sábado, 14 de março de 2015

NOTAS SOBRE A TRADIÇÃO CABALÍSTICA


No primeiro número de L'Initiation do século XX, datado de janeiro de 1901, Papus publicou algumas notas que Saint-Yves d'Alveydre lhe havia endereçado, com o objetivo de trazer sua pedra ao estudo da cabala. Ei-las, em sua íntegra.


Meu caro amigo,

Para mim é um verdadeiro prazer responder à sua apreciada carta. Nada tenho a acrescentar ao seu notável livro sobre a cabala judaica. Ele se coloca entre os melhores, conforme a apreciação tão eminente e tão meritória que dele fez o saudoso senhor Franck, do Instituto, homem mais autorizado a fazer um julgamento sobre esse tema.

Sua obra completa a dele, não somente no que tange à erudição, mas também no que se refere à bibliografia e à exegese dessa tradição especial. Mais uma vez, creio ser esse belo livro definitivo. Mas, sabedor do meu respeito pela tradição e, ao mesmo tempo, da minha necessidade de universalidade e de verificação por todos os procedimentos dos métodos atuais, e conhecendo, além disto, os resultados dos meus trabalhos, você não teme que eu amplie o tema; ao contrário, pede-me que o faça.

Na verdade aceitei apenas como inventariante os livros da cabala judaica, por mais interessantes que sejam. Mas uma vez concluído o inventário, minhas pesquisas pessoais conduziram à universalidade anterior de onde procedem esses documentos arqueológicos, e sobre o princípio assim como sobre as leis que puderam motivar esses fatos do espírito humano.

A cabala dos judeus provinha dos caldeus, via Daniel e Esdras. Já a cabala dos israelitas anteriores à dispersão das dez tribos não-judias, provinha dos egípcios, via Moisés.

Para os caldeus, como para os egípcios, a cabala fazia parte daquilo que todas as universidades metropolitanas chamariam a Sabedoria, ou seja, a síntese das ciências e das artes conduzidas ao seu Princípio comum. Esse Princípio era a Palavra ou o Verbo.

Um precioso testemunho da antiguidade patriarcal pré-mosaica declara essa Sabedoria perdida ou abastardada cerca de três mil anos antes de Cristo. Esse testemunho é Jó e a antiguidade desse livro é assinalada pela posição das constelações que ele menciona: "Que foi feito da Sabedoria, onde estará ela?" - diz este santo patriarca.

Em Moisés, a perda da unidade anterior e o desmembramento da Sabedoria patriarcal, estão indicados sob o nome de divisão das línguas e da Era de Nemrod. Essa época da Caldéia corresponde à de Jó.

Um outro testemunho da antiguidade patriarcal é o bramanismo. Ele conservou todas as tradições do passado, superpostas como as diferentes camadas geológicas da Terra. Todos os que a estudaram do ponto de vista moderno foram surpreendidos por suas riquezas documentais e pela impossibilidade em que se encontram seus possuidores de classificá-las de uma maneira satisfatória, tanto do ponto de vista cronológico quanto do ponto de vista científico. Suas divisões em seitas bramânicas, vishnavistas, sivaístas, para citar apenas estas, aumentam ainda mais a confusão.

Não é menos verdadeiro que os brâmanes do Nepal fazem remontar ao começo do kali-yuga a ruptura da antiga universalidade e da unidade primordial dos ensinamentos.

Esta síntese primitiva retrata, bem antes do nome de Brahma, o de Ishva-Ra, Jesus-Rei: Jesus Rex Patriarcharum, dizem nossas litanias.

É a esta síntese primordial que São João faz alusão no começo do seu evangelho; mas os brâmanes estão longe de considerar que seu Ishva-Ra seja nosso Jesus, Rei do Universo, como Verbo Criador e Princípio da Palavra humana. Sem isto eles seriam todos cristãos.

O esquecimento da Sabedoria Patriarcal de Ishva-Ra data de Krishna, o fundador do bramanismo e de sua trimourti. Ainda aí há concordância entre os Brâmanes, Jó e Moisés, quanto ao fato e quanto à época.

Desde os tempos babélicos nenhum povo, nenhuma raça, nenhuma universidade não possuem mais, senão em estado de fragmentos, a antiga universalidade dos conhecimentos divinos, humanos e naturais, restabelecidos ao seu Princípio: o Verbo-Jesus. Santo Agostinho designa sob o nome de "Religio Vera" esta síntese primordial do Verbo.

A cabala rabínica, relativamente recente como redação, era conhecida a fundo e integralmente em suas fontes escritas ou orais pelos adeptos judeus do primeiro século da nossa era. Certamente ela não tinha segredo para um homem do valor e da ciência de Gamaliel. Como também não o tinha para seu primeiro e proeminente discípulo, São Paulo, tornado apóstolo do Cristo ressuscitado.

Ora, eis o que diz São Paulo na Primeira Epístola aos Coríntios, capítulo II, versículos 6,7 e 8: "Entretanto, o que pregamos aos perfeitos é uma Sabedoria, porém não a Sabedoria deste mundo, nem a dos grandes deste mundo, que são aos olhos daquele, desqualificados. Pregamos a Sabedoria de Deus, misteriosa e secreta, que Deus predeterminou antes de existir o tempo, para a nossa glória. Sabedoria que nenhuma autoridade deste mundo conheceu (pois se a houvessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da Glória)".

Todas estas palavras são pesadas como o ouro e o diamante de quilate, e não há uma delas sequer que não seja infinitamente precisa e preciosa. Elas proclamam a insuficiência da cabala judaica.

Uma vez esclarecida a universalidade da questão que nos interessa, concentremos esta luz sobre esse fragmento dos mais preciosos da Sabedoria antiga que é ou que pode ser a cabala judaica.

Esclareçamos, inicialmente, o sentido da palavra Cabala.

Esta palavra possui dois sentidos, dependendo de ser escrita, como fazem os judeus, com o "Q", ou seja, com a vigésima letra do alfabeto assírio, aquela que traz o número 100, ou com o "C", a décima primeira letra do mesmo alfabeto, e que traz o número 20.

No primeiro caso a palavra significa Transmissão, Tradição, e a coisa permanece assim indecisa; pois tanto vale o transmissor quanto a coisa transmitida; tanto vale o traidor quanto a tradição. (1)

Acreditamos que os judeus transmitiram bem fielmente o que receberam dos sábios caldeus, com sua escrita e a refundição dos livros anteriores de Esdras, que foi ele próprio orientado por Daniel, Grande-mestre da Universidade dos Magos da Caldéia. Mas do ponto de vista científico isto não faz a questão avançar; só faz recuar a um inventário dos documentos assírios e, na sequência, à fonte primordial. No segundo caso, Ca-Ba-La significa o Poder. La, dos XXII, CaBa, já que C = 20 e B = 2.

Mas a questão é então resolvida com exatidão, pois se trata do caráter científico, associado na antiguidade patriarcal aos alfabetos das vinte e duas letras numerais.

Seria necessário fazer desses alfabetos um monopólio de raça, chamando-os semíticos? Talvez, se for realmente um monopólio, não no caso contrário.

