quarta-feira, 15 de março de 2017

TRÊS TIPOS DE FÉ - COMO SE LIBERTAR DAS CRENÇAS FALSAS


Todo ser humano tem fé; - fé em alguma coisa, em algum ideal, alguma concepção, alguma religião, alguma fórmula. Mas enquanto a fé de diferentes pessoas tem este ou aquele objeto, a fé em si mesma vem do Mais Alto, e é inerente ao coração de cada ser. A fé é a própria base do nosso ser.

Seja qual for o caminho que seguimos, fazemos isso por causa da fé que temos – a convicção de que este é o melhor caminho. O fato de que o mundo está cheio de convicções falsas se deve às diferentes ideias, crenças e filosofias, que limitam a fé propriamente dita aos meios considerados necessários para alcançar um objetivo específico.

O capítulo dezessete do “Bhagavad Gita” afirma que há três espécies de fé. Existe a fé de qualidade sattva, que é boa e verdadeira; a fé de qualidade rajas, de ação e de paixão; e a fé da qualidade tamas, de indiferença e ignorância. Estas três qualidades dadas à fé são, na verdade, as três limitações colocadas na fé por todo ser humano; porque o poder da fé é, em si mesmo, ilimitado. Nós limitamos continuamente esta energia para que ela opere dentro do alcance de alguns objetos menores, ou de um ideal baseado em coisas externas.

“A alma presa a um corpo tem o dom da fé, e cada homem possui a mesma natureza que o ideal em que ele fixa a sua fé.” O homem tem a fé de acordo com a sua disposição; e ele também adquire continuamente a substância do ideal em que ela se baseia. É evidente, portanto, que deveríamos conhecer com segurança a natureza da fé sobre a qual está colocado o nosso ideal.

Se alguém coloca a sua fé em qualquer coisa externa, seja qual for – deuses ou homens, religiões ou sistemas de pensamento – ela não tem qualquer base firme. O homem impede a força do seu próprio espírito de expandir-se além dos limites do seu ideal. Quando, por exemplo, nós aceitamos a ideia de que nada é real exceto aquilo que podemos ver, escutar, saborear, cheirar ou tocar, estamos colocando nossa fé sobre uma base muito inferior.

Existe uma causa para que haja falsidade em nosso pensamento e na nossa ação, quando pensamos que o momento presente é o único momento, que o mundo externo e terrestre e esta existência atual são a única vida, da qual saímos para ir não sabemos onde, sem saber tampouco qual o propósito disso tudo.

Olhar para todos os seres a partir das nossas próprias limitações mentais e da nossa capacidade de percepção – e ver apenas os aspectos externos da fala e da ação deles – não é vê-los como realmente são. Um Deus externo, ou um demônio externo, uma Lei externa, uma salvação externa dos pecados, e a ideia de que o pecado seja qualquer coisa além da negação da nossa própria natureza divina (o pecado imperdoável), são todos objetos de fé externa, que possuem a natureza de tamas, ou ignorância. A ignorância sempre leva à superstição. A superstição leva à falsa crença, e a falsa crença produz a fé falsa.

Estamos todos em constante conflito uns com os outros por causa da fé que é colocada sobre bases falsas, e pelo próprio fato de que a fé colocada em qualquer coisa tem resultados. Os homens tornam-se cegos para a fé real e verdadeira devido aos resultados que até mesmo a falsa fé produz. No entanto, enquanto tivermos uma fé falsa, continuaremos a criar vidas de sofrimento para nós mesmos. Os resultados que fluem de uma fé falsa colocada em um ideal egoísta trazem-nos necessariamente maus efeitos em condições inadequadas. Eles são as próprias limitações que nós impusemos sobre nós mesmos através de fé colocada em objetos externos em outras vidas, e temos que voltar várias vezes em outros corpos até que nos libertemos dos defeitos que foram produzidos em nossa natureza pela fé em coisas externas.

Devemos obter uma base para o pensamento e a ação que seja melhor do que a fé falsa e hereditária das atrações e repulsões. Nós produzimos os efeitos que vemos. Mas, se mudarmos nossos ideais, não necessitaremos continuar repetindo os mesmos erros uma vida após a outra. Basta encontrar uma base verdadeira para a fé. Temos que colocar nossa fé sobre aquilo que não é externo, mas interno.

O Interno é a própria fonte de todo tipo de poderes que possuímos, e este Interno é o mesmo em todos os seres vivos. Na própria raiz do nosso ser, está aquele Eu imutável que nós só podemos conhecer dentro de nós mesmos. Para podermos alcançar o nosso interior em busca Dele, devemos primeiro renunciar a todas as nossas ideias – a tudo que muda.

Em primeiro lugar, o homem deve renunciar à ideia de que ele é o seu corpo. Ele ocupa o corpo; ele o usa; mas ele sabe que o corpo está sempre mudando, e que nunca, nem por um instante, o corpo é o mesmo que foi no momento anterior. O homem deve renunciar também à ideia de que ele é a sua mente. Porque ele pode mudar as ideias que a compõem – pode expulsá-las, corporalmente, e adotar o próprio oposto delas, se quiser -, e no entanto ainda estará lidando com outras ideias. Nós não somos corpos, não somos mentes, nem somos as duas coisas juntas; mas somos Aquilo que usa e que sustenta o corpo e a mente.

Através de todas as mudanças do passado e do presente, e das mudanças que estão por vir, sempre seremos nós mesmos. Mesmo quando a morte vier, ainda estaremos operando – de uma maneira diferente da maneira do corpo físico. O Eu Imutável coloca o universo inteiro ao alcance da mente de qualquer ser. Esta é uma base estável para o pensamento, a ação e a compreensão interior de si mesmo.

Devemos saber três coisas: cada um é o Eu em sua natureza mais interna; toda força que ele tem surge desse Eu; e todo ser de qualquer espécie é consciente, tendo o poder correspondente ao seu campo de percepção e ação. Todo instrumento está sujeito à limitação da concepção que há sobre a real natureza do indivíduo. O homem nunca poderá compreender sua unidade com a Única Grande Vida olhando para outros seres, nem através de qualquer tipo de fé. Ele só pode obter esta compreensão olhando para sua própria natureza. A sua própria substância é compreendida olhando aquilo que não é a natureza do Eu. Porque qualquer coisa que seja vista, ouvida, sentida, saboreada ou percebida não é o Eu, mas apenas uma percepção do Eu.

O Eu percebe aquilo que pode ser percebido através das suas próprias ideias, de acordo com sua própria fé, mas aquilo que é percebido nunca é o Eu. Dentro de cada ser que faz qualquer ação, ou em qualquer ser em quem percebemos qualquer coisa, há um Eu; mas não o percebemos. Só compreendendo este Eu dentro de nós mesmos poderemos compreender a sua existência dentro dos outros seres todos. Assim, devemos honrar a natureza espiritual de cada um, e esforçar-nos para ajudar aquele ser a ver por si mesmo o caminho verdadeiro pelo qual ele poderá compreender a sua própria natureza! Todos nós temos que pensar e agir tendo como guia esta natureza verdadeira.

Pensamos que estamos impedidos de muitas maneiras de adotar o ponto de vista da verdadeira natureza. Mas isto é apenas uma ilusão que nasce da fé falsa que temos tido. Temos estabelecido ideias, atrações e repulsões, e sentimentos que, devido à lei do retorno das impressões, voltam a nós uma e outra vez. No momento em que tentamos adotar uma atitude oposta, encontramos o resultado da ação combinada de todas estas forças existentes dentro de nós. Isso é o que podemos chamar de “guerra nos céus” – a guerra na própria natureza do homem.

