quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

YEMANJÁ - A VIDA

Yemanjá é a Orixá doadora da vida, é a guardiã do ponto de força da natureza, o Mar, para onde tudo é levado para ser purificado, por isso ela é por excelência um princípio do criador, o grande doador da vida. A gênese bíblica nos revela que Deus modelou o homem com a terra, mas para fazê-lo certamente usou a água, e Yemanjá é isso, a água que nos dá a vida.

Podemos observar que o próprio planeta Terra e todos os seres que nele habitam, são constituídos por uma porção muito maior de água, por isso é que somos regidos e sofremos uma maior influência das energias geradas pela água, pois quando não há água não há vida, e sem vida nada existe.

Yemanjá é um princípio da vida, é dos Orixás a que tem o maior ponto de força da natureza. Ela é um princípio do Criador por excelência, pois é do mar que saem as irradiações energéticas que purificam e regeneram tudo em nosso planeta. E como já vimos, tudo em nosso planeta gira em torno das energias geradas pelos elementos fundamentais da natureza e como somos seus dependentes direto, manifestamos suas influências em nossa própria maneira de ser, sendo assim podemos observar que as pessoas que habitam as regiões onde há muita água são mais emotivas e criativas do que as que habitam as regiões mais desérticas.

Yemanjá na Umbanda tem sob sua regência milhares de falanges de espíritos que desenvolvem seus trabalhos sob os domínios de sua energia. Para muitos estudiosos "Nanam" e "Oxum" são consideradas Orixás regidas por Yemanjá, por serem consideradas um desdobramento do mesmo princípio: a Água, que é considerada um dos mais ricos elementos existentes na Terra.

Sendo assim Yemanjá delega a Nanam o poder sobre a chuva e a água doce, e a Oxum a coordenação dessas águas nos rios, lagos e cachoeiras. Podemos ver na alegria das pessoas quando estão em contato com a água, o quão magnífico é o poder de revitalização de sua energia.

As pessoas que são regidas por Yemanjá se destacam por sua magnitude, são serenas, extremamente destemidas e criativas, mas quando se deixam levar pelo ego, se tornam rudez, cruéis, insensíveis, orgulhosas e com uma fobia, um medo excessivo das coisas.

Yemanjá tem como elemento fundamental a água, e por isso é regente de toda a fonte do elemento líquido do nosso planeta, onde podemos citar os mares e oceanos, os rios, lagos, córregos e cachoeiras. É representada pela figura da lua, sua cor é o branco e o azul-claro, e seu dia da semana é sábado e sua saudação é "Odò Iyá!".

Yemanjá é a mais respeitada dos Orixás, dificilmente encontramos entidades utilizando o lado negativo de sua energia, pois como sabem que ela é uma mãe protetora e ciumenta, também sabem que ela não perdoa, sendo rígida com aqueles que vão a seu ponto de força para fazerem o mal. Sendo assim, desejamos que todos que se interessam pelo mar e os outros mananciais aquáticos de nosso planeta, comecem a olhá-lo com mais respeito, para que possam ser merecedores de seus fluidos revitalizadores, fluidos estes que nos transmitem as energias regeneradoras necessárias para melhor seguirmos nessa grande viagem, que é a vida.

E que possamos também buscar conhecer melhor Yemanjá, que é uma grande mãe amorosa, pois assim estaremos conhecendo um dos próprios princípios do Criador, pois Yemanjá é a manifestação física do princípio da vida, que é derramado sobre nós. Isso tudo é Yemanjá, a Rainha do mar, o princípio gerador da vida, a guardiã do ponto de força da natureza, o Mar.


"Yemanjá, grandiosa mãe, que os movimentos das ondas transmitam sua paz e seu amor.

Derramai seus fluidos vitais sobre mim purificando meu espírito e meu corpo, para que quando estiver fraco, me sinta protegido no aconchego de vossos braços.

Quando estiver afogado em meu orgulho e arrogância, me torne humilde e benevolente perante sua bondade e grandeza.

Que os doentes recebam de vós, minha Santa Rainha, a cura através das emanações de vossas vibrações vitais.

Que a força de vosso reino seja para mim, um escudo contra as más influências.

Que o vosso sagrado manto agasalhe e traga calor a todos os necessitados.

Senhora tende piedade de tantos, que como eu, vos invocamos nesse momento, que vossa misericórdia se estenda a todos os reinos de Olorum.

Odo Yá! Salve Yemanjá!"




Jorge Botelho





Fonte: Apostila de Estudo "Umbanda - Conceitos Básicos"
TEDES - Tenda Espírita Divino Espírito Santo
Rua Dom Pedro II, n° 554 , Bairro 249 - Volta Redonda/RJ
Fonte da Gravura (Yemanjá): Acervo de autoria pessoal
Fonte da Gravura (sereia): https://mulpix.com/instagram/sereia_e_mar.html

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

DIFICULDADE DE CONCENTRAÇÃO DURANTE A MEDITAÇÃO

Por que é que a mente tem dificuldade em concentrar-se durante a meditação?

Baba estava rodeado dos seus devotos na Jagrti de Jamalpur. Aqueles que estavam presentes desfrutavam o néctar das suas doces palavras e presença delicada e encantadora. Estava um ambiente divinamente pacífico naquele Ashram.

Quando Baba terminou o discurso do dia, um devoto levantou-se e perguntou: por que é que às vezes a meditação é tão boa e outra vezes somos incapazes de nos concentrar já que a mente fica muito agitada e não quer meditar?

Baba respondeu dizendo que é muito natural não conseguirmos concentrar a mente durante sádhana. A vida humana é o resultado de uma evolução através de muitas vidas passadas. As reações potenciais de todas as ações passadas influenciam e perturbam a nossa mente. Isto é muito natural. Um aspirante espiritual não precisa de se inquietar com isso. O que importa é ser regular na prática. Não estejam preocupados com o fato de a mente conseguir concentrar-se ou não. Quando fazem sadhana mantenham o vosso objetivo fixo em Parama Purusa e vão certamente progredir. Lentamente a mente ficará mais e mais concentrada e experienciar-se-à um sentimento de bem-aventurança durante a prática.

Sádhana é o resultado de uma luta interna e externa. Um sádhaka é sem dúvida um soldado, e os obstáculos no caminho são sinais de progresso. O resultado de sádhana também deve ser entregue a Parama Purusa. O mais importante é a sinceridade na prática, pois é a melhor forma de obter a sua graça, e somente isso pode levar um sadhaka à realização de Deus.