Ora, a partir da minha pesquisa dos alfabetos antigos da Caba-La, de XXII letras, o mais oculto, o mais secreto - que certamente serviu de protótipo, não somente para todos os outros do mesmo gênero, mas para os signos védicos e as letras sânscritas - é um alfabeto ariano. Exatamente aquele que fiquei muito feliz te ter comunicado a você, e que eu mesmo resguardo de brâmanes eminentes que jamais tentaram perguntar-me o seu segredo.

Ele se distingue dos outros ditos semíticos por serem suas letras morfológicas, ou seja, falando exatamente por suas formas, o que faz dele um tipo absolutamente único. Além do mais, um estudo atento me fez descobrir que essas mesmas letras são os protótipos dos signos zodiacais e planetários, o que é também de relevante importância.

Os brâmanes chamam esse alfabeto de Vattan, e ele parece remontar à primeira raça humana, pois por suas cinco formas-mães rigorosamente geométricas, ele se auto-assina Adão, Eva e Adamah.

Moisés parece designá-lo no versículo 19 do capítulo II do seu Sepher Bereshith. Além do que esse alfabeto se escreve de baixo para cima e suas letras agrupam-se de maneira a formar imagens morfológicas ou falantes. Os pânditas (2) apagam esses caracteres do quadro-negro tão logo a lição dos gurus é concluída. Eles os escrevem também da esquerda para a direita, como o sânscrito, portanto à européia. Por todas as razões precedentes, esse alfabeto prototípico de todos os Kaba-Lim pertence à raça ariana.

Portanto, não se pode mais dar aos alfabetos desse gênero o nome de semíticos, já que eles não são o monopólio das raças assim denominadas, com ou sem razão.

Mas pode-se e deve-se chamá-los de esquemáticos. Ora, o esquema não significa somente o signo da Palavra, mas também Glória. É a esse duplo significado que se deve prestar atenção ao ler a citada passagem de São Paulo.

Ela existe também em outras línguas como o eslavônio. A etimologia da palavra eslavo, por exemplo, é "slovo" e "slava", que significa palavra e glória.

Esses sentidos já levam bem alto. O sânscrito vai corroborar essa atitude. "Sama", que também encontramos nas línguas de origem céltica, significa similitude, identidade, proporcionalidade, equivalência etc.

Veremos mais adiante a aplicação desses significados antigos. Por enquanto, resumamos o precedente.

A palavra cabala, tal como a compreendemos, significa o alfabeto das XXII Potências, ou a Potência das XXII letras desse alfabeto. Esse gênero de alfabetos tem um protótipo ariano ou jafético. (3) Ele pode ser designado, com toda a propriedade, sob o nome de alfabeto da Palavra ou da Glória.

Palavra e Glória! Por que estas duas palavras são tão próximas em duas línguas antigas tão distantes quanto o eslavônio e o caldeu? Isto se deve a uma constituição primordial do Espírito humano em um Princípio comum, ao mesmo tempo científico e religioso: o Verbo, a Palavra cosmológica e seus equivalentes.

Jesus, em sua última prece tão misteriosa, lança - nisto como em tudo - uma luz decisiva sobre o mistério histórico que nos ocupa aqui: "Ó Pai! Coroa-me com a Glória que tive antes que este mundo fosse!"

O Verbo encarnado faz aqui alusão à Sua Obra, à Sua criação direta como Verbo criador, criação designada sob o nome de mundo divino e eterno da Glória, protótipo do mundo astral e temporal, criado pelos "Alahim" sobre esse modelo incorruptível.

Que o Princípio criador seja o Verbo - a Antiguidade é unânime sobre esse ponto. Falar e criar eram então sinônimos em todas as línguas.

Para os brâmanes os documentos anteriores ao culto de Brahma representam Isou-Ra, Jesus-Rei, como o Verbo criador.

Para os egípcios, os livros de Hermes Trismegisto dizem a mesma coisa; e Oshi-Ri é Jesus-Rei lido da direita para a esquerda.

Para os trácios, Orfeu, iniciado nos Mistérios do Egito aproximadamente na mesma época que Moisés, havia escrito um livro intitulado "O Verbo Divino".

Quanto ao próprio Moisés, o Princípio é a primeira palavra e o objeto da primeira frase de seu Sepher. Não se trata de Deus em sua essência, IHOH, que só é nomeada no sétimo dia, mas de Seu Verbo, criador da Hexada divina: Bra-Shith. Bara significa falar e criar; Shith significa Hexada. Em sânscrito, mesmos significados: BaRa-Shath.

Esta palavra Bara-Shith deu lugar a inúmeras discussões. São João a apresenta como Moisés, desde o começo de seu Evangelho e diz, em siríaco, (4) língua cabalística de XXII letras: "o Princípio é o Verbo". Jesus havia dito: "Eu sou o Princípio".

O sentido exato é desta forma fixado por Jesus, mesmo corroborando toda a universalidade anterior pré-mosaica.

O precedente explica que as universidades verdadeiramente antigas consideravam o Verbo criador como a incidência da qual a Palavra humana é a Reflexão exata, quando o processo alfabético molda exatamente o Planisfério do Cosmos.

O processo alfabético, armado de todos os seus equivalentes, representa então o mundo eterno da Glória, e o processo cósmico representa o mundo dos céus astrais.

É por isto que o Rei-Profeta, eco de toda a Antiguidade patriarcal, diz: "Coeli enarrant Dei Gloriam" (em bom Português, "o mundo astral conta o mundo da Glória divina".) O universo invisível fala através do visível.

Restam aqui duas coisas a serem determinadas:

1) o processo cósmico das escolas antigas;

2) o processo dos alfabetos correspondentes.

Para o primeiro ponto, III Formas-mães: o centro, o raio ou diâmetro e o círculo; XII signos involutivos; VII signos evolutivos.

Para o segundo ponto, ao qual os anciãos concediam o primeiro plano: III letras construtivas; XII involutivas; VII evolutivas.

Nos dois casos:

III + XII + VII = XXII = CaBa

Pronúncia de:

C = 20, B = 2, total 22, C.Q.F.D.

Os alfabetos de vinte e duas letras correspondiam, pois, a um zodíaco solar ou solar-lunar, armado de um setenário evolutivo. Eram os alfabetos esquemáticos.

Os outros, seguindo o mesmo método, tornavam-se por 24 letras os horários dos precedentes, por 28 letras, seus lunares, por 30, seus mensais solar-lunares, por 36 seus decânicos etc.

Nos alfabetos de vinte e duas letras, a Real, a Emissiva da ida, a Remissiva da volta, era o "I" ou "Y" ou "J"; e colocado sobre o primeiro triângulo equilátero inscrito, ela devia formar autologicamente, com duas outras, o nome do Verbo e de Jesus: IshVa-(Ra), Oshi-(Ri).

Contrariamente, todos os povos que abraçaram o cisma naturalista e lunar tomaram por Real a letra "M", que comanda o segundo trígono elementar.

Todo o sistema védico, depois bramânico foi assim ordenado por Krishna, a partir do começo do Kaly-Yuga. Tal é a chave do livro das guerras de IEVE, guerras da Real "I" ou "Y" contra a usurpadora "M".

Você viu, meu caro amigo, as provas bem modernas - quer dizer, de simples observação e experimentação científica - pelas quais a mais antiga tradição foi ao mesmo tempo restabelecida e verificada por mim. Colocarei aqui apenas o estritamente necessário à elucidação do fato histórico da Cabala.

