA”

A teoria dos setênios nos ajuda a compreender a condição cíclica da vida, em que a cada ciclo soma-se os conhecimentos adquiridos no anterior e busca-se um novo desafio:

0 a 7 anos – O ninho: Interação entre o individual e o hereditário

7 a 14 anos – Sentido de si, autoridade do outro

14 a 21 anos – puberdade/adolescência: crise de identidade

21 a 28 anos – O “Eu”: a independência e a crise do talento

28 a 35 anos – fase organizacional e crises existenciais

35 a 42 anos – crise de autenticidade

42 a 49 anos – altruísmo x querer manter a fase expansiva

49 a 56 anos – ouvir o mundo

56 a 63 anos – (e adiante) abnegação/sabedoria

A Antroposofia é uma linha de pensamento criada pelo filósofo Rudolf Steiner que entende estabelece uma espécie de “pedagogia do viver”, pois ela abrange vários setores da vida humana como a saúde, a educação, a agronomia e outros. A Antroposofia compreende que o ser humano tem que conhecer a si para também conhecer o Universo, pois somos todos parte e participantes desse mundo. Conforme Steiner a Antroposofia é “um caminho de conhecimento que deseja levar o espiritual da entidade humana para o espiritual do universo”.

Dentro desse pensamento filosófico encontra-se uma forma cíclica de ver a vida chamada “teoria dos setênios”. Tal teoria foi elaborada a partir da observação dos ritmos da natureza, da natureza no sentido da vida, na qual todos nós estamos imersos. Ela divide a vida em fases de sete anos, vale lembrar que o número sete é um número místico dotado de muito poder em quase todas as culturas conhecidas.

A teoria dos setênios nos ajuda a compreender a condição cíclica da vida, em que a cada ciclo soma-se os conhecimentos adquiridos no anterior e busca-se um novo desafio. Claro que a teoria dos setênios pode também ser entendida como uma metáfora sistêmica, sabemos que as pessoas mudaram de um século para o outro, nosso desenvolvimento está mais acelerado, nosso organismo mais adaptado, talvez nem todas as descrições dos setênios façam tanto sentido hoje, mas ela continua atual em sua percepção do ser humano e suas fases. Assim, os setênios não são exatamente sete anos no tempo cronológico, mas a cada ciclo de X anos, de tempos em tempos.

Há também uma subdivisão possível desses ciclos. Os três primeiros ciclos, que compreendem nossa fase de 0 a 21 anos, são denominados “setênios do corpo”. É o ciclo do amadurecimento físico, do corpo, e também da formação da nossa personalidade. Os três ciclos seguintes que vão de 21 a 42 anos, são conhecidos como setênios da alma. É a fase em que, superadas as experiências básicas da vida, nos inserimos na sociedade fazendo as escolhas como casar ou não, trabalhar em uma área específica, conviver mais ou menos com a família. E, apenas a partir dos 42 anos, vivenciando os últimos setênios, estamos realmente prontos para imergirmos na vida com maturidade, profundidade e espiritualidade.

Vamos então conhecer essa teoria extraordinária e refletir sobre como nossa vida é cíclica e sobre como isso reflete na forma como mudamos e nos refazemos sistemicamente.

0 a 7 anos – O ninho: Interação entre o individual (adormecido) e o hereditário

A primeira infância é uma fase de individuação, de construção do nosso corpo, já separado do da nossa mãe, da nossa mente e da nossa personalidade. Nesse ciclo nossos órgãos físicos estão sendo formados para que sejamos indivíduos únicos. O crescimento está ligado à nossa cabeça, ao ponto mais alto, o superior, o pensar.

A separação da mãe é um momento importante para a psique e para o corpo. Outros estudiosos já trataram disso, como Winicot. É uma transmutação importante, em que a consciência da criança se constitui fisicamente e mentalmente tomando conhecimento sobre si mesma. A pedagogia Waldorf, usada nas escolas que tem como filosofia a Antroposofia, entende que na primeira infância a criança tem que perceber os aspectos positivos do mundo, para quererem estar aqui e cultivarem a felicidade em longo prazo.

O primeiro setênio deve oportunizar o movimento livre, a corrida, as brincadeiras, deve permitir que a criança teste e conheça seu corpo, seus limites e suas percepções de mundo. Por isso o espaço físico é muito importante, bem como o espaço do pensar e o do viver espiritual.

