sábado, 14 de dezembro de 2013

SAUDAÇÃO AO SOL - SURYA NAMASKAR


Há milhares de anos, na antiga tradição indiana, essa atividade cumpria dupla finalidade: como religião, adorar o Deus Sol (Surya), e, como exercício, para tornar o corpo flexível, ágil, acordar a energia interna e despertar a energia espiritual da kundalini.

O Surya Namaskar (Saudação ao Sol) é uma sequência de flexões e extensões. Inicia-se memorizando os asanas e depois sincronizando com as inspirações e exalações. Quando se eleva a cabeça, os braços ou tronco, inspira-se, e quando baixamos o tronco, os braços ou a cabeça, exala-se.

A hora ideal para a prática é ao nascer ou ao pôr-do-Sol , de preferência ao ar livre, se não estiver frio, de frente para o Sol, sentindo seu calor e sua luz impregnando todo o ser.

O Surya Namaskar estimula o fogo digestivo e, praticado de forma dinâmica, estimula pingala, a nadi do lado direito da coluna, também conhecida como nadi solar.

Praticado de forma lenta, estimula ida, nadi lunar, do lado esquerdo, e estimula-se o desenvolvimento mental.

Quem conhece os chakras pode visualizar a estimulação deles através da energia que passa a percorrer mais e melhor em ida e pingala.

O movimento do Surya Namaskar desimpede as nadis, permitindo aumentar e controlar o fluxo de energia sutil no corpo, e como cada asana acentua o fluxo do prana para cima e para baixo, os bloqueios são removidos realizando uma canalização construtiva dessa energia.

Essa canalização é aumentada devido ao desbloqueio e a estimulação do manipura, que é profundamente afetado pela prática, ao mesmo tempo em que aumenta o fluxo de energia em pingala nadi.

O manipura está ligado ao plexo solar, onde existe uma grande quantidade de nervos que dele se originam, como raios de Sol. O plexo solar é ativado por pingala, e é responsável pela digestão e assimilação dos nutrientes.

Uma pessoa muito mental e introspectiva pode se reequilibrar fazendo o Surya Namaskar mais rápido. Uma pessoa muito ativa e agitada pode se reequilibrar praticando-o mais lentamente.


Cathia Karin Heuser



Diz-se que a série de exercícios da saudação ao Sol, chamada Surya namaskar, em sânscrito, remontaria à pré-história, quando o homem reverenciava Savitri, o deus-Sol, mas temos evidências de que as práticas de asanas são muito mais novas do que se imaginava algumas décadas atrás.

Mas isso não importa, pois a pré-história pode ser evocada agora, e você pode resgatar a intensidade que os pensamentos, intuições ou sentimentos tinham antes de existir a linguagem, as convenções sociais, as expectativas, a pressão, o estresse e as instituições que acabam com a liberdade do homem de hoje.

saudação ao Sol é um exercício de movimento e respiração que funciona como uma preparação para o resto da prática de asanas, sem ser exatamente um aquecimento. Consiste em um grupo de movimentos que se fazem associados à respiração sussurrante, ujjayi pranayama. Ao mesmo tempo, deve-se manter a contração da parte inferior do abdômen, em uma variação sutil do uddiyana bandha, somada à contração dos esfí­ncteres, mula bandha, aos drishtis, as fixações oculares, e a uma atitude interior de observação constante.

Na prática do Ashtanga Vinyasa Yoga existem duas formas de se fazer a saudação ao Sol, chamadas Surya namaskar A e B. Se você não estiver familiarizado com essa prática, precisa tomar muito cuidado e preparar-se antes de tentar fazê-la.

É importantí­ssimo levar-se em consideração o alinhamento do corpo em cada postura para evitar distensões. A supervisão das práticas por um professor competente é altamente recomendável.

O objetivo da saudação ao Sol é sincronizar o movimento com a respiração para aguçar a mente. Isso produzirá um aquietamento das emoções e dos pensamentos, preparando você para o resto da prática. Ao mesmo tempo, fortalece o corpo, aumenta a saúde geral, estimula as glândulas adrenais e o timo, atrás do coração, produz uma sensação de leveza e felicidade e revela a própria força interior.