Segundo os patriarcas que os precederam, os brâmanes dividiram as línguas humanas em dois grandes grupos:

1) devanágaris, (5) línguas da cidade celeste ou de civilização reconduzidas ao Princípio cosmológico divino;

2) prácritos, (6) línguas de civilizações selváticas ou anárquicas.

O sânscrito é uma língua devanágari de quarenta e nove letras, o veda igualmente com suas oitenta letras ou signos derivados do ponto do AUM, ou seja, a letra "M".

Essas duas línguas são cabalísticas em seu sistema peculiar, no qual a letra "M" forma o ponto de partida e de retorno. Mas elas foram desde sua origem, e permanecem até hoje, articuladas sobre uma língua de templo de vinte e duas letras, cuja Real primitiva era o "I".

Qualquer retificação se torna possível e fácil, graças a esta chave, aos maiores triunfos e glória de Jesus. Verbo de IEVE, em outras palavras, da Síntese primordial dos primeiros Patriarcas.

Os brâmanes atuais atribuem ao seu alfabeto de vinte e duas letras uma virtude mágica; mas esta palavra não tem para nós outro significado senão superstição e ignorância.

Superstição, decadência e superstição de elementos arqueológicos e de fórmulas mais ou menos alteradas, mas que um estudo aprofundado pode algumas vezes, como é aqui o caso, ligar a um ensinamento anterior, científico e consciente, e não metafísico e místico. Ignorância maior ou menor dos fatos, das leis e do princípio que motivaram esse ensinamento primordial.

De resto, a escola lunar vedo-bramânica não é a única onde a ciência e sua síntese solar, a religião do Verbo, degeneraram em magia. Basta explorar um pouco a universidade terrestre a partir da época babélica para ver uma decadência crescente atribuir cada vez mais aos alfabetos antigos um caráter supersticioso e mágico.

Da Caldéia à Tessália, da Cítia à Escandinávia, dos Kouas de Fo-Hi e dos Musnads da antiga Arábia, às Runas dos Varegues, pode-se observar a mesma degenerescência.

A verdade, nisto como em tudo, é infinitamente mais maravilhosa do que o erro, e você bem conhece, caro amigo, esta admirável verdade.

Enfim, como nada se perde na humanidade terrestre, assim como em todo o Cosmos, o que foi ainda é e testemunha a antiga universalidade de que fala Santo Agostinho em suas Retratações.

Os brâmanes fazem cabala com os oitenta signos védicos, com as quarenta e nove letras do sânscrito devanágari, com as dezenove vogais, semivogais e ditongos, ou seja, toda a massorá (7) de Krishna, acrescentada por ele ao alfabeto vatan ou adâmico.

Os árabes, os persas, os subas fazem cabala com seus alfabetos lunares de vinte e oito letras e os marroquinos com o seu, ou Koreish.

Os tártaros mandchus fazem cabala com seu alfabeto mensal de trinta letras.

As mesmas observações se aplicam aos tibetanos, chineses etc.; mesmas reservas quanto às alterações da ciência antiga dos equivalentes cosmológicos da Palavra.

Resta saber em que ordem esses XXII equivalentes devem ser funcionalmente classificados no planisfério do Cosmos.

Você tem diante dos seus olhos, caro amigo, o modelo de acordo com o que foi legalmente registrado sob o nome de arqueômetro. Sabe também que as chaves desse instrumento de precisão, a ser utilizado nos altos estudos, me foram dadas pelo evangelho, por certas palavras muito precisas de Jesus, que devem ser cotejadas com as de São Paulo e de São João.

Permite-me agora resumir com um mínimo de palavras.

Todas as universidades religiosas, asiáticas e africanas, munidas de alfabetos cosmológicos, solares, solar-lunares, lunares, mensais etc., servem-se de suas letras de uma maneira cabalística. Quer se trate de ciência pura, de poesia interpretando a ciência ou a inspiração divina, todos os livros antigos, escritos em línguas devanágaris e não prácritas, só podem ser compreendidas graças à cabala de suas línguas. Mas estas devem ser levadas aos XXII equivalentes esquemáticos, e estes a suas posições cosmológicas exatas.

A cabala dos judeus é, portanto, motivada por toda a constituição anterior do espírito humano; mas ela precisa ser arqueometrada, (8) ou seja, medida por seu Princípio regulador, controlada pelo instrumento de precisão do Verbo e de sua síntese primordial.

Não sei, caro amigo, se estas páginas irão responder à sua afetuosa expectativa. Tive que resumir capítulos inteiros em algumas linhas.

Queira, portanto, desculpar as imperfeições e ver aqui apenas um testemunho da minha boa vontade e da minha velha amizade.




Saint-Yves d'Alveydre
10 de janeiro de 1901




Fonte: do livro "A CABALA, A TRADIÇÃO SECRETA DO OCIDENTE"
PAPUS (DR. GÉRARD ENCAUSSE)

Fonte da Gravura: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_Saint-Yves_d'Alveydre




Esta matéria foi publicada originalmente no número 3, de 1999, da edição francesa de L'Initiation.
A presente tradução foi publicada no número 9, de Abril/Junho de 2003, da edição em língua portuguesa.



NOTAS DO TRADUTOR:

(1) O autor faz aqui um jogo de palavras entre traditeur e tradition, a primeira delas significando "traidor" (francês arcaico, e em voga no século XV) e a outra "tradição", palavras de raiz idêntica e sentidos inteiramente dessemelhantes.

(2) Na Índia, homem estimado por sua sabedoria e/ou conhecimentos. A palavra também é frequentemente usada como título honorífico. Sua origem etimológica se encontra no sânscrito "pandita".

(3) De, ou descendente de Jafet, filho de Noé.

(4) Aramaico clássico.

(5) Segundo o Dicionário Houassis, devanágari é o alfabeto derivado do brami, utilizado na escrita do hindi e de muitas outras línguas da Índia (prácrito, marata, sânscrito etc). Etimologicamente, sua origem é o sânscrito devanágari 'id.', complemento de deva, 'deus' e nágari 'urbano', isto é, 'cidade de Deus', usado para caracterizar o 'alfabeto da cidade de deus'.

(6) Ainda segundo o Dicionário Houassis, "prácrito" é a denominação geral de um grande grupo de línguas e dialetos da Índia, da família indo-européia, ramo indo-ariano, sub-ramo indo-árico, grupo sânscrito, falados em diferentes épocas [De maneira geral, os prácritos eram línguas faladas, por oposição ao sânscrito, que possuía escrita e rica literatura e que com o tempo se tornou língua somente escrita; alguns prácritos evoluíram para línguas literárias antigas e modernas, como o páli, o marata antigo e o moderno.

(7) Segundo o Dicionário Houassis, "massorá" é um conjunto de comentários críticos e gramaticais (soletração, vocalização, divisão em orações e parágrafos etc.] sobre a Bíblia hebraica, feitos por doutores judeus com o objetivo de determinar a forma correta do texto escrito, mantendo-lhe a pureza e evitando que ocorram alterações em sua transmissão. Naturalmente, neste caso, a definição é extendida à tradição hindu.

(8) Submetida à análise do Arqueômetro. Para uma melhor compreensão, sugerimos a leitura do livro Saint-Yves d'Alveydre: A Sinarquia • O Arqueômetro • As Chaves do Oriente, de Yves-Fred Boisset, publicado pela Gnosis Editorial.

