sexta-feira, 17 de maio de 2013

VOCÊ CONTINUA VIVENDO COMO UM ZUMBI


Você continua vivendo como um zumbi - uma vida de rotina, todos os dias, repetindo o mesmo - sem nunca pensar que você ainda não fez a coisa mais importante: você ainda não encontrou a si mesmo.

Você não atingiu a consciência de si mesmo, você está empenhado em fazer o seu ego tão grande quanto possível.

Mas o ego é seu inimigo, não seu amigo. É o ego que lhe dá feridas e te machuca. É o ego que faz você  violento, furioso, ciumento, competitivo. É o ego que está continuamente comparando e sentindo-se miserável.

A consciência de si mesmo é a consciência do seu mundo interior, o reino de Deus. Quando você se torna ciente da enorme beleza do seu próprio ser - a sua alegria, a sua luz, a sua vida eterna, a sua riqueza, o seu amor transbordante - você se sente tão abençoado que pode abençoar o mundo inteiro, sem qualquer discriminação.

Mate o ego, porque ele está escondendo sua alma autêntica. E descubra sua alma, que vai ser a sua consciência de si mesmo.



Osho, em "The Hidden Splendor"



Fonte: www.palavrasdeosho.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

AÇÃO DO PENSAMENTO


Todo pensamento cultivado se incorpora à conduta do homem.

O pensamento é força que plasma desejos cuja consistência varia de acordo com a incidência da ideia geradora.

O mundo parafísico é constituído de energia mento-neuro-psíquica maleável à vontade que age sobre ela, elaborando as formas nas quais o indivíduo se aprisiona ou com elas se liberta.

A conduta mental responde pelo comportamento físico e moral.

Hábito é vida, na ação do dia-a-dia.

O ódio contumaz atira dardos destruidores como o ouriço irritado lança espículos ferintes.

A mágoa constante intoxica e enferma, à semelhança do pântano que exala miasma venenoso.

A revolta contínua alucina, tanto quanto a serpente agressiva pica e mata.

A inveja permanente desarticula a capacidade de julgamento equilibrado, qual ocorre com o ciúme que se atormenta e persegue com desatino.

Os lobos caem nas armadilhas para lobos.

Quem semeia desequilíbrio, defronta tempestades.

A amizade pura exterioriza simpatia afável como a violeta, o perfume agradável.

O amor irradia beleza, da mesma forma que a terra cultivada oferta o pão.

A bondade natural cativa o próximo, como a paisagem iluminada ganha a emoção superior.

O perdão indistinto aureola de paz que contagia, à semelhança da luz que penetra e aquece.

Cordeiros pastam com cordeiros.

A vida responde conforme a proposta da questão.

Quem esparge esperança recolhe bênçãos.

O homem é a sua vida mental, que lhe cumpre educar e movimentar a bem de si próprio e do progresso geral, co-construtor que é, consciente ou inconscientemente, na obra da divina Criação.



Divaldo Pereira Franco/Carneiro de Campos





Fonte: do livro "Seara do Bem"
(Publicado em www.caminhosluz.com.br)
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quarta-feira, 15 de maio de 2013

O VERDADEIRO TRABALHO ESPIRITUAL


Quando estudamos espiritualidade pela primeira vez, geralmente nossa intenção é ajudar a nós mesmos. Gostaríamos de nos tornarmos pessoas melhores, vivendo vidas melhores. Nosso objetivo é ter menos pensamentos negativos, menos julgamento e menos relacionamentos “tóxicos”.

Mas em algum momento, um verdadeiro aluno percebe que a Kabbalah não se trata de autoajuda. Trata-se de ajudar os outros, pois a melhora em nossas vidas é apenas o resultado de sermos um grande canal para melhorar a vida dos demais.

O verdadeiro trabalho espiritual é importar-se com a elevação espiritual do mundo inteiro.




Rav Yehuda Berg




Fonte: Centro de Cabala
www.kabbalah.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal





TER SUCESSO PELO BEM COMUM E NÃO À CUSTA DOS OUTROS


Uma pessoa pode alcançar o amor geral por toda a humanidade, toda a natureza e toda a realidade a partir do amor dos amigos. Então, ela vê que o nosso mundo também assume uma forma onde há apenas atributos, onde não há matéria, mas apenas uma força. Esta força é a única coisa que opera no mundo em suas diferentes variações.

Não há mundo corporal e espiritual separados, mas apenas um mundo. Se a pessoa olha para si mesma e para o mundo inteiro corretamente, ela entende que não há nada que foi criado contra ela, mas tudo foi criado apenas para o benefício da conexão entre nós e a ascensão à doação mútua, à conexão.

Assim, do amor dos amigos, nós chegamos ao amor do Criador, isto é, o amor de toda a realidade, o desejo dar satisfação ao Criador. Doar ao Criador significa doar a todos. O termo “juntos” representa o Criador. A pessoa serve todas as criaturas e a força interior que as criou e anima, e através delas doa ao seu Criador que existe nelas.

Portanto, nós vemos que a sabedoria da Cabalá é um método muito prático. Nós podemos estudá-la como uma teoria por muitos anos e não avançar. O principal é a implantação real, e ela só pode ser realizada na conexão entre nós.

Assim, quando nos reunimos nestas Convenções, isso nos permite conectar e absorver o espírito geral. A quantidade de pessoas que se reúne ajuda-nos a chegar a uma grande intensidade. Elas não precisam ser necessariamente alunos antigos com grande experiência. A principal coisa é a força geral, quando cada um quer sair de si mesmo e entrar no outro, “derramar-se” para fora, e cair em seus braços. Assim, ela abre a percepção para o mundo e começa a descobrir a natureza, independentemente dos seus cinco sentidos físicos.

Há uma qualidade especial na conexão entre os amigos: como os seus pensamentos e opiniões são transmitidos de um para o outro, graças à sua adesão, todos são incorporados nas forças do outro, em seus atributos e sua perspectiva. Graças à incorporação geral, cada um recebe o poder de todo o grupo.

Cada indivíduo é pequeno e fraco, com poderes limitados. Mas tudo é organizado de modo que, se ele estiver incorporado no grupo, o qual não foi dado a ele por acaso, ele se completa através dele. Isso é o suficiente para sentir de forma plena todo o mundo espiritual. Nenhum de nós pode sentir a espiritualidade, mas através da conexão, todos podem adquiri-la.