7 a 14 anos – Sentido de si, autoridade do outro

O segundo setênio promove um profundo despertar do sentimento próprio. A energia que emanava do polo superior, da cabeça, se dilui e se encontra no meio do corpo. Os órgãos desse setênio são o coração e os pulmões, esses se desenvolvem promovendo a interiorização e exteriorização da vivência.

É nesse ponto que a autoridade dos pais e professores assume um papel importante, pois eles são mediadores do mundo no qual a criança se insere. Se a autoridade é excessiva, a criança pode ter uma visão pesada e cruel do mundo, se a autoridade e cobrança são muito fluídas e sem ressonância, a criança pode ter uma visão demasiadamente libertária do mundo, não inibindo comportamentos perigosos. O papel do adulto, pais e professores, determinam a imagem de mundo que a criança receberá.

A autoridade é excessiva pode gerar uma maior inspiração do que expiração, desequilibrando o ritmo, e isso pode levar desde a uma timidez no futuro, à introversão, ou quadros somáticos de asma, etc. Quando a autoridade é insuficiente, a expiração maior pode conduzir à extroversão exagerada, que leva a criança a desconhecer seu limite e o do outro, até quadros mais histéricos, de dissolução da identidade.

Nesse ciclo as normas e os hábitos estão sendo absorvidos, o desenvolvimento sadio do ser humano está relacionado à dosagem, o equilíbrio e a harmonia das relações de autoridade, valores, limites e permissões. É o sentir que está sendo afetado, o desenvolvimento das emoções. Do interior para o exterior e vice-versa. As estórias infantis, contos de fadas, todo ato de brincar é extremamente saudável pois a criança cria e molda sua participação no mundo. Isso, para o desenvolvimento humano, é bastante mais saudável que situações em que ela se faz apenas como expectadora, como no caso da televisão, ou de jogos eletrônicos

A arte deve ser estimulada desde o primeiro ciclo, mas nesse momento ela se faz muito mais importante, bem como a religião. Os mundos artístico e religioso auxiliam no sentido de si e do mundo, fluindo a alma, que busca a beleza e a fé. E, sobretudo, fazendo um contraponto à dura descoberta das diferenças, pois é também nessa fase do conhecimento de si que percebemos como uns e outros são diferenciados na sociedade, como as diferenças sociais, religiosas, raciais ou mesmo geográficas.

14 a 21 anos – puberdade/adolescência – crise de identidade

O que todo adolescente busca? … liberdade!

Eles não querem os pais, irmãos mais velhos nem professores “pegando no pé”. O que rege esse ciclo é o sentido de liberdade. No sentido corporal, as forças que se acumulavam nos órgãos centrais se espalham e chegam aos membros e no sistema metabólico.

A postura ereta é uma diferenciação dessa fase para as outras. O corpo já está formado, já aconteceram as primeiras trocas com a sociedade, o corpo já não precisa de tanto espaço para se locomover, o espaço agora adquire outro sentido, o da possibilidade de “ser”. O espaço dessa criança é o mundo, já não pode se resumir a família nem a Escola. Ele precisa se reconhecer e ser reconhecido, aceito, achar a “sua turma” para compor um grupo no qual se identifique.

A liberdade nesse ciclo atua como a vivência do “bom” no primeiro ciclo e do “belo” no segundo ciclo. Ocorre que a liberdade só se dá num ambiente de tensão entre as possibilidades, impossibilidades e desejos. Essa tensão costuma gerar rompimentos, as vezes esses rompimentos são violentos, mas são necessários e próprios desse ciclo.

Essa liberdade também tem um sentido de exposição. Tudo está voltado para o externo, para fora, para o mundo. Há uma dificuldade em ouvir o outro e entender suas posições, tudo deve seguir o seu sentimento de mudança, de julgamento de certo e errado, de bom e ruim. É tanta energia interna para ser extravasada que o sujeito pode perder o controle de si mesmo e precisar de intervenção – salvo se os ciclos anteriores tiverem cumprido bem os seus papéis. As trocas nesse ciclo são importantíssimas. O diálogo, a abertura ao novo, a prática da compreensão, da solidariedade, assim como o seu reconhecimento e o pertencimento.

O binarismo entre o ideal e o real também estão muito presentes. O ideal de mundo, de Homem, de cultura, vindo de uma essência pura e etérea do ser humano entra em choque com o real das ruas, da política, o prazer sexual, as práticas ilícitas, tudo se torna um turbilhão. As representações que forem mais fortes para o sujeito – as de idealizações ou as do real, serão definitivas nos próximos ciclos.