AUTOCONHECIMENTO - RELAÇÕES

Compreender todo o processo de si mesmo requer constante vigilância, consciência, na ação da relação. Deve haver um olhar constante de cada incidente, sem escolha, sem condenação ou aceitação, com certo sentido de impassibilidade, de modo que a verdade de todo incidente é revelada. Mas este autoconhecimento não é um resultado, um fim. Não há fim para o autoconhecimento; ele é um constante processo de compreensão, que surge apenas quando a pessoa começa, objetivamente e vai mais e mais fundo por todo o problema do viver diário, que é o “você” e o “eu” em relação.(Collected Works, Vol. VI, 233, Choiceless Awareness)


O autoconhecimento não é uma coisa para ser comprada em livros, nem é o resultado de uma longa e dolorosa prática e disciplina, mas é conscientização, de momento a momento, de cada pensamento e sentimento quando ele surge na relação. A relação não está num nível abstrato, ideológico, mas na realidade, a relação com a propriedade, com pessoas e com ideias. Relação implica existência e, como nada pode viver em isolamento, ser é estar em relação. Nosso conflito é na relação, em todos os níveis de nossa existência, e a compreensão desta relação, completa e amplamente, é o único problema real que cada pessoa tem. Este problema não pode ser adiado nem evitado. Evitá-lo só cria mais conflito e miséria; fugir dele só provoca negligência, que é explorada pelos astutos e ambiciosos. (Collected Works, Vol. VI, 50, Choiceless Awareness)


Interrogante: Que relação tem o observador, meu observador, com outros observadores, com outras pessoas? Krishnamurti: O que queremos dizer com a palavra “relação”? Já estivemos relacionados com alguém, ou a relação é entre duas imagens que criamos um do outro? Eu tenho uma imagem de você, e você tem uma imagem de mim. Tenho uma imagem de você como minha esposa ou marido, ou o que seja, e você tem uma imagem de mim também. A relação é entre estas duas imagens e nada mais. Ter relação com o outro só é possível quando não existe imagem. Quando posso olhar para você e você pode olhar para mim sem a imagem da memória, de insultos e todo o resto, então há uma relação, mas a própria natureza do observador é a imagem, não é? Minha imagem observa sua imagem, se for possível observá-la, e isto é chamado relação, mas é entre duas imagens, uma relação que não existe porque ambas são imagens. Estar em relação significa estar em contato. O contato deve ser uma coisa direta, não entre duas imagens. Isto requer muita atenção, uma conscientização, olhar o outro sem a imagem que tenho sobre a pessoa, a imagem sendo minhas memórias daquela pessoa, como ela me insultou, como me agradou, me deu prazer, isto ou aquilo. Só quando não existem imagens entre os dois, existe relação. (Collected Works, Vol. XVII, 7, Choiceless Awareness)


Portanto, a nossa primeira busca é se é possível terminar o conflito em todos os nossos relacionamentos – em casa, no escritório, em cada área da nossa vida – pôr fim ao conflito. Isto não significa que nos retiremos para o isolamento, nos tornemos monges, ou nos afastemos para algum canto da nossa imaginação e fantasia; significa viver neste mundo para compreender o conflito. Porque, enquanto houver conflito de qualquer tipo, naturalmente as nossas mentes, nossos corações, nossos cérebros, não podem funcionar em sua capacidade máxima. Só podem funcionar plenamente quando não há atrito, quando há claridade. E só há claridade quando a mente, que é a totalidade... está num estado de não-conflito, quando ela funciona sem atrito algum; só então é possível ter paz. (Collected Works, vol. XVI, p 4)




J. Krishnamurti





Fonte: http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura:
http://www.taringa.net/posts/ciencia-educacion/16865761/Jiddu-Krishnamurti.html
http://fightlosofia.com/krishnamurti-en-imagenes-krishnamurti-in-pictures/

sexta-feira, 13 de março de 2015

SOBRE A ORIGEM ISLÂMICA DA ROSA+CRUZ (Fama Fraternitatis)

Para saber a história da Ordem Rosa+Cruz é indispensável referir-se aos antigos documentos que atestam sua existência na Europa nos princípios do Séc. XVII.

O mais importante desses documentos e o mais antigo é chamado: Allegemeine und generale Reformation des gantzen weiten Welte, heneben der Fama Fraternitatis des löblichen Ordens des Rosenkreutzes an alle Gelehrte und Haupter Europae geschrieben. Esse é um texto anônimo de 147 páginas em "octavo", aparecido em Cassel, vindo da tipografia de Wilhelm Wessel, em 1614.

A parte essencial e original do Reformation é a Fama Fraternitatis compreendido entre as páginas 91 a 118 da edição de 1614. (1)

O Fama Fraternitatis fala de uma fraternidade secreta fundada dois séculos antes de (2) cuja vida reconto.

Nascido de uma família nobre, Christian Rosenkreutz (C.R.) ficou órfão em tenra idade. Ele cresceu em um convento do qual saiu à idade de dezesseis anos para empreender uma viagem para a Arábia, Egito e Marrocos. (Sedir, Histoire des Rose-Croix, p 42)

É durante o curso dessa viagem por países islâmicos que ele entrou em contacto com os Sábios do Leste, que lhe revelaram a ciência harmônica universal derivada do "Livro M", o qual Rosenkreutz traduziu.

É nos alicerces desse ensinamento que ele concebeu o plano para a simultânea reforma universal religiosa, filosófica, científica, política e artística. Para a realização desse plano ele se reuniu com vários discípulos aos quais deu o nome de Rose-Croix.

O fundador da Ordem Rosa-Cruz pertenceu, como afirmam seus historiadores, a uma família nobre, mas nenhum documento nos permite afirmar isso peremptoriamente. O que é realmente certo é que ele era um orientalista e um viajante.

O Fama Fratenitatis nos diz "que em sua juventude ele empreendeu viagem ao Santo Sepulcro com um irmão P.A.L. Embora este irmão tenha morrido em Chipre e não tenha visto Jerusalém, nosso irmão C.R. não retornou, mas embarcou para a outra costa dirigindo-se para Damasco, querendo continuar visitando Jerusalém, mas ele adoeceu, tendo que parar a viagem. Quando se recuperou agradeceu aos turcos por lhe terem ministrado algumas drogas (as quais não lhe eram estranhas), sendo que durante sua convalescença entrou em contacto com os Sábios de Damasco (Damcar) na Arábia...". (3)

Tornou-se familiarizado com os milagres realizados pelos Sábios e de como a natureza havia se revelado para eles. Não podendo conter sua impaciência, ele fez um acordo com os árabes para que o levassem à Damcar por uma certa quantia em dinheiro.
                                                              Emile Dantinne (Sar Hieronymus)

Admite-se que 1378 é a data de nascimento de Christian Rosenkreutz. É incontestável que o início de sua viagem pelo Oriente Médio está situada nos primeiros anos do Séc. XV, durante o período de 1389 a 1402, durante a época do Sultão Suleyman I (1402-1410) (4), mas incontestavelmente antes da grande catástrofe de 29 de maio de 1453, data da tomada de Constantinopla pelos Turcos. Antes desse fato não há dúvidas que as relações entre a Europa e os países islâmicos eram bastante normais e que um jovem sábio alemão, amante das coisas árabes, tal como C. Rosenkreutz, não teria perdido a oportunidade de ser aceito nos círculos de estudos nos países Islâmicos.