É claro que a pessoa tem a chance de adquirir um grande desejo espiritual num grande grupo. É mais fácil de fazê-lo, porque é mais fácil de anular-se diante de uma grande sociedade, quando muitas pessoas influenciam a pessoa. Nós devemos apenas pressionar um pouco, e isso pode acontecer. Nós seremos capazes de transcender a nós mesmos e alcançar a realidade superior na incorporação entre nós. Eu espero que nós cumpramos isso e, juntos, descubramos a verdadeira realidade em que estamos vivendo.

Isso não é misticismo, mas uma ciência, a psicologia superior. Ao revelar o mundo superior, vamos descobrir as leis superiores da natureza, da qual a física moderna já está chegando perto. A física moderna está na fronteira da matéria, onde as leis corporais desaparecem, e é por isso que os físicos não conseguem descobrir o que está acima do tempo, espaço e movimento. Nós, no entanto, iremos revelar tudo isso, já que os nossos sentidos estarão prontos para isso. Então, vamos descobrir como devemos nos comportar corretamente no nosso mundo e como controlar nosso destino. Nós teremos a chave para o sucesso, não à custa dos outros, mas para o benefício de todos!


Rav Dr. Michael Laitman, PhD.


Da Palestra sobre a Importância da Reunião 10/05/13


Fonte: http://laitman.com.br/2013/05/ter-sucesso-pelo-bem-comum-e-nao-a-custa-dos-outros/
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

PARÁBOLAS E SÍMBOLOS


Pergunta-se, frequentemente, por qual razão falava Jesus por parábolas.

A interrogação pode ser respondida após breve e cuidadosa reflexão.

Desejando que a Sua mensagem ultrapassasse o tempo em que era enunciada e o lugar em que se fazia ouvida, não poderia ficar encerrada nas formulações verbais vigentes, pela pobreza da própria linguagem.

Se assim fora, à medida que o tempo avançasse, ficaria superada em razão da maneira como fora formulada.

Utilizando-se, porém, da parábola, do conhecimento dos símbolos, deu-lhe caráter de permanência em todas as épocas.

A Semiótica ou disciplina que estuda os símbolos, demonstra a facilidade que os mesmos representam para o entendimento de tudo quanto é transcendental ou subjetivo, tornando-o de fácil identificação. Talvez o símbolo seja o recurso mais recurso de comunicação entre os seres humanos.

Especialistas em paleontologia encontraram-nos gravados em cascas de ovos há mais de sessenta mil anos, o que confirma a sua perenidade.

Todo símbolo reveste-se de um significado, não somente num como em todos os lugares, em qualquer idioma ou dialeto, facilitando o entendimento da sua representação.

Demais, uma narrativa amena, em forma de parábola, facilmente é entendida, ao mesmo tempo, memorizada, e quando é narrada, embora se alterem as palavras, o símbolo nela incluído ressalta e preserva-lhe o significado.

Convivendo com mentes pouco esclarecidas culturalmente, numa época de obscurantismo e de graves superstições, deveria superar os limites de então e coroar as futuras conquistas do conhecimento intelectual.

Concomitantemente, o seu objetivo era o de insculpir o pensamento no imo das emoções, e as parábolas, por centrarem o seu significado nos símbolos, jamais seriam olvidadas ou adulteradas.

Caberia à psicologia do futuro penetrar nos arcanos do inconsciente humano, no qual se arquivam todos os acontecimentos e se transformam em símbolos, que se fazem decompostos à medida que são liberados em catarse espontânea...

Uma figueira brava e uma rede de pescar, uma pérola e uma semente de mostarda em qualquer idioma e em todas as épocas preservam a sua realidade, facilitando o entendimento da narrativa na qual comparecem.

Desejando apresentar o reino dos Céus de forma inconfundível como deveria ser, totalmente desconhecido então, explicitado num símbolo adquiria fácil compreensão dos ouvintes e mais acessível assimilação emocional.

A moderna psicologia analítica, assim como a psicanálise penetram nos símbolos para interpretar os arquétipos, as heranças ancestrais, os mitos e contos de fadas, que se encontram arquivados nos recessos profundos do inconsciente humano.

Recorrem aos sonhos e às associações, para desvelar as imagens sombreadas e guardadas em símbolo que, interpretados, facultam trabalhar-se os conflitos, a fim de dilui-los. (...)

Todos os seres humanos têm no seu jornadear conflitos semelhantes aos do filho pródigo, que foge do lar, atraído pela ilusão do prazer e, tombando na realidade angustiante que desconhecia, retorna à segurança do pai generoso... (...)

A reflexão em torno das virgens loucas, insensatas e das prudentes, que se preservaram, teoriza, de forma segura, o significado da fidelidade ao dever de maneira muito especial. 

O pastor que vai em busca da ovelha extraviada, assim como a mulher que procura a dracma perdida, são especiais e inesquecíveis ensinamentos sobre a valorização e a dedicação pessoal. (...)

Todos os seres humanos estão incluídos no sermão do monte, quando o amor se transforma na fonte inexaurível da trajetória evolutiva dos Espíritos.

Por fim, ele exclamou: 

- O Reino dos Céus está dentro de vós... 

Exultai!



Fonte: trechos de mensagem psicografada por
Divaldo Pereira Franco
Centro Espírita Caminho da Redenção, Salvador/BA
http://www.caminhosluz.com.br/pesquisa.asp?s=parabola&tp=tit&x=-1075&y=-106
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

terça-feira, 14 de maio de 2013

NÃO HÁ NADA MAIS PARA CONSEGUIR


Quando duas essências se encontram, existe amor. E o amor é um fenômeno alquímico — assim como o hidrogênio e o oxigênio se encontram e algo novo, a água, é criado.

Você pode ter hidrogênio, pode ter oxigênio, mas, se estiver com sede, eles serão inúteis. Você pode ter tanto oxigênio quanto quiser, mas a sede não desaparecerá.

Quando duas coisas se encontram, uma coisa nova é criada. Essa coisa é o amor. E ele é como a água; a sede de muitas, muitas vidas é saciada. De repente, você fica satisfeito. 

Esse é o sinal visível do amor; você fica satisfeito, como se tivesse conseguido tudo. Não há nada mais para conseguir; você alcançou o seu objetivo. Não há outro objetivo além desse, o destino está cumprido. A semente virou uma flor, chegou ao seu florescimento máximo.

O contentamento profundo é o sinal visível do amor. Sempre que uma pessoa está amando, ela sente um profundo contentamento. O amor não pode ser visto, mas o contentamento, a satisfação profunda que a rodeia... sua respiração, cada movimento, todo seu ser demonstra contentamento.

Você pode se surpreender quando lhe digo que o amor faz com que você não tenha desejos, mas o desejo vem do descontentamento. Você deseja porque não tem. Deseja porque acha que, se tivesse algo, isso lhe daria contentamento. O desejo nasce do descontentamento.