Os questionamentos são fruto desses choques. É o momento de questionar a tudo e a todos. O caminho contrário do “habitual” pode ser exclusivamente para reforçar a tensão. As drogas podem estar nesse contexto. É importante que saibamos que é uma fase extremamente difícil, onde o adolescente precisa negar e se opor, para que, a partir da percepção do que não é, encontrar-se a si mesmo.

Também é o momento do discernimento, das escolhas profissionais, do vestibular, do primeiro emprego, pois a liberdade também só faz sentido quando percebemos a vida econômica. O dinheiro então pode ganhar um sentido de poder que talvez não seja saudável. É a partir desta idade que começamos a ter um pensamento mais autônomo, ainda que, nesta época, acreditemos estar amadurecidos para efetuar julgamentos.

21 a 28 anos – O “Eu” – a independência e a crise do talento

A partir dos 21 anos nossa individualidade, nosso self, toma uma força considerável na tentativa de estabilização. O “Eu” começa realmente a se mostrar, mesmo ainda estando em formação. No entanto, para que esse “Eu” apareça e se forme, mesmo sendo algo subjetivo e interno, ele depende do mundo exterior, da sociedade.

O fim do crescimento corporal instaura o início de um processo de crescimento mental e espiritual, somos então “cidadãos de dois mundos: o celeste e o terrestre”. Geralmente já não moramos mais com a família e já não estamos mais na escola. É o momento da autoeducação, do emprego, do desenvolvimento dos talentos, etc.

A história das pessoas começa a ser traçadas por elas mesmas, pois há uma tomada de caminho que não depende mais, diretamente, das outras instituições. É uma emancipação em todos os níveis, mas como resultado de toda a experiência nos três primeiros setênios. Surpreendentemente, é também a fase em que mais nos influenciamos pelos outros, pois a sociedade dirá o ritmo da vida de cada um.

Nesse ciclo, os valores, aprendizados, e lições de vida passam a fazer mais sentido. As energias estão mais pacificadas. Nosso lugar no mundo é o principal objetivo. A colocação profissional assume um papel muito importante. O não atingimento desse objetivo pode gerar muita ansiedade e frustração, especialmente se todos os anos até aqui não foram suficientes para descobrirmos e desenvolvermos os nossos talentos.

28 a 35 anos – fase organizacional e crises existenciais

Quem nunca ouviu falar na “crise dos 30”? ela não é um mero mito, ela existe e tem explicação. O 5º setênio começa com essas crises na vida, o abalo da nossa identidade, a cobrança do sucesso que talvez ainda não tenha atingido, a certeza de não podermos tudo, de onde vem a frustração e tristeza.

A sensações de angústia e vazio são muito comuns. Em algumas sociedades as pessoas nesse ciclo não encontram um lugar para si e se veem entre a juventude e a velhice ou maturidade. As pessoas passam a não se conhecerem, pois, seus gostos mudam – ou por si mesmos ou pela pressão dos outros. Sentimo-nos impotentes nesta passagem da juventude para a maturidade, de um viver mais impulsivo para um viver mais sério, responsável, voltados para a família e para o trabalho.

Nesse ciclo os sentimentos nos levam também a uma busca espiritual maior, um “caminho da alma”. Estamos suscetíveis ao cosmos, às oscilações e às vezes a harmonia custa a acontecer. Somos cobrados por estrutura, firmeza, estabilidade, uma base, um pilar, que seja material e que também sejam mental e espiritual. A Antroposofia acredita que logo após o 31 ½ ano, que corresponde à metade do 63º ano de vida, estamos no final das atuações planetárias e zodiacais. Depois dessa idade, ficamos mais livres.

Estamos realmente, nessa fase, em organização. É nesse ciclo que passamos a pesar uma série de coisas, avaliar a trajetória da nossa vida, esse não lugar nos força a perguntar “quem sou eu”. Há uma renovação a partir desse ciclo. Estamos tendo crises, mas é por meio dessas crises que construímos novos pensamentos, novos valores, terminamos relacionamentos e começamos outros, mudamos de emprego, de ideologias, de partidos políticos, enfim… crises, desorganizações e reorganizações.