Apesar da decadência intelectual que marcou o fim do califado "as universidades do Cairo, Bagdad e Damasco eram de alta reputação". (5)

Não há nenhuma surpresa, em absoluto, que esse jovem sábio alemão tenha ido a Jerusalém e desejado conhecer a filosofia árabe, cuja influência havia influenciado consideravelmente o escolasticismo medieval, desde que Gregório IX havia suspendido a proibição de se estudar Aristóteles e os filósofos árabes. (6)

O texto do Fama Fraternitatis no que tange às relações de C. Rosenkreutz como os Sábios de Damasco não é tão clara como se pensa. Sugere Damasco? Essa aldeia na Arábia é chamada Damashqûn, além disso, a antiga capital do reino de Damaceno, capital da Síria, não é totalmente na Arábia.

Em realidade não sugere uma escola totalmente diferente? É necessário notar que a palavra Universidade ou Faculdade corresponde ao nome árabe Madrasa. O autor de History of Lebanon refere-se à "madrasat-ul-hûqûqi fi Bayrût", que quer dizer Universidade de Direito do Líbano. (7)

A palavra Damcar portanto permanece misteriosa. Eu consultei vários dicionários: Lane, Kazimirski, Richardson, Wahrmund, Zenker, Belot, Houwa, o Supplement aux dictionnaires arabes de Dozy, o Additions aux dictionnaires arabes de Fagnan, a Enzyklopädie des Islam e o Geschichte der Arabischen Literatur de Brocklemann. DMCR não é uma raiz árabe.

E, ainda, Damcar não fica próxima a Jerusalém. É em Damcar que ele fortalece seus conhecimentos da língua árabe que lhe permitiu que no ano seguinte traduzisse o "Livro M" para um excelente latim. (8)

É muito difícil saber o que o autor pretendia com o "Livro M". Talvez sugira a tradução de um livro perdido de Aristóteles, apresentando esse título, mas isso apenas parece provável. Considerando que o Fama Fraternitatis cita outros livros por meio de uma carta, pode-se deduzir que a inicial em questão corresponda à categorização que Christian Rosenkreutz  fez para os livros que havia traduzido do árabe.

Após três anos de estudos nos quais se concentrou especialmente em medicina e matemática, embarcou do Sinu Arabico para o Egito, onde ele dedicou sua atenção às plantas e animais.

Parece que não esteve no Egito por muito tempo, tendo embarcado para Fez. O que ele diz e que vale ser relembrado: "Todo ano os árabes e os africanos mandam seus deputados eleitos para debater com outros sobre as artes e saber se não há algo melhor que tenham descoberto, ou se não tiveram uma experiência que tenha enfraquecido seus princípios básicos. Então todos os anos surge algo que aperfeiçoa a matemática, a medicina e a magia." (9) Mas reconhece que "sua magia não era totalmente pura e sua Kabbalah é corrompida por sua religião." (10)

Os Sábios com quem se encontrou em Fez mantinham um contato periódico e regular com outros Sábios de diversos países islâmicos. Os "Elementaristas", que são aqueles que estudam os elementos, revelaram muitos de seus segredos a eles. (11)

Fez era, na ocasião, o centro dos estudos filosóficos e ocultistas: dentre os ensinamentos havia a Alquimia de Abu-Abdallah, Gabir ben Hayan, e o Imam Jafar al Sadiq, a astrologia e a magia de Ali-ash-Shabramallishi, a ciência esotérica de Abdarrahman ben Abdallah al Iskari. Esses estudos floresceram durante o Império dos Omayyads. (12)

De fato os segredos que são sugeridos, indicam, sem sombra de dúvidas, que eles formaram os ensinamentos das sociedades secretas. (...). Inclina-se a acreditar que C. Rosenkreutz encontrou seus segredos entre os "Irmãos da Pureza", uma sociedade de filósofos que havia se formado em Basra (Iraque), na primeira metade do quarto século depois da Hégira (622) os quais, sem serem ortodoxos, interpretaram os dogmas e aplicaram-se seriamente à pesquisa científica. Sua doutrina teve como fonte o estudo dos filósofos gregos antigos, tornando-se mais pronunciado numa direção neopitagórica. (13) Eles levaram da tradição pitagórica o hábito de examinar todas as coisas sob o aspecto numérico.

Sua interpretação do dogma permaneceu como segredo, devido à sua natureza heterodoxa.

Por exemplo, a respeito da ressurreição, eles explicam que a palavra ressurreição (qiyamah) é derivada de subsistência (qiyam ) e, quando a alma deixa o corpo, ela subsiste por sua essência, e é isso que a ressurreição consiste de fato.

Os "Irmãos da Pureza" tinham em cada localidade um lugar de reunião, onde os não-membros eram excluídos, onde pudessem discutir seus segredos juntos. Eles se ajudavam mutuamente um ao outro "como a mão e o pé trabalham para o corpo".

Há vários graus na Ordem: Mestre de Artes, Governantes ou Pastores de Irmãos; o grau de Sultão representava o poder legislativo e, finalmente, o grau supremo, chamado de Grau Real que conferia um estado de visão ou revelação...

A parte secreta do ensinamento tinha como objeto o estudo da teurgia, dos nomes divinos e angélicos, conjurações, a kabbalah (al-Jafr), exorcismos etc. (14)

Os "Irmãos da Pureza" diferiam dos sufis mas estavam unidos em vários pontos doutrinais. Ambas eram ordens místicas derivadas da teologia do alcorão. O dogma é suplantado pela fé na Divina Realidade. (15)

Os sufis evidentemente distinguiam-se dos "Irmãos da Pureza", mas as doutrinas destes tiveram alguns pontos em comum com quase todas as seitas sufis, com exceção, certamente, da admissão da metempsicosis. Seguindo os ensinamentos dos filósofos árabes neoplatônicos e kabbalistas judeus que frequentemente influenciavam os místicos, eles buscaram a ideia da metempsicosis, para representar o castigo da alma impura que deixa o corpo. (16)

Sua doutrina do Logos que deriva, evidentemente, dos evangelhos diferia da ideia cristã, mas havia entre eles um sincretismo que se descobre nos rituais rosacruzes. Na ascensão da alma para Deus, a Iluminação dos Nomes é determinada pela torah, a Iluminação dos Atributos pelos evangelhos e a Iluminação da Essência pelo alcorão. Jesus e Muhammad revelaram o mistério do Invisível. (17) Isso reflete bastante o carácter desse sincretismo.

Nota-se que os "Irmãos da Pureza" não usavam nenhuma vestimenta especial. (18) É um fato conhecido que os iniciadores se asseguravam que uma pessoa que poderia sucedê-los praticasse a abstinência, que o autor do Fama Fraternitatis traduziu através de uma imagem árabe "eles se comprometeram com a virgindade" (19), eles curaram o doente". Irei me abster de ditar os nomes dos grandes doutores árabes que são bem conhecidos.