A saudação ao Sol simboliza a interdependência entre todas as formas de vida e deve ser feita com respeito, humildade, força de vontade, convicção e concentração. Esses movimentos podem ser considerados como uma prece a Savitri, o deus védico do Sol, ou melhor, a inteligência que está por trás do Sol e de toda a criação. Savitri é a fonte de todas as formas de vida, a própria inteligência que anima o seu corpo e graças à qual você existe.

A numeração a seguir corresponde ao número correto de vinyasas (movimentos associados com respiração) de cada Surya namaskar.


Surya namaskar A



Comece em samasthitih, mantendo os pés unidos e os braços ao longo do corpo. Fixe o olhar na ponta do nariz e observe a respiração.

1 (ekam). Inspirando, eleve os braços lateralmente, fazendo um movimento circular até unir as palmas das mãos acima da cabeça olhando para os polegares. Alongue-se verticalmente e tracione a coluna criando espaço entre as vértebras. Os dedos das mãos e dos pés devem estar alinhados; o corpo fica como uma corda esticada, crescendo em direção ao céu. Mantenha os ombros na mesma altura e, ao mesmo tempo, mantenha-os afastados da base do pescoço.

2 (dve). Exale flexionando o corpo à frente, fazendo uttanasana, com a cabeça em direção aos joelhos e o olhar naponta do nariz. Uttanasana é uma postura de intenso alongamento posterior.

3 (trini). Inspire elevando a cabeça, sem enrugar a pele da nuca, alongando a coluna e fixando o olhar no intercí­lio. Essa é a segunda variação do uttanasana.

4 (chatvari). Exale e dobre os joelhos, tomando impulso e saltando ou caminhando para trás até a posição de flexão de braços, chaturanga dandasana. Olhe para a ponta do nariz. Na medida do possível, mantenha o tórax, o abdômen e as pernas elevados do chão. Os pontos de contato entre seu corpo e o chão são as mãos e as pontas dos pés. Chaturanga significa quatro (chatur) pontos (anga).

5 (pañcha). Inspire elevando o tronco, fazendo urdhva mukha svanasana, a posição do cachorro olhando para cima. Coloque o olhar novamente no intercí­lio. Não solte o peso da cabeça para trás; mantenha o pescoço ativo. Os joelhos, as coxas e a pélvis ficam elevados, sem tocar o chão.

6 (shat). Exale e eleve os quadris em adho mukha svanasana, a posição do cachorro olhando para baixo. Fazendonabhi drishti, olhe para o umbigo. Permaneça nesse asana durante cinco respirações. Apóie firmemente as mãos no chão. Distribua o peso de maneira uniforme entre as mãos e os pés. Mantenha as patelas elevadas, as coxas ativas, o cóccix apontando para cima e as costas na mesma linha reta dos braços.

7 (sapta). Inspire saltando ou andando para frente até colocar os pés entre as mãos. Olhe para o ponto entre as sobrancelhas em bhrumadhya drishti, repetindo a segunda variação do uttanasana.

8 (ashtau). Exale flexionando o tronco em uttanasana e olhando para a ponta do nariz.

9 (nava). Inspire elevando o corpo e olhando o ponto entre as sobrancelhas. Mantenha a espinha ereta. Faça um movimento circular dos braços, trazendo as mãos acima da cabeça e olhando para os polegares.

Exale e desça os braços ao lado do corpo, em samasthitih. Olhe relaxadamente para a ponta do nariz, fazendo nasagra drishti.

Comece a praticar fazendo três ciclos do Surya namaskar A e depois aumente esse número para cinco ciclos.



Surya namaskar B



Para iniciar, faça samasthitih, com os pés unidos e os braços ao longo do tronco. Olhe para a ponta do nariz.

1 (ekam). Inspire flexionando os joelhos, elevando lateralmente os braços e unindo as mãos acima da cabeça. Essa postura se chama utkatasana. Olhe para os polegares.