35 a 42 anos – crise de autenticidade

Esse setênio, embora tenha suas peculiaridades, está ainda ligado ao setênio anterior, ruminando os resultados das crises. Reconhecemos também uma espécie de crise nesse setênio, mas uma crise que busca uma autenticidade, gerada pelas reflexões do ciclo anterior.

Temos, aqui, mais capacidade de julgamento, gozamos de mais maturidade psíquica e emocional. Em geral, já acumulamos alguns bens materiais ou ao menos conseguimos uma renda que seja suficiente para as questões básicas de consumo. O desafio, então, é encontrar valores espirituais e nos reconhecermos como seres únicos. A pergunta é: como é que encontro o caminho para a essência do mundo e para a minha própria essência?

Esse setênio configura a última fase do desenvolvimento da alma propriamente dita, estamos propensos a adentrar mais profundamente no nosso mundo espiritual, na parte mais sensível de nós. Buscamos a essência de tudo, no outro e em nós. Isso passa a acontecer com mais força nesse setênio pois, aqui, já há maturidade e aprendizado suficiente para esse conhecimento.

A carreira, a família (ou não) os desejos, tudo já teve seu tempo. Já alcançamos as conquistas que nos eram urgentes. Há um desaceleramento do ritmo do nosso corpo e da nossa mente, o que é algo importante para alcançarmos frequências mais sutis de pensamento, onde estará nosso corpo suprassensível.

É possível que esse ciclo traga um descontentamento com o novo. Pode ser que o sujeito questione se, chegando aos 40 anos, ainda há algo novo para se fazer. Buscar coisas novas é um exercício importante para esse ciclo. Em contraponto ao novo, há uma aceitação maior do que se é, de como se é, das histórias e experiências de vida.

42 a 49 anos – altruísmo x querer manter a fase expansiva

É um ciclo que tem um “ar” de recomeço, de ressurreição, de alívio, até. A crise dos trinta perde a força e parece não ter tido resultados tão graves como se pensava. É, porém, o momento de buscar, desesperadamente, por algo novo, para que a vida adquira sentido.

As mudanças nesse setênio são urgentes. Mesmo que nem todos estejam preparados para elas. As questões existenciais retornam com uma certa força, mas agora elas mais dinâmicas e menos melancólicas pois o sujeito já se vê capaz de produzir essas mudanças. O lema é “como está, não da pra ficar”.

Essa dinâmica impulsiona a tomada de decisões que, por vezes, ficou anos sendo gestadas dentro de si. Pode ser a separação conjugal, a saída de uma empresa, ter um filho, etc. É uma fase que corresponde, em termos energéticos, à fase que vai dos 14 aos 21 anos. Ficamos saudosistas, queremos ir à Disney e reviver coisas da nossa adolescência. Voltamos a desafiar nosso corpo e fazer esporte. É uma fase solar.

O medo do envelhecimento surge. As questões internas despertadas pelos ciclos anteriores perdem um pouco de espaço para a estética e a necessidade de se fazer coisas que os jovens fazem. As rugas e a menopausa são os espinhos das mulheres nesse setênio. A sexualidade retoma uma importância crucial. Contudo, a força que se perde com o declínio da sexualidade pode e deve ser empregada em outros nichos.

Esse setênio traz o contraditório: queremos mudanças, estamos em busca do novo, mas o envelhecimento que é uma mudança natural nos assusta, incomoda, gera ansiedade, muda nosso comportamento com relação a nós mesmos e ao mundo. Assim, sucumbimos à força do “sósia”, ou seja, da sombra, daquilo que está diretamente ligado aos aspectos pessoais não resolvidos, não integrados.

Nos enxergamos nas sombras do outro e entramos em confronto. As relações ficam à mercê das emoções distorcidas pelo que não vemos em nós mas vemos nitidamente nas pessoas. No entanto, o que acontece é um espelhamento.

49 a 56 anos – ouvir o mundo

Podemos reconhecer essa fase como sendo do “pai e da mãe universal”. É a fase de desenvolvimento do espírito. É um setênio tranquilo e positivo. As forças energéticas voltam a estar concentradas na região central do corpo, mas estão voltadas ao sentimento da ética, da moral, do bem-estar, questões universais, humanísticas.

É um momento em que estamos mais conscientes do mundo e de nós mesmos. É um bom momento para reconhecer os méritos da nossa história, aceitando-a sem julgamentos. Esse ciclo desperta em nós o existencialismo para observarmos mais de perto o valor simbólico das coisas. Deixamos o pessoal, particular em busca do universal, do humanístico, do existencial.