Ac. Parameshvarananda Avadhuta





Fonte: Excerto do livro “My Baba”
Ananda Marga
http://www.anandamarga.pt/porque-e-que-a-mente-tem-dificuldade-em-concentrar-se/
Jamalpur Jagrti 1965
Fonte da Gravura: Tumblr.com

O QUE VAI ACONTECER COMIGO?

Havia uma vez um moribundo que foi incomodado por uma série de parentes. Pais, esposa, filhos, irmãos, irmãs - todos rodearam sua cama durante seus últimos momentos e choraram. Perguntaram-lhe: "O que vai acontecer conosco?" O moribundo levantou a cabeça um pouco do travesseiro e perguntou em troca: "O que vai acontecer comigo? Estou realmente muito mais interessado nesse problema, do que me preocupar com o que vai acontecer com vocês". Bem, é melhor que todos façam essa pergunta agora e se preparem com a resposta ao invés de esperar até que seja tarde demais. "Para que eu sirvo?" - "O que devo fazer?" Estas são as perguntas que você deve buscar e chegar às respostas. Todos são peregrinos, movendo-se ao longo desta Terra de ação (Karmakshetra) para a meta - a terra da retidão (Dharmakshetra). Os eruditos, os poetas e os professores são os guias que o ajudam ao longo do caminho; mas, você deve trilhar o caminho, cada polegada dele! (Discurso Divino, 13 de março de 1964)




Sathya Sai Baba






Fonte: http://www.sathyasai.org.br/
Fonte da Gravura: Tumblr.com

O FENÔMENO DO DOGMATISMO

O Que Acontece Quando Estamos Convencidos da Veracidade de Algo


O dogmatismo é uma falha de muita gente. Penso que ele é gerado por um sentimento de insegurança, na realidade, ao mesmo tempo que é um esforço de alguém para confirmar diante de si mesmo e dos outros a certeza de que o seu conhecimento é correto.

Naturalmente há outros tipos de dogmatismo, como a manutenção da nossa opinião simplesmente porque é a nossa opinião – uma afirmação egocêntrica. Um “dogma” é definido como aquilo que parece bom e correto para alguém [1]; o dogmatismo, normalmente arrogância, é afirmação.

O dogmatismo sempre traz à minha mente a ideia de uma afirmação cuja veracidade não pode ser comprovada. Alguém pode falar de maneira convincente sobre aquilo que para ele é verdadeiro, sem cair na atitude dogmática. Quando estamos convencidos da veracidade de algo, não há  razão para que não expressemos essa convicção com a intensidade que a situação exige, mas em tal caso também não há razão para que exijamos a sua aceitação por parte dos outros.

Concretamente, nós não exigimos a aceitação da Teosofia; nós apontamos para os seus princípios e as aplicações desses princípios. A Teosofia apresenta algumas afirmações como percepções que são objetos de conhecimento por parte de seres humanos aperfeiçoados, mas não como afirmações em que se deve acreditar. É mostrado que tal conhecimento, tendo sido alcançado por Eles a partir de observação e experiência feitas ao longo de muitas vidas, pode ser alcançado por todos os seres humanos, e os meios para fazer isso são assinalados. O bom senso presente na alegação de que esse é um conhecimento legítimo afasta a afirmativa do terreno do dogmatismo.

A consciência é onipresente, não  pode ser localizada nem centrada em nenhum assunto particular, e tampouco pode ser limitada. Só os seus efeitos é que pertencem à região da matéria, porque o pensamento é uma energia que afeta a matéria de várias maneiras; mas a consciência em si não pertence ao plano da materialidade.




Robert Crosbie





Fonte do Texto e da Gravura: do Blog "Filosofia Esotérica"
http://www.filosofiaesoterica.com





NOTA DO TRADUTOR:

[1] Crosbie está mencionando a definição clássica do termo. (C. C. Aveline)



O fragmento acima foi traduzido do livro “The Friendly Philosopher”, de Robert Crosbie, The Theosophy Company, Los Angeles, EUA, 1945, 416 pp. O texto está na seção “Homely Hints”, à página 113.

YEMANJÁ - ARQUÉTIPOS, MITOS E LENDAS

OS ORIXÁS - ORISSÁ

Orissá ou orixá significa a luz da cabeça. Para os iorubás, os orixás são potências cósmicas que regem os poderes dos elementos da natureza. Elementos que constituem nosso organismo e todos os reinos da natureza e que tudo mantém e de onde tudo provem. O orixá é uma força pura, imaterial que atua em várias dimensões e se torna perceptível quando incorpora em um ser humano. São os regentes das energias do planeta e para entrar ou sair da Terra é preciso a autorização deles. Constituem hierarquias de elementais que zelam pela vida manifestada na Mãe-Terra. Eles adotam os seres humanos quando suas almas estão prontas para encarnar na Terra e os protegem vigilantes durante toda a existência.

Os mitos, as lendas e definições dos orixás podem variar de região para região, mas todas as narrativas coincidem quanto a fé na atuação deles como divindades administradoras do equilíbrio e da preservação da vida no mundo terrestre. Divindades que estão encarregadas pelo Princípio Supremo, Olodumare, da manutenção de sua criação no Ilê, o mundo natural, e constituem a energia emanada da/e pela Mãe-Terra para o Cosmo e vice-versa.


IEMANJÁ

A deusa-mãe das águas salgadas. Sua energia se potencializa nos mares e oceanos. É o princípio feminino que se apresenta como beleza, impetuosidade, poder, mutabilidade, exuberância, acolhimento, fascínio, imprevisibilidade, criatividade e força transformadora e renovadora da vida. Protege os homens do mar, a pesca, a família, o amor entre os casais. É a deusa que reina desde as profundezas e dos mistérios abissais.

A representação desse orixá na África é uma mulher madura, de grande beleza, dotada de formas voluptuosas e seios fartos. Para eles, dos seios generosos de Iemanjá jorra a água da vida. Aqui no Brasil ela é representada como uma linda e jovem mulher com cabelos negros e longos, portando uma tiara na cabeça, com muitas pérolas adornando seus cabelos, mãos e colo. Nas estátuas e gravuras, ela está usando sempre um vestido azul claro salpicado de estrelas e peixinhos dourados; o vestido desenha suas formas sinuosas.

Iemanjá é uma energia feminina portadora de beleza, mistério, amor, sensualidade, poder, generosidade, abundância, transformações, autoridade e respeito. É uma mãe amorosa, zelosa e acolhedora, mas firme e disciplinadora ao mesmo tempo.