A doutrina Rosa-Cruz da Criação que foi recentemente publicada (20), é encontrada, na sua totalidade, na filosofia de Ibn Sina (Avicena). Deus não criou o mundo diretamente, mas o Ente Necessário emana uma Inteligência Pura que é a Primeira Causa. A Causa Primeira conhece o Criador tão necessariamente quanto possível. Dessa multiplicidade de tempo introduz a si mesmo na Ordem da Criação. Essa inteligência é o intelecto ativo, o iluminador de almas. De esfera para esfera (através das dez esferas) o resplendor vai da Pura Inteligência até o nível da matéria.

Deus é então compreendido como Onipotente e criador da Primeira Causa. (...)

O Criador não criou a matéria diretamente, mas sim pelos intermediários, os anjos que se identificam com os Primeiros Princípios. (21)

É possível que C. Rosenkreutz soubesse dos ensinamentos de Ibn Sina ou Abdu'l-Qadir al-Jili (criador da Ordem Sufi Qadiryya) (22), que desenvolveu uma teoria análoga: "O mundo é co-eterno com Deus, mas na ordem lógica, a crença que Deus existe em Si Mesmo é anterior à crença que as coisas existem em Seus Conhecimentos. Ele os conhece como Ele Se conhece, mas eles não são eternos e Ele é Eterno." (23)

Mohyi-id-Din Ibn Arabi ensinou que as almas são pré-existentes ao corpo, que elas são de diferentes graus de perfeição e que elas penetram desigualmente as sombras do corpo. O ato de aprender para elas, nada mais é que uma rememoração, uma ascensão de retorno para o local de onde tinham partido inicialmente.

Ibn-Arabi que escreveu o livro "O Centésimo Nome de Deus" usou círculos para expor seu sistema, que é singularmente próximo do "Dignitates Divinae" de Raimundo Lúlio, que é considerado como um iniciado e precursor da Rosa-Cruz.

A teurgia Rosa-Cruz difere pouquíssimo da teurgia dos sufis embora esta derive de uma riquíssima angeologia baseada no alcorão. Ao lado do Querubim está o mais elevado anjo, chamado al-Nun que simboliza o Conhecimento Divino. Ele esta posicionado em frente à Tábua Celestial; sob o Trono estão localizados os anjos chamados al-Qalam (as penas) e o anjo al-Mudabbir; os anjos chamados al-Mufassil estão localizados em frente do Imamu'l Mubin (Inteligência Primeira); o Ruh (Espírito) é o objeto do Conhecimento Divino... O místico sufi quando alcança o grau de perfeição entra em contacto com os anjos. Se por eles alcança o conhecimento do mundo visível e invisível, também é por eles que ele exerce um poder supra-humano por sobre as coisas, por sobre a humanidade e por sobre os eventos, visto que os anjos aqui evocados não são simples mensageiros de Deus, mas o próprio pensamento de Deus, na medida em que emana da Divina Essência através do Primeiro Criado para a realidade metafísica das coisas. É nesse lugar que o mago supremo (al sihru'l ali) reside.

No livro "Caminho da Unidade Divina", o místico sufi Abd al-Qadir al-Jili explica como o místico obtém, através de uma fórmula, de Deus o que ele deseja. (24)




Emile Dantinne (Sar Hieronymus)





Fonte do Texto e das Gravuras:
Blog GOD ANUBYS GNOSTICISMO
http://anubysp.blogspot.com.br/2008/04/sobre-origem-islmica-da-rosacruz.html

Originally published in the review "Inconnus", 1951
Translated from the French by Elias Ibrahim,
and contributed by Dame Donna of The Order of The Grail Grand Commandery  
Tradução do Inglês ao Português feita por
ORDEM MARTINISTA SUFI




Notas:

[1] The French translation by E. Coro (Ed. Rhea, Paris 1921) comprises 63 pages . It is subtitled "The Travels of Christian Rosencrantz." The Fama is attributed to John Valentin Andrea.

[2] C. Rosencrantz is considered by many historians as a mythic personage. However Larousse gives as his dates 1378-1484.

[3] Fama, 1921, p 21-27

[4] T. Mann, Der Islam, p 116

[5] P. KELLER, La question arabe, p 17

[6] A. M GOICHON, La philosophie d'Avicenne et son influence en Europe medievale, 1944, p 105

[7] Musawir fi tarik Lûbnâ, p 28

[8] Fama, p 33-47. Does Damcar suggest a madrasat (University) whose name has been corrupted, perhaps Medina, where the occult sciences were held in honour.

[9] Fama, p 24

[10] Fama, p 24

[11] Fama, p 26

[12] C. B. ROCKELMANN Geseb. der arabischen Literatur, t II

[13] CARA DE VAUX, Les penseurs de l'Islam, t IV, p 107

[14] CARA DE VAUX, op cit. p 113

[15] R. A. NICHOLSON, Studies in Islamic Mysticism, 1921, p 79

[16] G. VADJER, Introduction a la pensee juive au moyen age, 1947, p 97

[17] NICHOLSON, op cit, p 138

[18] BOUCHET, L'esoterisme mussulman, (Museen 1910)

[19] Fama, p 38

[20] La pensee at l'ouvre de Peladan, La philosophie Rosicrucienne, 1947.

[21] GOICHON, Introduction a Avicenna, p 32

[22] He is the author of "al Insanu Kamil... (The Perfect Man in the knowledge of Origins) a sufi work.

[23] NICHOLSON, op cit , p 103

[24] NICHOLSON, op cit, p 139

RECEBER EXATAMENTE O QUE PRECISAMOS

Diz-se que os tzadikim (almas justas) nunca têm "paz" neste mundo. Estão sempre em meio a batalha cósmica entre a Luz e a escuridão, lutando em nome do restante da humanidade.

Felizmente, a maioria de nós não precisa passar a vida lutando uma batalha sem fim, porque não somos pessoas espiritualmente tão elevadas quanto essas almas justas. 

Mas o que podemos colher a partir do sacrifício delas é o entendimento de que cada dificuldade pela qual passamos e cada teste que enfrentamos - seja doença, perda de um ente querido, perda de fortuna, ou qualquer outra perda de algo que para nós é importante - é exatamente o que precisamos naquele momento para o nosso crescimento espiritual.

Se pudermos manter em mente esse entendimento com todo nosso coração e mente, quando estivermos em meio aos nossos maiores desafios, poderemos nos ancorar em nossa certeza na Luz, a qual poderá nos conduzir através desses momentos.




Karen Berg





Fonte: Centro de Cabala
www.kabbalah.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quinta-feira, 12 de março de 2015

A VERDADEIRA ESCRAVIDÃO

O Imperador Bali demonstrou pela natureza de sacrifício que aquele que sacrifica tudo atingirá moksha (liberação). O verdadeiro sacrifício envolve duas coisas: em primeiro lugar, perceber a causa de nossa escravidão nesta vida e, segundo, acabar com essa escravidão. As pessoas pensam erroneamente que riqueza, família, etc. são suas amarras e que, cortando as conexões com elas, serão capazes de sacrificar tudo e se tornarem elegíveis para alcançar moksha. Mas estas não são a verdadeira escravidão. Verdadeira escravidão é a própria ignorância em identificar-se com o corpo. Aquele que se livra deste cativeiro, como Bali fez, atingirá moksha. Para livrar-se deste cativeiro, a purificação do coração é extremamente necessária. Nesta Kaliyuga, namasmarana (constante lembrança de Deus) é a maneira mais fácil de purificar a mente; e entregar-se a Deus com uma mente pura é o caminho certo para alcançar moksha.