Mas se ele permanecer sincero em relação à sua própria natureza espiritual, estará destinado a vencer. Se ele tiver fé na lei da sua natureza, irá adiante; e, gradualmente, os obstáculos desaparecerão. Devemos perseverar de modo severo, e ter confiança e fé Naquilo que é o único fator Real em toda parte – a própria Vida -, a Consciência. Então serão destruídos os grilhões que construímos para nós mesmos. Todas as forças da natureza começam a agir sobre nós e conosco, porque não temos desejos em relação a nós próprios, mas apenas desejamos o bem e a salvação de todos.  Todas as almas e todas as coisas parecem trabalhar para proveito nosso, mas não porque nós queiramos isso. Começamos a ver o significado espiritual da afirmativa de que o homem que deseja salvar sua vida deve perdê-la. [1] Ele renuncia a tudo o que está no nível da aquisição para si mesmo, dedicando todas as suas energias ao serviço dos outros, e o universo inteiro passa a estar diante dele. Ele pode tomar tudo para si. Mas não deve tomar coisa alguma para si, exceto para doá-la novamente. Não deve aceitar nada, a não ser para colocá-lo novamente aos pés dos outros!

Não se coloca a questão de pecados ou de pecador. Não se coloca a questão de bem e mal. Há apenas uma questão: “Você está trabalhando para você mesmo como você vê a si mesmo, ou está trabalhando para o Eu como você deveria entender que você é, e mais nada?” Se não quiser coisa alguma para si mesmo, se não exigir coisa alguma para este corpo, mas pensar apenas em trabalhar pelos outros, aquilo que é necessário virá de acordo com a lei da própria força em função da qual você produz uma atração.

O apoio vem de todas as direções. Toda a natureza – espiritual, intelectual, psíquica, astral e física – é fortalecida; e até as circunstâncias ao seu redor são melhoradas. É a nossa falta de fé – a nossa ausência de fé Naquilo – que nos coloca onde não gostaríamos de estar. Negar o Cristo interior, o Krishna interior, o Espírito interior, é o “pecado imperdoável”. E, enquanto nós crucificarmos o Cristo interno, iremos sofrer na cruz das paixões e dos desejos humanos. Trabalhar para nós mesmos é uma criação que nos amarra firmemente a condições inadequadas. Podemos tentar obter corpos melhores, posições melhores, posses e propriedades de todos os tipos, qualidades melhores, e uma compreensão melhor apenas sob uma condição, a de que nossa intenção seja a de tornar-nos mais capazes de ajudar e ensinar os outros.

A única fé verdadeira é a fé no Mais Alto – no imutável, Naquilo que cada um é em sua natureza mais interior. O único caminho verdadeiro é o da confiança na lei da nossa própria natureza espiritual. Os homens podem ir de fé em fé, trocando a fé em uma coisa pela fé em alguma outra coisa, e avançar de vida em vida obtendo resultados de acordo com a natureza do ideal sobre o qual está colocada sua fé. Mas o único caminho de saída é o caminho da fé na natureza espiritual e essencial de todos os seres. E não poderia ser dado a qualquer ser humano um dom maior do que o fato inegável de que ele – e cada um – tem o poder de compreender esta fé. Isso faz parte do conhecimento antigo, preservado por uns poucos e colocado em prática por uns poucos. É algo que Eles sempre têm trazido para um mundo baseado em formas falsas de fé, tentando assim ensinar os povos em geral.

Aquele que segue o Caminho da verdadeira fé não se afasta dos seus semelhantes. Os seus semelhantes são mais importantes para ele do que jamais foram antes. Ele vê mais coisas neles. Ele enxerga mais claramente as dificuldades que eles enfrentam, e deseja ajudá-los de todas as maneiras possíveis. Assim, ele está mais vivo como homem. Ele age com mais consciência do que os outros. Ele consegue mais do que eles da natureza, porque vê o todo e vê os aspectos dos indivíduos que compõem o todo. Ele aproveita a vida tanto quanto – e ainda mais do que – o homem que vive para buscar a diversão e a felicidade, o homem cuja ambição é pessoal. Mas ele não vive para si mesmo. O único objetivo da sua vida é que os seres humanos possam conhecer estas verdades, porque ele sabe que o conhecimento significa a destruição das formas falsas de fé, e portanto a destruição de todo o sofrimento e dos horrores da existência física. Assim, a evolução continuará através de saltos e de limitações. Os homens irão libertar-se de lugares aos quais se dedicaram, e irão adiante sem limites, em um universo de possibilidades infinitas.

Quando todas as nossas crenças falsas, nossos desejos e paixões, atrações e repulsões tiverem sido abandonadas como vestimentas velhas, e quando tenhamos reassumido aquela natureza em nós que é divina, então seremos capazes de construir uma civilização tão mais elevada do que a atual quanto seria possível imaginar. Porque não podemos fugir do Carma da raça humana atual, nem daqueles efeitos que foram produzidos por todos nós em conjunto, e que devemos enfrentar juntos.

A melhor maneira, a maneira mais elevada e a maneira mais segura de agir é avançar ao longo da linha da nossa própria natureza interior, e, ao fazer isso, dar elementos para que outros possam compreender as suas naturezas internas. Então, permanecendo Naquilo que é imortal, imutável, sem limites, Naquilo que é o nosso próprio eu e o Eu de todas as criaturas, a compreensão virá; ela virá pouco a pouco, mas certamente virá.




Robert Crosbie





Fonte: do Blog "Filosofia Esotérica"
http://www.filosofiaesoterica.com/tres-tipos-fe/
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NOTA:

[1] Veja Mateus, 10:39. (CCA)

O texto acima foi traduzido da obra “The Friendly Philosopher”, de Robert Crosbie, Theosophy Company, Los Angeles, 1945, 416 pp., ver pp. 354-359. Título original do texto: “Three Kinds of Faith”.

NÃO-APEGO À AÇÃO (KARMA SANYASA)


Ação encontra realização quando a sabedoria nasce. A ação santificada (Karma) é o caminho para alcançar a sabedoria espiritual (Jnana). Toda atividade valiosa deve resultar na purificação da mente. Portanto, ninguém, nem mesmo um recluso ou monge pode desistir de se engajar em boas ações. Essas ações devem se originar espontaneamente e não devem deixar qualquer vestígio de orgulho na mente. Nem devem deixar qualquer apego ao resultado da ação que leva a um desejo de reivindicá-lo para si mesmo. A renúncia deve ser a única fonte de alegria. A Gita recomenda a "inação na ação" e afirma que a "inação" é a "ação" mais gratificante para aqueles que lutam pela paz suprema. Esta atitude é chamada Karma Sanyasa (não-apego à ação). A ação ou atividade é geralmente associada apenas ao corpo, mas a mente também está ocupada com o mundo. Apenas o Atma é a testemunha não afetada. Assim, o segredo da "inação na ação" consiste em buscar refúgio no Atma e em reconhecer todos os seres vivos como fundamentalmente o Atma. (Discurso Divino, 2 de janeiro de 1987)





Sathya Sai Baba






Fonte: https://www.sathyasai.org.br/
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MORTE, UM TEMA QUE AINDA GOLPEIA ANSEIOS E AFLIGE SENTIMENTOS

O homem contemporâneo, que investiga desde o micro ao macrocosmo, cambaleia, ante os vestíbulos da sepultura com a mesma amargura dos egípcios, dos gregos e dos romanos de épocas recuadas. Os milênios que arrasaram civilizações e refundiram povos, não transformaram a emblemática expressão do túmulo. Infinitos ponto de interrogação, a morte continua ferindo sentimentos e torturando inteligências. O homem tem sentido perturbação e temor perante a expectativa da desencarnação. E esse receio tem sido alimentado por uma mistura de falsos conceitos religiosos, senso comum e crenças pessoais arraigadas.