O ARQUÉTIPO

O arquétipo psicológico de Iemanjá é a delicadeza, a sensibilidade, o refinamento, a beleza, a feminilidade, a força interior, a imponência, a renovação e a transformação constante. Iemanjá não tolera desonestidade, maledicência, inveja, mentira, dissimulação e traição. Nessa tradição, os filhos de cada orixá trazem características dos seus deuses protetores. Os adeptos consagrados a Iemanjá são belos e imponentes e também dotados de grande magnetismo e encanto. Eles chamam a atenção de todos por onde passam. Também são francos e verdadeiros, primam pelo caráter reto e abertura para o novo e desconhecido. Sejam homens ou mulheres, têm sempre um comportamento ético, são gentis, delicados no trato, fiéis, amorosos, refinados, dotados de discernimento e autoconfiança; mas, como o mar, surpreendem, podendo mudar de ânimo de repente. Seus filhos se irritam quando contrariados em seus princípios e podem agir intempestivamente.

O dia da semana dedicado a Iemanjá é o sábado. As suas cores são: branco, prata, azul claro e cor de rosa. Suas filhas, quando incorporadas, usam roupas luxuosas nas cores branco, azul claro e prata. Na cabeça portam uma coroa prateada com uma estrela de 5 pontas desenhada em relevo; dessa coroa pende uma franja feita de contas de cristal branco e azul que encobre o rosto da iaô. Na mão direita elas carregam um “abebê” prateado (um tipo de espelho), no qual se olham enquanto dançam movendo os braços e as cadeiras em movimentos ondulatórios, ora lentos ou rápidos e vigorosos.


O MITO DE IEMANJÁ

São muitas as lendas sobre ela. Dentre tantas, existe uma nos versos de Ifá que diz: Iemanjá era uma princesa muito linda e querida por seu pai, o poderoso senhor das profundezas dos oceanos Olokun. O rei, zeloso de sua filha, queria para ela o melhor. Quando apareceu Orumilá, senhor das adivinhações, como pretendente à sua mão, Olokun concedeu de imediato, e esse foi o primeiro marido dela. Separou-se de Orumilá devido seu temperamento inconstante e depois se casou com Olofin, rei de Ifé, com quem teve 10 filhos. Porém, ela não tem paradeiro, está sempre em transformação, e cansada de sua permanência em Ifé, foge. Olokun, seu pai, sabendo do seu temperamento mutante e voluntarioso, havia entregue a ela, por medida de precaução, uma garrafa com um preparado, recomendando-lhe que, se encontrasse em enorme perigo, quebrasse a garrafa no chão. Ela, na fuga, encaminhou-se para o entardecer da Terra, o oeste. Olofin-Odudua mandou o seu exército atrás dela. Quando Iemanjá se viu cercada, quebrou a garrafa e um rio criou-se imediatamente, envolvendo-a e carregando-a cuidadosamente até o oceano para junto de seu pai Olokun, de onde ela nunca mais saiu.

Iemanjá dança eternamente nas águas do mar mostrando sua beleza, fascinando homens e mulheres e fornecendo fartura de pesca aos homens do mar. É também a deusa do amor e do encantamento. Como senhora das águas, segue sempre em movimento, transformando e purificando nossas águas interiores, harmonizando nossas emoções e protegendo seus filhos e desenhando novos caminhos no corpo da Mãe Terra pela vida afora.

(Texto adaptado)





Marilu Martinelli






Fonte: do Blog "Mitologia Comentada"
http://mitologiacomentada.blogspot.com.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

REFLEXÕES PARA A CONSCIÊNCIA DA ALMA

Meu ideal se tornará real apenas quando meu coração se tornar forte. O que ajuda a construir força interior é a educação espiritual. Ser verdadeiro, a começar comigo, é um aspecto muito importante de tornar-se forte. Quando você tem honestidade, você se torna destemido. Você não tem nada a esconder, pois é o mesmo dentro e fora. A autorreflexão é o músculo interno, a base da força interior. (Gopi Patel)

Natureza é o jeito que somos é a forma como reagimos, como nos comportamos. Muitas vezes falamos ou fazemos coisas impulsivamente e nos arrependemos depois. Se quisermos mudar nossas respostas, precisamos mudar nossa natureza. Precisamos assimilar uma natureza de facilidade, leveza e simplicidade. Na extensão em que o intelecto, a visão e as palavras são simples, leves e fáceis, ficamos livres do conflito com a nossa natureza antiga.

Ao fazer o bem, você ganha força. Mas não tenha o desejo de ser elogiado pelo que você fez. Deus sabe quem são Seus ajudantes, você não precisa ter nome e fama. Deveria haver benevolência por todos. Considere a tristeza dos outros como sua própria e ajude-os. Isto não significa tomar tristeza deles, mas ter amor por removê-la. Eleve-os com o seu amor. Vingança não existe nos pensamentos daqueles que tem amor, compaixão e misericórdia. Tenha constantemente um grande coração. (Dadi Janki)

Autoestima é um aspecto importante para o meu bem-estar e para melhorar a qualidade da conversa comigo mesmo. Para aumentar a autoestima preciso: (1) reduzir as conversas negativas; (2) pensar no meu progresso espiritual e compartilhar com os outros; (3) evitar pessoas negativas que me levam para baixo; (4) dar a mim revigoramento interior através da meditação; (5) focar nas minhas qualidades e tornar-me genuíno; (6) investir tempo naquilo que me faz sentir bem. (Dr. Usha Kiran)




Brahma Kumaris






Fonte: www.bkumaris.org.br
Fonte da Gravura: Tumblr.com

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

LEVANTE-SE E PASSE EM SEUS TESTES

Todos nós temos um certo número de testes pelos quais temos que passar ao longo de nossas vidas.

Sempre que atingimos o ponto em que alcançamos, seja o que for que precisamos alcançar em um determinado nível, seguimos para o próximo nível e o próximo teste, obtendo acesso a um nível mais elevado de nossa alma.

A dura realidade é que, os testes pelos quais às vezes precisamos passar, podem ser muito difíceis. Às vezes eles podem até nos parecer “maldições” insuperáveis.

Entretanto, o que aprendemos na Kabbalah é que toda dificuldade surge para, de alguma maneira, nos levar a outro nível de consciência.

Por exemplo, vamos dizer que uma pessoa adoeça. Como resultado de finalmente desacelerar o ritmo da vida, encontra-se pensando em seus caminhos, no que possui e o que não possui, na maneira como contribuiu ou não com o mundo. Finalmente, depois de anos e anos seguindo um caminho, essa pessoa pode obter a verdadeira determinação de se tornar mais do que é, tornar-se mais consciente do que o rodeia, compartilhar mais com a família, amigos e comunidade.

Assim, no final, será que a doença foi uma maldição?

A resposta, neste caso, é não.

Para essa pessoa, a doença foi uma batida à porta dizendo: “Acorde! Você perdeu a conexão com seu propósito de estar aqui, e você precisa reavaliar seu caminho.”