Contudo, alguns podem incorrer na falha dos egocentrismos, pois um ciclo depende do seu anterior. Assim, pode haver pessoas nesse setênio completamente voltadas para si, suas necessidades e do seu grupo. O desapego é uma consequência da vida pregressa.

Em termos físicos, esta fase espelha fisiologicamente o setênio 7 a 14 anos, o elemento do ritmo tem de ser priorizado, especialmente na condução de uma rotina. A vida nos ensina nesta época uma nova audição, temos a possibilidade de ouvir a voz do coração para esta renovação ético / moral que agora é propícia.

56 a 63 anos – (e adiante) abnegação/sabedoria

A Antroposofia acredita que o 56º ano de vida traz uma brusca mudança. Ela está na forma como a pessoas se relaciona consigo e com o mundo. Como os ciclos se correspondem, esse se liga ao primeiro setênio, aquele que vai do nascimento até os sete anos de vida. A audição, a visão, o paladar das pessoas dessa fase se igualam e o mundo fica estranho.

É importante pensar que essa teoria foi pensada em uma época em que a expectativa de vida era muito baixa e as pessoas com 60 anos eram verdadeiros anciãos. Logo é preciso também compreender que os ciclos são metafóricos e não tem uma relação matemática exata.

Contudo, essa fase, por exemplo, evidencia uma volta para dentro de si. O interno passa a fazer muito mais sentido que o externo. É importante internalizar-se, desenvolver os sentidos espirituais. A comunicação com o mundo externo passa a ter ruídos, principalmente pelas mudanças que a sociedade sofreu nesse período inteiro.

A reclusão passa a ser algo natural, boa para a autorreflexão e a busca pela essência. A sabedoria pelo conhecimento acumulado e a intuição que passa a ser mais clara, tornam-se elementos fundamentais dessas pessoas. Elas são o contraponto do sentimento de fracasso e insucesso que, porventura, possa aparecer, vindo dos questionamentos daquilo que se alcançou ou deixou de alcançar.

Certos cuidados se fazem muito importante, como a estimulação da memória, mudanças de hábitos, recursos criativos. Isso porque a aposentadoria pode ser algo limitador, especialmente para aqueles que durante toda a vida atribuíram muita importância ao status profissional e agora temem não ter outra forma de autorrealização.

Atividades muito bem-vindas nesse setênio são as acadêmicas – lecionando ou fazendo novos cursos – escrever textos ou um livro, o laser em grupos de pessoas na mesma fase da vida, viagens e outras formas que relacionem prazer e aprendizado. A aproximação da família ou a construção de novas famílias também ajudam a dar novo sentido à vida.

Concluindo

Como você vê, nossa vida é feita de uma forma cíclica. Nossa energia vital circula pelas diversas fases da nossa vida. Nossa mente tem diferentes estágios de aprendizado e nossa espiritualidade pode estar mais ou menos aberta também conforme cada estágio.

Hoje talvez essa divisão seja um pouco diferente e, com certeza, faz sentido pensar em mais um ou dois ciclos de sete anos, visto que estamos vivendo cada dia mais, mas o aprendizado com a Antroposofia e a teoria dos setênios é enorme. Metaforicamente ou não, poucas linhas de pensamento conseguem dar pensar de forma sistêmica como essa. De forma que é impossível pensarmos em algo tão complexo quanto a nossa vida de forma linear e homogênea.

Compreender as fases ou ciclos da vida é importante para aprendermos mais sobre nós mesmos e sobre o outro, adquirindo mais expertise no cuidado com as pessoas, especialmente os coaches, que devem ser peritos no desenvolvimento e aprendizagem humana. Saber sobre cada etapa nos possibilita saber mais sobre as crises e lidar melhor com elas.

Há uma série de arquétipos que podem ser observados nessas diversas fases, mas isso é assunto para um novo artigo. Lembre-se sempre de se lembrar de nunca esquecer que o saber é o nosso bem maior, cada leitura, cada livro, cada conhecimento acumulado é uma forma de sermos melhores e mais capacitados, além de nos conhecermos mais a cada dia.