O problema do medo da morte é que ele pode impedir que se tenha encanto na vida e minar a confiança de que a vida tenha maior significado. As religiões textualistas são especialmente responsáveis por gerar uma série de fobias e mitos a respeito da inevitável viagem ao túmulo. A má formação religiosa tem deixado muitas pessoas confusas a respeito da situação dos mortos no além-tumba. Os destinos, que incluem o céu, inferno, purgatório, limbo, vão desde o misterioso até o absolutamente assombrador. Por outro lado, obra Death -The Final Stage of Growth afiança que a morte é uma parte integrante da nossa vida, é normal, é o fim natural de todos os organismos vivos. Tal crença materialista, por sua vez tem fomentado uma filosofia niilista e o comportamento pessimista.

Há pessoas que sofrem de tanatofobia (receio mórbido da morte). Psicólogos têm examinado os efeitos mentais e sociais causados por pensar na morte. Segundo alguns, pensar na morte nos torna mais nacionalistas, mais preconceituosos e reforça atitudes igrejeiras ou inconscientemente religiosas, bem como afetam as crenças políticas. Narram que a morte nos deixa mais punitivos e conservadores. A lembrança da morte alimenta o desejo por fama comumente associado a uma imortalidade simbólica, daí a busca pela imortalidade nas tais academias de letras.

Será que pensar mais na morte pode nos tornar mais punitivos e preconceituosos? Talvez n’alguns tais efeitos possam ocorrer justamente porque estejam desacostumados a pensar e falar sobre a morte. Entendemos que pensar diariamente sobre a inexorável lei da desencarnação pode nos tornar mais sóbrios diante dos desafios do dia-a-dia. Reconhecemos além disso que o viver tentando ocultar na consciência a futura desencarnação demonstra uma evidente pusilanimidade (*falta de coragem) diante dos necessários obstáculos da reencarnação.

O problema do medo da morte é que ele pode impedir que tenhamos liberdade e prazer de viver. Daí o conforto que a Doutrina Espírita nos traz, ao instruir sobre a vida do espírito aqui e no além. Somos espíritos eternos, nossa vida não principia nem termina em uma única existência. Da mesma forma, as legítimas afeições são para sempre. As afeições não morrem com a desintegração do corpo físico. Os sentimentos não pertencem ao corpo, mas ao espírito e os transportamos conosco. A morte apenas dilata as concepções e nos aclara a introspecção, iluminando-nos o senso moral, sem resolver, obviamente, de maneira absoluta, os problemas que o Universo nos propõe a cada passo, com os seus espetáculos de grandeza.

A desencarnação é a única regra para a qual não há exceção. Todos pereceremos, portanto não há como iludirmos o pensamento tentando camuflar esse impositivo da natureza. Em face disso, permitamos que o pensamento sobre a “morte” componha de forma ininterrupta e serena nossos estados mentais, reflexão sem a qual estaremos desaparelhados para a desencarnação ou até despreparados para enfrentarmos com resignação a “morte” dos nossos entes queridos.

A “morte” física não é o extermínio das aspirações e anseios no bem, porém o ingresso para a existência autêntica, para a vida real. Sim! A existência física é ilusória, fugaz, transitória demais. A separação do corpo pela “morte” não é uma anomalia da natureza. Simplesmente transfere-se da dimensão física, para o ambiente espiritual. Todavia, efetivamente, importa refletir que “morrer” (término da vida biológica) e desencarnar (desligamento do perispírito) são fenômenos que nem sempre acontecem simultaneamente. Os intervalos de tempo para desligar-se do corpo variam para cada Espírito. Para uns podem ser mais demorados, para outros podem ser passagens ligeiras.

Nossas ações tecem asas de libertação ou grilhetas de cativeiro, para a nossa vitória ou nossa perda. A maior surpresa da morte física é a de nos colocar face a face com própria consciência, onde edificamos o céu, estacionamos no purgatório ou nos precipitamos no abismo infernal, nesse sentido a ninguém devemos o destino senão a nós próprios.

O intervalo de tempo entre a “morte” biológica e a desencarnação tem relação direta com os pensamentos e ações praticados enquanto encarnado. Ninguém topará com o “céu” ou o “inferno” do lado de “lá”, porquanto o “empíreo” e a “geena” são conteúdos mentais construídos aqui no plano físico. Após o fenômeno da desencarnação cada Espírito irá deparar com o cárcere ou a liberdade de consciência a que faz merecer como fruto do desleixo ou disciplina mental que cultivou durante a experiência física.

São indescritíveis flagelações no além, que vão da inconsciência descontínua à loucura completa, senhoreiam as mentes torturadas, por tempo variável, conforme as atenuantes e agravantes da culpa, induzindo as autoridades superiores a interna-las no plano físico (reencarnação), quais enfermos graves, em celas físicas de breve duração, para que se reabilitem, gradativamente, com a justa cooperação dos Espíritos reencarnados, cujos débitos com eles se afinem. Os endividados que se afundaram nos excessos, nas viciações, nos prazeres mundanos, cunham intensas impressões e vínculos magnéticos na matéria, e unicamente alcançarão a liberação desses laços após um intervalo de tempo muito longo. Lembrando que mesmo após a ruptura dos embaraços magnéticos, que o algemavam à vida física, padecerá no além, por tempo indefinido, os tormentos disseminados nas vias de suas experiências no mal (eis aí a símbolo do inferno).

Já os que vivem com mais dedicação às coisas do Espírito, esses encontram maiores elementos de paz e felicidade no futuro. Todos os que alcançaram aproveitar a encarnação, sem viciações e apegos, os que cumpriram a lei de amor, tornam-se menos densos os laços magnéticos que prendem o Espírito ao corpo. Nesse caso, a desencarnação será rápida, proporcionando adequada liberdade, até mesmo antes de sua consumação. Para os que sofreram mais, em razão da sua renúncia aos apelos da vida mundana, a morte é um remanso de tranquilidade e de esperança. Encontrarão no além a paz ambicionada nos seus dias de lágrimas torturantes (eis aí a metáfora do céu).
(*observação deste blog)




Jorge Hessen




Fonte: do Blog "Artigos Espíritas"
https://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com.br/
Fonte da Gravura: pixabay.com - CC0 Creative Commons - Public Domain

terça-feira, 14 de março de 2017

MÚSICA - A LINGUAGEM DA CRIAÇÃO


A música é a linguagem da criação.

Desde a origem, esta linguagem ecoa pelo cosmos: é por ela que Deus manifesta a sua sabedoria, o seu amor e a sua beleza.

Compreendida do ponto de vista iniciático, a música supõe o conhecimento da ordem do mundo, dos seres e das coisas, a ciência das relações harmônicas entre o microcosmos (o ser humano) e o macrocosmos (o universo).

Ela assenta em princípios imutáveis, que não podemos transgredir sem corrermos o risco de nos perdermos.

A música fala-nos da nossa herança celeste e, ao agir sobre os nossos corpos sutis, ela permite-nos restabelecer o contacto com a nossa pátria do alto.




Omraam Mikhaël Aïvanhov





Fonte: www.prosveta.com
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segunda-feira, 13 de março de 2017

PROPÓSITO DA CABALÁ





Só existe um propósito para a Cabalá neste mundo e este é, pura e exclusivamente, a melhoria e aperfeiçoamento do caráter de cada pessoa envolvida em seu empenho. Qualquer caminho que prometa a aquisição de coisas outras do mundo físico que não sejam o autoconhecimento é aquilo que poderíamos chamar de “cabalá mágica” – tratando-se é claro de uma mentira e a exploração da necessidade – cada vez mais latente – do ser humano encontrar resultados por intermédio de atalhos, sejam eles por “fórmulas”, mecanismos de autoajuda ou muitas vezes impondo o medo e o preconceito contra tudo aquilo que não seja em benefício de sua própria instituição, escola ou grupo de cabalá. Essa cabala é movida por um sentimento “territorial”, e revestida de uma pseudo espiritualidade, agem diante do outro como se fossem concorrentes de um nicho de “mercado” – o que seria abominável.