2 (dve). Estenda as pernas e depois exale, flexionando o tronco à frente, fazendo uttanasana e nasagra drishti, e fixando o olhar na ponta do nariz.

3 (trini). Inspire e eleve a cabeça, alongando a coluna num plano inclinado e fazendo bhrumadhya drishti, a fixação ocular no intercí­lio.

4 (chatvari). Exale flexionando levemente os joelhos, saltando para trás com os pés juntos ou dando um passo longo com uma perna de cada vez até fazer o chaturanga dandasana, a postura em quatro pontos de apoio. Fixe o olhar nonariz.

5 (pañcha). Inspire elevando o tórax, esticando o pescoço e projetando o alto da cabeça para trás, mas sem comprimir a nuca. Aqui você está em urdhva mukha svanasana, a postura do cachorro olhando para cima. Dirija o olhar novamente para o intercí­lio.

6 (shat). Exale projetando o cóccix para cima, fazendo adho mukha svanasana, a postura do cachorro olhando para baixo. Faça nabhi drishti, olhando para o umbigo.

7 (sapta). Inspire dando um passo bem grande à frente com o pé direito, mantendo a planta do pé esquerdo bem apoiada no chão. Aqui você está em virabhadrasana A. Eleve os braços lateralmente, unindo as palmas das mãos. Mantenha o joelho direito flexionado e a perna esquerda estendida. Faça angustha madyai drishti, olhando para as unhas dos dedos polegares.

8 (ashtau). Na próxima exalação volte para o chaturanga dandasana e olhe para a ponta do nariz.

9 (nava). Inspire repetindo o urdhva mukha svanasana, a postura do cachorro olhando para cima, fixando novamente o olhar no intercí­lio.

10 (dasha) . Exale voltando para o adho mukha svanasana, a postura do cachorro olhando para baixo, e faça a fixação ocular no umbigo.

11 (ekadasha). Inspire dando um passo longo com o pé esquerdo, mantendo a planta direita bem firme no chão. Assim, você repete o virabhadrasana A: alongue os braços acima da cabeça e una as palmas das mãos. O joelho esquerdo fica flexionado, alinhado verticalmente com o tornozelo. Faça novamente angustha madyai drishti, olhando para os polegares.

12 (dvadasha). Exale voltando para o chaturanga dandasana, a postura sobre quatro pontos de apoio: as mãos e os pés. Olhe para a ponta do nariz.

13 (trayodasha). Inspire e repita os mesmos movimentos, fazendo primeiramente a postura do cachorro olhando para cima, urdhva mukha svanasana, e o bhrumadhya drishti (fixação ocular no intercí­lio).

14 (chaturdasha). Exale voltando para o cachorro olhando para baixo. Pare nessa posição e respire bem devagar e profundamente durante cinco ciclos.

15 (pañchadasha). Inspire voltando à posição em pé, andando ou saltando até colocar os pés entre as mãos. Mais uma vez, faça bhrumadhya drishti, olhando para o ponto entre as sobrancelhas.

16 (sodasha). Exale devagar, olhando para a ponta do nariz. Aqui você está em uttanasana, alongando bem a coluna vertebral.

17 (saptadasha). Inspire flexionando ao máximo os joelhos enquanto eleva o tronco verticalmente em utkatasana, mantendo o agachamento. Olhe outra vez para os dedos polegares.

Exale longamente estendendo os joelhos. Deixe os braços ao longo do tronco em samasthitih.

Inicie com três ciclos de Surya namaskar B e depois aumente para cinco.



Pedro Kupfer




Site do professor Pedro Kupfer em www.yoga.pro.br
Site da professora Cathia Karin Heuser em www.karinheuseryoga.com


Fonte dos Textos: EKADANTA YOGA
http://www.ekadantayoga.com.br/
Fonte das Gravuras: https://omjoy.blog.br/wp-content/uploads/2022/01/Surya-Namaskar-A-Saudacao-ao-Sol-A-Yoga-1024x683.jpg
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