Quando existe amor e duas essências se encontraram, dissolveram-se, fundiram-se e nasceu uma nova qualidade alquímica, o contentamento está presente. É como se toda a existência tivesse parado — nenhum movimento. 

Então o instante presente é o único instante. E aí você pode dizer, “Ah, este bolo está uma delícia”. 

Mesmo a morte não significa nada para o homem que ama.



Osho, em "Coragem: O Prazer de Viver Perigosamente"




Fonte: www.palavrasdeosho.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

RENOVAÇÃO EM AMOR


"E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem”.  Paulo (II Tessalonicenses, 3:13)

Quando as crises te visitem, ante os problemas humanos, é justo medites nos princípios de causa e efeito, tanto quanto é natural reflitas no impositivo de burilamento espiritual, com que somos defrontados, entretanto, pensa igualmente na lei de renovação, capaz de trazer-nos prodígios de paz e vitória sobre nós mesmos, se nos decidimos a aceitar, construtivamente, as experiências que se nos façam precisas.

Se atingiste a integração profunda com as bênçãos da vida, considera a tarefa que a Divina Providência te confiou.

Deus não nos envia problemas de que não estejamos necessitados.

Aceitação e paciência, sem fuga ao trabalho, são quase sempre a metade do êxito em qualquer teste a que estejamos submetidos, em nosso proveito próprio.

Se qualquer tempo é suscetível de ser ocasião para resgate e reajuste, todo dia é também oportunidade de recomeçar, reaprender, instruir ou reerguer.

O amor que estejamos acrescentando à obrigação que nos cabe cumprir, é sempre plantação de felicidade para nós mesmos.

Onde estiveres e como estiveres, nas áreas da dificuldade, dá-te à serenidade e ao espírito de serviço e entenderás, com facilidade, que o amor cobre realmente a multidão de nossas faltas, apressando, em nosso favor, a desejada conquista de paz e libertação.


Francisco Cândido Xavier/Emmanuel




Fonte: do livro "Ceifa de Luz"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A VIDA


A vida surpreende-nos a todos através do veículo da morte, que nos convida à outra dimensão de pensamento e vida, quando a consciência, livre dos impositivos cerebrais, desperta "in totum" para a compreensão do ser que somos. Felizes, portanto, aqueles que, diante da verdade, não procuram mecanismo escapistas nem formulações paliativas, mediante os quais fogem do enfrentamento com o dever, procurando a reabilitação que se faz indispensável. Ninguém, todavia, foge de si mesmo.

Não é necessário prestar-se a satisfação aos outros, a respeito dos atos, nobres ou horrendos, porque o problema é interno, pessoal, intransferível. E graças a essa conduta dúplice - a interior, que é legítima, e a externa, que se apresenta como convencional, a da aparência - que incontáveis indivíduos derrapam nos transtornos neuróticos da depressão e de mais graves injunções psicóticas, exatamente por desejarem impedir o reflexo dos atos monstruosos que lhes constituem o caráter real.

Indiscutivelmente são bem aventurados aqueles que se encontram no eito das aflições transitórias, porque se lapidam para futuras experiências, resgatam as promissórias em débito, preparando-se para as inefáveis alegrias existenciais e espirituais.

As aquisições de sabor moral e espiritual, como a paz de espírito, que decorre da consciência responsável, aquela que resulta de pensamentos saudáveis, de palavras justas e de conduta correta, o enriquecimento interior mediante o conhecimento e a prática do Bem, o serviço fraternal de misericórdia e de socorro, aumentam os sentimentos de amor, de caridade e de iluminação interna. 

O nosso único objetivo é proporcionar orientação para apressar a instalação do reino de Deus entre os habitantes físicos da Terra, evitando que tombem nas desgraças reais.

Nunca se poderá conhecer a dimensão do sofrimento sem que seja experimentado por cada qual.




Divaldo Pereira Franco/Victor Hugo




Fonte: do livro "Os Diamantes Fatídicos"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS


Houve na História seres cuja ação e influência, em dado momento, alteraram completamente a vida de milhões de outros seres humanos. Mas, de fato, eles foram apenas os condutores de acontecimentos que estavam a ser preparados há muito tempo e que alguns talvez tenham intuído. 

Do mesmo modo, para aqueles que são vítimas, um tremor de terra, por exemplo, é um fenômeno que ocorre de um modo extremamente súbito, mas, na realidade, ele é o resultado de longos processos que o antecederam e cujos sinais prenunciadores teria sido possível perceber. 

Nada no universo nasce de um momento para o outro, nada se realiza num instante, tudo o que ocorre estava em marcha há muito tempo. O nosso mundo não é o das causas, mas o das consequências. E esta lei não rege só os acontecimentos que se dão na sociedade ou na natureza; vemo-la agir também em nós. 

A saúde e doença são precisamente aplicações dela. Alguém está de boa saúde e um dia, bruscamente, é vítima de um ataque cardíaco ou de um acidente cerebral. Ele diz: «Foi em tal dia que eu fiquei doente.» Não, a doença declarou-se realmente nesse dia, mas ela já estava a caminho há muito tempo.


Omraam Mikhaël Aïvanhov




Fonte: www.prosveta.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

VACUIDADE E RENÚNCIA


Sidarta (Buda) descobriu que a única maneira de confirmar a existência real de alguma coisa é provar que ela existe independentemente, livre de interpretação, fabricação ou mudança. Para Sidarta, todos os mecanismos aparentemente funcionais para nossa sobrevivência diária  -  físicos, emocionais e conceituais  -  caem fora dessa definição. São todos apenas combinações de partes instáveis e impermanentes, portanto estão sempre mudando. (...)

Por exemplo, você poderia dizer que seu reflexo no espelho não tem existência própria porque ele depende de você estar em pé na frente dele. Se fosse independente, então mesmo sem o rosto, deveria haver um reflexo. De modo similar, nada pode realmente existir sem depender de incontáveis condições.

(...) como não temos a inteligência de ver as partes das coisas, nos conformamos em vê-las em conjuntos. Se todas as penas são tiradas de um pavão, deixamos de ficar maravilhados. Mas não estamos querendo muito nos render a ver o mundo dessa maneira.

É como estar aninhado na cama tendo um bom sonho, levemente consciente de estar sonhando, mas não querendo acordar. Ou ver um belo arco-íris e não querer chegar perto, pois ele irá desaparecer.

Ter o espírito corajoso de acordar e examinar é o que budistas chamam de "renúncia". Diferentemente da crença popular, a renúncia budista não é auto-flagelação ou austeridade. 