A Cabala é uma milenar Sabedoria que revela as verdades ocultas de nosso mundo. Conta a tradição que através do texto bíblico podemos aprender como viver nesse mundo, enquanto que a Cabala nos explica o porquê.

A palavra Cabala possui origem na palavra "Kabalta" (aramaico protocananeu) que significa receber. Portanto, estudar Cabala é aprender a receber a vida e tudo o que ela pode oferecer de aprendizado e evolução.

A Cabala Ancestral é baseada no "Livro da Formação", escrito por Abraão. Além disso, os ensinamentos são frutos de uma antiga linhagem de tradição oral, transmitida há milhares de anos, de mestre para discípulo.





Prof. Mario Meir





Fonte: Academia de Cabala
https://www.academiadecabala.com/
Fonte da Gravura: https://br.pinterest.com/wmthompson1971/spiritual-artwork/

domingo, 12 de março de 2017

FUGAS E CONFLITOS


Por que temos tanto medo do que é?

Qual é o bem de fugir se o que quer que seja estará sempre ali?

Podemos ter sucesso em fugir, mas o que somos está ainda ali, gerando conflito e miséria.

Por que temos tanto medo de nossa solidão, de nosso vazio?

Qualquer atividade fora do que é está destinada a trazer sofrimento e antagonismo.

O conflito é a negação do que é ou fugir do que é; não há outro conflito além desse.

Nosso conflito se torna mais e mais complexo e insolúvel porque não encaramos o que é.

Não existe complexidade no que é, mas apenas nas muitas fugas que buscamos.

(Commentaries on Living Series 1, Ambition)





J. Krishnamurti





Fonte: J. Krishnamurti Online
http://www.jkrishnamurti.org/pt
Fonte da Gravura: http://orihinaleskrima.com/krishnamurti-imagenes-eskrima-views/

SEPARAÇÃO AFETIVA – UMA VISÃO BUDISTA


Separar-se dói, mas também pode ser uma benção. É possível separar-se de alguém com respeito e com ternura. É possível um divórcio verdadeiramente amigável. Mas para isso é preciso que as duas pessoas envolvidas no processo de desfazer um laço de intimidade tenham amadurecido o suficiente para conhecer a si mesmas.

Caminhamos lado a lado com algumas pessoas em alguns momentos da vida. Minha professora de hatha yoga, Walkiria Leitão, comentou em uma de nossas aulas:

“A vida é como atravessar uma ponte. Nem sempre as pessoas com quem iniciamos a travessia são as mesmas que nos cercam agora ou com quem chegaremos do outro lado. Mas sempre há alguém por perto. Nunca estamos sós.”

O medo da solidão, muitas vezes, faz com que as pessoas suportem o insuportável. Ou se lamentem após uma separação, apegadas até mesmo ao conflito conhecido. Ainda há mulheres que sofrem violências morais e até mesmo físicas de seus companheiros ou companheiras. Ainda há homens que sofrem violências morais e até mesmo físicas de suas companheiras ou companheiros. Como dar limites? Como conhecer esses limites? Quando os limites são desrespeitados, as dificuldades começam. Dificuldades que podem levar à separação e ao divórcio. Dificuldades que podem levar ao sofrimento filhos e filhas, animais de estimação, amigos, familiares.

Caminhamos lado a lado. Ou não. Quando nos afastamos e nos distanciamos, nunca é repentino. Um processo que, se desenvolvermos a clara percepção da realidade do assim como é, poderemos prever, antecipar e até mesmo alterar o desenvolvimento do processo. Entretanto, se não conseguirmos antever o que já acontece, se colocarmos lentes fantasiosas sobre a realidade, poderemos nos desiludir e nos sentirmos traídos na confiança mais íntima do ser.

Professor Hermógenes, um dos pioneiros do yoga no Brasil, fala sobre a criação de uma nova religião chamada “desilusionismo”:

“Cada vez que temos uma desilusão estamos mais perto da verdade, por isso agradecemos.”

Se você teve uma desilusão é porque não estava em plena atenção. Mas não fique com raiva nem de você nem da outra pessoa. Nada é fixo. Nada é permanente. Saber abrir mão, desapegar-se – até da maneira como tem vivido – é abrir novas possibilidades para todos. Por que sofrer? Por que manter relações estagnadas ou de conflito permanente? Ou como transformar essas relações e dar vida nova ao relacionamento? Apreciar e compreender a vida em cada instante é uma arte a ser praticada.

Separar-se dói, confunde, mexe com sonhos e estruturas básicas de relacionamentos. Separação pode ser também uma bênção, uma libertação de uma fantasia, de uma ilusão. Observe em profundidade. Será que ainda é possível restaurar o vaso antigo? No Japão, as peças restauradas são mais valiosas do que as novas. Tem história, emoção, sentimento.

Cuidado com o eu menor. Cuidado com sentimentos de rancor, raiva, vingança. Esse sentimentos destroem você, mais do que as outras pessoas. Desenvolva a mente de sabedoria e de compaixão. Queira o bem de todos os seres. Isso inclui você. Cuide-se bem e aprecie a sua vida – assim como é –, renovando-se a cada instante e abrindo portais para o desconhecido, o novo – que pode ser antigo, mas novo a cada instante. Mantenha viva a chama do amor incondicional e saiba se separar (se assim for) com a mesma ternura e respeito com que se uniu. Esse é o princípio de uma cultura de paz e de não violência ativa.

Que assim seja, para o bem de todos os seres.

Mãos em prece





Monja Coen





Fonte: Budismo Petrópolis
https://budismopetropolis.wordpress.com/2015/01/20/separacao-afetiva/
Via: Biblioteca Virtual da Antroposofia (Texto e Gravura)
http://www.antroposofy.com.br

O AMOR É FRUTO DA ÁRVORE DA VIDA



O mundo inteiro e os objetos nele estão inter-relacionados pelo vínculo do amor. É o amor que une a raça humana. O mundo não pode existir sem amor. Deus é amor e reside no coração de cada um. O amor é a posse natural de cada ser humano. O amor é o fruto da árvore da vida. Existem certos impedimentos para superar antes de se desfrutar do fruto saboroso. Primeiro você deve remover a pele e a casca que cobrem a polpa interna, e também descartar a semente. Da mesma forma, o fruto do amor também é coberto pela casca espessa do ego. Você deve remover esta casca de "meu e teu". Então, você pode saborear o fruto doce e seu suco nutritivo. Com amor puro, você deve estabelecer a unidade com o Divino. O caminho do amor é o caminho direto para realizar o Divino. Os Vedas descrevem Deus como "Raso Vai Saha" - a Doce Essência Suprema. Esforce-se para progredir nesta viagem de vida do "eu" ao " nós" ao "Ele". (Discurso Divino, 17 de julho de 1997)






Sathya Sai Baba





Fonte: www.sathyasai.org.br
Fonte da Gravura: https://br.pinterest.com/pin/351069733432302553/

A FORÇA CRIADORA DA ATENÇÃO


Respeitando a Mente como um Espaço Sagrado


O autoconhecimento permite descobrir o centro do ser – o seu ponto estável e harmônico, fonte da consciência universal.

A teosofia nos ensina a manter posição no centro e a agir a partir dele. Há uma série de ideias erradas sobre nós mesmos, sobre a vida e o ser. A descoberta da arte de bem viver traz a percepção de que somos seres divinos adormecidos.