Pense em eventos em sua vida que você sentiu que eram "maldições". Você consegue ver, agora, como essa experiência ensinou algo a você, mudou você para melhor ou o tornou mais forte?




Karen Berg





Fonte: Centro de Cabala
www.kabbalah.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

CARL GUSTAV JUNG: OS DOZE ARQUÉTIPOS COMUNS

O termo “arquétipo” tem suas origens na Grécia antiga, as palavras raiz são archein que significa “original ou velho” e typos que significa “padrão, modelo ou tipo”, o significado combinado é “padrão original” do qual todas as outras pessoas similares, objetos ou conceitos são derivados, copiados, modelados, ou emulados.

O psicólogo Carl Gustav Jung usou o conceito de arquétipo em sua teoria da psique humana, ele acreditava que arquétipos de míticos personagens universais residiam no interior do inconsciente coletivo das pessoas em todo o mundo, arquétipos representam motivos humanos fundamentais de nossa experiência como nós evoluímos consequentemente eles evocam emoções profundas.

Embora existam muitos diferentes arquétipos, Jung definiu doze tipos principais que simbolizam as motivações humanas básicas, cada tipo tem seu próprio conjunto de valores, significados e traços de personalidade, além disso, os doze tipos são divididos em três grupos de quatro, ou seja, Ego, Alma e Eu, os tipos em cada conjunto compartilha uma fonte de condução comum, por exemplo, tipos dentro do conjunto Ego são levados a cumprir agendas definidas pelo ego.

A maioria se não todas as pessoas têm vários arquétipos em jogo na construção da sua personalidade, no entanto, um arquétipo tende a dominar a personalidade em geral, ele pode ser útil para saber quais arquétipos estão em jogo em si e nos outros, especialmente nos entes queridos, amigos e colegas de trabalho a fim de obter uma visão pessoal sobre comportamentos e motivações.


OS TIPOS DE EGO

1. O Inocente

Lema: Livre para ser você e eu
Desejo principal: Chegar ao paraíso
Objetivo: ser feliz
Maior medo: Ser punido por ter feito algo de ruim ou errado
Estratégia: Fazer as coisas certas
Fraqueza: Chato por toda a sua inocência ingênua
Talento: Fé e otimismo
O Inocente também é conhecido como: utópico, tradicionalista, ingênuo, místico, santo, romântico, sonhador.


2. O Cara Comum, o Órfão

Lema: Todos os homens e mulheres são iguais
Desejo central: Ligação com os outros
Objetivo: Fazer parte
Maior medo: Ficar de fora ou se destacar da multidão
Estratégia: Desenvolver sólidas virtudes comuns, seja para a Terra ou o contato comum
Fraqueza: Perder o próprio Eu em um esforço para se misturar ou por uma questão de relações superficiais
Talento: O realismo, a empatia, a falta de pretensão
A pessoa normal também é conhecida como: O bom menino velho, o homem comum, a pessoa da porta ao lado, o realista, o cidadão sólido, o trabalhador rígido, o bom vizinho, a maioria silenciosa.


3. O Herói

Lema: Onde há uma vontade, há um caminho
Desejo central: Provar o valor para alguém através de atos corajosos
Objetivo: Especialista em domínio de um modo que melhore o mundo
Maior medo: Fraqueza, vulnerabilidade, ser um “covarde”
Estratégia: Ser tão forte e competente quanto possível
Fraqueza: Arrogância, sempre precisando de mais uma batalha para lutar
Talento: Competência e coragem
O herói também é conhecido como: O guerreiro, o salvador, o super-herói, o soldado, o matador de dragão, o vencedor e o jogador da equipe.


4. O Cuidador

Lema: Ame o seu próximo como a si mesmo
Desejo central: Proteger e cuidar dos outros
Objetivo: Ajudar os outros
Maior medo: Egoísmo e ingratidão
Estratégia: Fazer coisas para os outros
Fraqueza: Martírio e ser explorado
Talento: Compaixão e generosidade
O cuidador também é conhecido como: O santo, o altruísta, o pai, o ajudante, o torcedor.


OS TIPOS DE ALMA

5. O Explorador

Lema: Não me cerque
Desejo central: A liberdade de descobrir quem é através da exploração do mundo
Objetivo: A experiência de um mundo melhor, mais autêntico, mais gratificante na vida
Maior medo: Ficar preso, conformidade e vazio interior
Estratégia: Viajar, procurar e experimentar coisas novas, fugir do tédio
Fraqueza: Perambular sem destino tornando-se um desajustado
Talento: Autonomia, ambição, ser fiel a sua alma
O explorador também é conhecido como: O candidato, o iconoclasta, o andarilho, o individualista, o peregrino.


6. O Rebelde

Lema: As regras são feitas para serem quebradas
Desejo central: Vingança ou revolução
Objetivo: Derrubar o que não está funcionando
Maior medo: Ser impotente ou ineficaz
Estratégia: Interromper, destruir ou chocar
Fraqueza: Cruzar para o lado negro do crime
Talento: Ousadia, liberdade radical
O rebelde também é conhecido como: O ilegal, o revolucionário, o homem selvagem, o desajustado, o iconoclasta.


7. O Amante

Lema: Você é único
Desejo central: Intimidade e experiência
Objetivo: Estar em um relacionamento com as pessoas no trabalho e no ambiente que eles amam
Maior medo: Ficar sozinho, ser um invisível, se indesejado, ser mal amado
Estratégia: Tornar-se cada vez mais atraente fisicamente e emocionalmente
Fraqueza: Com o desejo de agradar aos outros corre o risco de perder sua identidade externa
Talento: Paixão, gratidão, valorização e compromisso
O amante também é conhecido como: O parceiro, o amigo íntimo, o entusiasta, o sensualista, o cônjuge, o construtor de equipe.


8. O Criador

Lema: Se você pode imaginar algo, isso pode ser feito
Desejo central: Criar coisas de valor duradouro
Objetivo: Realizar uma visão
Maior medo: A visão ou a execução medíocre
Estratégia: Desenvolver a habilidade e o controle artístico
Tarefa: Criar cultura, expressar a própria visão
Fraqueza: Perfeccionismo, soluções ruins
Talento: Criatividade e imaginação
O Criador também é conhecido como: O artista, o inventor, o inovador, o músico, o escritor, o sonhador.


OS TIPOS DE EU

9. O Tolo

Lema: Só se vive uma vez
Desejo central: Viver para o momento com pleno gozo
Objetivo: Ter um grande momento e iluminar o mundo
Maior medo: Se aborrecer ou chatear os outros
Estratégia: Jogar, fazer piadas, ser engraçado
Fraqueza: Frivolidade, desperdício de tempo
Talento: Alegria
O tolo também é conhecido como: O bobo da corte, o malandro, o palhaço, o brincalhão, o comediante.