Sidarta se esforçou e foi capaz de ver que TODA A NOSSA EXISTÊNCIA SE RESUME A ETIQUETAS COLOCADAS EM FENÔMENOS QUE NÃO EXISTEM REALMENTE. COM ISSO ELE EXPERIMENTOU O DESPERTAR.



Dzongsar Khyentse Rinpoche



Fonte: do livro "What Makes You Not a Buddhist"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sábado, 11 de maio de 2013

AMOR - MOTIVAÇÕES E RAZÕES


No mundo prático em que vivemos, o amor frequentemente exige compromissos e limites apropriados; precisamos aprender a dar e tomar, e temos que permanecer ligados à realidade prática. 

O amor transpessoal e o desapego não são sinais de indiferença. 

Para que os relacionamentos dêem certo, precisamos nos esforçar e as vezes até brigar, em vez de fingir que as coisas não têm importância. Temos que tentar, de um modo saudável, fazer as coisas funcionarem e aceitar quando elas não derem certo. 

O Amor requer sinceridade e auto-exame. 

Na qualidade de buscadores espirituais que percorremos o caminho da auto-descoberta, sempre temos que questionar as nossas motivações e razões para amar. Temos que procurar dentro de nós e examinar as nossas motivações e intenções enquanto decidimos o que devemos dar, quando devemos dar e para quem devemos dar. 


Lama Surya Das




(Desconheço a fonte do texto)
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

sexta-feira, 10 de maio de 2013

NO QUE O ESPIRITISMO ACREDITA E NÃO ACREDITA


Uma pessoa enviou o quadro acima pedindo explicação de cada item, segundo a visão espírita.



1 - Não acreditamos mesmo. Pois, foi o próprio Jesus que deixou claro que ele não era Deus. Exemplo: "PAI, NAS TUAS MÃOS ENTREGO O MEU ESPÍRITO" - (Lc 23:46). Mesmo após a sua morte e ressurgimento espiritual, Jesus continua a demonstrar, com suas palavras, que permanece a dualidade e desigualdade entre ele e Deus: "Subo para MEU PAI e vosso Pai, para MEU DEUS e vosso DEUS."- (Jo 20:17) 

2 - Nós não acreditamos que “tudo” que esteja na Bíblia seja a palavra de Deus. Porque no Antigo Testamento há uma PARTE HUMANA e uma PARTE DIVINA. A PARTE HUMANA expressa as ideias que os hebreus faziam quanto à origem do Universo, a criação da Terra e dos seres que a habitam e contém leis civis e disciplinares escritas por Moisés e outros dirigentes hebreus.  A PARTE DIVINA são os 10 mandamentos. Tanto que, muitas leis de Moisés dizem para: “... apedrejar até a morte”, caso não sejam seguidas. E uma das leis contidas nos 10 mandamentos diz: “ não matarás”. Então, se todas as leis fossem de Moisés, este seria contraditório. Da parte humana da Bíblia, muita coisa ficou ultrapassada pelo progresso do conhecimento humano e mudança dos costumes sociais. Exemplo: O homem que se deitar com outro homem (homossexualismo) será punido até a morte (Levítico, 20: 13); deficientes físicos estão proibidos de aproximar-se do altar do culto, para não profaná-lo com seu defeito (Levítico, 21: 17-23); os adúlteros serão apedrejados até a morte (Deuteronômio, 22: 22);  quem trabalha no sábado será morto (Êxodo, 35:2); os filhos desobedientes e rebeldes, que não ouçam pais e se comprometam no vício, serão apedrejados até a morte (Deuteronômio, 21: 18-21), dentre outros. Como vemos, não são só os espíritas que não seguem o antigo testamento. Cremos que ninguém segue tais leis. Observemos o que Jesus disse: "Vocês ouviram o que foi dito (por Moisés, no passado): 'Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo. Mas eu (Jesus) lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem (...)". Jesus deixou claro que seus ensinamentos, que são os mesmos de Deus, são diferentes dos de Moisés. (*)

3 - Se o Cristo tivesse levado o pecado do mundo o mundo não estaria cheio de pecadores e pecados. Para nós, espíritas, Jesus não morreu para nos salvar; Jesus viveu para nos mostrar o caminho da salvação. Para nos libertarmos dos “pecados”, ou seja, dos nossos erros, das nossas falhas morais, devemos estar dispostos a contribuir, utilizando os ensinamentos dele como nosso guia. É cômodo pensar que estamos “salvos”, assim continuaremos a pecar, errar e transgredir as leis de Deus e, consequentemente, a plantar dores e aflições. 

4 - Nós acreditamos na reencarnação e não na ressurreição. Reencarnação é uma palavra criada por Allan Kardec que significa a volta do espírito “NA” carne, “NUMA NOVA CARNE”. E ressurreição significa “RESSURGIR”. Muitos entendem a ressurreição como o ressurgimento do espírito na carne, mas “NA MESMA CARNE”, ou seja, no mesmo corpo que morreu. Mas, como pode um espírito ressuscitar (ressurgir), por exemplo, num corpo carbonizado, ou que foi comido pelos peixes etc.? Então, reencarnação  significa o retorno do espírito em um novo corpo carnal; e ressurreição significa o retorno do espírito no mesmo corpo carnal, o que cientificamente é impossível.

5 - Os sete sacramentos católico são 1- batismo, 2- confissão, 3- eucaristia, 4- confirmação (ou crisma), 5- matrimônio, 6- ordens sagradas, 7- unção dos enfermos.  Nós não batizamos porque o Espiritismo não adota ritual. João mergulhava as criaturas nas águas do Jordão, num ato simbólico de batismo, para anunciar a vinda do Cristo e convidar o povo a se arrepender dos seus pecados e, se propor a uma renovação moral. Portanto, para os espíritas, o batismo, foi tão somente um divisor de águas, o marco de uma vida nova. Há muitos batizados cometendo delitos, e há muitos que não são batizados que vivem de maneira cristã. Acreditamos que seremos julgados pelos nossos atos e não por sermos ou não batizados. É o que fica evidente, em passagens como estas: “Arrependei-vos, fazei penitência, porque é chegado o reino dos céus”; “Eu na verdade, vos batizo com água para vos trazer à penitência; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo”. Aqui, João deixa claro que, Jesus batizaria as pessoas não mais com água, mas com o Espírito Santo e com o Fogo. Confissão, eucaristia, crisma, ordens, são criações do catolicismo, não está mencionado no Evangelho. O Espiritismo não tem sacerdotes, não há hierarquia, há distribuição de funções que pode ser trocado de tempo em tempo. Matrimônio espírita é só no civil, a cerimônia no templo também não está no Evangelho. É só um ritual. Quem abençoa nosso casamento somos nós mesmos utilizando nele os ensinamentos de respeito, fidelidade, amor, tolerância etc., ensinadas pelo Cristo. E unção dos enfermos é um ato que também não está no Evangelho. É o ato de ouvir o desabafo de um enfermo, levar-lhe uma boa palavra, estimular sua fé, e dar-lhe o perdão de Deus. Nós, espíritas, ouvimos, damos passe, tentamos passar boa palavra e estimulamos sua fé, sua resignação porque é um ato de caridade, mas não achamos que temos o poder de perdoar os pecados da pessoa. Acreditamos que ela terá que resgatar suas faltas. É muito fácil errarmos a vida toda e no final dela nos arrependermos e recebermos o perdão. Assim, muitas pessoas viverão a vida de maneira promiscua, ilegal, imoral, desrespeitosa com a sua vida e a do próximo porque acreditam que no final da vida poderão ser perdoadas.  