Acordar para a unidade do Todo faz surgir o sentido de responsabilidade e passamos a nos esforçar para agir positivamente na vida. Mas por vezes perdemos o foco e a mente segue ao sabor do vento, conduzida pela força dos velhos hábitos e das energias exteriores.

A ação mental é o grande poder que permite criar, preservar e renovar a vida. Através do pensamento fazemos fatos acontecerem e damos forma à realidade. O controle da mente depende do reconhecimento de que somos senhores dela.

Tudo é Mente, e a ciência da Alma nos ensina a expressar a consciência elevada exercendo o domínio sobre nossos pensamentos. A teosofia mostra como purificar a mente, conservá-la clara e sã, e dominá-la nos vários planos com sabedoria e eficácia. Através da sua prática, passamos a respeitar e a usar o espaço mental como um espaço sagrado.

Nesta arte são necessários vários instrumentos e todo um saber que nos capacite de seu uso correto. A atenção é uma das coisas mais importantes para a prática de Raja Ioga. Através da atenção é possível tirar o máximo de benefício das nossas faculdades e viver de forma equilibrada. Em conjunto com ela andam a renúncia e a vontade.

A atenção forma a base do poder da vontade e fortalece seu exercício. A vontade nos faz dirigir a mente em um sentido exigindo que renunciemos a todos os outros. E quando a atenção não é focada com habilidade somos impedidos de usar corretamente a vontade. O estudante deve, pois, esforçar-se para cultivar a atenção e colocá-la a serviço da sabedoria.

A concentração é fundamental no estudo teosófico. Ela é um instrumento que permite operar e dirigir a mente, alcançar a paz interior e agir de forma correta sobre a matéria. Evitando o desperdício de energia e estabelecendo harmonia entre a atenção concentrada e a vontade, é possível manter posição no ponto ótimo e elevar a consciência.

A palavra atenção é derivada das palavras latinas “ad”  e “tendere”, e significa “a ação de estender em certa direção”. Através dela a mente pode ser dirigida a um determinado objeto, focar nele toda a energia e analisar todo o detalhe, proporcionando a percepção correta.

Ramacháraka esclarece:

“A atenção foi definida como focalização da consciência (…). Podemos compará-la à ação da lente, por meio da qual os raios solares são concentrados em um objeto, do qual resulta que o calor se acumula num pequeno ponto dado, e este calor pode aumentar a sua intensidade por muitos graus, até que venha a acender um pedaço de lenha, ou fazer a água ferver e evaporar-se. Se os raios não tivessem sido focalizados, os mesmos raios e o mesmo calor ter-se-iam estendido por uma grande superfície, e o efeito e o poder seriam diminuídos. E assim se dá com a mente. Se lhe permite estender-se por todo o campo de um objeto, poderá exercer somente pouco poder, e os resultados serão fracos.”

E acrescenta:

“Se, porém, passa pela lente da atenção e se focaliza primeiro a uma parte da matéria, depois a outra, e assim por diante, dominará toda a matéria minuciosamente e obterá um resultado que parecerá quase maravilhoso a quem não conhece o segredo.” [1]

Além de proporcionar conhecimento, a atenção potencializa nossas habilidades em todos os planos. Quanto maior a capacidade de focar a consciência, maior é o grau de desenvolvimento de nossos sentidos inferiores e superiores. A pessoa dotada de grande atenção tem seus sentidos desenvolvidos.

Em nossos estudos reconhecemos que os estudantes enfrentam vários desafios. O aprendiz percebe, cria e desenvolve toda uma nova estrutura, mas os velhos padrões lutam para sobreviver.

Como obter os melhores resultados?

Ramacháraka dá a seguinte indicação:

“Para obtermos os melhores resultados, devemos fazer o nosso trabalho, concentrando-nos nele e excluindo, quanto for possível, toda outra ideia ou outro pensamento. Em tais casos deveríamos até nos esquecer a nós mesmos – a personalidade – porque nada é tão nocivo e destrutivo à boa marcha do pensamento como uma intrusão pouco saudável da consciência pessoal.” [2]

A atenção correta abre caminho para a sabedoria. Dirigida ao ser interno, ela auxilia no cultivo da consciência cósmica e nos aproxima da bem-aventurança.




Joana Maria Pinho




Fonte do Texto e da Gravura: do Blog "Filosofia Esotérica"
http://www.filosofiaesoterica.com/a-forca-criadora-da-atencao/
(O texto acima foi publicado pela primeira vez na edição de março de 2014 de “O Teosofista”. Joana Maria Pinho é associada da Loja Unida de Teosofistas.)




NOTAS:

[1] “Raja Yoga”, de Yogue Ramacháraka, Coleção Yogue, Editora Pensamento, 1977,  São Paulo, 211 pp., Lição 5,  p. 79.

[2] “Raja Yoga”, de Yogue Ramacháraka, Editora Pensamento, p. 88.

NUNCA É DEMASIADO TARDE PARA DAR SENTIDO À VIDA


Quando descobrem o nosso Ensinamento, certas pessoas apercebem-se de que passaram uma grande parte da sua vida em atividades que só lhes trouxeram insatisfação e vazio. E elas confiam-me a sua tristeza: agora que têm uma certa idade, pensam que, mesmo que tentem seguir uma orientação diferente, é demasiado tarde, nunca recuperarão o tempo perdido. Evidentemente, quando a velhice se aproxima, é um pouco tarde. Mas não é demasiado tarde, nunca é demasiado tarde. O pior seria passarem em lamentações o tempo que lhes resta viver. Há sempre um meio de endireitar, interiormente, a situação. Para aqueles que têm a sensação de que desperdiçaram a sua vida, é a ocasião para fazerem uma rememoração de todos os acontecimentos da sua existência e tirarem deles uma lição. Uma vez tirada essa lição, elas devem pôr em ação tudo o que lhes resta de amor, de inteligência e de vontade. É sempre possível darem à sua vida o sentido que antes não tinham pensado procurar.




Omraam Mikhaël Aïvanhov





Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Tumblr.com

QUEIMA DE PÓLVORA E CÍRCULOS DE FOGO


PERGUNTA: Há fundamento na queima de pólvora ou círculo de fogo em torno das pessoas enfeitiçadas, como é próprio dos terreiros?

RAMATÍS: Quando a pólvora é queimada num ambiente "ionizado" pelos técnicos benfeitores do mundo espiritual, ela age por eletrização e pode até causar queimaduras violentas em certas entidades ali presentes, cujo perispírito muito denso e sobrecarregado de éter-físico ainda reage sob os impactos do mundo material. Os espíritos subversivos ou obsessores fogem espavoridos do ambiente onde atuam, quando a queima de pólvora é feita por médiuns ou magos experientes, pois alguns deles são bastante escarmentados (castigados*) em tais acontecimentos. A pólvora preparada pela arte da magia age de modo vigoroso e positivo no lençol etérico e magnético do mundo oculto, pois além de acicatar (correr*) os espíritos malfeitores desobstrui as cortinas de miasmas estagnados em ambientes enfermiços.

Já explicamos que toda substância, coisa, objeto ou planta do mundo material, inclusive os seres vivos, são núcleos energéticos que exalam energia radioativa, formando-lhes uma aura fortemente impregnada do éter-físico em efervescência na circulação do seu duplo etérico. A rosa física, por exemplo, é a representação exterior e mais grosseira da verdadeira rosa cintilante de cor e exuberância de perfume, que palpita na vivência do mundo oculto. Da mesma forma, o enxofre material é apenas a cópia ou duplicata do mesmo enxofre etérico, que atua mais vivamente no mundo etéreo-astral. A pólvora, consequentemente, cuja fórmula comum é constituída de uma mistura de enxofre, salitre e carvão, tanto explode no campo físico, como ainda eclode mais intensamente no mundo oculto, libertando as energias etéricas das substâncias de que se compõe. Mesmo a pólvora sem fumaça, feita de nitroglicerina misturada a nitrocelulose, também é um produto de elementos que atuam positivamente no mundo etérico e desintegram os fluidos daninhos.