José Roberto Marques






Fonte do Texto e das Gravuras: do Blog "JRM - José Roberto Marques
http://www.jrmcoaching.com.br/blog/a-teoria-dos-setenios-os-ciclos-da-vida/#
Via Biblioteca Virtual da Antroposofia
http://www.antroposofy.com.br/

REENCARNAÇÕES NA TERRA: AJUSTES E TRABALHO

Há tantas pessoas que se agarram desesperadamente à vida, porque ignoram que esta não termina com aquilo a que se convencionou chamar a morte. Elas são mesmo capazes de cometer todos os crimes para subsistir. Mas, deste modo, contraem consequências cármicas que terão de ajustar numa próxima encarnação. O discípulo de uma Escola Iniciática tem outra filosofia. Por vezes, ele diz para si próprio: «Viver na Terra é penoso! Estamos limitados, somos achincalhados, violentados, atormentados, esmagados.» Mas ele também sabe que está aqui para fazer um trabalho e reparar os seus erros do passado. Então, aceita as circunstâncias, pensando que, quando tiver terminado esse trabalho, poderá viver livre, no espaço e na luz. É esta a verdade que os espiritualistas conhecem. Por isso, embora saibam que a verdadeira vida não é aqui, eles estão convencidos de que têm algo a fazer na Terra. Enquanto não tiverem regularizado tudo, enquanto não tiverem terminado o trabalho que o Céu lhes atribuiu, o resto é-lhes indiferente. Eles não se questionam se preferem viver ou morrer, querem apenas terminar o seu trabalho. Mas, logo que ele termina, com que alegria eles vão embora, porque sabem que não vale a pena ficar agarrado à Terra.




Omraam Mikhaël Aïvanhov





Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

domingo, 15 de janeiro de 2017

O ESPIRITISMO ANTE O MERECIMENTO E AS DESIGUALDADES

A economia do mundo atual está periclitante e não consegue se recuperar da debacle econômica de 2008, aliás, a maior das últimas 8 décadas. Tudo teve início nas quebras de grandes bancos nos EUA, deixando um rombo estimado em quase US$ 3 trilhões. A crise de então se expandiu pelo planeta, provocando amplos cenários de desemprego e recessão. A rigor, as principais economias do mundo ainda não se recuperaram. Apesar de toda essa tempestade econômica, paradoxalmente o número de bilionários duplicou.

Os fatos demonstram que as crises econômicas têm o poder de concentrar renda e deixar os ricos mais ricos. Como resolver isso? Seguramente não será com as ideologias extremistas do igualitarismo. Quanto maior a desigualdade econômica num país, mais forte tende a ser a divisão ideológica entre os chamados grupos do “igualitarismo” e do “liberalismo”. E a história sugere que a superconcentração de recursos redunda em algum tipo de desordem. Por isso, a desigualdade das riquezas é um dos problemas que preocupa muita gente. Mas, debalde se procurará resolver tal desigualdade levando em conta apenas a unicidade das existências.

Afinal, por que não são igualmente ricos todos os homens? Indagou Kardec aos Benfeitores que responderam: “Não o são por uma razão muito simples: por não serem igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar”. [1] E mais, é fato matematicamente demonstrado que “a riqueza, repartida com igualdade, a cada um daria uma parcela mínima e insuficiente. Por outra, se efetuada essa partilha, o equilíbrio em pouco tempo estaria desfeito, pela diversidade dos caracteres e das aptidões. Supondo ainda que seja possível e durável essa divisão, cada um teria somente com o que viver e o resultado seria o aniquilamento de todos os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e para o bem-estar da Humanidade”. [2]

Ora, “se Deus concentra a riqueza em certos pontos, é para que daí se expanda em quantidade suficiente, de acordo com as necessidades. Admitido isso, pergunta-se por que Deus a concede a pessoas incapazes de fazê-la frutificar para o bem de todos”. [3] Eis aí uma prova da Sabedoria e da Bondade Divina. Dando o livre-arbítrio ao homem, quer Deus que o mesmo chegue, por experiência própria, a distinguir o bem do mal e opte pelo bem, de livre vontade e por seus esforços. Obviamente a harmonia da sociedade não virá por decretos, nem de parlamentos que caracterizam sua ação por uma força excessivamente passageira.