10. O Sábio

Lema: A verdade vos libertará
Desejo central: Encontrar a verdade
Objetivo: Usar a inteligência e a análise para compreender o mundo
Maior medo: Ser enganado, iludido, ou ser ignorante
Estratégia: Buscar informação e conhecimento, auto reflexão e compreensão dos processos de pensamento
Fraqueza: Pode estudar detalhes para sempre e nunca agir
Talento: Sabedoria, inteligência
O Sábio também é conhecido como: O perito, o erudito, o detetive, o conselheiro, o pensador, o filósofo, o acadêmico, o pesquisador, o pensador, o planejador, o profissional, o mentor, o professor, o contemplador.


11. O mágico

Lema: Eu faço as coisas acontecerem.
Desejo central: Compreensão das leis fundamentais do universo
Objetivo: Realizar sonhos
Maior medo: Consequências negativas não intencionais
Estratégia: Desenvolver uma visão e viver por ela
Fraqueza: Se tornar manipulador
Talento: Encontrar soluções ganha-ganha
O mágico também é conhecido como: O visionário, o catalisador, o inventor, o líder carismático, o xamã, o curandeiro, o feiticeiro.


12. O Governante

Lema: O poder não é qualquer coisa, é a única coisa
Desejo central: Controle e poder
Objetivo: Criar uma família ou uma comunidade bem sucedida e próspera
Estratégia: Exercer o poder
Maior medo: O caos, ser destituído
Fraqueza: Ser autoritário, incapaz de delegar
Talento: Responsabilidade, liderança
O Governante é também conhecido como: O chefe, o líder, o ditador, o aristocrata, o rei, a rainha, o político, o gerente, o administrador.



AS QUATRO ORIENTAÇÕES CARDEAIS

As quatro orientações cardeais definem quatro grupos, com cada grupo contendo três tipos (como a roda de arquétipos acima ilustra), cada grupo é motivado por seu respectivo foco orientador: satisfação do ego, liberdade, socialidade e ordem, esta é uma variação nos grupos dos três tipos anteriormente mencionados, no entanto, todos os tipos dentro do Ego, Alma e Eu compartilham da mesma fonte de condução, os tipos que compõem a orientação dos quatro grupos têm diferentes unidades de origem, mas a mesma orientação de motivação, por exemplo, o cuidador é impulsionado pela necessidade de cumprir agendas do ego através do atendimento das necessidades dos outros que é uma orientação social, considerando que o herói também é impulsionado pela necessidade de cumprir agendas do ego o faz através de ação corajosa que comprova a autoestima, compreender os agrupamentos ajudará na compreensão da dinâmica de motivação e autopercepção de cada tipo.




Carl Golden






Fonte do Texto e da Gravura: Biblioteca Virtual da Antroposofia
http://www.antroposofy.com.br/forum/carl-gustav-jung-os-12-arquetipos/
Via Blog "A Luz é Invencível"
Tradução e Divulgação: do Blog "A Luz é Invencível" (via SOULCRAFT)
https://portal2013br.wordpress.com/os-12-arquetipos-comuns/

A FILOSOFIA DA MAÇONARIA

A filosofia de Teilhard de Chardin

Entre os modernos gnósticos, o jesuíta francês Pierre Teilhard de Chardin brilha como uma estrela de máxima grandeza, por isso julgamos de fundamental importância fazer uma pequena síntese do seu pensamento, porque ele encontra, em nossa opinião, muitos paralelos nos temas que informam o ensinamento maçônico.

Teilhard vê o mundo ordenado numa série de grandezas distribuídas ao longo de uma escala, que é o eixo do espaço-tempo. Essas grandezas se distribuem em duas direções: uma, que é aquela que vai do ínfimo para o imenso, representada por um universo em constante expansão, formando os planetas, os astros, as galáxias, as grandes massas estelares; essa expansão originou-se num ponto ínfimo de máxima densidade energética, que justamente por hospedar essa inconcebível concentração de energia, um dia explodiu. Essa explosão pode ser identificada com o Big-Bang dos cientistas.

A outra direção é aquela que parte do imenso para o ínfimo, representada pela tendência da energia presente nas massas físicas, de enrolar-se sobre si mesma, criando camadas energéticas cada vez mais densas, concentradas em pontos cada vez menores. Essa é a direção que o espírito humano percorre. E assim é em virtude do fenômeno da complexificação cada vez maior dos processos organizacionais, um dos quais, o mais complexo, é o pensamento humano.

Na escala do imenso, que são as grandezas cósmicas, domina a relatividade. As massas estelares se formam por dispersão, partindo de um ínfimo inicial. Por isso, a organização dos corpos materiais é simples. Neles são realizadas combinações atômicas primárias e as realidades materiais vão surgindo dessas combinações, povoando o nada cósmico. Na escala do ínfimo, porém, ocorre um processo inverso. Neste domina o quanta. [1]

Ocorre uma concentração energética, uma interiorização de energia para dentro dos elementos, e disso resultam estruturas cada vez mais complexas, quanto mais a energia se concentra sobre si mesma. Foi essa concentração energética em uma molécula, que produziu, um dia, o primeiro organismo vivo, o qual evoluiu até desembocar no homem.

Por isso, na psique humana convivem as noções de ínfimo e imenso. Situado no ponto mínimo da grandeza cósmica, e no ponto máximo da complexidade material, o homem debate-se entre a glória de ser o organismo mais perfeito que a natureza criou, e a angústia de ser tão pequeno entre as grandezas cósmicas, comparado a um grão de poeira perdido na imensidão do universo.

É assim que, pressionado entre o ser (complexidade/consciência), e o nada (que são os vazios do conhecimento que tem que preencher), ele sente o arrebatamento do espirito que perscruta a imensidão do universo, e sofre pela limitação que a matéria lhe impõe, pois esta não lhe permite mover-se além dos estreitos limites de si mesmo. Esse é o grande conflito que o homem enfrenta; uma eterna luta entre as forças que o constroem.

Os seres vivos, ensina Teilhard, podem ser grandes ou pequenos. Um dia já foram maiores, mas a necessidade de adaptar-se ás condições de vida na terra, (resultantes da compressão num espaço limitado), forçou-os a diminuir de tamanho.

Mais importante que suas conformações externas, porém, é o fato de eles serem simples ou complexos em suas estruturas, pois é a complexidade dos arranjos que as moléculas fazem para compor um organismo que determina o grau de sua evolução. Dessa forma, um micróbio, por possuir na sua estrutura uma complexidade maior do que a de uma galáxia de estrelas dispersas, ocupa um lugar mais proeminente na escala da evolução do que essa imensidade cósmica, por infinita que ela seja.