Nos trabalhos mediúnicos sob o comando de pretos-velhos, índios e caboclos experimentados na técnica de física transcendental, as pessoas cujo perispírito sobrecarregado de fluidos perniciosos mostra-se com sinais de paralisia, são submetidas à "roda-de-fogo", ou queima de pólvora, cuja descarga de ação violenta no mundo etéreo-astral desintegra as escórias perispirituais e saneia a aura humanal.

O mesmo salitre, que os entendidos usam para dissolver a aura enfermiça dos objetos enfeitiçados, depois de misturado ao enxofre e carvão, constitui a pólvora, que ao explodir compõe um ovo áurico no mundo etéreo-astral, muito semelhante ao cogumelo da bomba atômica, desagregando miasmas, bacilos, vibriões e microrganismos psíquicos atraídos pelo serviço de bruxaria e obsessão.


Do Livro: “Magia de Redenção”
Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento.
(*Observação/complemento do blog)


(Vide o capítulo X, "O Fogo Purificador", da obra "Obreiros da Vida Eterna", de André Luiz, da FEB, do qual destacamos os seguintes trechos em corroboração ao referido acima, por Ramatís:

"Como você não ignora, as descargas elétricas do átomo etérico, em nossa esfera de ação, fornecem ensejo a realizações quase inconcebíveis à mente humana".

"O trabalho dos desintegradores etéricos, invisíveis para nós, tal a densidade ambiente, evita a eclosão das tempestades magnéticas que surgem, sempre, quando os resíduos inferiores de matéria mental se amontoam excessivamente no plano".)





Fonte: do Blog "Sociedade dos Espíritos"
http://www.sociedadedosespiritos.com/
Fonte da Gravura: http://www.altamagia.com.br

quarta-feira, 8 de março de 2017

INVEJA, A RAIZ DO DESCONTENTAMENTO


Qual é a causa raiz do descontentamento? É a inveja. Isso tem sido um vício humano assediante desde o início dos tempos. Somente quando a inveja é erradicada do coração que alguém terá autossatisfação. A pessoa satisfeita desfruta de paz. Como a inveja surge? Quando se compara a si mesmo com aqueles que estão em melhor situação, que ocupam cargos superiores, que obtêm notas mais altas ou são mais bonitas. Assim, surge quando se sofre de uma consciência de sua própria inferioridade; é basicamente sentir descontentamento sobre o que falta. Para se livrar dessa característica maligna, é preciso olhar para aqueles que estão piores que você mesmo. No devido tempo, a pessoa desenvolve um sentimento de equanimidade tanto para com aqueles que estão em melhor situação como aqueles que estão em pior situação. Tal igualdade de espírito é uma qualidade Divina. Não há nada errado em aspirar a posições mais elevadas. Mas não se deve sentir inveja daqueles que estão em tais posições. É um crime acolher tais sentimentos. (Discurso Divino, 19 de janeiro de 1989)





Sathya Sai Baba






Fonte: http://www.sathyasai.org.br/
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sexta-feira, 3 de março de 2017

ACUMULAI TESOUROS NO CÉU


Quando a decisão de seguir uma certa via está gravada no mais profundo do vosso ser, isso torna-se como um instinto que vos impede de vos transviardes e que também vos indica como evitar ou ultrapassar obstáculos. Se esqueceis com frequência as boas resoluções que tomastes, é porque elas ainda não estão suficientemente impressas no vosso subconsciente, no coração das vossas próprias células. O papel de um Mestre espiritual é precisamente o de reavivar na alma dos seus discípulos a recordação das experiências do passado e das decisões que eles tomaram. Senão, quando eles tiverem de passar de novo a fronteira para o além, constatarão, mais uma vez, a mediocridade, a inutilidade, o vazio, da existência que tiveram… E ficarão condenados a uma vida errante nas regiões áridas e obscuras do outro mundo. Jesus dizia: «Acumulai tesouros no Céu.» Esta recomendação é a síntese de toda uma ciência da vida.





Omraam Mikhaël Aïvanhov






Fonte: www.prosveta.com
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EXPERIÊNCIA “PRÉ-MORTE” SANCIONA IMORTALIDADE


Em 1998, durante uma regata, Lars Grael, iatista brasileiro, detentor de 2 medalhas olímpicas, teve 2 paradas cardíacas após sua perna direita ter sido decepada por uma lancha que o atropelou quando velejava em Vitória. Ao ser amputada a sua perna e perder muito sangue, Grael teve paradas cardíacas e conheceu uma experiência de quase-morte. Nas palavras do próprio Lars, “foi uma experiência muito difícil de descrever”. O médico José Carlos Ramos de Oliveira, outro sobrevivente de parada cardíaca, endossa a sensação de Lars: “só quem passou por isso sabe o que é uma “experiência de quase morte”. Outro caso foi a de Maria Aparecida Cavalcanti , radialista e professora universitária em São Paulo, que afirma ter passado por 3 “experiências de quase-morte”. O relato abaixo se refere à segunda dessas experiências, ocorrida depois de um desastre automobilístico em Santa Catarina, em 1994.

"No momento do acidente, eu me senti tragada por um ‘túnel de vento’. Fiquei flutuando no asfalto e vendo o carro capotar num barranco. Outro carro parou e 3 homens saíram dele. Um deles desceu o morro e disse: ‘Tem uma mulher morta ali’. Era eu. Não tive nenhum choque ao ver o corpo – apenas lamentei, em pensamento, o que tinha sofrido. Fora do corpo, conseguia enxergar em todas as direções ao mesmo tempo. Então eu avistei 2 pessoas flutuando acima do morro. Uma delas era uma mulher morena. A outra, a silhueta de um homem alto, me pareceu conhecida – apesar de ser transparente. A moça esticou o braço direito e disse, sem mexer a boca: ‘tenha calma; isso está na sua programação’. Essa frase funcionou para mim como uma senha. Era como se eu resgatasse toda a minha memória. Deslizei em direção à dupla, mas lembrei que meu único filho de 12 anos estava sozinho num chalé sem vizinhos e sem telefone. Alguém precisava resgatá-lo. Nesse mesmo instante, fui tragada de novo pelo túnel e voltei ao corpo. Daí senti uma dor horrível. Foi o único jeito de avisar a família sobre o acidente e resgatar meu filho." [1]

O Dr. Raymond Moody popularizou o termo "experiência de quase-morte" em seu livro "Vida após a vida", escrito em 1975. Posteriormente, em 1982, o pesquisador George Gallup Jr. e William Proctor publicaram a "Aventuras na imortalidade", um livro que aborda a "experiência de quase-morte" baseado em duas pesquisas do Instituto Gallup, refletindo especificamente a quase morte e a crença na vida após a morte. Outro distinto estudioso Kenneth Ring, um dos mais prolíficos pesquisadores e autores de estudos sobre "experiência de quase-morte", relata um grande número de indivíduos que adquiriram autoconfiança e se tornaram mais extrovertidos após a experiência. Kenneth também verificou que as pessoas que passam por "experiência de quase-morte" tendem a perceber um aumento no senso de sentimentos religiosos e crença em um mundo espiritual. 

As teorias que explicam as “experiências de quase-morte" caem em duas categorias básicas: explicações científicas (incluindo médicas, fisiológicas e psicológicas) e explicações transcendentes (incluindo espirituais e religiosas). Obviamente, essas últimas não podem ser provadas nem negadas. A explicação metafísica mais comum é que alguém que passa por uma "experiência de quase-morte" está, na verdade, experimentando e lembrando de coisas que aconteceram com sua consciência não corpórea (espiritual). 

