Compreender todo o processo de si mesmo requer constante vigilância, consciência, na ação da relação. Deve haver um olhar constante de cada incidente, sem escolha, sem condenação ou aceitação, com certo sentido de impassibilidade, de modo que a verdade de todo incidente é revelada. Mas este autoconhecimento não é um resultado, um fim. Não há fim para o autoconhecimento; ele é um constante processo de compreensão, que surge apenas quando a pessoa começa, objetivamente e vai mais e mais fundo por todo o problema do viver diário, que é o “você” e o “eu” em relação.(Collected Works, Vol. VI, 233, Choiceless Awareness)
O autoconhecimento não é uma coisa para ser comprada em livros, nem é o resultado de uma longa e dolorosa prática e disciplina, mas é conscientização, de momento a momento, de cada pensamento e sentimento quando ele surge na relação. A relação não está num nível abstrato, ideológico, mas na realidade, a relação com a propriedade, com pessoas e com ideias. Relação implica existência e, como nada pode viver em isolamento, ser é estar em relação. Nosso conflito é na relação, em todos os níveis de nossa existência, e a compreensão desta relação, completa e amplamente, é o único problema real que cada pessoa tem. Este problema não pode ser adiado nem evitado. Evitá-lo só cria mais conflito e miséria; fugir dele só provoca negligência, que é explorada pelos astutos e ambiciosos. (Collected Works, Vol. VI, 50, Choiceless Awareness)
Interrogante: Que relação tem o observador, meu observador, com outros observadores, com outras pessoas? Krishnamurti: O que queremos dizer com a palavra “relação”? Já estivemos relacionados com alguém, ou a relação é entre duas imagens que criamos um do outro? Eu tenho uma imagem de você, e você tem uma imagem de mim. Tenho uma imagem de você como minha esposa ou marido, ou o que seja, e você tem uma imagem de mim também. A relação é entre estas duas imagens e nada mais. Ter relação com o outro só é possível quando não existe imagem. Quando posso olhar para você e você pode olhar para mim sem a imagem da memória, de insultos e todo o resto, então há uma relação, mas a própria natureza do observador é a imagem, não é? Minha imagem observa sua imagem, se for possível observá-la, e isto é chamado relação, mas é entre duas imagens, uma relação que não existe porque ambas são imagens. Estar em relação significa estar em contato. O contato deve ser uma coisa direta, não entre duas imagens. Isto requer muita atenção, uma conscientização, olhar o outro sem a imagem que tenho sobre a pessoa, a imagem sendo minhas memórias daquela pessoa, como ela me insultou, como me agradou, me deu prazer, isto ou aquilo. Só quando não existem imagens entre os dois, existe relação. (Collected Works, Vol. XVII, 7, Choiceless Awareness)
Portanto, a nossa primeira busca é se é possível terminar o conflito em todos os nossos relacionamentos – em casa, no escritório, em cada área da nossa vida – pôr fim ao conflito. Isto não significa que nos retiremos para o isolamento, nos tornemos monges, ou nos afastemos para algum canto da nossa imaginação e fantasia; significa viver neste mundo para compreender o conflito. Porque, enquanto houver conflito de qualquer tipo, naturalmente as nossas mentes, nossos corações, nossos cérebros, não podem funcionar em sua capacidade máxima. Só podem funcionar plenamente quando não há atrito, quando há claridade. E só há claridade quando a mente, que é a totalidade... está num estado de não-conflito, quando ela funciona sem atrito algum; só então é possível ter paz. (Collected Works, vol. XVI, p 4)
J. Krishnamurti
Fonte: http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura:
http://www.taringa.net/posts/ciencia-educacion/16865761/Jiddu-Krishnamurti.html
http://fightlosofia.com/krishnamurti-en-imagenes-krishnamurti-in-pictures/
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