Isso porque,no micróbio, a matéria já se organizou de tal forma que a vida se fez presente, coisa que a galáxia ainda não conseguiu.

Nos seres infinitamente simples, unicelulares, nada se constata além de mero determinismo. Neles, tudo se comporta conforme as leis da estatística. Lei da relatividade para o imenso, lei dos quanta para o infinitamente pequeno. Já nos seres complexos, o que se percebe é a interiorização da energia. Tactismo nas células, força vegetativa nas plantas, instintos nos animais, auto-organização nos sistemas, consciência nos homens!

O ser, quanto mais complexo é em sua estrutura, mais consciente se torna em sua interioridade. Dessa forma, a evolução passa a ser um processo de convergência da energia presente na matéria, dirigida para o interior dela mesma.

A consciência humana nasceu, dessa forma, como um fenômeno energético que proporcionou a uma espécie em particular, a condição de diferenciar-se e assumir, entre todas as espécies criadas pela natureza, o próprio rumo no processo evolutivo. A evolução, que até o surgimento do homem, era um processo controlado “por fora”, através de leis exclusivamente naturais, a partir do homem passou a ser controlado “por dentro”, tornando-se auto-evolução. [2]


A matéria e o espírito

No mundo da matéria bruta, um fenômeno cósmico de concentração energética produziu, um dia, a matéria viva. Esse acontecimento foi uma emergência descontinua numa sucessão de eventos que se sucediam numa determinada ordem.O surgimento da vida não representou apenas mais um degrau no ciclo evolutivo da natureza, mas sim, uma mudança qualitativa na estrutura da matéria.

No mundo dos seres vivos, o homem também é uma emergência descontinua dentro de uma escala de eventos continuados, sucessivos e ascendentes. O homem é a própria vida refletida. Seu surgimento inaugurou uma nova etapa no caminho da evolução, pois a partir dele a evolução passou a ser autogerida. Como isso terá acontecido? Teilhard pensa que, ao longo da evolução das espécies vivas, um processo de cefalização, que pode ser entendido como uma centralização de energia em um determinado órgão (o cérebro), ocorreu em uma das espécies. Essa centralização, ao longo do tempo, foi produzindo cérebros cada vez maiores, seguindo uma trilha biológica (filogenética), até desembocar no homos sapiens. Daí, essa centralização proporcionou o salto evolutivo (ontogenético), do mero reflexo condicionado do animal para a consciência reflexiva do ser humano.

O universo, na cosmogonia teilhardiana, pode ser visto como o conjunto total das realidades espalhadas ao longo da reta espaço-tempo. Com a emissão dos pensamentos por parte do homem, uma nova camada de elementos passou a envolver a terra: a noosfera. A noosfera pode ser entendida como a centralização da totalidade energética despendida pelos homens, em todos os tempos, no ato de pensar. É o conjunto das reflexões humanas que se concentra sobre si mesma, criando uma espécie de “atmosfera espiritual”. É esse celeiro energético de pensa-mentos condensados que fornece o estofo para as nossas atividades psíquicas.

Partindo dessa idéia, o processo de aculturação da humanidade passa a ser a jornada do seu espírito coletivo, em busca de uma união que se consuma num ponto único do tempo e do espaço, que Teilhard chama de Ponto Ômega. Visto dessa forma, a evolução pode ser repre-sentada por um cone onde a base representa a totalidade das realidades materiais e o seu vértice a totalidade das suas manifestações energéticas, convertidas em espírito.

Assim, todas as manifestações do espírito humano são etapas de um processo de evolução cósmica, onde está presente, em maior ou menor grau, a energia na sua forma material, ou já convertida em espírito. Teilhard vê nesse processo a explicação dos fenômenos religiosos. Para ele, as religiões pagãs da antiguidade, tais como as religiões egípcia, mesopotâmica, persa, grega etc. representaram momentos de intensa espiritualidade, em que os cérebros humanos realizaram ingentes esforços energéticos para realizar a união com a divindade. Da mesma forma, o budismo, o hinduísmo, o taoísmo, enfim, todas as religiões não deístas, também foram momentos em que essa aproximação foi tentada, mas por outros métodos. [3]

O cristianismo, porém, na opinião de Teilhard, representou a etapa definitiva desse processo de espiritualização progressiva da consciência humana, o momento-limite em que ela contemplou a realidade divina em todo seu esplendor. Em suas próprias palavras, Cristo é a condensação mais densa e perfeita da energia cósmica, na forma de consciência/espírito, levada ao mais alto grau de densidade. Em suas próprias palavras, “O Cristianismo é a forma última e axial da necessidade humana de fundir-se com o divino, como ultimação do processo de evolução. Pleroma, ponto final da evolução do espírito universal, Cristo é o próprio Ponto Ômega, o fim da flecha da evolução. Bem aventurados os que entenderem essa realidade e a firmarem em seus corações”.[4]

Em palavras de intenso lirismo, Teilhard define assim a manifestação suprema dessa espiritualização, que se realizou no homem Jesus Cristo: “Era preciso nada menos que os labores terríveis e anônimos do Homem primitivo e a longa beleza egípcia e a espera inquieta de Israel e o perfume lentamente destilado das místicas orientais e a sabedoria cem vezes refinada dos gregos, para que, sobre a haste de Jessé e da Humanidade, a Flor pudesse desabrochar. Todas essas preparações eram cosmicamente, biologicamente necessárias para que o Cristo entrasse no cenário humano. E todo esse trabalho era movido pelo despertar ativo e criador de sua alma, enquanto alma humana eleita para animar o Universo. E quando Maria o tomou nos braços, ela estava erguendo o mundo inteiro”. [5]


O elo de ligação

Onde mais, perguntamos, existe uma síntese mais perfeita dessa evolução material e espiritual da humanidade, senão no ensinamento maçônico? Com efeito, é na moral e na prática sincera da Arte Real que encontraremos uma perfeita interação entre as tradições iniciáticas dos antigos povos, (a longa beleza egípcia, a espera inquieta de Israel, a sabedoria grega e o perfume destilado das místicas orientais presentes na grande tradição da gnose e do magistério de Hermes), com a explosão final de espiritualidade que se condensou na figura ímpar, única, singular, de Jesus Cristo.