É natural que a ciência clássica – cuja realidade só admite o que pode ser observado e medido – não corrobora a retórica mística, mas não oferece meios de resolver essa questão, os cientistas têm tão-somente comprovado que as drogas cetamina [2] e PCP (cloridrato de fenciclidina), por exemplo, podem criar sensações nos usuários que são quase idênticas a muitas "experiências de quase-morte". Obviamente, isso apenas raspa a superfície das explicações possíveis para uma "experiência de quase-morte". 

Relatos sobre visões do que ocorre 'do lado de lá' são tão antigos quanto às pirâmides egípcias, às epopeias gregas e aos registros das civilizações indianas e chinesas. Na obra “República”, de Platão narra-se a história de um soldado morto pelo inimigo que viajou para a Terra dos Mortos, mas foi proibido de beber do Rio do Esquecimento porque tinha que retornar à vida. Relatos mais atuais de visões perto da morte foram feitos por Ernesto Bozzano em 1908, descreveu que muitas pessoas, em seu leito de morte, afirmavam ver pessoas conhecidas que já haviam morrido. Em 1927, o físico inglês sir William Barrett, membro da Royal Society, publicou o livro Deathbed Visions, no qual relata que essas pessoas não só viam parentes e amigos falecidos, mas contavam histórias de outros mundos. Na década de 1960, o parapsicólogo americano Karlis Osis fez um estudo-piloto sobre essas visões e encontrou algumas coincidências, como o fato de a maioria dos testemunhos se referir a conversas com pessoas já mortas.

Para alguns pesquisadores tais experiências sugerem a existência da mente, ou consciência, independentemente do cérebro, ou mesmo da existência e sobrevivência da “alma”. Obviamente que outros pesquisadores, os materialistas, têm convicção de que tais experiências são apenas o produto de um cérebro em estado fisiológico alterado. Naturalmente isso não invalida suas pesquisas, pois os Benfeitores do Além explicam que “assim como o Espírito atua sobre a matéria, também esta reage sobre ele, dentro de certos limites, e que pode acontecer impressionar-se o Espírito temporariamente com a alteração dos órgãos pelos quais se manifesta e recebe as impressões”. [3]

A Doutrina Espírita fornece elementos que permitem concluir que muitas das “experiências e quase morte” resultam do desligamento parcial do perispírito. Na questão 157 de O Livro dos Espíritos, Kardec indagou: No momento da morte, a alma sente, alguma vez, qualquer aspiração ou êxtase que lhe faça entrever o mundo aonde vai de novo entrar? Os Espíritos alumiaram o tema respondendo: “Muitas vezes a alma sente que se desfazem os laços que a prendem ao corpo. Já em parte desprendida da matéria, vê o futuro desdobrar-se diante de si e goza, por antecipação, do estado de Espírito.” [4]. Na questão 407 o Codificador perguntou: É necessário o sono completo para a emancipação do Espírito? Os Seres do Além responderam: “Não; basta que os sentidos entrem em torpor para que o Espírito recobre a sua liberdade. Desde que haja prostração das forças vitais, o Espírito se desprende, tornando-se tanto mais livre, quanto mais fraco for o corpo.” [5] Além disso, na questão 424 o mestre lionês esquadrinhou de forma sutil: Por meio de cuidados dispensados a tempo, podem reatar-se laços prestes a se desfazerem e restituir-se à vida um ser que definitivamente morreria se não fosse socorrido? A resposta dos Espíritos: “Sem dúvida e todos os dias tendes a prova disso.” [6]

A morte não é mais a mesma. Hoje um coração parado não significa que seu dono vá, necessariamente, passar para o “lado de lá”. Graças a uma série de procedimentos médicos e um aparelhinho chamado desfibrilador, uma parcela razoável de pacientes dados como mortos tem sido “ressuscitada” nas UTIs mundo afora. Várias dessas pessoas têm histórias para contar. São histórias que desconcertam a ciência com perguntas muito difíceis – e que só agora começam a ser respondidas. As "experiências de quase-morte" parecem oferecer alguma esperança de que a morte não é necessariamente algo a ser temido, nem é o fim da consciência. Mesmo a ciência tem dificuldades para lidar com a morte - a comunidade médica tem se debatido por décadas com definições específicas para morte clínica, morte orgânica e morte cerebral. 




Jorge Hessen





Fonte: do Blog "Artigos Espíritas"
https://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com.br
Fonte da Gravura: Tumblr.com





Nota e referências bibliográficas: 

[1] Disponível em < http://super.abril.com.br/ciencia/na-fronteira-da-morte > acesso no dia 21/05/2016
[2] É uma droga dissociativa usada para fins de anestesia, com efeito hipnótico e características analgésicas
[3] Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 374a, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001
[4] Idem, questão 157
[5] Idem, questão 407
[6] Idem, questão 424

GRATIDÃO: A PRIMEIRA QUALIDADE


A primeira qualidade que você deve cultivar é a gratidão ao Divino. As pessoas são gratas até por pequenos atos de serviço feitos a elas. Não é necessário ser grato ao Divino que nos forneceu tantos benefícios essenciais através da Natureza e dos cinco elementos? O ar que você respira, a água que você bebe e a terra em que você anda são todos dons de Deus. Quão grato você é pelo Sol que fornece a luz, que não pode ser igualado por todas as lâmpadas elétricas no mundo? Todas as bombas do mundo podem fornecer tanta água quanto é oferecido em uma única chuva? Podem todos os ventiladores do mundo fornecer-lhe tanta brisa como quando o vento sopra? Sem ser grato por estes dons divinos, o homem vai atrás do trivial e desperdiça sua vida. Os grandes sábios de outrora que adoravam Deus de várias maneiras consideravam a devoção como um meio de expressar gratidão à Providência. (Discurso Divino, 14 de janeiro de 1989)




Sathya Sai Baba





Fonte: http://www.sathyasai.org.br/
Fonte da Gravura: http://hubpages.com/education/3-stories-on-Swami

quinta-feira, 2 de março de 2017

A TIRANIA E O CORROMPIMENTO DA ALMA


O significado de tirania está relacionado com opressão, crueldade e abuso de poder. O conceito moderno de tirania constitui uma forma de atuação indesejada tanto na política quanto em outras relações humanas. O sentido negativo será atribuído quando começar a haver restrições à liberdade de expressão, ameaças aos opositores e outros meios de abuso na tentativa de manter o poder em alguma esfera. Outras aplicações do termo tirania prendem-se com o domínio de certas realidades sobre um indivíduo podendo mudar de alguma forma o seu comportamento.

Você já sofreu algum tipo de tirania? E você é tirano em alguma esfera de relação?

Quem não conhece o dono da bola… que se ficar de fora do jogo, ou do melhor time, vai embora e leva a bola junto, fazendo com que os colegas se submetam às suas exigências e caprichos. O patrão que exige uma postura específica de seus subordinados, subjugando-os através de ameaças de demissão, ou favorecendo-os somente em caso de conduta específica (troca de favores). Ou mesmo aquela bela mulher que expressa sua tirania através do seu poder de sedução, para conseguir favores ou facilidades. O fortão que faz valer sua opinião através da força. O policial que acredita estar acima das pessoas por usar uma farda. Ou até o famoso “filho ou amigo do dono”.

E na política? Corrupção, compra de votos, superfaturamento de obras “compradas” na licitação, favorecimento na forma de regalias, leis, salários, aposentadoria desproporcional, engavetamento de processos e manipulação para favorecimentos de grupos específicos.

Se alguém depende de mim para algo, exijo que ele se submeta a algo para apenas realizar meus caprichos e desejos mesmo sabendo que estou utilizando um poder para persuadi-lo?