6 - Antigamente, havia coisas consideradas como maravilhosas ou sobrenaturais. Algumas nem eram fatos reais, mas apenas crendices ou superstições sem fundamento. Outras eram fenômenos verdadeiros (fatos naturais) e foram consideradas milagres por estarem mal explicadas ou serem desconhecidas as suas causas. O círculo do maravilhoso ou do sobrenatural vem diminuindo ao longo dos tempos, pelo progresso do conhecimento humano, através: da Ciência, que revela as leis que regem os fenômenos do campo material; do Espiritismo, que revela e demonstra a existência dos espíritos e como agem sobre os fluidos, explicando certos fenômenos como efeitos dessa causa espiritual. As curas realizadas por Jesus, por exemplo, foram consideradas pelo povo como milagres, no sentido que a palavra tinha na época: o de coisa admirável, prodígio. Atualmente, o Espiritismo esclarece que os fenômenos de curas se dão pela ação fluídica, transmissão de energias, intervenção no perispírito, e permite examinar e compreender as curas realizadas por médiuns (espíritas ou não) ou por pessoas dotadas de excelente magnetismo. Essa explicação não diminui nem invalida as curas admiráveis, feitas por Jesus; pelo contrário, leva-nos a reconhecer que Jesus tinha alto grau de sabedoria e ação, para poder acionar assim as leis divinas e produzir tais fenômenos.

7 - Segundo a doutrina da Igreja os demônios foram criados bons e tornaram-se maus por sua desobediência: são anjos colocados primitivamente por Deus no ápice da escala, tendo dela decaído. Segundo o Espiritismo os demônios são Espíritos imperfeitos, suscetíveis de regeneração e que, um dia serão espíritos elevados (anjos). Os que por má-vontade persistem em ficar, por mais tempo, nas classes inferiores, sofrem as consequências dessa atitude, o hábito do mal dificulta-lhes a regeneração. Um dia, a fadiga dessa vida penosa e das suas respectivas consequências os farão mudar; eles comparam a sua situação à dos bons Espíritos e compreendem que o seu interesse está no bem. Deus fornece-lhes constantemente os meios, porém, com a faculdade de aceitá-los ou recusá-los. Se o progresso fosse obrigatório não haveria mérito, e Deus quer que todos tenhamos o mérito de nossas obras. Ninguém é colocado em primeiro lugar por privilégio; mas o primeiro lugar a todos é franqueado à custa do esforço próprio. Os anjos mais elevados conquistaram a sua graduação, passando, como os demais, pela rota comum.


Compilação de Rudymara


Fonte do Texto e da Gravura: http://grupoallankardec.blogspot.com.br/


(*) Minhas observações: a Biblia é um escrito SIMBÓLICO, cheio de CÓDIGOS, PARÁBOLAS e FIGURAS DE LINGUAGEM DA ÉPOCA, portanto deve ser lida e entendida nas suas ENTRELINHAS. Aqui também, nós, espíritas ou não, devemos ter o cuidado para não a tomarmos NA LETRA QUE MATA. Todo o cuidado é pouco quando se quer concluir apressadamente uma passagem bíblica.

BUDISMO ESSENCIAL - A UNIDADE


Unidade não quer dizer que todos se tornam um e o mesmo. O reconhecimento da diferença é a unidade. Um é muitos e muitos são um. Igualdade significa diferença e diferença é igualdade. Cada um é singular em si mesmo, e essa singularidade torna o mundo interessante. No estado de ser singular, existe um imenso respeito pela singularidade dos outros. Somente quando a pessoa realmente respeita e honra a si mesma é que ela pode respeitar os outros. Cada um de nós deve ser tão perfeito quanto nos é possível ser. Cada pessoa deve ser a mais perfeita possível – sem comparar-se às outras.

Uma bela sinfonia é possível por causa dos diferentes instrumentos. Um jardim é belo por causa das diferentes flores, arbustos, árvores e pedras. O homem e a mulher se harmonizam porque são diferentes. Assimilação não é esquecimento ou perda da singularidade individual, mas sim, o reconhecimento e a compreensão dos outros, harmonizando-se com eles. A democracia é bem vivida quando cada pessoa compreende e reconhece os direitos alheios e respeita os outros.

Um japonês deveria ser um japonês, um irlandês deveria ser um irlandês, um negro deveria ser um negro. Cada um deveria ser respeitado e honrado, sendo o melhor que lhe é possível. Num sutra budista está escrito que os salgueiros são verdes e as flores são vermelhas. Os salgueiros são belos em seu verdor e as flores vermelhas são belas enquanto flores vermelhas. Um outro sutra diz que a cor vermelha tem luz vermelha, a cor branca tem luz branca e a cor amarela tem luz amarela. Essas palavras expressam o mesmo pensamento.

Cada dia é um dia absoluto e não pode ser substituído por outro dia; cada lugar é único e absoluto em seu lugar; cada pessoa também é única e absoluta. O céu está acima e a terra está abaixo; isso faz uma unidade, e não é uma questão de qual deles é o melhor. Pai e mãe, marido e esposa, homem e mulher – o valor de cada um não pode ser julgado pela comparação. Julgar a si mesmo e aos outros pela comparação cria complexos.

Os complexos são a doença do mundo moderno. Para alcançarmos a paz, a harmonia e a alegria, precisamos abandonar esses complexos. Isso equivale a dizer que precisamos ver e compreender as coisas tais como elas são. Todos nós, cada um de nós, somos únicos e independentes e, ao mesmo tempo, somos inter-relacionados e interdependentes. Todos nós somos um.