Nesse elo de ligação, que parecia perdido em meio à mixórdia política, filosófica e ideológica que a Maçonaria moderna incorporou, eis a moderna teologia de um padre jesuíta cantando um dueto com os gnósticos de ontem e de hoje. Pois tanto para os antigos, como para os modernos pensadores dessa escola, o mundo é feito a cada momento, de combinação em combinação, por um Espírito Supremo ou por espíritos seus delegados. Na formação da realidade cósmica, que é una, espírito e matéria aparecem sempre em aparente oposição. É somente através do conhecimento que a mente humana pode vencer essa aparente contradição, transpondo o domínio trevoso da matéria e atingindo o território luminoso do espírito. Nesse processo ele tem que combinar sabedoria com inteligência. Inteligência para compreender os processos pelos quais o universo acontece, e sabedoria para saber utilizar essa descoberta.

De certa forma, esse é o objetivo do magistério maçônico.


A ciência e a mística

É por isso que a Maçonaria moderna foi buscar nas grandes tradições da gnose e da cabala a maior grande parte dos temas ritualísticos desenvolvidos em seus rituais. E isso não é sem razão. Essas são as únicas disciplinas mentais que combinam, magistralmente, os caminhos da sensibilidade e da razão, na busca de um conhecimento que não pode ser obtido pelos meios intelectuais normais, mas apenas por experiência iniciática. Elas integram, ao mesmo tempo, os métodos da religião e da ciência.

A religião busca a revelação, a ciência quer o conhecimento. Ambas são condensações de um fenômeno energético que ocorre nos domínios mais sutis do psiquismo humano. A revelação pode ocorrer no curso de uma prece, de uma prática ritualística ou de um trabalho de laboratório, na oficina ou outro lugar qualquer onde o pensamento guie as mãos; já o conhecimento científico ocorre como soma de descobertas feitas sistematicamente no decorrer de um processo de observação dos fenômenos. O que torna diferentes esses dois caminhos de evolução psíquica é a metodologia. Enquanto o cientista observa o fenômeno e descreve o que vê, procurando entender por que ele ocorre daquele modo, o místico procura se colocar no interior do próprio fenômeno, como parte dele, para senti-lo, e dessa forma “ver, por dentro” a sua forma de ocorrência.

A ciência “vê” as coisas pelo lado de fora, a mística as “sente” pelo lado de dentro. Talvez esteja aí a razão de o delírio gnóstico e as intuições cabalísticas jamais terem sido convenientemente entendidos pelos racionalistas, pois nunca foi fácil descrever sentimentos, da mesma forma com que se faz com fenômenos mecânicos. Se duas pessoas que compartilham o mesmo grau cultural e as mesmas referências simbólicas forem convidadas a descrever o processo pelo qual a água de uma chaleira se evapora, é possível que ofereçam uma descrição semelhante, e uma mesma conclusão do por que isso acontece; porém, se lhes pedirmos que nos descrevam o que sentem em razão desse fenômeno, e os motivos do porquê sentem dessa forma, dificilmente encontraremos identidade nas respostas e coincidência nas justificativas.


O método da Maçonaria

Na Maçonaria estão presentes os dois caminhos. O caminho da espiritualização é aquele proposto pela gnose. Ele se trilha através da prática iniciática, expressa nos rituais, nos símbolos e alegorias desenvolvidos em cada grau. Nele se aprende pela sensibilidade. O caminho do conhecimento racional é aquele que se condensa na própria proposta da Maçonaria: o aprimoramento do espírito, através do estudo das disciplinas morais que tornam o homem justo em seus julgamentos e perfeito em suas atitudes. Esse conhecimento, que se inscreve no domínio da moral, é obtido pela razão. Razão e sensibilidade podem e devem andar juntos. É a perfeita integração desses elementos que produz a verdadeira sabedoria.

É nesse sentido que o homem deve participar do movimento do mundo e não como seu mero observador. A alma do estudioso, pela participação consciente no processo interativo que formata as realidades universais, torna-se sua razão, e nessa condição ela realmente ‘vê” o que acontece no interior das coisas, e essa visão é o verdadeiro “saber”.

Esse método de conhecer o mundo, que é o método gnóstico, psicológico, no dizer de Ouspensky, é um método que integra razão e sensibilidade, ou se quisermos colocar isso de uma maneira mais sutil, é uma forma que mistura o esotérico e exotérico, fundindo os dois domínios num único e grande território de realidades possíveis de serem abarcadas pelo espírito humano. Se é verdade que espírito e matéria são uma realidade só, que ambos constituem uma unidade que se constrói mutuamente por interação de suas informações nucleares, então essa visão não é um mero delírio metafísico. [6]

Afinal de contas, toda religião tem como objetivo ligar a esfera do humano á esfera do divino. Por isso todas elas procuram desenvolver uma visão do mundo, um conhecimento interior que ilumina a alma do crente e o leva a algum tipo de ascese. Nenhuma confissão religiosa, mesmo aquelas não deístas, como o confucionismo, o taoísmo, o budismo etc., que trabalham esses caminhos através do exercício mental ou pela sensibilidade, dispensam esse objetivo final, que é a iluminação salvadora.

Não se deve confundir gnóstico com mágico, como o fez a Igreja medieval. Embora muitos gnósticos fossem adeptos do pensamento mágico, o gnosticismo se define pelo exercício do livre-pensamento, a recusa de qualquer dogma, o conhecimento deduzido das grandes leis da natureza, ainda que esse conhecimento seja interpretado de maneira religiosa. A gnose cultua o saber pelo saber sem temores ou crenças sobrenaturais. Aliás, para os gnósticos, o próprio sobrenatural é apenas uma superação de leis naturais.

Evidentemente, sua conotação como pensamento mágico é uma consequência natural da própria cultura na qual ela se desenvolveu, cultura essa mais voltada para a ciência do divino do que para as realidades da vida profana. O que os modernos gnósticos (e os maçons) fazem é exatamente isso: mostrar a gnose sobre um novo enfoque, agora que a inteligência humana conseguiu se livrar de seus velhos temores sobrenaturais e pode comprovar, pelos avanços da pesquisa científica, que a natureza é, em si mesma, um verdadeiro repertório de milagres.

É nesse sentido que podemos classificar o ensinamento maçônico entre as disciplinas conhecidas como gnósticas.




João Anatalino





Fonte do Texto e da Gravura: do Blog "O MALHETE"
http://omalhete.blogspot.com.br
Editor do Blog: Luiz Sergio Castro




[1] Quanta: quantidade mínima de energia que pode ser detectada. Divide-se em onda ou partícula.

[2] Na imagem, o padre Pierre Teilhard de Chardin

[3] Religiões não deístas são aquelas que não foram “reveladas” ao homem por uma divindade, mas sim desenvolvidas por ele como forma de se comunicar com elas.