Isso é algo muito comum de acontecer, em todas as esferas, mas o problema é: Eu lido como um padrão ou um deslize?

Todos somos seres humanos e, muitas vezes cometemos erros e agimos com essa tirania. Movidos por desejos, necessidades ou caprichos, acabamos muitas vezes escorregando neste âmbito de relação.

Mas eu me importo? Mesmo sabendo que o que eu exijo está prejudicando alguém, grupos ou mesmo interferindo na moralidade de outra pessoa, fazendo-a agir contra suas convicções? Agora estamos entrando em um aspecto da ética, moralidade, da índole e da alma.

Parece uma simples analogia entre a tirania e a falta de caráter, de ética e imoralidade. Mas existem pontos muito importantes a serem considerados. Em muitos casos me sinto obrigado a agir assim me justificando a uma necessidade: Eu precisei agir assim senão perderia o emprego. A minha família iria passar fome. Minha mulher iria me abandonar. Entre outras tantas possibilidades que dizem exclusivamente ao âmbito individual. Esse ponto é crucial, pois daí pode-se chegar ao nível mais obscuro da tirania.

Quando tomamos como um padrão de comportamento comum, acabamos nos anestesiando e perdendo o sentido de humanidade. Este é o grande perigo. Não me toca a alma subjugar o outro, apenas luto para manter um domínio sobre uma certa realidade, não me importando se o que eu faço para isso não é ético e moral. Aí chegamos à corrupção da alma.

Fazemos o mal ao outro e não nos toca mais a alma, por isso a analogia: “Vendeu a alma ao Diabo”. Você terá seu poder, seu dinheiro, seu status, seus caprichos atendidos, mas em troca você perde algo muito valioso. Uma alma toca outra alma, isso é um grande segredo da humanidade. O outro não me importa mais, faço o que deve ser feito. Me torno egoísta e perco a compassividade, o respeito e o amor ao próximo. Uma pessoa sem alma, anestesiada à dor e ao sofrimento alheio.

Existem várias forças que nos impulsionam à ação tirânica, como desejos, necessidades, medo ou insegurança. Elas atuam em todos nós e por isso devemos ficar atentos, para que elas não nos façam ultrapassar o limiar entre Eu e o Outro.

Existe um aspecto ainda mais complexo, o da tirania hierárquica de poder e a forma como ela corrompe gradualmente a alma humana a partir dos postos superiores até os cargos inferiores.

Vamos exemplificar isso em uma operadora de Telemarketing: Existe a hierarquia inferior que seriam os tele-atendentes. Na grande maioria, jovens entrando no mercado de trabalho. Seu trabalho seria, por exemplo, oferecer cartões de crédito ou vender um provedor pago a quem assinou a internet.

Ganham um valor básico bem baixo e ganham extras por metas cumpridas. Eles são estimulados e premiados ao vender mais. Acontece que eles acabam sendo obrigados a persuadir o cliente a adquirir o produto para bater suas metas, por exemplo, dizendo ao cliente que é obrigatório um provedor (o que é verdade), mas ocultando a informação de que a pessoa tem direito a um provedor gratuito, mesmo sabendo disso. Como só ganham extras se bater as metas de venda – o que torna o salário muito superior, acabam criando estratégias de persuasão, mesmo sabendo que estão prejudicando a outra pessoa.

A estrutura do serviço os fazem parar de pensar no ser humano, e visar apenas a meta, anestesiando o processo de humanidade. Os que melhor se desenvolvem nesses mecanismos, recebem salários muito superiores aos dos outros e ainda podem ganhar uma promoção de supervisor com um salário e prêmios melhores, que coordena e estimula um grupo de tele-atendentes a cumprir metas de vendas.

Assim, continuam, caso desempenhem um bom papel e atinjam boas metas em sua nova função, podem chegar a gerente de operações, que coordena o grupo de supervisores e todos os tele-atendentes da operação específica, neste exemplo, venda de provedor de internet.

E o caminho continua… pois os benefícios e prêmios vão ficando cada vez maiores e já consigo separar o lado humano do institucional, penso pela Instituição, afim de preservar tudo o que conquistei, mesmo que esteja fazendo algo imoral e estimulando/exigindo que outras pessoas o façam – neste caso, os jovens atendentes de telemarketing. Além de estar corrompido, trabalho no corrompimento dos jovens que vendem o serviço, mesmo que inconsciente.

Isso acontece em muitas Instituições e no governo. Se a Instituição “força” o profissional a agir imoralmente, para que receba mais benefícios ou mesmo mantenha seu emprego, se trata de tirania institucional. Elas querem pessoas inteligentes, perspicazes, mas comprometidas consigo próprias e não com o “todo” para atuar em prol da Instituição e praticamente as compram. O dinheiro e o poder acabam corrompendo-as e desumanizando-as.

Para subir de cargos ou receber benefícios, tenho que agir conforme os interesses superiores, caso contrário, sofro retaliações e corro o risco até de perder os cargos que conquistei. Se faço o que é de interesse deles, aumento meu salário, ganho benefícios, e posso galgar um posto mais elevado. Senão, todo tipo de empecilho é colocado perante mim. Isto é comum e normal, até pela necessidade do funcionamento da estrutura/instituição. Mas o problema é quando existe um interesse escuso por trás, que faz com que as pessoas tenham que agir imoralmente para atender os interesses da estrutura/instituição. Quanto mais eu sirvo aos interesses, mais espaço e benefícios eu vou conquistando, e se eu me proponho a atuar imoralmente desde os cargos inferiores, isto pode tomar a minha forma de atuação tanto pela necessidade de manter meus benefícios quanto pela de possibilidade de conquistar mais deles. Aí inicia-se o corrompimento da alma.

Isto acontece em muitas instituições, privadas e públicas. Indicações para cargos, benefícios e favores em prol das hierarquias de cima. Como se diz, tudo uma questão de política e poder. Me ajude que eu te ajudo. As recompensas são altas. Para se estar nos cargos de cima, preciso estar adaptado ao mecanismo de corrupção e se continuo, prospero, senão posso por tudo que conquistei a perder, tornando-me prisioneiro da situação. Quanto maior o cargo, mais corrompido estarei. Então farei o possível para me manter, ajudando os que contribuem para que o mecanismo funcione e impelindo os que não ajudam, perdendo a ética, a moralidade e o sentido humanitário, perdendo a percepção da alma humana.

Os financiamentos vem em troca de benefícios. As grandes empresas e corporações patrocinam, mas exigem facilitações para o desenvolvimento de seus negócios, mesmo que estes não beneficiem as pessoas, o grupo maior, a humanidade. Controlam a mídia, o governo, as leis, tudo que puderem para manter o poder, mesmo que seja necessário enganar, manipular e corromper. Trazer o mal a várias esferas sociais.

A corrupção passa pelo aspecto humano, um homem corrupto é aquele que sofreu o corrompimento da alma e não se importa mais com o sofrimento causado por suas ações e seu poder de atuação. A tirania institucional vem da estrutura, dos mais altos cargos fazendo uma corrente de corrompimento até as bases, com uma força enorme.

O que é preciso para mudar tudo isso? Pessoas elevadas, comprometidas e com força moral suficiente para estar acima destas forças que corrompem a alma humana. É difícil? Sim, porque somos humanos e as dificuldades e desafios podem nos enfraquecer. Existe muito em jogo e somente uma forte conexão com propósitos elevados pode nos levar a uma transformação real.




Leonardo Maia






Fonte: Biblioteca Virtual da Antroposofia
http://www.antroposofy.com.br/forum/a-tirania-e-o-corrompimento-da-alma/
Fonte da Gravura: http://zecarlosfrases.blogspot.com.br/2014/01/jiddu-khrisnamurti.html