As pessoas pensam que desistir de casa e lar é renúncia. Isso não é o que Vairagya (desapego) significa. Tudo o que fazemos deve ser feito em um espírito de boa vontade e de serviço. Deve ser para o bem-estar da nação. E o bem-estar de todos deve ser encarado como o lema da nação. Desde tempos muito antigos, os Bharatiyas (indianos) viveram conforme o ideal: "Que todos os mundos sejam felizes!" Para defender este ideal, governantes, acadêmicos, sábios e todas as pessoas fizeram muitos sacrifícios. Hoje, o espírito de sacrifício não pode ser visto em qualquer lugar. Atualmente, o egoísmo é a raiz de toda a crueldade e violência. Tudo o que temos neste século são pelejas, disputas, tumultos e violência. Egoísmo alcançou seu ápice. Manifestações do Amor Divino! Livrem-se do egoísmo. Considerem-se membros integrantes da sociedade. Desenvolvam a fé de que o seu bem-estar está vinculado ao bem estar de todos.




Sathya Sai Baba





Fonte: http://www.sathyasai.org.br/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

O SIMBOLISMO DAS PEDRAS PRECIOSAS

As pedras preciosas pertencem ao elemento terra. Elas são o produto de todo o trabalho que a terra é capaz de realizar, por isso foram escolhidas como símbolos das virtudes que o homem pode adquirir se aprender a trabalhar sobre a sua própria matéria.

O costume de pôr pedras preciosas nas vestes dos sacerdotes e nas coroas dos reis vem do conhecimento deste simbolismo: elas representam as qualidades e as virtudes que esses reis devem ter para exercerem condignamente o seu cargo. A cada virtude corresponde uma pedra: à sabedoria, o topázio; à paz e à harmonia, a safira; ao amor, o rubi; etc.

Não procuremos verificar se esses altos personagens merecem trazer em si tais tesouros, é o simbolismo que conta.

E os reis da terra, os papas e os cardeais têm na sua cabeça ornamentos com pedras preciosas precisamente porque há pedras preciosas colocadas na coroa do Senhor da Criação. Essas pedras são os anjos, os arcanjos, as divindades…





Omraam Mikhaël Aïvanhov





Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

SOMENTE QUANDO NÃO EXISTE O MEDITADOR A MEDITAÇÃO ACONTECE

Em meditação, desfrute não fazer nada. Esteja em estado de perfeita passividade — então você estará em harmonia com o mundo.

As formas-de-pensamento dissolvem-se automaticamente porque elas não podem existir com a passividade total: elas são formas de uma mente viciada em atividade, e com elas o ego se dissolve — porque ele não pode existir sem formas-de-pensamento.

O ego não é nada mais que o centro de um redemoinho constantemente revolvendo formas-de-pensamento.

Permaneça na passividade, isto é, no estado absoluto de não-fazer, e a meditação se aprofunda a ponto de não existir mais o meditador; e lembre-se de que somente quando não existe o meditador a meditação realmente acontece.

Se você é, então não há meditação, e quando existe meditação você não é.




Osho





Fonte: "Uma Xícara de Chá"
http://www.palavrasdeosho.com/
Fonte da Gravura:
http://www.iosho.co.in/index.php/category/photos/

DO FUNDO DO MEU CORAÇÃO

Há muitos tipos de orações e formas de rezar.

Por exemplo, existem o que consideramos "orações intelectuais". São orações escritas, têm palavras especificas, que aparecem em uma ordem específica. Os kabalistas estão familiarizados com orações intelectuais especificas que, ao serem combinadas com a intenção certa, podem destrancar os portões dos Mundos Superiores e permitir que essas orações sejam levadas pelos anjos ao Criador.

Existe também o que é conhecido como "orações do coração". Quando oramos com o nosso coração, estamos dizendo: "Ouça Deus, eu sei que provavelmente não sou merecedor disso, mas não tenho outras soluções. Por favor, Deus, me ajude... ajude meu filho... ajude minha família... Por favor, me ajude, porque estou perdido e não sei como encontrar a Luz."

Na Bíblia, quando a irmã de Moisés, Miriam, teve lepra e Moisés disse com todo seu coração: "El na refá na la" (que significa "Cure-a agora."), estas poucas e simples palavras resumiram toda a oração - e o fim da doença.

O que quero dizer com isso?

Talvez não tenhamos as palavras, e tampouco tenhamos conhecimento sobre todas as orações que existem neste mundo. Mas quando estamos vazios por dentro e pedimos ajuda ao Criador, Ele nos ouve, independente de qualquer coisa.




Karen Berg





Fonte: Centro de Cabala
www.kabbalah.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

AMIZADE - ALMA - PERDÃO - GENEROSIDADE - CARIDADE

Amigo é alguém que fala ao nosso coração. Mesmo se houver uma diferença nas habilidades, papéis ou posições, há uma visão de igualdade que não permite nenhum sentimento de superioridade ou inferioridade. Há tal proximidade respeitosa que um não invade a personalidade do outro. As fraquezas são vistas como algo alheio que, na hora apropriada, deixarão de existir. Você não necessita provar-se para um amigo, pois você é amado como é, e o que você é basta.

Amizade é a base de qualquer relacionamento genuíno.  Mas eu preciso começar comigo. Eu sou gentil e amoroso comigo? Meus pensamentos, sentimentos, atitudes, palavras e ações são amigos uns dos outros? Ou eles se contradizem e saem do controle? Harmonia interior e honestidade fazem fluir a amizade entre mim e o mundo exterior – não apenas o mundo das pessoas que fazem parte da minha vida mas os mundos do tempo, natureza e matéria. Criar esse tipo de parceria, no qual eu me sinto positivamente conectado a todos os outros aspectos da vida, proporciona um sentimento grandioso chamado de realização. (Dadi Janki)

É essencial dar tempo para observar o que acontece na mente, caso contrário, nossos pensamentos, que são nossa criação, podem ter controle sobre nós. A chave é saber quem é que está criando, sentindo e levando consigo esses pensamentos. Enquanto os cientistas encontram respostas sobre o mundo exterior, precisamos nos voltar para a espiritualidade para conhecer o eu interior. Sou uma alma, um ser eterno, aquele que cria os pensamentos, processa-os em palavras e ações e vivencia seus resultados. Eu não sou os pensamentos.

Perdão é como uma pétala de flor. Ressentimento é uma doença que acaba com a paz mental. Aqueles que desejam nos prejudicar emitem uma energia poderosa cuja raiz está na sua própria dor e raiva. Na verdade eles estão prejudicando a si mesmos. Quando perdoamos, enviamos energia curativa e amorosa. Elevamos os sentimentos negativos dos outros ao lançar um raio de luz em seus corações. Esse raio reflete de volta para nós e assim nos tornamos mais fortes.