Gyomay Kubose



Fonte: Templo Budista Apucarana Nambei Honganji
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

AÇÕES (KARMA) - UMA OBRIGAÇÃO UNIVERSAL


Todos os seres devem realizar ações (Karma), é uma obrigação universal inevitável.

Alguns acham que só os atos meritórios ou pecaminosos têm o direito de serem chamados de karma, mas sua própria respiração é karma. Existem karmas físico, mental e espiritual e fazer cada um desses para o bem do Eu Superior é chamado consagração. 

Não perca um único momento de sua vida, pois o tempo é o corpo de Deus. Ele é conhecido como Kaalaswarupa (da Forma do Tempo). É um crime utilizar mal o tempo ou desperdiçá-lo em ociosidade. Como a força da gravidade que puxa tudo para baixo, a força da preguiça (Thamoshakthi) irá arrastá-lo inexoravelmente para baixo. Portanto, esteja sempre atento, esteja sempre ativo.


Sathya Sai Baba




Fonte: www.sathyasai.org.br
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

QUANDO A CURA NÃO ACONTECE


Há males que vêm para o bem, diz o ditado.

Mas podemos tirar um bem de todos os males, dependendo da maneira como os vemos e de como passamos por eles.

Nosso modo, geralmente superficial, de ver, leva-nos a considerar um acontecimento bom ou ruim só pelo seu aspecto mais exterior.

No entanto, tudo encerra um aprendizado e este aprendizado é a finalidade do que nos acontece. Se há vitória ou derrota, se há alegria ou tristeza, o importante é que há sempre um ensinamento para ser extraído e uma mensagem para ser compreendida.

É assim também com o que chamamos de doenças.

Que bem pode haver numa doença?

A oportunidade de percebermos o que há de errado conosco. As desordens de ordem física, emocional e mental, via de regra, nos alertam para o fato de que não estamos agindo bem conosco mesmos, que cometemos abusos, fizemos coisas contrárias às leis da Natureza ou adotamos uma postura interior auto-destrutiva.

E qual a mensagem?

A dor serve para chamar nossa atenção. Ao contrário do que geralmente se diz, a dor não serve para punir. O sofrimento em si mesmo jamais será meio de evolução num Universo onde a Lei Maior é a do Amor. A dor, simplesmente, vem nos acordar.

E uma vez que seu objetivo seja alcançado, ela perde sua razão de ser. Em outras palavras: uma vez que a dor nos tenha levado a encontrar a sua causa, que estejamos conscientes da necessidade de eliminá-la e decididos a fazê-lo, é o momento em que começamos a nos curar.

Só então, qualquer tratamento poderá ser realmente eficaz.

Enquanto não se chega a tal nível de consciência tudo será paliativo, serão feitas tentativas válidas de melhorar a qualidade de vida e minorar os sintomas, porém o problema continuará a existir.

Portanto, se você já procurou toda espécie de terapia, se já bateu em todas as portas e a dor persiste, pare e analise. É que a lição, no seu caso, ainda não foi compreendida. 

Você ainda não extraiu sabedoria dessa situação.

Alcance a verdade quem quiser viver bem. (Platão)




Rita Foelker




Fonte: de "Palavras simples, verdades profundas"
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

quinta-feira, 9 de maio de 2013

OS AUXILIARES INVISÍVEIS E A REALIDADE DA VIDA SUPERFÍSICA


Parece difícil àqueles que estão acostumados apenas às tendências usuais, e um tanto ou quanto materialistas, do século dezenove, acreditar e compreender perfeitamente uma condição de perfeita consciência fora do corpo físico.   Todo o cristão, pelo menos, tem, pelas exigências da sua própria crença, que acreditar que possui uma alma; mas, se lhe insinuardes a possibilidade de que essa alma seja uma coisa suficientemente real para que possa tornar-se visível, em certas tas condições, sem ter que ver com o corpo, quer durante a vida ou depois da morte, é quase certo que ele vos responderá, desdenhosamente, que não acredita em espectros e que uma ideia dessas não passa de uma sobrevivência anacrônica de uma extinta superstição medieval.

Se, portanto, quisermos compreender a obra do grupo de "auxiliares invisíveis" (espíritos fora do corpo somático), e mesmo aprender como tomar parte nela, temos que nos libertar das peias do pensamento contemporâneo sobre esses assuntos e tentar abranger a grande verdade (para muitos de nós já um fato demonstrado) de que o corpo físico não passa, na realidade, de um instrumento ou veste do verdadeiro homem. É abandonado de vez, quando morremos, mas também é abandonado temporariamente quando adormecemos — o adormecer não consiste senão no fato do homem real sair, no seu instrumento astral, para fora do seu corpo físico.

Torno a repetir: não se trata de uma mera hipótese ou conjetura engenhosa. Há entre nós muitos que são capazes de praticar (e todos os dias de fato o praticam) esse ato elementar de magia com plena consciência — que passam de um plano para outro pela ação da vontade; e, isso uma vez compreendido, bem claro será que grotescamente absurda lhes deve parecer a vulgar confirmação impensada de que tal fato é de todo impossível. É como se se dissesse a um indivíduo que ele não pode adormecer e que, se alguma vez o julgou ter feito, estava sendo vítima de uma alucinação.

Ora, o indivíduo que ainda não desenvolveu o elo entre a consciência física e a astral, é incapaz de abandonar quando quiser o seu corpo mais denso, e de se recordar da maioria das coisas que lhe acontecem quando fora dele; mas continua sendo coisa certa que ele o abandona sempre que adormece, e que qualquer clarividente instruído o poderá ver pairando acima dele ou vagueando a uma distância maior ou menor, conforme as circunstâncias.

O indivíduo inteiramente sem desenvolvimento paira em geral a pouca distância acima do seu corpo físico, quase tão adormecido como ele, e em estado relativamente amorfo e incoerente, e não podendo ser levado para uma pequena distância que seja desse corpo físico, sem que se lhe cause um desconforto grave que daria, aliás, o resultado de o acordar. À medida, porém, que o indivíduo se desenvolve, o seu corpo astral torna-se mais definido e consciente, e assim se torna um instrumento mais apto a funcionar. No caso da maioria das pessoas inteligentes e cultas, o grau de consciência é já bastante elevado, e um indivíduo já com desenvolvimento espiritual está tão em si nesse instrumento como no seu corpo mais denso.

