A trajetória percorrida pela humanidade da superfície da Terra levou-a a identificar-se tão acentuadamente com o lado externo da vida que o seu contato com mundos sutis e com a simbologia oculta na própria existência material foi praticamente desaparecendo.
Os símbolos contêm em si a síntese de realidades intemporais; transcendem, portanto, a cronologia do mundo material e, sob véus, guardam indicações que podem ser compreendidas com diferentes chaves.
Segundo HPB (Helena Petrovna Blavatsky) todo símbolo apresenta-se sob sete chaves, e cada uma delas deve ser girada sete vezes. Portanto, por ter direta relação com os níveis de consciência, um símbolo pode ser compreendido sob a luz de sete vezes sete energias. HPB disse também que no século XIX, época em que escreveu "A Doutrina Secreta", apenas três dessas chaves estavam disponíveis ao homem. Ao longo dessa obra são dadas indicações que podem conduzir o estudante ao descobrimento dessas chaves, que estão coligadas às seguintes abordagens: antropológica, astrológica, astronômica, física ou fisiológica, geométrica, metafísica, mística, numérica, psicológica.
Na atual transição planetária, muitos setores dos arquivos akáshicos (1) que no passado permaneciam velados, exceto aos Iniciados de graus mais avançados (de Quinta Iniciação em diante), agora estão se tornando acessíveis a partir da Terceira Iniciação. Em raros casos, quando sob a égide de uma Hierarquia (6), alguns contatos com esses registros podem ser estabelecidos mesmo por Iniciados de segundo grau.
Essa ampliação da possibilidade de acesso aos arquivos akáshicos repercute em toda a esfera planetária, permitindo ao homem perceber mais claramente certos assuntos, antes para ele abstratos, e penetrar regiões da consciência até então inatingíveis. Isso é válido principalmente para o ser resgatável, por ter ele de alguma maneira acolhido o impulso da Luz interior. Em outras palavras, esse processo faz o Céu aproximar-se da Terra, e a Terra elevar-se ao Céu.
Certas passagens da vida de Jesus representam etapas iniciáticas. Todavia, o que se deu com o Cristo, em Jesus, desde a sua prisão até a ressurreição (2), corresponde, também, a fases específicas da atual transição planetária. Para se compreender isso deve-se fazer, portanto, leituras diferentes dos mesmos acontecimentos simbólicos.
Esta transição é um processo tão amplo e de repercussões tão profundas na evolução de todo o planeta — e também do sistema solar — que seu verdadeiro significado não foi ainda apreendido pelos seres resgatáveis (3). Quando reconhecida como uma realidade já em ato, na maioria dos casos sua essência é deturpada pelo egoísmo ainda presente nesses seres, o que os leva a se focalizarem em sua própria salvação e na dos seus entes coligados. Todavia, muito maiores são as dimensões da oportunidade que foi, está e será colocada diante dos homens da superfície da Terra nesta época.
"Bem-aventurados os que não viram e creram." (João 21,23)
Mesmo considerando-se que no decorrer dos tempos alterou-se em vários pontos o sentido original dos textos dos Evangelhos — seja pela própria limitação de alguns tradutores, que não sendo Iniciados não podiam penetrar corretamente o seu significado; seja pela limitação das línguas modernas, que não têm vocábulos adequados para exprimir certas realidades interiores; seja pela intenção de alguns indivíduos de preservarem seus dogmas e dominarem a maioria ignorante — ainda assim podemos encontrar, na versão atual desses textos, certas passagens simbólicas que nos permitem aproximar-nos um pouco mais da Verdade oculta na manifestação do Cristo. É importante ressaltar que a energia imbuída nessas passagens não está nas palavras escritas, mas emerge do contato com a Fonte de onde foram gerados os fatos ali descritos. Portanto, a meta de um estudo revelador não é o conhecimento dos fatos em si, mas a construção de uma ponte com a Vida que sustém toda a Árvore da Criação.