[4] Teilhard de Chardin - O Mundo, o Homem e Deus, Ed. Cultrix, 1984

[5] Idem, pg.29. Na imagem, o Grande Arquiteto traça os planos do universo. Gravura de William Blake.

[6] Piotr Demianovitch Ouspensky. Um Novo Modelo do Universo, São Paulo, Ed. Pensamento, 1928.A GNOSE MAÇÔNICA

MOLÉSTIA MENTAL EXPLICADA SOB O PONTO DE VISTA ESPÍRITA

A jovem britânica Sara Green tinha um amplo histórico de problemas de saúde mental desde os 11 anos de idade. Ela gostava de escrever em seu diário, relatando as dificuldades que enfrentava no dia a dia. Aos 17 anos de idade, foi internada numa clínica psiquiátrica na Inglaterra para tratamento, mas acabou suicidando-se por automutilação, numa das unidades de tratamento especial.

Antes de ser internada, Sara foi vítima de bullying no colégio. Em face disso, se autoflagelava para tentar aliviar sua consternação. Cria que os colegas não a aceitavam na escola, que a odiavam pelo que era, mas expunha que não se gostava também. Green não conseguia entender como se deixou ser afetada nesse nível de anulação da autoestima.

Enquanto esteve internada, as automutilações se agravaram. O caso de Sara não é único. Serviços de saúde mental, seja no Reino Unido ou em outros países, têm demonstrado falhas ao lidar com crianças e adolescentes portadoras de distúrbios mentais. Segundo a ONG Inquest, somente na Inglaterra, desde 2010 nove jovens morreram durante internações em clínicas de tratamento psiquiátrico.

Não trataremos as eventuais falhas da clínica inglesa. Explanaremos rapidamente sobre os transtornos, as automutilações ou autolesões. Tais ocorrências são associadas a um distúrbio psicológico conhecido como Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), classificada pelo psicanalista Adolph Ster como uma patologia entre a neurose e psicose que gera uma disfunção no metabolismo cerebral, desintegrando o ego e gerando um sentimento de perda desesperador.

A literatura específica anota que os sintomas (TPB) costumam surgir durante a adolescência, permanecendo por aproximadamente uma década na maioria dos casos. As pessoas acometidas desse transtorno sentem uma necessidade enorme de autopunição pelos insucessos e frustrações pessoais na vida cotidiana. Os pesquisadores acreditam que pode ter origem genética também associada a fatores traumáticos durante a infância ou adolescência, como possíveis abusos sexuais, negligências, separações e orfandade.

A pessoa acometida do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) sente alívio emocional cada vez que se machuca. Entre os frequentes ferimentos associados estão: esmurrar-se, chicotear-se, enforcar-se por alguns instantes, morder-se, apertar ou reabrir feridas, arrancar os cabelos, queimar-se, furar-se propositalmente com objetos pontiagudos, beliscar-se, ingerir agentes corrosivos e objetos, envenenar-se por overdose de remédios ou produtos químicos (sem intenção de suicídio), bater com a cabeça na parede, esmurrar superfícies duras.

O fato é que a ciência clássica não alcança elucidar suficientemente as razoáveis causas dos distúrbios psicológicos e mentais. A psiquiatria se mantém aprisionada aos limites do cérebro, fonte que, como nós espiritas sabemos, não é a raiz essencial das patologias mentais, mas tão somente a exteriorização do efeito da enfermidade.

Gostem ou não, aceitem ou não, em verdade, o Espiritismo abalou as estruturas da ciência mecanicista vigente e trouxe uma insurreição no campo das idéias materialistas, inovando as considerações religiosas e científicas. A ideia da existência de um ente extra físico (Espírito) pôde elucidar a origem de muitos enigmas patológicos da psiquê.

Nesse sentido, o Espiritismo avança muito mais ao debater e analisar racionalmente a Lei da reencarnação, explicando a questão dos vínculos de causas atuais e passadas das doenças. A Lei de causa e efeito amplia o debate e auxilia a compreender, por exemplo, que a vida presente é reflexo do que temos sido até hoje, incluindo aí as nossas experiências pretéritas (reencarnações anteriores).

Os atuais quadros psicopatológicos devem ser analisados sob esse prisma (causa e efeito), como reflexo dos distúrbios morais de vidas anteriores, considerando sua manifestação de uma forma invariavelmente dramática, trazendo sofrimento tanto para o doente como para a família; daí concluir-se que realmente signifique repercussão de desvios éticos das existências pregressas.

A partir do momento da concessão da reencarnação com todas as fases, durante e após a concepção, o reencarnante imprime as suas necessidades e heranças genéticas nas moléculas de DNA do novo corpo físico, comprometendo ou até mesmo potencializando as funções dos neurotransmissores cerebrais. As experiências de vidas anteriores do Espírito, portanto, são os legados trazidos e construídos por si mesmo, plasmando-se-lhe o fadário. Se houver sincero desejo de redimir-se das faltas, o mecanismo da Lei de causa e efeito aplica-lhe o abrandamento correspondente aos ecos dos deslizes morais que lhe pesam na economia moral.

Isso equivale a assegurar que o gérmen da doença mental já estava registrado no perispírito do reencarnante. Da neurose mais simples, passando pela demência, histeria, ansiedade mórbida, esquizofrenia, a gênese é sempre espiritual. Destacando no debate que a doença mental é expiação ou prova também para os pais que podem ter sido coadjuvantes das culpas desses doentes.

Compreendemos que a cura integral dos quadros psicopatológicos é muito difícil porque consta do plano reencarnatório do Espírito, mas a dor, tanto do doente quanto da família, pode ser suavizada se houver em mente nos envolvidos no drama a certeza de que Deus não coloca fardos pesados em ombros frágeis.

Sob o ponto de vista espírita, a terapêutica no tratamento das tragédias psicopatológicas (obsessivas ou não) é essencialmente preventiva, pois o Espiritismo sugere a resignação ante às vicissitudes da vida que poderiam causar o acirramento ou a atenuação da doença. O autoconhecimento, a busca constante da reforma íntima e a transformação pessoal de cada envolvido constituem meios eficazes de manter a saúde psíquica de todos, já que qualquer um de nós pode ser doente em potencial.

Se atinarmos para a vida eterna, notaremos que sofremos hoje tão somente uma fase diminuta e transitória da existência. Urge reconhecer, por isso mesmo, que a cruz que transportamos, embora possa parecer excessivamente pesada, pode ser perfeitamente carregada se mantivermos a força moral e confiança na Providência Divina, e todo esforço será recompensado consoante estabelece os Estatutos do Criador, em cujos códigos jamais haverão espaços para dispositivos injustos.




Jorge Hessen





Fonte do Texto e da Gravura: do Blog "Artigos Espíritas"
https://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com.br