Perdão é mover-se pacificamente em direção ao que é bom e melhor. Perdão derrete a dureza do coração dos outros. Em um primeiro momento, nosso perdão poderá confundi-los. As pessoas podem até nos considerar ingênuos. Mas com o tempo, elas acabam apreciando e valorizando este supremo ato de gentileza. (BK Anthony Strano, The power of forgiveness, Purity, June 2003)

Generosidade é mais do que dar dinheiro ou coisas materiais. É dar o eu, que não tem preço. No espírito de colocar os outros na frente, aqueles que abraçam a simplicidade doam seu tempo livremente aos outros. Isto é feito com gentileza, abertura, intenções puras e sem expectativas ou condições. As sementes das ações generosas dão frutos abundantes. (BK Andatta, Being and Living as a Trustee, World Renewal, September, 2004)

Ato de caridade é ajudar outros a sair da escuridão e entrar na claridade. Lembre-se que todos são seus e ninguém é seu. Deixe que haja limpeza em seus pensamentos. Veja a necessidade e dê cooperação. Fique desperto e desperte outros. Com sua estabilidade interna, expulse os obstáculos. Seja um bom exemplo, coloque inspiração em sua vida e torne-se um instrumento para todos. Não use sua cabeça demais, use o poder do amor. Com amor verdadeiro Deus trabalhará através de você. (Dadi Janki)




Brahma Kumaris





Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quarta-feira, 11 de março de 2015

PARA REALMENTE FAZER O BEM

A maior parte das pessoas não são más nem mal-intencionadas, muitas desejam sinceramente ser úteis aos outros e são mesmo capazes disso. Mas os bons sentimentos e as boas intenções não são suficientes para fazer realmente o bem. Quem quer ajudar os outros deve começar por se estudar e procurar desembaraçar-se de todos os elementos que nele se opõem a esse bem que ele quer realizar. 

Com efeito, o bem e o mal estão tão intimamente intrincados em cada ser que, por vezes, há forças obscuras que conseguem aproveitar-se da sua boa vontade. E, embora ele esteja convencido de que será útil, misturam-se nas suas ações todo o tipo de elementos contrários, e as pessoas que deveriam se beneficiar dessas ações acabam por ser vítimas delas.

Quereis realmente ajudar os outros, fazer-lhes bem? Por um trabalho diário paciente, esforçai-vos por neutralizar os estados interiores que podem servir de atrativos para as correntes negativas que circulam na atmosfera. E, ao mesmo tempo, procurai intensificar os estados que atraem a vós as influências benéficas.




Omraam Mikhaël Aïvanhov





Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

O RELACIONAMENTO É O ESPELHO

O relacionamento é o espelho em que podemos ver-nos como somos. Toda a vida é um movimento de relacionamento. Não existe nada vivo na Terra que não esteja relacionado com uma coisa ou com outra. Mesmo o eremita, o homem que parte para um lugar solitário, está relacionado com o seu passado, está relacionado com aqueles que estão ao seu redor. Não há como fugir ao relacionamento. Nesse relacionamento que é o espelho no qual podemos ver-nos, podemos também descobrir o que somos, as nossas reações, os nossos preconceitos, os nossos medos, depressão, ansiedades, solidão, sofrimento, dor, pesar. Podemos também descobrir se amamos ou se o amor não existe. Por conseguinte examinaremos a questão do relacionamento porque ele é a base do amor. (Mind Without Measure p 79)

Viver é estar relacionado. Portanto tenho que compreender e tenho que mudar. Tenho que descobrir como ocasionar uma mudança radical na minha relação, porque, afinal, isso produz guerras; é isso que está acontecendo neste país entre os paquistaneses e os hindus, entre os muçulmanos e os hindus, entre os árabes e os judeus. Não há , portanto, saída através do templo, através da mesquita, através das igrejas cristãs, através da discussão da Vedanta, deste e daquele e dos outros sistemas diferentes. Não há saída a menos que você, como ser humano, mude radicalmente a sua relação. Surge agora o problema: Como vou mudar, não abstratamente, a relação que está agora baseada em procuras e prazeres egocêntricos? (The Collected Works vol XVI pp 34-35)

A relação só tem um significado verdadeiro quando é um processo de autorrevelação, quando nos revela a nós mesmos na própria ação da relação. Mas a maior parte de nós não quer ser revelada na relação. Pelo contrário, usamos a relação como um meio de encobrir a nossa própria insuficiência, as nossas próprias dificuldades, a nossa própria incerteza. A relação torna-se, portanto, mero movimento, mera atividade. Não sei se repararam que a relação é muito dolorosa, e que desde que não seja um processo revelador em que você descobre a si mesmo, a relação é simplesmente um meio de fuga de si mesmo. (The Collected Works vol V p 230)

A compreensão de nós mesmos não chega através do processo de afastamento da sociedade ou através do isolamento numa torre de marfim. Se vocês e eu investigarmos realmente o assunto cuidadosa e inteligentemente, veremos que só conseguimos compreender a nós próprios na relação e não no isolamento. Ninguém consegue viver em isolamento. Viver é estar relacionado. Só no espelho da relação é que compreendo a mim mesmo, o que significa que tenho que estar extraordinariamente alerta nos meus pensamentos, sentimento e ações na relação. Isto não é um processo difícil ou um empreendimento super-humano; e como em todos os rios, enquanto a nascente dificilmente é perceptível, as águas ganham ímpeto à medida que se movem, à medida que se aprofundam. Neste mundo louco e caótico, se investigarem este processo deliberadamente, com cuidado, com paciência, sem condenar, verão como ele começa a ganhar ímpeto e que não é uma questão de tempo. (The Collected Works vol VI, pp 37-8)

Em um mundo de vastas organizações, vastas mobilizações de pessoas, movimentos em massa, temos medo de agir em pequena escala; temos medo de ser gente insignificante pondo em ordem a nossa própria parte. Dizemos a nós mesmos: “Que posso eu fazer pessoalmente? Preciso unir-me a um movimento de massas para fazer uma reforma.” Pelo contrário, a verdadeira revolução não ocorre por meio de movimento em massa mas mediante a revolução interior do relacionamento – só isso é reforma verdadeira, uma revolução radical, contínua. Temos receio de começar em pequena escala. Porque o problema é tão vasto, pensamos que temos de enfrentá-lo com grande quantidade de pessoas, com uma grande organização, com movimentos em massa. Certamente, temos de começar a procurar resolver o problema em pequena escala e na pequena escala do “eu” e do “você”. Quando eu compreendo a mim mesmo, compreendo você, e dessa compreensão vem o amor. (The Collected Works vol V p 96)

Tomemos por exemplo o mal que cada ser humano sofre desde a infância. É-se magoado pelos próprios pais, psicologicamente; depois magoado na escola, na universidade, através da comparação, através da competição, através de se dizer que tem que se ser excelente nesta matéria, etc. Durante toda a vida existe este processo constante de se ser magoado. Sabe-se isto, e que todos os seres humanos são magoados, profundamente, coisa de que podem não ter consciência, e que de tudo isto surgem todas as formas de ações neuróticas. Tudo isso faz parte da consciência da pessoa – uma consciência em parte oculta e em parte manifesta de que se é magoado. Agora, é possível não se ser de todo magoado? Porque as consequências de se ser magoado são a edificação de um muro em torno de si mesmo, afastando-se no relacionamento com os outros para não se ser mais magoado. Nisso há medo e um isolamento gradual. Agora, perguntamos: É possível não só ficar livre de males passados, mas também jamais ser magoado novamente? (The Flame of Attention, pp 87-88)




J. Krishnamurti





Fonte: http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura:
http://www.taringa.net/posts/ciencia-educacion/16865761/Jiddu-Krishnamurti.html
http://fightlosofia.com/krishnamurti-en-imagenes-krishnamurti-in-pictures/