Mas, ainda que possa ter plena consciência no plano astral durante o sono e ali deslocar-se livremente quando assim o queira, não se segue que esteja já em condições de fazer parte do grupo de auxiliares. A maioria da gente neste estágio está tão preocupada com os seus pensamentos — em geral uma continuação das suas preocupações de vigília — que é como um indivíduo em devaneio, absorto ao ponto de não dar pelo que se passa em seu redor.   E por muitas razões é bom que assim seja, porque há muitas coisas no plano astral que bem podem assustar e desvairar qualquer indivíduo que não tenha a coragem, filha do perfeito conhecimento da natureza real, daquilo que ali poderá ver.

Às vezes um indivíduo pouco a pouco se arranca a esta condição — acorda, por assim dizer, para o mundo astral que o cerca — mas o mais vulgar é ele permanecer nesse estado até que o acorde alguém que já ali viva ativamente e o tome a seu cargo. Não é esta, porém, responsabilidade que possa ser assumida de ânimo leve, pois, conquanto seja relativamente fácil assim acordar um indivíduo no plano astral, é quase impossível, exceto pelo exercício, aliás muito pouco recomendável, de influência mesmérica, fazê-lo adormecer outra vez.   De modo que, um dos membros do grupo de auxiliares invisíveis que assim acorde um indivíduo adormecido, deve primeiro adquirir a plena certeza de que esse indivíduo dará bom emprego aos poderes adicionais de que se achar investido, e também de que os seus conhecimentos e a sua coragem são bastantes para que seja razoavelmente  certo  de que nenhum mal lhe advirá de assim ser despertado. Um acordar destes coloca um indivíduo em condições de fazer parte, se quiser, do grupo daqueles que auxiliam a humanidade. Convém, porém, não esquecer que esse poder nem necessariamente, nem mesmo geralmente, envolve a capacidade de se recordar em vigília de qualquer coisa que astralmente se faça. Essa capacidade, tem o indivíduo que a adquirir por si própria, e na maioria dos casos não aparece senão anos depois — talvez apenas em uma outra vida.   Mas, felizmente, esta falta de memória corpórea de modo algum impede o trabalho fora do corpo, de modo que, exceto pela satisfação que um indivíduo tem em saber em vigília qual a obra que esteve realizando durante o sono, não é coisa de importância. O que realmente importa é que essa obra se faça, não que nos lembremos de quem a fez.



C. W. Leadbeater (Ex-Presidente da Sociedade Teosófica)



Fonte: do livro "Auxiliares Invisíveis", cap. 5, Ed. Pensamenteo, São Paulo
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal

PUREZA DOUTRINÁRIA E O PROGRESSO DA CIÊNCIA ESPÍRITA


“O Espiritismo, marchando com o progresso, não será jamais ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar errado sobre um ponto, ele se modificaria sobre esse ponto; se uma nova verdade for revelada, ele a aceitará” (Kardec, 1868). Temos aqui, nesse trecho da codificação, a exposição por Allan Kardec de um dos principais aspectos do Espiritismo, que o diferencia das outras disciplinas que estudam o sentimento religioso, a noção de espiritualidade e Deus: a sua estrutura científica de base.

Esse aspecto ao mesmo tempo em que é uma virtude do Espiritismo, lhe atrai uma responsabilidade e um desafio: (1º) Como conciliar a necessidade de manter a integridade doutrinária do conhecimento Espírita, e ao mesmo tempo promover o seu progresso com a produção de novos conhecimentos, pesquisas e conceitos? (2º) Como permitir a comunicação interdisciplinar do saber Espírita com as outras áreas de conhecimento científico, sem abdicar de sua “pureza doutrinária”? (3º) Por fim, como possibilitar a comunicação dialética entre o Espiritismo e as outras religiões, uma vez que o campo estrutural de conhecimento Espírita foi criado de forma a abrir espaço a essa possibilidade?

Uma advertência implícita a esses questionamentos é o cuidado que devemos ter em não transformarmos o conceito e o objetivo de manter a “pureza doutrinária”, em um discurso ideológico e dogmatizante que paralise o progresso da ciência espírita e acarrete o seu fechamento para o diálogo com outras áreas de sabedoria. É bastante comum que uma área de conhecimento científico se modifique ao longo do tempo sem, entretanto, perder a identidade que o particulariza. Essa é uma característica estrutural do conhecimento científico, marcando a sua qualidade de evolução e progresso.

Para exemplificar, tomarei como ilustração outra ciência humana progressiva  –  a Psicanálise. Fundada por Sigmund Freud, a Psicanálise surgiu através do estudo dos aspectos desconhecidos do psiquismo humano. A Psicanálise estuda aquilo que existe de desconhecido em cada um de nós  –  o inconsciente  –  através da análise clínica de sonhos, verbalizações e outras produções psíquicas em ambiente psicoterapêutico. Freud fundou a Psicanálise no início do século XX. Seu livro sobre a “Interpretação dos Sonhos” foi publicado em 1900.

Mas, desde essa época até os dias atuais, a Psicanálise progrediu de forma a ultrapassar sobremaneira a contribuição genial de seu fundador. Acumulou novas descobertas, que confirmaram alguns dos postulados de Freud, e negaram ou refutaram outros. Revisões e transformações conceituais foram realizadas, e decisivamente, as contribuições freudianas foram cada vez mais valorizadas à medida que os psicanalistas desenvolveram a capacidade de raciocinarem por si mesmos, partindo de Freud, mas mantendo um pensamento independente dele, ou seja, não reduzindo as suas conclusões apenas àquilo que Freud pregava. Além disso, a psicanálise dialogou com muitas outras áreas de conhecimento  –  teologia, filosofia, filologia, biologia, sociologia, antropologia etc.  –  o que é algo comum à interdisciplinaridade científica. Quando isso acontece, alguns conceitos e ideias são inevitavelmente reformulados, sem que a área de conhecimento em questão precise deixar a sua consistência estrutural fundante. Assim, a ciência psicanalítica evoluiu sem deixar de ser Psicanálise. Parte originalmente da herança teórica deixada por Freud, mas não se limita a essa  –  ao contrário, transcende-a. Sendo o Espiritismo uma ciência, desafio semelhante se fixa à sua frente.

Os questionamentos levantados se justificam à medida que a Codificação foi escrita na segunda metade do século XIX, num linguajar apropriado para a época, mas que precisa ser revisado em função das novas descobertas e conceitos que se desenvolveram até os dias atuais. Porém tal revisão precisa estar fundamentada em bases críticas que mantenham a integridade da doutrina, possibilitando transformações e revisões conceituais progressivas ao corpo teórico do Espiritismo e não distorções pseudocientíficas alienadoras.