Os conceitos do Espiritismo defendem a meritocracia do ideário liberal, a liberdade individual e quem pugna por esses valores não deve ser tido como um reacionário. O princípio da improfícua ideologia igualitária sempre fascinou a mente revoltosa, porque parece ser mais “justa”, e atender melhor à parte mais desprotegida da humanidade. Irrisão! Essa ideologia carrega consigo uma mancha execrável. Não é capaz de respeitar o que é inerente ao ser humano, que é o livre arbítrio individual. Como não conseguirá jamais se estabelecer com a concordância dos cidadãos, precisa se impor à força para que os “mais iguais” (grupos artificiais) minoritários liderem e dirijam a “liberdade” do resto da população reprimida.

Reafirmamos que os adeptos do materialismo sonham com a igualdade irrestrita das criaturas, sem compreender que, recebendo os mesmos direitos de trabalho e de aquisição perante Deus [aceitem ou não!], os homens, por suas próprias ações, são profundamente desiguais entre si, em inteligências, virtude, compreensão e moralidade. E consta nos anais da História que o “trabalho” , o “batente”, o “rala rala”, o “labor diário” para o ganha não é a credencial moral dos reivindicadores dos princípio igualitário.

Sob o ponto de vista reencarnacionista, o Espiritismo ilustra os contra-sensos das teorias radicais do igualitarismo e coopera na restauração do adequado caminho da evolução social. Emoldurando a ideologia igualitária nos apelos cristãos, não se deslumbra com as reformas exteriores, para rematar que a excepcional renovação considerável é a do homem interior, célula viva do organismo social de todos os tempos, justando pela intensificação dos movimentos educativos da criatura, à luz eterna do Evangelho do Cristo.

De acordo com a História sempre existiu, existe e deploravelmente existirá grupos de materialistas, ateus e rebeldes extremistas em número significativo, que são estrepitosos, violentos e constituem ameaça à liberdade do cidadão. E quem se opõe à sua cartilha agressiva não pode ser considerada uma “maioria” alienada e muito menos cidadãos que se sentem ameaçados nas suas conquistas, construídas com trabalho e dignidade. Ora, qualquer ideologia de princípios igualitários não pode perder de vista a sábia máxima do Cristo “a cada um segundo seus merecimentos”.

Cabe ressaltar ainda que os princípios contidos em o Livro dos Espíritos relativo às leis morais, e mesmo no Evangelho de Jesus, dão sustentação a fraternidade sem quaisquer pechas de ideologias igualitárias. Será perda de tempo valer-se da retórica vazia de que o livro “Nosso Lar” descreve uma comunidade com as falácias socialistas igualitárias, não é verdade! Pois lá se reafirma a lógica da meritocracia em que o indivíduo é abonado pelas virtudes e talentos morais conquistados. Aliás, um exemplo para qualquer sociedade de hoje ou amanhã.




Jorge Hessen





Fonte do Texto e da Gravura: do Blog "Artigos Espíritas"
https://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com.br





Referência bibliográfica:
[1] Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, RJ: Ed. FEB
[2] Idem
[3] Idem

A PROFUNDA QUIETUDE

Um dos 72 Nomes de Deus, Aleph Nun Yud, é o Nome que nos garante acesso à “visão global”. É o Nome que nos ajuda a ligar os pontos das experiências que já vivemos, nos permitindo uma visão mais rica e mais holística de nossa realidade.

É interessante observar que o segredo do Nome Aleph Nun Yud reside verdadeiramente em suas letras. Em hebraico, as letras Aleph Nun Yud podem compor a palavra "Ani", que significa “Eu”. Se mudarmos a ordem dessas letras para Aleph Yud Nun, obteremos a palavra "Ayn", que significa “nada”.

Em nossas vidas, a chave para enxergarmos mais profundamente e nos conectarmos com a visão global, reside em nossa capacidade de trazer o nosso “eu” (ou seja, nosso ego) para a condição de “nada”. Se quisermos receber mensagens do Criador, se quisermos realmente sentir Sua presença no fundo de nosso ser, precisamos nos retirar do espaço de nosso ego e entrar na vasta quietude que existe dentro de nós.

Ao meditarmos, repetimos um mantra, ou olhamos fixamente para uma vela, com o objetivo de levarmos a nós mesmos a esse espaço vazio, porque é lá que podemos ser um com a Luz do Criador. Ao diminuirmos nosso ego e darmos a nós mesmos o espaço e o tempo para ir mais fundo dentro de nós, obtemos acesso às infinitas possibilidades que ali residem.

(Obs.: visualizar as três letras da direita para a esquerda)





Karen Berg





Fonte do Texto e da Gravura: Centro de Cabala
www.kabbalah.com