O processo vivido por Cristo, em Jesus, desde a sua prisão até a ressurreição, processo que espelha os dias atuais, pode ser sintetizado em sete etapas (4):
1 - A prisão: a traição da humanidade.
3 - O caminho da cruz: o gradual despertar do ser.
4 - A crucificação: o sacrifício como meio de transmutação.
5 - Os momentos finais no Gólgota: a reação inevitável.
6 - O sepultamento: uma nova oportunidade para os que se calaram.
7 - A ressurreição: o novo tempo prenuncia-se.
A Ressurreição: o novo tempo prenuncia-se
Passados três dias do sepultamento, Maria Madalena e algumas outras mulheres dirigem-se ao túmulo de Jesus e encontram-no aberto; um anjo avisa-lhes que Jesus ressuscitara.
A renúncia realizada por Cristo-Jesus, no horto de Getsêmani, dois mil anos atrás, não dizia respeito a uma Iniciação comum: o que se passou naquela ocasião abrangeu não apenas uma Consciência individual, mas toda a Hierarquia planetária. Por esse meio ficou selado o compromisso silencioso e invisível de redenção da vida material da superfície da Terra, compromisso vivido plenamente pelo atual Instrutor do Mundo, o Cristo, e assumido por toda a Hierarquia do planeta. Assim, a condução da matéria à renúncia, levando-a a render-se à vontade do Espírito, teve o seu princípio ativado de maneira especial por uma consciência cósmica, o Cristo, que imprimiu sua energia no íntimo de cada átomo físico numa voltagem até então desconhecida, e introduziu na vida terrestre de superfície a possibilidade de um dia ser receptáculo adequado para a chama divina. Essa "crucificação", que teve início há dois mil anos, prossegue até os dias de hoje, por ter sido a abertura de um processo ainda não consumado; este, porém, aproxima-se de um desfecho.
É visível o processo de "crucificação" pelo qual o planeta está passando, mas quem sabe ler nas entrelinhas da crônica fatalista e caótica dos dias de hoje percebe o fluir de uma seiva que é a essência da nova vida. Ao compreender mais profundamente tal realidade, o homem começa a compartilhar dessa energia que move a grande e iminente transformação planetária, e, agindo em prol dessa transformação, a ela dedica-se por inteiro.
Trigueirinho
Fonte: do livro "O Mistério da Cruz na Atual Transição Planetária"
Ed. Irdin, Carmo da Cachoeira/MG, 2018
Fonte da Gravura: https://pixabay.com/pt/illustrations/jesus-cristo-deus-sagrado-esp%c3%adrito-4779543/
Notas:
1 - Arquivos akáshicos. Níveis de consciência onde estão gravadas as informações sobre todo o Universo, desde o princípio de sua manifestação até o seu retorno aos mundos incriados.
2 - Ressurreição. Um dos mais ocultos processos interiores para o homem de superfície da Terra. Na atual transição planetária, a completa experiência desse processo ocorre quando o ser alcança a Sétima Iniciação, integrando-se à Hierarquia Solar.
3 - Seres resgatáveis. Seres, dos vários reinos existentes na Terra, capazes de responder aos estímulos evolutivos e de integrarem-se à parcela da vida planetária que permanecerá incólume durante os conflitos mais agudos da atual transição.
4 - Os episódios citados nos itens a seguir constam nos Evangelhos de Mateus (26,36 a 28,15), de Marcos (14,32 a 16,11), de Lucas (22,39 a 24,12) e de João (18,1 a 20,18).
5 - Energia feminina. A energia em si é neutra, porém quando se manifesta na vida física cósmica ela pode assumir qualidade receptiva (feminina) ou criativa (masculina). A Terra atualmente ingressa em uma fase na qual a energia feminina caracterizará seus processos evolutivos.
6 - Hierarquia planetária. Consciências que, a partir de níveis profundos, conduzem a vida planetária à consecução do seu propósito espiritual.
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