Assim, em que parâmetros podemos nos basear para promover o progresso da ciência Espírita, de forma a manter a sua Pureza Doutrinária? A resposta se encontra na análise histórica do próprio percurso evolutivo dessa ciência. Quando Kardec  –  orientado pelos Espíritos que são, aliás, os reais fundadores do Espiritismo  –  organizou a literatura existencialista da Codificação, balizado pela sua formação de pedagogo humanista e especialista em várias áreas de saber, em grande medida ele se encontrava em sintonia com o racionalismo iluminista e a filosofia positivista de meados do século XIX, que se expressa na ciência Espírita pela predileção de basear as suas conclusões experimentais em dados de observação empírica.

Mas, num certo sentido relativo, Kardec já se encontrava muito à frente de seu tempo. Para integrar ciência, filosofia e religião, Kardec precisou transcender o caráter positivista do seu conhecimento, adotando um discurso pedagógico dialético e sintetizador. À semelhança de filósofos como Hegel, apenas através de uma lógica dialética (num discurso que une tese e antítese, em uma síntese) Kardec poderia ter integrado noções aparentemente tão díspares como fé e razão, ou a compreensão dos mecanismos de interação entre espírito e matéria.

Abstrai-se da leitura kardecista o mesmo criticismo racional de Kant, e a construção do discurso analítico nos moldes de uma hermenêutica clínica, semelhante à que Freud fundaria como epistemologia científica na Psicanálise do século seguinte, baseada no método da consistência interna do raciocínio lógico empregado. Resultou daí, um discurso “totalizante” por parte de Kardec, semelhante ao dos pesquisadores modernos de orientação holística. Entretanto, essa metodologia científica não se encontrava formalizada na época de Kardec, ou seja, o Codificador já possuía um olhar científico clínico e holístico (portanto, sintetizador, amplo e global) numa época em que a ciência não se pautava por tal paradigma. Certamente, foi necessário a união de sua formação acadêmica rigorosa com a contribuição revolucionária dos Espíritos, para tal.

Essa estrutura global de produção de conhecimento permitiu simultaneamente que ao longo do tempo, a ciência Espírita muitas vezes se colocasse à frente da chamada “ciência oficial”, ao mesmo tempo que muitas descobertas da ciência e da filosofia caminhassem em direção à confirmação dos postulados Espíritas.

Assim, a evolução do conhecimento científico do Espiritismo avançou com as comunicações mediúnicas do Espírito André Luiz, ao ilustre médium Francisco Cândido Xavier, com informações que se tornaram a base de boa parte do conhecimento produzido, por exemplo, por pesquisadores em medicina espírita. A contribuição mútua entre o Espiritismo e a Medicina, também foi responsável pela fundação da reconhecida Associação Brasileira de Médicos Espíritas, e suas regionais em cada estado do país. Instituições universitárias respeitáveis como a USP e a UNICAMP acabaram formando pesquisadores que são nomes importantes dentro do movimento Espírita, tais como Núbor Orlando Facure (neurologista e ex-professor da UNICAMP) e o mestre em Medicina Sérgio Felipe de Oliveira, que abriu espaço para o Espiritismo em ambiente universitário com o seu curso de Pós-graduação sobre Integração Cérebro-Mente-Corpo-Espírito, na própria USP. No campo da filosofia o mérito é de José Herculano Pires, como tradutor das obras de Kardec e pesquisador de parapsicologia. Outros nomes merecem ser citados como Hernani Guimarães Andrade (na Parapsicologia e Psicobiofísica, com seus estudos sobre o Modelo Organizador Biológico) e o psiquiatra Carlos Toledo Rizzini, que escreveu sobre Psicologia e Espiritismo.

Outro fator de destaque: pouco a pouco, começam a surgir teses de mestrado sobre o saber Espírita, em ambiente acadêmico universitário, legitimando a posição científica da Doutrina. Algumas dessas teses já alcançaram as bem-conceituadas Universidades Federais Públicas, e outras foram defendidas nas PUCs de diferentes regiões. Uma dessas teses deu origem a um livro recentemente lançado  -  “O Espírito em Terapia” da psicóloga clínica Ercília Zilli, de quem os esforços são responsáveis pela fundação, coordenação e manutenção da Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas (ABRAPE), outra vitória importante para a divulgação da ciência Espírita.

Todas esses pesquisadores estão contribuindo, pouco a pouco, para a construção da história da ciência Espírita no Brasil. Sem se limitarem literalmente aos escritos da Codificação, mas partindo dela, vêm promovendo um processo de evolução do conhecimento Espírita, aliando a liberdade de pensamento crítico com os ideais de “Pureza Doutrinária” tão apregoados pela comunidade Espírita. Trabalhos interdisciplinares entre o Espiritismo e as outras ciências foram surgindo, sem descaracterizar as especificidades de cada campo, sendo as revisões conceituais realizadas em um contexto livre do pensamento dogmatizante, mesmo porque a ciência não se forma sob um saber absolutista, mas sobre “verdades” relativas e provisórias.

Como ciência, o Espiritismo também desenvolveu uma tecnologia própria, inicialmente com os experimentos mediúnicos realizados por Kardec (tais como os que são encontrados em  “O Livro dos Médiuns”), depois com as contribuições da Parapsicologia (Andrade, 1990) e mais recentemente com as Experiências de Transcomunicação Instrumental. Essa evolução também teve consequências no aprimoramento dos vários tipos de serviços de orientação espiritual, constituindo uma aplicação prática acessível à população.

Por fim, um próximo passo do desafio evolutivo do conhecimento Espírita, será a articulação da sua cosmovisão esclarecedora com o conhecimento produzido por outras religiões e disciplinas espiritualistas. Filosoficamente, a estrutura dinâmica e dialética do Espiritismo também foi criada para possibilitar a comunicação e a transdisciplinaridade entre essas várias escolas de pensamento (vide a questão 628 de “O livro dos Espíritos”), cabendo aos tempos futuros a concretização dessa possibilidade.




Bibliografia Complementar

Zilli, Ercília. O Espírito em Terapia – Hereditariedade, Destino e Fé. São Paulo: DPL, 2001.

Andrade, Hernani Guimarães. Parapsicologia Experimental, 1990.

Facure, Núbor O. Muito além dos neurônios. Conferências e entrevistas sobre Mente e Espírito. Associação Médico-Espírita de São Paulo, 1999.

Luiz, André (Espírito) Evolução em Dois Mundos. Ditado pelo Espírito André Luiz; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. 18a ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1999.

Kardec, Allan (1868). A Gênese (os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo). São Paulo: FEESP, 1998.




Adalberto Ricardo Pessoa
Psicólogo Clínico e Analista Junguiano formado pela USP
Membro da Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas (ABRAPE)



Fonte: www.bvespirita.com
Fonte da Gravura: Acervo de autoria pessoal